Notas soltas de Verão
Agosto é uma altura do ano em que a minha mente sofre mutações que tenho de refrear sob pena de quando os dias começarem a minguar, as noites a arrefecer e o entusiasmo a desvanecer, saia dele com algumas cicatrizes permanentes.
Tenho por esta altura do ano uma esmagadora necessidade de abalar (que é diferente de partir embora queira dizer a mesma coisa), de ir “por aí” à descoberta de mim, dos outros, de silêncios, de cheiros, recantos e sabores, e sobretudo de auroras e crepúsculos, que pelas bandas alentejanas (pelo menos para mim) possuem a magia do belo e sensorial.
Depois de descobrir a independência que a bicicleta oferece, saber que hoje estou aqui mas amanhã poderei estar noutra cidade, vila ou aldeia mais adiante, conhecendo outras gentes, outros hábitos, outras terras faz com que pense que o cigano que vive em mim seja violentamente despertado no mês de todos os calores.
Por esta altura do ano e provavelmente porque sofremos da mesma doença, andam pelas estradas do Alentejo outros tantos arautos da liberdade pedalante de cujos nobres objectivos sou signatário militante. Aqui deixo as minhas homenagens aos grandes Zé Lima e Rosa Carvalho que percorrem Portugal em veículos movidos á força braçal, já que são ambos paraplégicos. O Zé do Pedal, com largo destaque aqui no Pulanito é outro exemplo de quão insignificantes e comezinhas são as nossas proezas ciclistas, comparadas com as destes verdadeiros heróis do asfalto que fazem destas viagens verdadeiros exemplos de entrega, coragem e desprendimento.
De qualquer modo, e porque já está decidido, na próxima semana vou estar a pedalar com o Carneiro e o Joaquim Miguel por essas estradas do Alentejo tendo o roteiro das barragens como itinerário imaginário desta nossa viagem.
É claro que aqui trarei a diário ou quando tal me seja possível, as crónicas e os relatos do que nos for acontecendo ao longo das jornadas que ainda não começaram e já penso que são tremendamente curtas.
Às vezes sonho (às vezes não! Todos os dias sonho) que se me sair um prémio, ou se porventura acontecer algo que me traga alguma independência, juro que abandono tudo o que tenho e me dedicarei por inteiro a viajar em bicicleta por onde for. Não terei a veleidade de um Zé do Pedal, que é naturalmente de outro campeonato, mas penso que depois de vasculhar planícies, montes e vales de Portugal, poderia partir à descoberta de outras paragens.
Acabei de falar ao telefone com o Zé do Pedal que me disse passar amanhã por Entradas, assim sendo, lá estarei para lhe oferecer abrigo nas horas em que o sol castiga mais, não sem antes repartirmos um almoço e beber de viva voz e ouvidos bem abertos a experiência de vida que este companheiro quererá comigo partilhar.
E pronto aqui ficam umas notas soltas, resultado do pensamento de quem não vê chegada a hora de abalar estrada fora, ouvindo apenas o imenso silêncio da terra plana e o zunido da corrente galgando os dentes da cremalheira numa infindável viagem à volta dos carretos.
Tenho por esta altura do ano uma esmagadora necessidade de abalar (que é diferente de partir embora queira dizer a mesma coisa), de ir “por aí” à descoberta de mim, dos outros, de silêncios, de cheiros, recantos e sabores, e sobretudo de auroras e crepúsculos, que pelas bandas alentejanas (pelo menos para mim) possuem a magia do belo e sensorial.
Depois de descobrir a independência que a bicicleta oferece, saber que hoje estou aqui mas amanhã poderei estar noutra cidade, vila ou aldeia mais adiante, conhecendo outras gentes, outros hábitos, outras terras faz com que pense que o cigano que vive em mim seja violentamente despertado no mês de todos os calores.
Por esta altura do ano e provavelmente porque sofremos da mesma doença, andam pelas estradas do Alentejo outros tantos arautos da liberdade pedalante de cujos nobres objectivos sou signatário militante. Aqui deixo as minhas homenagens aos grandes Zé Lima e Rosa Carvalho que percorrem Portugal em veículos movidos á força braçal, já que são ambos paraplégicos. O Zé do Pedal, com largo destaque aqui no Pulanito é outro exemplo de quão insignificantes e comezinhas são as nossas proezas ciclistas, comparadas com as destes verdadeiros heróis do asfalto que fazem destas viagens verdadeiros exemplos de entrega, coragem e desprendimento.
De qualquer modo, e porque já está decidido, na próxima semana vou estar a pedalar com o Carneiro e o Joaquim Miguel por essas estradas do Alentejo tendo o roteiro das barragens como itinerário imaginário desta nossa viagem.
É claro que aqui trarei a diário ou quando tal me seja possível, as crónicas e os relatos do que nos for acontecendo ao longo das jornadas que ainda não começaram e já penso que são tremendamente curtas.
Às vezes sonho (às vezes não! Todos os dias sonho) que se me sair um prémio, ou se porventura acontecer algo que me traga alguma independência, juro que abandono tudo o que tenho e me dedicarei por inteiro a viajar em bicicleta por onde for. Não terei a veleidade de um Zé do Pedal, que é naturalmente de outro campeonato, mas penso que depois de vasculhar planícies, montes e vales de Portugal, poderia partir à descoberta de outras paragens.
Acabei de falar ao telefone com o Zé do Pedal que me disse passar amanhã por Entradas, assim sendo, lá estarei para lhe oferecer abrigo nas horas em que o sol castiga mais, não sem antes repartirmos um almoço e beber de viva voz e ouvidos bem abertos a experiência de vida que este companheiro quererá comigo partilhar.
E pronto aqui ficam umas notas soltas, resultado do pensamento de quem não vê chegada a hora de abalar estrada fora, ouvindo apenas o imenso silêncio da terra plana e o zunido da corrente galgando os dentes da cremalheira numa infindável viagem à volta dos carretos.
Etiquetas: alentejo, Alqueva, entradas, Santa Clara, zé do pedal, Zé Lima
3 Comments:
POETA!!!!...HÁ POESIA NA TUA PROSA!
Vais conhecer o Homem mais doce e calmo do Planeta.
Vai dizer-te:tranquilo irmão!..tudo está maravilhosamente bem!...Luz no coração!E,enquanto se sintoniza com as novas realidades vai dizendo:AÍ...Aí...,ou seja,temos mais um a ir:POR AÍ...
Está neste momento com os Amigos da Cruz Vermelha de Beja...Amanhã vai para Entradas e Castro.Está no teu terreno,ou seja,estará em casa(ele já sabe).
Está um pouco receoso em circular no IP2,sabe que a estrada alternativa não tem bom piso.
O encontro com o Lima está um pouco compremetido,já que Mineiro leva vantagem e anda muito entusiasmado com as gentes do sul.
Em Faro estão a preparar grande recepção .
A estratégia está a resultar em pleno:os jornais e rádios locais estão a andar à sua frente e abrir caminhos e portas para o "ZÉ DO PEDAU".E o Brasil está a acompanhar,através das :"noticiasdoze@gmail.com"...
Por sua vêz ele próprio vai rerrasgando o terreno para o LIMA e para a ROSA.
Estes estão em Almeirim,passaram por Fátima::::estão em grande forma!
Amanhã serão acompanhados por um grupo de fisioterapeutas em bicicleta e terão também a companhia do invisual JOSÉ ARRUDA, Comendador e Presidente da ASSOCIAÇÃO DOS DEFICIENTES DAS FORÇAS ARMADAS(ADFA) que correrá alguns quilómetros a seu lado.O ano passado assisti:é um momento de grande emoção e de nobre solidariedade.
e "DA CUBA" chegam notícias :a nossa Amiga Jacinta Baptista,Presidente da Associação AMAR está, de novo, a preparar a festa da chegada do Zé Lima áquela pérola do Alentejo,na terça feira.
O reencontro com o ZÉ será no cuzamento da SENHORA DA REPREZAS.
Haverá almoço.À tarde caminha-se para PAX JULIA,via IP2(o Zé e Rosa podem fazê-lo,porque estão sempre acompanhados por batedores da G.N.R.)
Vamos por aí...
Haja Saúde.
jm
Nap.
Também sonhas com um prémio,monetário, grande,chorrudo, que permita deixar de "virar frangos"(mais do mesmo) todos os dias?
Oxalá também te saia!Mas vai haver uma semana que essa sorte me irá tocar também a mim.Tenho a certeza!
Tanta como um Amigo que não vejo há mais de 2 anos e de quem tenho gratas recordações e grande respeito ,que farto de "balizar comboios" sempre jogou e afirmou que havia de ter essa sorte e teve.Saiu-lhe a Lotaria.Não ficou rico apenas por ter adquirido uma só fracção::mas acertou no número.
E é um rico Homem---que tenha muita saúde!
Tenho a certeza de um dia vir a cumprir a promessa.
Há,por aí,uma pequenita cigana que me leu a sina!...
Sempre a sonhar. Continua amigo, que pelo menos eu estou contigo.
Bruno S.
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