sexta-feira, agosto 29, 2008

Ginginha do Rossio - Um dos Meus locais de Eleição.

À porta da ginginha - resfaltando-me com uma com elas..

O Mateus é um chochinha
Mais feio que um camafeu
Magro, tisico, um fuinha
Nunca na vida bebeu
Um copo de ginginha

O irmão que sabe a virtude
Desta divina ambrósia
É gordo como um almude
Bebe seis copos por dia
Por isso Goza saúde
Estou em Lisboa, a minha cidade de eleição. Sempre que aqui venho, impõe-se uma rápida visita ao centro da cidade, mais propriamente ao Largo de São Domingos, junto ao Rossio, onde tenho por antiquíssimo ritual, beber uma ginginha com elas e engraxar os sapatos, de preferência no Jorge engraxador, que é o primeiro do lado direito do pelotão de engraxadores que fazem guarda de honra a este reputado estabelecimento.
De ginja na mão, dirijo-me ao Jorge que me saúda efusivamente.


Jorge engraxador - figura duma certa Lisboa que eu amo.

Através dos seus genuínos comentário tiro o pulso à cidade em geral e ao Benfica em particular.
Fico a saber que a vida está (como sempre) má, e que os gajos que estão no governo só querem é encher os bolsos. Diz-me ainda que felizmente deixou de beber e que depois de mais de 26 anos a dormir na rua na Praça da Alegria (curioso nome para quem não tem tecto) vive agora com a irmã.
Conheço o Jorge desde sempre e volta e meia vejo-o em programas de televisão, onde esta pitoresca figura serve de ave rara à mórbida curiosidade de entrevistadores de cabotina.
É através do estalido lustrante da sua camurça que dou brilho ao pensamento, e enquanto passeio o olhar pela apressada fauna humana, dou comigo a pensar que basta uma ginja (com elas) e uma engraxadela para me fazer feliz.

Etiquetas: Baixa de lisboa, calçada portuguesa, Engraxadores de Lisboa, Ginginha, Ginginha do Rossio, Largo de São Domingos, Lisboa, Rossio, Tejo

Escrito por pulanito @ agosto 29, 2008   11 comentários

quinta-feira, agosto 28, 2008

Telepac.. A Sobranceria e o Despudor no seu Melhor...


Compartilho com os leitores do Pulanito a frustração que é lidar com um gigante como a Telepac.

A maneira como o mortal pagador é tratado, a forma desasombrosa como nos dizem que para desligar a Internet demora vinte dias, e quando (assombrados com tal prazo) dizemos que já passaram, dizem-nos que são vinte dias, mas úteis... e por aí a fora.
Leiam...que é de bradar aos céus. Não ouvi de ninguém, está-se a passar comigo...e já agora comentem!


Exmºs Senhores,


No dia 21 de Julho e a conselho de uma vossa operadora, procurei cancelar por fax (única maneira aceite) a linha telefónica da minha casa bem como o serviço de Internet.

Passados dias, como o serviço não me era desligado voltei a falar e a repetir o fax, porque segundo outra operadora, este (convenientemente) nunca chegou ao seu destino.

Voltei a repetir o fax, e passadas menos de 48 horas já não tinha Internet mas o telefone continuava ligado. Como são dois departamentos distintos, pensei que um já teria feito o seu trabalho, e o outro estaria para breve. O telefone hoje (28/08/08) ainda continua activo (sic!).

Qual é o meu espanto quando recebo hoje o correio e nele vinha uma factura do serviço de Internet para pagar. Liguei de imediato à Telepac, que me disse que o serviço afinal continuava activo, porque este demorava 20 dias a ser desactivado, o que é absolutamente um prazo surreal e um atentado à inteligência de qualquer ser humano civilizado, tanto mais que activar ou desactivar passa por dar uma ordem electrónica, a não ser que a Telepac pretenda mudar de ramo e passar alimentar o anedotário português, ultimamente tão necessitado de umas boas gargalhadas.

Em relação ao período de desactivação pedi á operadora para rectificar a situação pois devia haver um qualquer engano em tão longo prazo. Quando regressou ao bocal do aparelho deu-me este lacónico murro na minha compreensão: SÃO PROCEDIMENTOS!!

Pedi então para falar com alguém da Telepac que me desse respostas e não insultos e lá veio a superiora Eva Amaro, que me afirmou que o serviço não tinha sido desligado ainda, pelo facto do fax não ter chegado com todos os detalhes que a companhia pedia, mas que foram os dados que a própria empresa me instruíra a preencher…. até porque não sou bruxo!

Disse-me ainda que a Telepac me havia escrito uma carta no dia 1 de Agosto invocando tal irregularidade, carta essa que eu, obviamente não recebi, caso contrário não estaria aqui a gastar o meu tempo e o meu dinheiro enquanto o marfim corre a vosso favor. Básico, não vos parece?

Enfim…uma situação absolutamente rocambolesca, onde ressaltam as desculpas de mau pagador, a incongruência, o sacudir de água do capote e acima de tudo, a enorme incompetência revelada pelos vossos serviços.

Pedi à senhora Eva Amaro que me pusesse por escrito aquilo que os meus ouvidos se recusavam acreditar…a resposta, já os senhores a devem saber. Não damos respostas por escrito. Pura cobardia profissional…penso para com os meus botões.

Espero e desejo ser “premiado” com uma resposta a este meu repetido pedido que agora mando em anexo.

Vou agora enviar pela terceira vez o pedido de cessação destes serviços, mas sem saber se mo vão aceitar, até porque quando perguntei à Senhora Eva Amaro se me podia mandar por escrito estes simples detalhes, foi-me dito que tal era impossível, assim como é impossível fazer o cancelamento do sistema Internet pela rede a este sistema associado. Tem que ser feito por fax…..e esta hein!

Espero no mínimo uma resposta a esta minha indignação, o rápido cancelamento do serviço em causa e a anulação da factura que me foi enviada, mas da qual não usufrui de qualquer serviço.

Tentei ainda personalizar esta reclamação. Para tal pedi o telefone do departamento a quem devia dirigir a reclamação. Sempre que pedia uma informação e antes de me passarem (qual bola de trapos) pediam-me o nome, telefone, nº de contribuinte e outras informações mas continuavam sem me dar o nome a quem dirigir o e-mail, ou mesmo o telefone deste departamento.

Numa empresa certificada como é a Telepac, parece-me que tais práticas não vão de encontro aos cânones de actuação, reputação e boa prestação de um serviço, que afinal é apenas tratado com sobranceria, autoritarismo e com tiques de monopolismo.


Este não é um blogue onde se façam este tipo de afirmações..mas como não tenho outra alternativa, aqui fica o meu contributo para que os utilizadores actuais ou futuros, possam na hora de mudar ou aceder, efectuar uma escolha que seja do seu agrado.

Etiquetas: optimus, Pt comunicações, sapo adsl, telepac, vodafone

Escrito por pulanito @ agosto 28, 2008   3 comentários

segunda-feira, agosto 25, 2008

As Enigmáticas Conservas

Os coloridos patés - oferta da nossa leitora patrocinadora Kika



Em viagens anteriores tivemos alguns patrocinadores que aqui foram atempadamente mencionados, mas como “ quem tem capa, sempre escapa”, escapou-me um dos seguidores patrocinadores que fez o favor de enviar umas conservas especiais que durante a viagem a Santiago tanto ouvi falar, mas provar é que nada…
Todos os dias ouvia falar que hoje é que vamos provar as tais especialidades, mas chegava-se à hora de almoço e das conservas em questão nem novas nem achadas.
Lá nos montávamos nas bicicletas e lá voltava a conversa das conservas; que eram de se lhe tirar o chapéu, que havia de várias qualidades, que era um pitéu e peras, que eram isto e mais aquilo, mas cá o escriba de serviço nem na cor das latinhas, pôs a vista em cima.

Soube posteriormente que o tal presente gastronómico teria sido oferecido por uma leitora deste estaminé, e que seguia com atenção as peripécias ciclistas destes amadores do pedal. Quando o soube prometi, que se alguma vez chegasse a provar este anunciado pitéu, que daria aqui notícias de tal acontecimento.
Pois bem: finalmente provei os famosos patés que a Kika fez o favor de entregar ao Joaquim Miguel. Durante a prova, tal não foi possível, já que viajávamos unicamente com o kit de sobrevivência, mas mal chegámos à Graça do Divor, fui presenteado com uma embalagem destes múltiplos paladares.
Pessoalmente gosto do atum com picante, a minha filha Catarina gostou do de cavala. Ainda não os devorámos todos, mas de cada vez que abro uma lata, vem-me à lembrança a conversa enigmática á volta destes patés, de que havia feito promessa de aqui falar, caso os viesse a provar.
Como sou homem de palavra, aqui está o que se pode arranjar.
Como foi nomeada patrocinadora oficial da equipa da Graça do Divor, ficamos desde já agradecidos pelos próximos contributos em futuras viagens.

PS: Peço desculpa aos leitores pelo facto deste post ser quase personalisado, logo, sem que muita gente o entenda, mas como foi prometido....e como o prometido é devid(r)o..aqui fica..

Etiquetas: conservas portuguesas, pasta de sardinha, paté de atum

Escrito por pulanito @ agosto 25, 2008   6 comentários

sexta-feira, agosto 22, 2008

Dia 3 - Do Redondo à Graça do Divor

Saboreando a manhã alentejana à saída do Redondo


A noite mal dormida na espelunca onde pernoitámos, não muda em nada a minha opinião sobre uma das mais bonitas terras do Alto Alentejo, o Redondo.
Terra geograficamente bem ordenada, arrumada, asseada e povoada de alentejanos de primeira.
Como a noite foi dormida aos solavancos, mal o dia raiou demos sinal de alvorada e zarpámos dali para fora, até porque o ruído ensurdecedor dos outros hóspedes já há muito que se fazia sentir, melhor, nunca deixou de se fazer sentir.
Ainda a manhã cheirava a fresco e as mulheres alentejanas lavavam, chão, rua e poiais já nós nos tínhamos feito à estrada, calcorreando pela última vez o empedrado desenhado em forma de palmeiras, sabendo que, uns quilómetros à frente iríamos encontrar esse obstáculo difícil de transpor, esse osso duro de roer, que dá pelo nome de Serra D’Ossa.
Eu já tinha subido esta serra pela vertente de Terena em direcção ao Alandroal (em Agosto de 2006) e recordava-me da dureza do traçado, tanto mais, que na altura viajava com outra bicicleta e outra quantidade de bagagem, que tornavam bastante mais penosa a subida.
O Joaquim Miguel, que conhece estas paragens desde que se conhece a si, avisava-me que por este lado a subida era mais curta, mas bastante mais difícil.
Quando o raio da serra começa a empinar, começamos nós a desmultiplicar carretos, com a mesma velocidade que jogador viciado troca dinheiro vivo por fichas de casino (onde é que fui arranjar esta?), na primeira curva, já eu não tinha mais mudanças para meter, passando unicamente a contar com a pouca força física e o muito querer descascar aqueles penosos dois quilómetros e picos.
Atrás de uma curva, vinha sempre outra e á medida que olhávamos para cima, parecia que a serra ia crescendo connosco até tocar o céu.


Ao cimo da Serra d'Ossa - esse osso duro de roer

Bem, agora que já dramatizei a coisa, que vocês já estão com pena de mim e dos meus companheiros, quero-vos dizer que conseguimos chegar lá a cima sem por uma única vez colocar o pé no chão….e como diz o meu amigo Manel Faria - se conseguiste subir essa, consegues subir qualquer uma!
Depois foi uma vertiginosa descida até Estremoz onde o Carneiro queria comprar postais para enviar ao seu Vasquinho, mas, por razões que a razão desconhece, ou porque tivessem receio que os arrastasse para mais uma actividade lúdico-gastronómica na famosa adega do meu amigo Isaías, foi decidido passar ao largo duma das cidades de minha eleição.
A manhã estava excelente para pedalar, o piso, uma categoria, o que fez com que galgássemos várias dezenas de quilómetros em menos de um fósforo.
Passámos Vimiero e continuámos em direcção a Arraiolos (vila onde esta viagem havia começado).
Ao chegar às aforas de Arraiolos fomos visitar uma adega local, mas que para nossa desgraça se encontrava fechada, o que não nos impediu de fazer esta foto, assim um bocado à laia dos livros “dos 5” da nossa juventude.


" Os três - Uma Aventura na Adega" - podia perfeitamente ser o titulo do livro.

Como já havíamos decidido terminar por ali este passeio de três dias pelo Alentejo do Alto, combinámos almoçar no Bezica na Graça do Divor, onde rematei a viagem com o inevitável “rabanho” de minis e uma pratada de túbaros, a que o Carneiro fazia uma cara de enjoado (gajos de Lisboa e ainda por cima do Sporting - o que se há-de fazer?).
Despedimo-nos combinando outras viagens, outros destinos, mas a mesma férrea vontade de continuar a pedalar ao encontro do inevitável entardecer.

Quilómetros percorridos -85

Etiquetas: adega do isaias, arraiolos, estremoz, redondo, Serra d'ossa, vimieiro

Escrito por pulanito @ agosto 22, 2008   5 comentários

quinta-feira, agosto 21, 2008

Dia 2 - Por Terras do Grande Lago

Já a aurora havia rompido há um belo par de horas quando abalámos de Moura, capital do melhor azeite alentejano e agora cidade de referência do grande lago do Alqueva, que era o nosso destino principal para este segundo dia pedalante, ou seja visitar algumas das aldeias e vilas ribeirinhas desta impressionante massa de água, que tem um perímetro maior que a totalidade da costa portuguesa e que será em anos vindouros um bálsamo rejuvenescedor para periclitante economia desta região.


Na Póvoa de S. Miguel fotografei este curioso catavento.
Percorrendo as estradas desertas que circundam o grande lago, fomos visitar a aldeia da Estrela (nosso primeiro destino).


Aqui está a prova de que passámos pela aldeia da Estrela..


Aqui chegados, impunha-se a tradicional foto a assinalar a nossa passagem por esta aldeia ribeirinha, que de resto era primeira visita para os meus companheiros de viagem, mas para mim a recordação de uma outra viagem (2006) onde havia ali ficado prisioneiro do imenso calor que se fazia sentir nesse Agosto infernal.
Como a Aldeia da Estrela não tem saída, regressámos à estrada que nos há-de conduzir a Mourão, não sem antes regressarmos às margens deste mar alentejano para visitarmos a nova Aldeia da Luz.


Na aldeia da Luz

A aldeia é bonita, e impressiona o trabalho de reconstituição levado a cabo pelas entidades responsáveis pelo realojamento dos habitantes da agora submersa aldeia.
Os Luzienses continuam descrentes com a incerteza que o futuro lhes pode oferecer, mesmo com esta imensa riqueza que à porta lhes veio bater, continuando a demandar outras paragens por via da ausência de futuro imediato que para eles continua a ser uma miragem.

Nas fraldas do Alqueva


O trajecto até Mourão foi feito em pedalada passeante e em debate a três sobre as causas, efeitos e potencial que esta bonita povoação poderá oferecer num amanhã não muito longínquo.
Chegados a Mourão, fomos à procura da famosa Adega Velha, esse mítico santuário gastronómico de que ouvira falar, mas que nunca tivera a oportunidade de visitar.
Como falamos de um local “ à la Pulanito”, mas de impressionante valor gastronómico e patrimonial, vou aqui alargar-me um pedaço, para vos deixar com água na boca e vontade de por lá aparecer assim que demandarem aquelas paragens.



Adega Velha

À porta um ramo de louro pendurado, (o ramo pode ser doutra coisa que não louro) que o dono aproveita para secar, indica-nos (como em tempos imemoriais) que estamos à entrada de uma casa onde se servem vinhos e petiscos.

Engenheiro, perdão! - Adegueiro Joaquim Bação - o nosso anfitrião


Estas casas eram frequentadas por homens, já que as mulheres que aqui faziam poiso eram chamadas de “rameiras” (por via do tal ramo à porta), com a mesma conotação negativa com que o adjectivo atravessou os tempos.


O Adegueiro, perdão, o Engº Joaquim Bação, fazendo o que lhe dá mais prazer: anfitrionando na Adega Velha.


Lá dentro e atrás do balcão a figura de um homem calvo que se nota à distância, amar aquilo que faz. Conta-me o Joaquim Miguel que o conhece, que é engenheiro, mas que por vocação, é na verdade adegueiro, e isso transparece na luz que irradia da figura deste homem que se destaca tanto atrás do balcão, como quando se mistura com os clientes em cantoria alentejana de arrepiar corações aos clientes menos habituados ao cante da terra.

Um cantador residente


As talhas, o lajeado do chão, os imponentes móveis antigos, a colecção de rádios, de pintura, de fotos e de um sem número de artefactos, mais o abobadado da adega fazem deste local um museu vivo por onde os nossos olhos passeiam em vertiginosas viagens a um passado que de repente renasce em vigorosas e presentes memórias.
“ Eu quero é morrer aqui” debitava eu metaforicamente, entre copos de um branco de se lhe tirar o chapéu, enquanto os meus comedidos companheiros de viagem se assustavam com as proporções etílicas do meu empolgamento, tanto mais que ainda tínhamos pela frente umas boas dezenas de quilómetros para calcorrear.
Debicámos (a convite da clientela habitual) tomate com sal e orégãos para acompanhar os minúsculos copitos de branco.


Os três "astronautas" deliciando-se na Adega velha - Foto de João Pedro

Depois do cante veio o repasto e posso-vos garantir que do que provei, é tudo excepcional. As azeitonas, o queijinho, o chouriço, o vinho e o cozido de grãos absolutamente divinais.
Por mim teria ficado por ali, mas outro destino esperava por nós e foi com redobrada vontade de ali regressar que montámos as nossas máquinas pedalantes e partimos em direcção ao entardecer.

Em breve voltaremos!


Ainda em Mourão deparámo-nos com este " Tuti Frute"!!!


Depois foram sessenta dolorosos quilómetros até ao Redondo onde pernoitámos.
Como não tínhamos nada marcado e o cansaço era por demais evidente ficámo-nos pelo primeiro local onde nos aceitaram e que se verificou ser um verdadeiro pardieiro.
Reparti com o Carneiro aquela coisa chamada quarto com uma minúscula casa de banho (fora do quarto) que nos recusámos a utilizar quando a manhã chegou, tal o estado em que estava, visto os restantes utilizadores (muitos) desse espaço serem verdadeiros sabujos.
Regressarei em breve para a jornada derradeira por terras do Alentejo.

Quilómetros percorridos: 112

Etiquetas: Aldeia da Estrela, Aldeia da Luz, Alqueva, Mourão, redondo, Serra d'ossa

Escrito por pulanito @ agosto 21, 2008   7 comentários

terça-feira, agosto 19, 2008

Dia 1. De Arraiolos a Moura

Para esta c iclo-viagem sem destino, partiram da Graça do Divor, Pulanito, Joaquim Miguel e Joaquim Piteira, que em dia de aniversário decidiu (e bem) acompanhar-nos até Viana do Alentejo.

À partida da Graça do Divor - Carneiro, Joaquim Miguel e Joaquim Piteira

Como o Carneiro partiu de Arraiolos fez mais dez quilómetros numa jornada que contou à chegada a Moura com 139 Km percorridos, um solzinho a queimar o pelo mas suportável e um ventinho quase sempre favorável fizeram-nos companhia durante todo o percurso ....e mais não se pode pedir.

Dou comigo a pensar: Como é que três “cotas”, cujas provectas idades somadas ultrapassam os 160 anos, se dispõem a pedalar Alentejo fora, pela torreira de Agosto numa caminhada sem destino, chegando completamente vencidos ao final de que cada etapa, e ainda por cima gostam. Nã...tem que haver aqui alguma dose de masoquismo! Até porque 99,9 % das pessoas a quem lhe fosse dada a oportunidade de tirar uns dias em Agosto, fá-lo-iam certamente junto à praia e alguns outros, a descansar no campo, mas nós, como somos diferentes, vá de penar estrada fora. Bem, deixemo-nos de lamúrias e vamos ao relato do primeiro dia de viagem: Quando nos juntámos na Graça do Divor partimos em direcção a Évora que contornámos pelo lado de fora, já que é uma cidade que conhecemos bastante bem.
Em Évora metemos pela estrada das Alcáçovas até à estação ferroviária com o mesmo nome e onde me dizem haver uma excelente casa de petiscos, mas que estava fechada aquando da nossa passagem.

A minha apuradíssima tecnica de fotografar de costas. dá resultados desta natureza- Joaquim Miguel e Helder Carneiro pedalando em plena planície dourada.

Logo ali a seguir à passagem de nível, viramos agulha para Viana do Alentejo. O Joaquim Miguel sugere-nos uma visita e breve paragem no Monte Sobral ( que fica situado entre as duas localidades mencionadas). Este Monte tem a particularidade de ter sido o local onde o Movimento dos Capitães terá tido as suas reuniões conjurais que em Abril de 1974 resultou na nova república em que vivemos, mas como já lá vão 34 anos, já começa a ser um pedaço caquéctico relembrar coisas que já estão distorcidas do seu valor essencial, ou que a nossa vulnerável memória já tem dificuldade em discernir.

Monte do Sobral - Placas evocativas das reuniões conjurais ( Movimento dos Capitães) que vieram a desaguar a 25 / 04 /74 - seguramente um dos dias mais felizes da minha vida.

Do Monte Sobral a Viana do Alentejo foi um pulo de menos de 20 quilómetros, onde chegámos quando o astro rei já ia a pique. Num café reconfortámos o estômago comendo um arroz doce (que me dizem ser o equivalente a gasolina super em veículo motorizado). O Joaquim Piteira aqui fez meia volta e em pedalada forte e acertada regressou à Graça do Divor, onde os seus o esperavam para a celebração do seu 49º aniversário (para o ano é que são elas!).

Foi ali decidido que rumaríamos a Cuba, essa terra de boas gentes e bom vinho. Tínhamos no intuito fotografar-nos junto à estátua de Cristóbal Colón e homenagear este Cubense que terá mudado a face do mapa planetário embora tenham sido os Italianos e Espanhóis a beneficiar de tal descoberta monumental.

Estátua de Cristóvão Colombo em Cuba

Só para dar uma pequena ideia de que Colombo era natural destas paragens, alego em seu favor que só existem duas Cubas no mundo, esta onde agora posamos para o retrato e a outra no Caribe, se atendermos a que todos os nomes que constam na foto que aqui colocarei amanhã, poderão verificar que todas elas são nomes de terras alentejanas à volta de Cuba e ao mesmo tempo nomes de ilhas caribenhas...que raio de italiana coincidência!!!

Nomes de terras descobertas por Colombo no Novo Mundo - Os mesmos nomes de terras alentejanas - se não conseguir ler, carregue para ampliar.

Rua de Cuba - com igreja matriz ao fundo

Bom, deixemos Colombo para o José Rodrigues dos Santos e o seu " Codex 699" (que de resto recomendo), que nós vamos mas é almoçar por aqui mesmo.


Adega José Amado - um local "à la Pulanito" que recomendo a quem por aqui passe.


Como a Adega da Lua estava fechada, descobrimos a espectacular Adega do José Amado (um local á la Pulanito, e vocês sabem que esta marca significa qualidade) um local bastante aprazível a cheirar a outros tempos, onde num mero fechar de olhos, podemos ser transportados a épocas em que as coisas se faziam com método, tento e tempo, e ainda não vinham embaladas em tetrapax à la minuta.

Bom recomendo o sítio que para além de bonito, o dono é simpático, e a conta uma verdadeira surpresa...baratíssimo!!

De Cuba rumámos a Selmes para reabastecer, até porque o sol estava na sua hora castigadora e era necessário repor líquidos urgentemente.
Na aldeia deserta de Selmes encontrámos finalmente um café onde reabastecemos. Entabulei conversa com um dos locais emigrante em França e Ilídio de seu nome. Confessou-me estar aborrecido de lá estar e quando cá chegava também logo se aborrecia, a única coisa que o distraía era o caminho...esse que se faz caminhando, e o Sr. Ilídio já tinha feito grande parte dessa caminhada chamada vida, caso atendamos aos seus oitenta e picos anos. Rodámos depois em direcção a Moura onde chegámos já o sol ia alto e o cansaço já se fazia sentir sem avisar.

Hotel de Moura - De repente estava em Chef Chauen!

Ficámos instalados no Hotel de Moura, antiquíssima unidade hoteleira, muito arabesca e que serve na perfeição as necessidades deste trio que agora parte para norte, mas sem saber exactamente para onde... De onde chegarmos...dar-vos-emos noticias.


PS1... Texto escrito na voragem do tempo, logo presumo cheio de erros que corrigirei assim que me seja possível.

PS2: As fotos serão introduzidas mais tarde...assim terão mais que uma razão para de quando em vez aqui virem espreitar, mas para tal necessito de um portátil que aqui não encontrei. Agora...breakfast...beijinhos e abraços... Quilómetros percorridos: 139

Etiquetas: Alcaçovas, Cuba, Évora, Graça do Divor, Moura, Selmes, Viana do Alentejo

Escrito por pulanito @ agosto 19, 2008   4 comentários

domingo, agosto 17, 2008

Pulanito, Carneiro e Joaquim Miguel à Descoberta dos Lagos Alentejanos.

Aqui está a minha máquina pronta para partir, com o respectivo "zingarelho" montado

Este ano, temos como desculpa para pedalar “por aí”, partirmos à descoberta duma rota imaginária das barragens alentejanas.
Partirei logo que amanheça ao encontro dos meus companheiros de viagem Helder Carneiro e Joaquim Miguel, com quem me cruzarei lá para as bandas da Vidigueira em direcção às terras do grande lago, terras estas, que revisitarei depois de aí haver estado em 2006 por altura da viagem inaugural e comemorativa dos meus 50 anos de idade.
Nessa altura levava uma bicicleta que pesaria, depois de carregada de armas e bagagens, qualquer coisa como 30 Kilos; amanhã, levarei uma bicicleta bastante mais leve e como bagagem apenas o meu novo “zingarelho” de sobrevivência, onde não transporto mais que um equipamento suplente num dos alforges, e uma roupa de verão no outro minúsculo alforge (como poderão constatar na foto).
A grande dificuldade reside precisamente aí: saber como é que me vou desenrascar apenas com um kit de sobrevivência sem conspurcar o ambiente nem provocar vómitos mos meus companheiros de viagem. Tanto o Helder como o Joaquim também apenas levarão um kit idêntico.
De qualquer modo, esta é uma excelente oportunidade para circularmos em velocidade de turista, e vermos com olhos de ver tudo aquilo que nos rodeia, efectuando paragens com fartura para podermos fotografar, conhecer, provar ou mergulhar naquilo que de melhor nos for oferecido pelas pessoas e regiões que visitarmos neste périplo imaginário das barragens alentejanas.
Não tenho a menor ideia qual será o nosso percurso, isso, fará com que seja um excelente tónico para que os leitores do Pulanito ou do Xiclista passem num, ou nos dois blogues para que se possam inteirar das “mirambulancias” destes três “cotas” aventureiros do pedal.

PS1: Acompanha aqui a diário as crónicas, fotos e opiniões desta terceira expedição por terras e lagos da planície.
PS2: Comenta e divulga este blogue, de modo a que sejam cada vez mais os que se abastecem de novidades aqui no estaminé do Pulanito.

Etiquetas: Alqueva, alvito, barragens alentejanas, monte da rocha, odivelas, redondo, Santa Clara

Escrito por pulanito @ agosto 17, 2008   2 comentários

Equipa da Graça do Divor na RTP

Ricardo Casaca dançando com a simpatiquissíma Isabel Figueiras antes de irmos para o ar

Na passada quinta-feira, 14 de Agosto, o Pulanito e a equipa da Graça do Divor, lá se apresentaram no programa Há Volta da RTP1.
Como já foi explicado em posts anteriores, este convite prendeu-se com o facto de termos feito a proclamada viagem a Santiago de Compostela, de esta ter sido divulgada na imprensa local e de no programa se encaixar uma actividade ciclistica como aquela que levámos a cabo.
Não vou aqui “botar” muita faladura, apenas apresentar algumas fotos de um dia bem passado, que para além da exposição televisiva, também tivemos convite para a área VIP da volta, o que permite ter uma perspectiva privilegiada da passagem e chegada dos ciclistas.


Pulanito sendo entrevistado por Margarida Barreiros para o programa Há Volta da RTP

O cangalheiro com o seu espírito de desenrascanço, mais os conhecimentos em que se desdobra qual azafamada libelinha, lá vai conseguindo estes bombons com que nos brinda.


Margarida Barreiros, Pulanito e Isabel Figueiras- É só para fazer inveja!!!

Depois do programa de televisão e depois da chegada dos ciclistas, tivemos ainda direito (via cangalheiro) a um convite para desfrutarmos de uma comezaina no Monte do José Luzia nas aforas de Baleizão, onde fomos recebidos principescamente.

Joaquim Miguel e Pulanito, ultimando a viagem em bicicleta que amanhã iniciaremos.

É desse dia que aqui fica uma pequena reportagem fotográfica.
Divirtam-se e comentem……

Etiquetas: Beja, Há volta, Isabel figueiras, Margarida Barreiros, rtp, volta a portugal em bicicleta

Escrito por pulanito @ agosto 17, 2008   1 comentários

sábado, agosto 16, 2008

José Lima e Rosa Carvalho concluem a Volta a Portugal em Cadeira de Rodas e Encontram-se com Zé do Pedal

Rosa Carvalho, Zé do Pedal e Zé Lima...os verdadeiros heróis do pedal


Festa da chegada a Quarteira - Algarve de Zé Lima e Rosa Carvalho, unicos participantes na primeira volta a Portugal em Cadeira de Rodas , bem como o desejado encontro com o Zé do Pedal.
Este, quando uma Senhora de Vila Real de Santo António lhe foi ali apresentada e lhe perguntou se tinha o alojamento,naquela cidade já assegurado,respondeu com a sua habitual simplicidade e simpatia: "quase"....e senhora perguntou:" quase como?".."quase porque a senhora me está perguntando e ainda não me convidando"...Tudo simples e altamente eficaz e uma multidão de pessoas do Algarve com ele e já uma proposta concreta do Sr. Brito (Lions de Faro) para nos organizarmos a ir em 2010 à Africa do Sul ter com ele.Quem sabe?

Texto e foto Joaquim Miguel Bilro

Etiquetas: Algarve, Quarteira, Rosa Carvalho, volta a portugal em cadeira de rodas, zé do pedal, Zé Lima

Escrito por pulanito @ agosto 16, 2008   1 comentários

quarta-feira, agosto 13, 2008

Pulanito de Novo Na Estrada



Como em todos os Agostos recentes, neste, também não poderia de deixar de me fazer à estrada. Desta vez e em parte do percurso (ou quem sabe na totalidade) serei acompanhado pelos amigos Helder Carneiro e Joaquim Miguel.
Como sempre, partirei de Entradas em direcção ao entardecer e depois logo se verá até onde é que a vontade e as forças me levam.
Andaremos essencialmente pelo Alentejo, num itinerário imaginário que tem como nome “ percurso das barragens” que não faço a menor ideia qual será. Penso que serão coisas decididas na hora e que têm como influência o facto de o vento estar contra ou a favor. De haver em tal sitio uma determinada tasca com boa pinga e boa comida e com gente cá da nossa. Passará pela condição física de nós os três, sendo que o Carneiro acabou de me mandar uma mensagem dizendo que acabou de subir a Torre (Serra da Estrela) o que deixa adivinhar que deve estar numa forma invejável em contraponto com a minha que tenho exercitado aos solavancos.
Mas é deste improviso que eu gosto. Eu quero lá saber de organizações com horas e locais estipulados, eu quero é mesmo “correr mundo, correr pirigo” como diz o Chico Buarque.
Quero é encontrar gente, lugares e sabores que me enriqueçam como pessoa, que me surpreendam como humano e que me façam vibrar de emoção, afinal a grande razão desta epopeia anual, e pela qual anseio, como criança que espera o seu gelado favorito.
Aqui trarei, sempre que possível, o retrato de cada dia, para que os amigos que acompanham o Pulanito tenham a possibilidade de pelo menos mentalmente pedalarem connosco.
Conto convosco, com os vossos comentários e sugestões, de modo a podermos saber que desse lado há gente que nos acompanha.

Etiquetas: alentejo, Alqueva, campo maior, circuito das barragens, Santa Clara, xiclista

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2008   2 comentários

Zé Lima e Rosa Carvalho passam hoje por Castro Verde

José Lima e Rosa Carvalho á partida de Cuba

Nós cá somos assim",dizem os de Cuba. Os dois bandeirantes da Volta a Portugal em Cadeiras de Rodas (VPCR) tiveram que dividir a etapa de Alvito a Beja ,entre a estrada e o salão paroquial de convívio em Cuba,para receberem o calor das gentes da planície dourada.


Ceifeiras de Cuba- Homenageando os corajosos triciclistas

Meteu almoço,organizado pela Amiga Jacinta Baptista,presidente da Associação de Solidariedade-AMAR-e cante popular pelo grupo de Ceifeiras Alentejanas de Cuba. Cantaram, dançaram e animaram o Lima a Rosa, o poeta popular Senhor Pedro Malandroe todos nós. Já na rua cantaram (de arrepiar):VAMOS LÁ SAINDO POR ESSES CAMPOS FORA... Depois foi o regresso ao asfalto com temperatura amena, como a brandura das frescas manhãs que nestes dias se tem sentido por aqui e se vai prolongando pelo dia fora, dando a sensação que a canícula já se foi.


Cansados mas felizes - No próximo ano serão muitos mais - a coisa vai ganhando proporções.

Regresso alucinante,a rolar a mais de 30 Km. por hora, acompanhados pelos cadetes do grupo de ciclismo amador de Cuba (turbos a pedais). Que bonito! E o Lima e a Rosa no final, exaustos como os atletas de competição, olhavam um para o outro e diziam: grande adrenalina.

Ficaram em Beja a descansar. Amanhã vão entrar nos domínios do Pulanito.Passarão por Entradas para terminarem em Castro Verde (sairão ás 7horas,protegidos pela B.T. de Beringel)utilizando o bom piso da IP2. E quando houve lugar às despedidas e agradecimentos os "da Cuba" avançaram como de costume:Nós cá "semos "assim! Boa gente !Bons moços!...Continuem,não parem,vão Por aí...

PS: O Grupo Desportivo da Baronia enviou-nos uma mensagem dizendo que também eles escoltaram e ajudaram o Zé e a Rosa no dia anterior a esta recepção em Cuba. Isto quer dizer que por toda a parte tem havido solidariedade pedalante para com estes corajosos triciclistas.

Poderão visitar o blogue deste grupo em http://www.gdcbaronia.blogspot.com/

Texto e fotos: Joaquim Miguel Bilro

Etiquetas: cadeira de rodas, Castro Verde, Cuba, VCPR, volta a portugal em cadeira de rodas, Zé Lima

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2008   6 comentários

segunda-feira, agosto 11, 2008

Zé Lima e Rosa Carvalho Chegaram ao Alentejo

Zé Lima e Rosa Carvalho em pleno Alentejo, escoltados por cicloturistas locais



Zé Lima e Rosa Carvalho, são os dois únicos participantes na Volta a Portugal em cadeira de rodas.
Descem desde Ponte de Lima até Quarteira, num périplo verdadeiramente desgastante para duas pessoas que apenas usam a força dos braços para galgar os quilómetros que têm pela frente e que, muitas das vezes, são-no em forma de montanha que estes têm de vencer.
Neste momento demandam terras alentejanas. O Joaquim Miguel acompanha a par e passo a saga destes dois heróis que contra tudo e contra todos, levarão certamente a “água ao seu moinho”.
Na sexta-feira quando chegarem a Quarteira terão um encontro com outro “ ganda maluco”, o Zé do Pedal (aqui lautamente referenciado) para combinarem acções conjuntas de chamadas de atenção para problemas, que para o comum dos mortais, lhes passam ao largo das suas vidas.
De referir que um paraplégico, para além do esforço que é mãodalar (pedalar com as mãos) têm toda uma logística, que tem de ser pensada, calculada, preparada e cumprida, pois se tal não acontecer, resultará em lesões ou sofrimento dos atletas em prova.
Irei fazer os impossíveis para me encontrar com estes dois protagonistas de tão “bárbara” aventura.
Quem quiser conhecer de que massas são feitos estes aventureiros, é só passar no seguinte endereço: http://webleones.home.sapo.pt/

Etiquetas: alentejo, cadeira de rodas, Castro Verde, José Lima, volta a portugal em cadeira de rodas, Zé Lima

Escrito por pulanito @ agosto 11, 2008   0 comentários

domingo, agosto 10, 2008

Zé do Pedal passa por Entradas a caminho de Joanesburgo

Zé do Pedal e Pulanito à porta de minha casa em Entradas

Um dos mais de 750 dias da viagem que José Castro Geraldo encetou em Paris em Maio último e só terminará em Junho de 2010 em Joanesburgo, foi passado em Entradas.
Fui dar com ele à beira da estrada conversando com um pastor alentejano que se terá interessado por tão curiosa personagem e tão invulgar veículo.
Já havíamos falado por telefone de modo a dar-lhe algumas coordenadas acerca da sua passagem por terras do Campo Branco.
A autarquia castrense prontificou-se a pagar o alojamento deste viajante intercontinental no aparthotel local e eu havia prometido almoçar com o Zé do Pedal.

Experimentando o veículo do Zé do Pedal

Chegámos a Entradas cerca das 11.30 horas, passámos por minha casa, refrescámo-nos e o Zé do Pedal que não precisa que puxem muito põe ele para que conte uma das mil estórias de um qualquer lugar do mundo, derramou ali, sentado à minha mesa entre um par de minis, episódios das sua múltiplas viagens que para mim, para além de exemplo são um bálsamo e um incentivo de quem conhece melhor que ninguém o cheiro e o som dos silêncios das estradas de todos esses mundos por onde passou.
Zé do Pedal contenta-se com pouco. Um naco de pão, um copo de água, um canto de qualquer quintal, servem para este cavaleiro do asfalto recuperar as forças dispendidas em mais um dia de jornada pedalante.
O tempo voou a uma velocidade estonteante e senão olhasse para o relógio deixaria passar a hora de almoço.
Levei o Zé a almoçar à Cavalariça. Comemos açorda de fraca, que este devorou como se não houvera amanhãs. Dava gosto ver comer esta simpática figura!

Na Cavalarariça meteu-se com as empregadas e desafiou-as a decifrar este enigma: Porque é que separado se escreve tudo junto, e tudo junto, se escreve separado?
Celebrámos com vinho o mais que provável único encontro pessoal das nossas vidas, mas ficámos a saber, que foi para os dois (muito mais para mim) um momento marcante, daqueles que deixam rasto para o resto da nossa memória existencial.
Pela tarde fora e enquanto lá fora o dia ardia, na fresquidão da minha casa (de onde de resto escrevo) criámos um novo blogue, onde os leitores poderão encontrar relatos das múltiplas viagens pelo mundo que o Zé do Pedal iniciou no longínquo ano de 1981.
Para quem ainda não tenha assimilado, são 27 anos a pedalar. Uma vida!
Tive o privilégio de compartilhar com este amigo grande parte duma jornada inolvidável. De devorar as suas estórias e memórias. De na hora da partida o abraçar e sentir que onde quer que ele hoje, amanhã ou depois esteja, um pouco de mim viaja com ele. Ou será que é ele que viaja um pouco por mim?


Para consultar a vida deste nómada do pedal: http://www.zedopedal2010.blogspot.com/

Quem quiser contactar o Zé do Pedal em Portugal é favor ligar: 917 032 699

Etiquetas: alentejo, Castro Verde, entradas, Joanesburgo, Paris, zé do pedal

Escrito por pulanito @ agosto 10, 2008   4 comentários

sexta-feira, agosto 08, 2008

Notas soltas de Verão


Agosto é uma altura do ano em que a minha mente sofre mutações que tenho de refrear sob pena de quando os dias começarem a minguar, as noites a arrefecer e o entusiasmo a desvanecer, saia dele com algumas cicatrizes permanentes.
Tenho por esta altura do ano uma esmagadora necessidade de abalar (que é diferente de partir embora queira dizer a mesma coisa), de ir “por aí” à descoberta de mim, dos outros, de silêncios, de cheiros, recantos e sabores, e sobretudo de auroras e crepúsculos, que pelas bandas alentejanas (pelo menos para mim) possuem a magia do belo e sensorial.
Depois de descobrir a independência que a bicicleta oferece, saber que hoje estou aqui mas amanhã poderei estar noutra cidade, vila ou aldeia mais adiante, conhecendo outras gentes, outros hábitos, outras terras faz com que pense que o cigano que vive em mim seja violentamente despertado no mês de todos os calores.

Por esta altura do ano e provavelmente porque sofremos da mesma doença, andam pelas estradas do Alentejo outros tantos arautos da liberdade pedalante de cujos nobres objectivos sou signatário militante. Aqui deixo as minhas homenagens aos grandes Zé Lima e Rosa Carvalho que percorrem Portugal em veículos movidos á força braçal, já que são ambos paraplégicos. O Zé do Pedal, com largo destaque aqui no Pulanito é outro exemplo de quão insignificantes e comezinhas são as nossas proezas ciclistas, comparadas com as destes verdadeiros heróis do asfalto que fazem destas viagens verdadeiros exemplos de entrega, coragem e desprendimento.

De qualquer modo, e porque já está decidido, na próxima semana vou estar a pedalar com o Carneiro e o Joaquim Miguel por essas estradas do Alentejo tendo o roteiro das barragens como itinerário imaginário desta nossa viagem.
É claro que aqui trarei a diário ou quando tal me seja possível, as crónicas e os relatos do que nos for acontecendo ao longo das jornadas que ainda não começaram e já penso que são tremendamente curtas.

Às vezes sonho (às vezes não! Todos os dias sonho) que se me sair um prémio, ou se porventura acontecer algo que me traga alguma independência, juro que abandono tudo o que tenho e me dedicarei por inteiro a viajar em bicicleta por onde for. Não terei a veleidade de um Zé do Pedal, que é naturalmente de outro campeonato, mas penso que depois de vasculhar planícies, montes e vales de Portugal, poderia partir à descoberta de outras paragens.

Acabei de falar ao telefone com o Zé do Pedal que me disse passar amanhã por Entradas, assim sendo, lá estarei para lhe oferecer abrigo nas horas em que o sol castiga mais, não sem antes repartirmos um almoço e beber de viva voz e ouvidos bem abertos a experiência de vida que este companheiro quererá comigo partilhar.

E pronto aqui ficam umas notas soltas, resultado do pensamento de quem não vê chegada a hora de abalar estrada fora, ouvindo apenas o imenso silêncio da terra plana e o zunido da corrente galgando os dentes da cremalheira numa infindável viagem à volta dos carretos.

Etiquetas: alentejo, Alqueva, entradas, Santa Clara, zé do pedal, Zé Lima

Escrito por pulanito @ agosto 08, 2008   3 comentários

quinta-feira, agosto 07, 2008

Não Há Coincidências II

O fantástico quadriciclo do Zé do Pedal em que conta fazer 17000 Km.

O fabuloso "Zé do Pedal" está a caminho do sul.
Saiu do parque de campismo de Évora.
Ontem esteve no Diário do Sul e na RádioTelefonia do Alentejo :emocionante depoimento de um invulgar Homem que com meios rudimentares vai pelo Mundo desde 1981, fazendo alertar consciências para causas humanitárias.
Está neste momento empenhado num projecto hercúleo: vai iniciar, no seu pequeno quadricíclo, dentro de 20 /30 dias a descida do Continente Africano,desde Marrocos até aos confins da África do Sul,de Tânger ao Cabo da Boa Esperança; e já vem de Paris!
Vai passar tormentas e correr riscos que já imagina.Conhece a realidade dos países e dos povos que vai encontrar. Ontem soube do golpe de estado na Mauritânia e do surto de cólera na Guiné Bissau. Terá que atravessar ,junto à Costa Atlântica, as areias do deserto.
Conta com horas infinitas de solidão:com um sorriso nos lábios afirma que terá mais tempo assim, para escutar o silêncio.
Foi assim que, há pouco tempo, fez o percurso marítimo desde Nova Iorque, Miami e todo o Golfo do México num pequeno barco (catamaran ) movido a pedais.
Vai seguir a rota das andorinhas nos seus " vai-vem" migratórios: sei que elas esvoaçarão por cima dos seus pensamentos e o irão ajudar e orientar."VAI COM DEUS,MEU IRMÃO E LUZ NO CORAÇÃO".
José Geraldo (Zé do Pedal) com Martinho da Vila no Redondo

No Redondo, no espectáculo do seu amigo Martinho da Vila ,cantou com ele:"é divagar, é divagar, é divagar...divagarinho...é divagar é divagar".É devagar, devagarinho(com uma calma intrigantemente cultivada) que JOSÉ GERALDO enfrenta a sua vida.
"Aí "entre uma "cervejinha" e uma "caipirinha" falou com grande conhecimento de excluídos e manifestou interesse em se cruzar com personagens dessas aqui em Portugal e em Espanha,para"um bate papo" e umas fotografias.

Os ciganos - eternos viajantes da planicie - no fundo, companheiros do Zé do Pedal.


Entre S. Miguel de Machede e Évora,vindos de trás, um grupo de nómados da planície tocaram o coração do Zé..."gente legal".NÃO HÁ COINCIDÊNCIAS!


Texto e fotos de Joaquim Miguel Bilro, meu companheiro de copo e de cruz...



Etiquetas: africa, aventura, Guné Bissau, mauritânia, quadriciclo, sons do silêncio, volta ao mundo, zé do pedal

Escrito por pulanito @ agosto 07, 2008   3 comentários

terça-feira, agosto 05, 2008

Pedalando Por Causas Nobres.

Zé do Pedal em pleno Alentejo

De Paris a Joanesburgo (África do Sul), percorrendo 17.ooo km "Zé do
Pedal"visita Évora e vai encontrar-se com José Lima e Rosa Carvalho.
O fotógrafo Brasileiro, José Geraldo de Souza Castro, conhecido por "Zé do Pedal"chega a Évora, vindo de Vila Viçosa, na 4º feira dia 6 de Agosto.
Pedala para chamar a atenção das pessoas para dois dos mais graves
problemas que afectam a visão humana, principalmente das crianças, nos países menos desenvolvidos: cataratas e glaucoma.
Está integrado no programa Sightfirst II-Lions-Vision For All.

Entretanto, sábado dia 9, ao fim da manhã chegará a Évora o
Escritor/Editor nortenho, natural de Ponte de Lima, José Leones de
Lima, paraplégico que pela segunda vez faz a travessia vertical de
Portugal, desde Valença do Minho até Quarteira, num total de 800 km. em cadeira de rodas adaptada ao desporto.
Com ele rodará este ano Rosa Carvalho, paraplégica há 20 anos e que trabalha em voluntariado no Hospital de Viana do Castelo.

O corajoso José Lima " mãodalando" a sua máquina em plena estrada - Estamos contigo Zé!

José lima criou o clube VPCR (Volta a Portugal em Cadeira de
Rodas), tendo como principais objectivos chamar a atenção e
responsabilizar a sociedade civil na promoção de estratégias parauma integração efectiva dos deficientes Portugueses e contribuir de forma positiva para a quebra de tabus associados à deficiência. Incentivar à reflexão da sociedade sobre a nossa realidade, contribuindo assim para a redução do estigma, da discriminação e da marginalização das pessoas com deficiências, através do desporto, criando para o efeito a modalidade de handbike em Portugal -Site Deficientes Activos - Google".

José Lima e Rosa Carvalho farão no Sábado dia 9 a etapa de
Coruche/Évora, passando por Montemor-o-Novo, com chegada prevista para as 12horas e 30 minutos junto ao Évora Hotel.
No Domingo dia 10 sairão de Évora, no mesmo local, pelas 6 horas e 30 minutos em direcção a Alvito, passando por Viana do Alentejo, com chegada prevista para as 9horas e 45 minutos.

Cicloturistas e outros utilizadores de bicicletas apareçam na estrada
para apoiarem esta iniciativa do José Lima e Rosa Carvalho.

De referir que o José Lima e a Rosa Carvalho estarão em Beja no dia 12 de Agosto e em Castro Verde no dia 13. Quem pretender apoiar estes dois cavaleiros do asfalto podem fazê-lo aparecendo na estrada, ou no caso de Castro Verde junto à Câmara Municipal pelas 12.00 horas.

Post enviado por Joaquim Miguel Bilro - que o Pulanito muito agradece.

Etiquetas: bicicletas, cadeiras de rodas, cicloturismo, volta a portugal

Escrito por pulanito @ agosto 05, 2008   2 comentários

segunda-feira, agosto 04, 2008

Pulanito e equipa dia 14 de Agosto na RTP

Os 7 magnificos

No próximo dia 14 de Agosto, assim depois das sopas e antes da folga, este vosso amigo, bem como a equipa dos 7 magníficos que chegou a Santiago de Compostela foram convidados a estar presentes no programa À Volta da RTP1 que vai para o ar depois do telejornal das 13.00 horas.

Vai ser um momento interessante e importante para a nossa equipa, tanto mais que não é todos os dias que uma pequeníssima equipa de cicloturismo tem acesso a tão grande exposição mediática.

Lá estaremos a explicar as peripécias da viagem que já terminou há mais de mês e meio e ainda continuamos a colher frutos dessa estupenda experiência.

É claro que o Maurício cangalheiro vai lá estar com o seu carro funerário (nosso carro de apoio) e já arranjou um programa extra pedalante, tendo já movido variadíssimas influências para que tenhamos uma tarde / noite memorável.

Penso que a coisa mete, monte, borrego (que não gosto) e forçosamente “rabanhos de minis”.

O almoço será na Salvada (essa terra boa para morrer – só para quem sabe!) no Café do Mercado onde despacharemos uns quantos achigãs escalados, que o Toy do mercado faz como ninguém.

Café do Mercado- Não encontrei melhor foto, mas dá para ver que é daqueles sitios á la Pulanito

Na semana seguinte vou fazer os impossíveis por pedalar com os meus amigos Carneiro e Joaquim Miguel, que andarão por aí em peregrinação alentejanal ciclopedalante.

Pronto, isto é Agosto, a chamada silly season, e para o comprovar aqui fica um post imbecil de quem não tem vontade nem de mexer os olhinhos…

Como diz o meu amigo Raul…Só vejo é sacanas de férias…

Etiquetas: café do mercado, cicloturismo, programa à volta, rtp, salvada, Santiago de Compostela

Escrito por pulanito @ agosto 04, 2008   6 comentários

Deixe aqui a sua opinião sobre o Fado!

Links

  • Jardins de Inverno
  • um e o outro - blog do Tim
  • Casa Das Primas
  • Oxiclista
  • correio alentejo - um jornal a ter em conta
  • Mokuna
  • Alojamento grátis em mais de 1300 hotéis. 17 países da Europa
  • Insomnia - Um blogue alentejano a visitar
  • Prova Escrita
  • Alvitrando
  • A Cinco Tons
  • NeuroNewz
  • Tricotar o Tempo
  • Entradas Anteriores

    • Lugar Nenhum Ed Hoster e Napoleão Mira
    • Passagem Para a Índia
    • Incongruências
    • Santiago Maior - Napoleão Mira & Sam The Kid
    • Napoleão Mira na RTP
    • A Fé e o Medo
    • Napoleão Mira - AS Portas Que Abril Abriu - (Ary ...
    • Esta Lisboa Que Eu Amo Houve um tempo (lar...
    • Ribeira de Cobres
    • A Velha Pasteleira
    • Reveillon

    Arquivo

    • agosto 2006
    • setembro 2006
    • outubro 2006
    • novembro 2006
    • dezembro 2006
    • janeiro 2007
    • fevereiro 2007
    • março 2007
    • abril 2007
    • maio 2007
    • agosto 2007
    • setembro 2007
    • outubro 2007
    • novembro 2007
    • dezembro 2007
    • janeiro 2008
    • fevereiro 2008
    • março 2008
    • abril 2008
    • maio 2008
    • junho 2008
    • julho 2008
    • agosto 2008
    • setembro 2008
    • outubro 2008
    • novembro 2008
    • dezembro 2008
    • janeiro 2009
    • fevereiro 2009
    • março 2009
    • abril 2009
    • maio 2009
    • junho 2009
    • julho 2009
    • agosto 2009
    • setembro 2009
    • outubro 2009
    • novembro 2009
    • dezembro 2009
    • janeiro 2010
    • fevereiro 2010
    • março 2010
    • abril 2010
    • maio 2010
    • junho 2010
    • julho 2010
    • agosto 2010
    • setembro 2010
    • outubro 2010
    • novembro 2010
    • dezembro 2010
    • janeiro 2011
    • fevereiro 2011
    • março 2011
    • abril 2011
    • junho 2011
    • julho 2011
    • setembro 2011
    • outubro 2011
    • dezembro 2011
    • fevereiro 2012
    • março 2012
    • abril 2012
    • maio 2012
    • junho 2012
    • julho 2012
    • agosto 2012
    • setembro 2012
    • outubro 2012
    • novembro 2012
    • dezembro 2012
    • março 2013
    • abril 2013
    • maio 2013
    • junho 2013
    • julho 2013
    • outubro 2013
    • janeiro 2014
    • fevereiro 2014
    • março 2014
    • abril 2014
    • maio 2014
    • junho 2014
    • agosto 2014
    • setembro 2014
    • outubro 2014
    • fevereiro 2015
    • março 2015
    • abril 2015
    • fevereiro 2016
    • março 2016
    • julho 2016
    • agosto 2016
    • setembro 2016
    • outubro 2016
    • novembro 2016
    • abril 2017
    • maio 2017
    • junho 2017
    • julho 2017
    • fevereiro 2018
    • outubro 2018
    • Current Posts

    Powered by Blogger


 

 visitantes online