Zé do Pedal passa por Entradas a caminho de Joanesburgo
Fui dar com ele à beira da estrada conversando com um pastor alentejano que se terá interessado por tão curiosa personagem e tão invulgar veículo.
Já havíamos falado por telefone de modo a dar-lhe algumas coordenadas acerca da sua passagem por terras do Campo Branco.
A autarquia castrense prontificou-se a pagar o alojamento deste viajante intercontinental no aparthotel local e eu havia prometido almoçar com o Zé do Pedal.
Experimentando o veículo do Zé do Pedal
Chegámos a Entradas cerca das 11.30 horas, passámos por minha casa, refrescámo-nos e o Zé do Pedal que não precisa que puxem muito põe ele para que conte uma das mil estórias de um qualquer lugar do mundo, derramou ali, sentado à minha mesa entre um par de minis, episódios das sua múltiplas viagens que para mim, para além de exemplo são um bálsamo e um incentivo de quem conhece melhor que ninguém o cheiro e o som dos silêncios das estradas de todos esses mundos por onde passou.
Zé do Pedal contenta-se com pouco. Um naco de pão, um copo de água, um canto de qualquer quintal, servem para este cavaleiro do asfalto recuperar as forças dispendidas em mais um dia de jornada pedalante.
O tempo voou a uma velocidade estonteante e senão olhasse para o relógio deixaria passar a hora de almoço.
Levei o Zé a almoçar à Cavalariça. Comemos açorda de fraca, que este devorou como se não houvera amanhãs. Dava gosto ver comer esta simpática figura!
Na Cavalarariça meteu-se com as empregadas e desafiou-as a decifrar este enigma: Porque é que separado se escreve tudo junto, e tudo junto, se escreve separado?
Celebrámos com vinho o mais que provável único encontro pessoal das nossas vidas, mas ficámos a saber, que foi para os dois (muito mais para mim) um momento marcante, daqueles que deixam rasto para o resto da nossa memória existencial.
Pela tarde fora e enquanto lá fora o dia ardia, na fresquidão da minha casa (de onde de resto escrevo) criámos um novo blogue, onde os leitores poderão encontrar relatos das múltiplas viagens pelo mundo que o Zé do Pedal iniciou no longínquo ano de 1981.
Para quem ainda não tenha assimilado, são 27 anos a pedalar. Uma vida!
Tive o privilégio de compartilhar com este amigo grande parte duma jornada inolvidável. De devorar as suas estórias e memórias. De na hora da partida o abraçar e sentir que onde quer que ele hoje, amanhã ou depois esteja, um pouco de mim viaja com ele. Ou será que é ele que viaja um pouco por mim?
Quem quiser contactar o Zé do Pedal em Portugal é favor ligar: 917 032 699
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