quinta-feira, maio 11, 2017

A Fé e o Medo


A Fé e o Medo


Hoje (12/05/17) chega a Portugal um homem que admiro profundamente. Falo de Jorge Bergoglio, o revolucionário Papa Francisco.

Ora isto vindo da boca de um agnóstico tresanda a incongruência. 
Sim! Assumo-me agnóstico e incongruente!

Assumidas fraquezas e franquezas, não posso deixar de dizer que Francisco foi a melhor coisa que aconteceu à igreja católica nos últimos tempos.

Infelizmente, não fui contemplado com o dom da fé religiosa!

Tenho profunda admiração por aqueles que se deslocam a pé dos vários pontos do país até ao santuário de Fátima, para aí, serem atendidos nas suas preces, especialmente em ano do centenário das aparições e, ainda por cima, com a presença do representante de Deus na terra.

A malfadada da minha noção de lógica não me permite acreditar no que creem esses milhares de peregrinos que, vencendo dores,  bolhas, quilómetros e cansaços aportam a Fátima com um sorriso de júbilo digno da minha saudável inveja.

Bem sei que me responderão que isto nada tem a ver com lógica.  Que é simples. Que, ou se crê, ou não se crê. Pois bem: Eu, por mais que tente... não consigo acreditar!

Isto remete-me para um episódio de banda desenhada que li há muitos anos num dos célebres álbuns da coleção Asterix e Obelix , no caso presente: Asterix e os Normandos.

Contava a história que esses bárbaros Normandos, desconhecedores do medo, teriam descido até à Gália para desvendarem o segredo de voar.  Acreditavam que para ver o mundo como os pássaros o vêem era preciso recear e quanto mais pavor, melhor se podia voar.

Ao depararem-se com um imprudente aldeão, este quase se borrava de medo ao confrontar-se com tais grosseiras figuras.

O pavor estava-lhe marcado no rosto. O corpo não lhe obedecia às ordens para fugir. Não conseguia articular palavra. O suor corria-lhe em bica pela fronte. Enfim, na ótica dos invasores, estavam na presença do:  Campeão do Medo!

Com este invulgar espécime entre mãos cedo cantaram vitória. Estavam convencidos que se lhe conseguissem extrair a fórmula do medo, conseguiriam ganhar asas.

Como os gauleses só tinham medo de uma coisa: que o céu lhes caísse em cima da cabeça, foram os brutamontes, como era de prever, mal sucedidos.

Ao aproximarem-se, Asterix e Obelix infligiram-lhes tal bordoada que os bárbaros do norte experimentaram pela primeira vez o mesmo sentimento de pavor que tinham imposto ao pobre aldeão.

Derrotados, mas convencidos que já sabiam voar, não lhes restou alternativa senão experimentarem fazê-lo do alto do precipício onde decorria a contenda com o resultado  previsível que se pode imaginar.


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Não sei porquê, ou se calhar sei, encontrei nesta estória um certo paralelismo com aquela com que comecei esta crónica.


Publicado em Correio Alentejo de 12/05/17

Escrito por pulanito @ maio 11, 2017   0 comentários

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