terça-feira, agosto 29, 2006

Alentopia

Faz tempo que não te ouço
Não entendo, estou confuso
Dentro de mim vive um louco
Destemido, obstinado, obtuso

Quero o mundo na palma da mão
Voo de sonho em sonho
Rasgo o ventre á multidão
Teu, é tudo o que disponho

Desnudo-me em sorrisos francos
E grito aos quatro ventos
Bailam-me pensamentos quantos
Raiva, dor e desalentos

Corro ao encontro de mim
Na busca do infinito
Travo batalhas sem fim
Tudo, pela liberdade de um grito

Espanto, silêncio, flor
Sorvo tudo quanto vejo
Meu lugar, seja onde for
Meu coração, sempre Alentejo

Eu só sou feliz aqui
Neste lugar feito ternura
Mergulhemos em beijos frenesim
Mulher, planície, lonjura

E perco-me por instantes
Em utópicos ideais
Naufrago desses olhos distantes
Descubro um coração de corais

Renasço em dia de veludo
Saboreio-te, momentos encanto
Percorro-te feliz e mudo
Envolto em manto de espanto

Escrito por pulanito @ agosto 29, 2006   4 comentários

quarta-feira, agosto 23, 2006

Ainda ás voltas com a volta!


Quando era menino, haveria na minha terra uma meia dúzia de automóveis, todos grandes e pretos, que cujos proprietários para arrancar o motor, faziam girar uma manivela na dianteira do carro, mas quando a coisa não corria bem à primeira, suavam as estopinhas para o fazer pegar, o que era sempre motivo de chalaça, para quem presenciava tal espectáculo.
Este não era o meio de transporte mais popular. Carros de bestas e bicicletas eram o meio de locomoção mais utilizada pela generalidade da população.
Ainda me lembro do dia em que meu pai entrou em casa com a nova bicicleta adquirida a prestações em loja da especialidade em Castro Verde.
Era uma “ pasteleira” equipada com selim de molas, malinha de ferramentas em cabedal, guarda lamas, bomba de ar, campainha e luzes traseira e dianteira accionadas à força de pedal através de dínamo.
Como bicicletas para criança não existiam, os fedelhos da minha idade aprendiam a andar nas ditas, enfiando parte do corpo dentro do quadro, e assim numa rara forma de equilíbrio e após um sem número de quedas, lá começavam a dar as primeiras pedaladas.

Foto ilustrativa dessa aprendizagem, baseada no trambulhão e nas pernas carregadinhas de óleo da corrente- Foto gamada do Xiclista em 09 /08


Vistos de frente e ao longe, apareciam no cimo da rua compondo um estranho V formado por dois corpos estranhamente entrelaçados que formavam uma figura assaz invulgar.
Os mais afoitos, já se aventuravam fora da vila e até faziam corridas na “estrada nova” que é hoje um caminho agrícola, mas que os da minha idade, assim continuam a chamar.
Depois roubaram-me ao Alentejo e fiquei sem bicicleta, que por sinal foi coisa que nunca possuí até á idade adulta.
Nos verões da minha existência suburbana lisboeta, acompanhava-se via rádio a volta a Portugal em bicicleta. O relato apaixonado do comentador transmitia-nos a imagem sonora do que estava a acontecer, e claro que a narração da subida da Serra da Estrela era altura para o país praticamente parar e escutar as façanhas de nomes como: Leonel Miranda, Joaquim Andrade, Fernando Mendes, os irmãos Corvo entre outros, e um pouco mais tarde o fabuloso Agostinho.
As nossas brincadeiras de então, eram essencialmente tentativas de reprodução daquilo que vivíamos. No tempo do futebol, pois jogávamos à bola, no do hóquei arranjávamos uns setiques improvisados e uma bola de trapos de menor dimensão e lá jogávamos hóquei em patins, mas sem patins - não confundir com hóquei em campo – e no tempo do ciclismo corríamos de bicicleta, mas, sem bicicleta.! A fórmula que encontrávamos era construir em arame guiadores de bicicleta de corrida – com travões e tudo – e desatávamos a correr com o tal objecto nas mãos, sem nunca esquecer de construir no mesmo material o respectivo capacete para dar mais realismo à coisa, sendo que às vezes este se transformava em coroa de espinhos, aquando das inevitáveis quedas do pelotão.
Tínhamos: contra-relógio, prémio de montanha, etapas e prémio para o vencedor da volta ao bairro que era invariavelmente um pacote de bolacha baunilha e uma laranjada Cirel, prémio este patrocinado por algum adulto, ou surripiado por um de nós na mercearia mais próxima.
Com o passar dos anos, passei a ir anualmente assistir à famosa subida da Carriche, ladeira que dá entrada em Lisboa e que geralmente só os mais fortes e preparados tinham coragem para nela sozinhos se afoitarem. De ouvido no transístor de algum adulto, impunha-se a pergunta sacramental. Quem é que anda fugido?
Emocionava-me o facto de um ciclista se isolar ao pelotão e tentar a sua sorte, tendo em vista uma chegada solitária bem como os efémeros momentos vividos na glória do instante na consagração da meta.
Noutros anos, "pendurava-me" nalgum adulto e pedia-lhe que me levasse com ele a Alvalade, esse Estádio mítico equipado com velódromo, no qual durante anos a fio terminava a Volta a Portugal. Após a chegada de todos os ciclistas, havia a inevitável invasão de pista e confraternização com os semideuses do pedal.
Numa dessas chegadas, munido de papel e caneta, decidi pedir um autógrafo a um desses heróis de que não recordo o nome. Passou-me a mão pela cabeça e disse: Eu dava-to, mas infelizmente não sei escrever!
Continuei durante todos os restantes anos da minha vida a acompanhar esta mítica prova, renovada a cada ano por novos ases do pedal, até que no ano do meu cinquentenário, decidi sentir na pele o esforço que é percorrer no selim duma bicicleta – na mesma altura em que decorria a lendária prova – ao aventurar-me numa volta solitária de cerca de mil quilómetros de que abaixo poderão ler relato pormenorizado, e já agora comentar.

Escrito por pulanito @ agosto 23, 2006   0 comentários

sexta-feira, agosto 18, 2006

O elogio da "mine"

A “mine” está para os Alentejanos, como a sua homónima está para o Rato Mickey. São dois indefectíveis casos de avassaladora paixão.
A “mine” é o motivo porque nos reunimos, é um excelente desbloqueador de conversa, acompanhando mesmo qualquer uma, e á medida que as vieiras se vão juntando e as grades esvaziando, adensa-se o sururu e o paleio sai mais fluente.
A “mine”, é por esse Alentejo fora, a rainha das cervejas nas ancestrais tabernas que garbosamente se recusam a aderir ao modismo imperialista.
Acompanhada de rigorosa meia dúzia de alcagoitas derramadas ao acaso no tampo de fórmica da taberna do Cagaita em S. Marcos da Ataboeira, do Zé da Conceição nos Geraldos ou da Cavalariça em Entradas – só para dar ilustrar alguns dos templos onde a consumo habitualmente - não passa de um acto repetido vezes sem conta, mas para nós, é assim como que uma homenagem à nossa maneira de estar no mundo, assim como que um regressar a casa, olhar em volta, e dizer para dentro: Sou daqui!
A “mine” é uma instituição regional candidata a património da diáspora alentejana. Estandarte simbólico dum povo que se celebra entremeando o cante com rodadas de vivas lourinhas, que sendo objecto de culto e identidade, também já poderia ser eternizada em forma de monumento numa qualquer rotunda da pátria Alentejana.
Uma “mine” ao lado do coração acompanha a moda com mais sentimento, especialmente se já for para lá da décima.
Uma “mine” ao peito em balhos de Verão, é o sinal evidente de que os mancebos estão mais interessados neste fresquíssimo romance, do que em aquecer o corpo em rodopios nos braços de qualquer moçoila dançarina.
Os seus 20 cl são a dose certa. Há quem a beba de um só gole inundando de uma vez só, todo um império de sentidos. Outros ainda, preferem-na aos solvinhos, intermediadas de tremoço ou alcagoita. Dizem os entendidos que é a combinação perfeita!
É motivo de aposta, serve de pino em jogo da falha, é prémio para vencido e vencedor, é pífaro de pastor, jarra para única flor e para qualquer outra coisa que o valha.
A “mine” acompanha-nos em tudo e para todo o lado, normalmente em forma de grade, porque a dose individual mal dá para os preliminares.
É vê-la nos casamentos, feiras e baptizados. Nas matanças, festanças e outras andanças, até em funerais e outros rituais. Apazigua a dor e o mais que for, faz-nos rir e até carpir, é cura para muitas maleitas, desculpa para outras receitas, razão para comemorar, difícil para conduzir em vias estreitas e sem querer faz-nos rimar.

Escrito por pulanito @ agosto 18, 2006   1 comentários

segunda-feira, agosto 14, 2006

Notas finais


Pronto! Cá cheguei são e salvo ao meu destino, ou seja primeiro a Entradas e depois, já de automóvel ao Algarve onde resido.
Esta foi a forma de partilhar com aqueles que quiseram de alguma forma seguir esta minha incursão ciclista por terras alentejanas e não só.
Quando me perguntam, o porquê de um gajo com 50 anos, gordo sem preparação adequada se meter em andanças desta natureza, só posso dizer que a razão principal terá tido a ver com o desafiar os limites, outro motivo, prende-se com a minha necessidade ocasional de procurar no silêncio e na solidão, o refúgio ideal para as minhas deambulações mentais, que não sendo nada do outro mundo, são a minha forma de nele estar, que reconheço um pouco invulgar, mas ainda assim aquela que verdadeiro prazer me dá.
Agora que " esta lebre está corrida" gostaria de repetir a experiência noutros percursos e talvez acompanhado, que podendo ser uma chatice se a coisa não correr bem, é uma excelente muleta para os muitos momentos de solidão indesejada, para além de poder, a dois ou a três, partilhar no momento situações e sensações que só vividas com alguém fazem sentido.
Acho que já me debruçei sobre este assunto o quanto baste, mas gostaria de vos convidar a ocasionalmente passarem por cá, porque se o blog foi criado e modestia á parte está muito bem esgalhado, graças á destreza técnica do meu amigo Helder Encarnação, e por isso vai manter-se aberto para quem o quiser utilizar ou comentar. pela minha parte fecho aqui este ciclo, em breve começaremos outro onde quem por aqui passar poderá deixar a sua marca em forma de opinião.
Até breve

Escrito por pulanito @ agosto 14, 2006   2 comentários

factos, números e curiosidades

912 Nº total de Km percorridos

114 Média diária de Km percorridos

43, 20 horas a pedalar

5. 40 horas de média por dia a pedalar

156 km Etapa mais longa Lisboa - Évora

72 Km Etapa mais curta Entradas - Serpa

21,1 Km média durante toda a volta

48 Lt de água consumidos durante os 8 dias

6 Lt de água média diária

9 Lt de água consumidos entre Lisboa e Évora

24 barras energéticas em 8 dias

44º Temperatura máxima ao nível do alcatrão

43kg Peso total da bicicleta, equipamento e bagagem

3 malas : 2 laterais com capacidade para 84 Lt e uma dianteira de 6,5 lt

Maior surpresa: visita de minha familia

Maior desilusão: a falta de civismo de muitos condutores

Avarias: reparação dos pedais e afinação de mudanças

Furos: Zero

Escrito por pulanito @ agosto 14, 2006   0 comentários

domingo, agosto 13, 2006

Dia 8 - Diário de Viagem

Acordei melhor esta manhã, depois do milagre do halibut nas minhas virilhas.
Hoje era para ser o penúltimo dia, até porque devido ao dia de ontem não me sentia com muita vontade de voltar a passar as passas do Alentejo, e assim sendo tinha decidido dividir a coisa em duas etapas, mas a coisa correu relativamente bem e zás decidi-me a terminar a minha volta no dia de Sábado 12-08.
Saí de Évora pelas 8.00 horas em direcção a Viana do Alentejo, coisa que fiz com relativa facilidade, até porque o calor ainda não apertava, depois fui galgando terras, umas atrás das outras, passando por Alvito, Alfundão, Peroguarda, Ferreira do Alentejo e quando a fome e o calor apertaram parei em Ervidel em busca de sitio onde comer. Descobri uma tasca, ( e ao que julgo o único local onde se podia aliviar o estômago) que vendia frangos para fora, búzios, sapateiras , navalheiras e salada de bacalhau. Refiro os petiscos à disposição, porque numa localidade onde não há sitio onde se coma, logo encontro uma tasca que mais parecia uma marisqueira a atender ao cardápio que se fazia anunciar à porta do estabelecimento.
Chupei duas navalheiras, sim chupei, porque aquilo pouco ou nada tinha para comer, petisquei ainda um pratinho de salada de bacalhau e lá me pus de novo a caminho, desta vez á torreira do sol, mas como só faltavam 30 km para chegar a casa, fui medindo metro a metro a distância que me separava de Entradas.
O rabo é sempre o mais mau de esfolar – diz o povo a que pertenço, e com razão, os últimos 30 Km foram feitos com um misto de raiva pelo vento frontal que me não deixava avançar e de alegria pelos metros que ia devagarinho conseguindo vencer.
Quando passei por Aljustrel já quase me sentia à porta de casa, mas ainda faltava uma boa hora de caminho, que demorou uma eternidade a passar.
Quando cheguei a Entradas, as ruas empedradas da minha pátria, estavam completamente vazias, dormia-se seguramente a folga dos justos.
Fiz as contas aos quilómetros percorridos desde que Sábado passado daqui saí.
912 Km percorridos. Fiquei aquém da distância que me tinha mentalmente proposto, que era no mínimo 1000 km, mas cheguei bem e com a sensação de que havia cumprido uma aposta pessoal, e que algo teria para um dia contar aos netos que ainda não tenho, afinal a grande razão desta aventura em que me meti.

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2006   0 comentários

O Tejo denominador comum desta volta


O Tejo foi o denominador comum desta volta pelo Alentejo, não podia deixar de com ele me encontrar e congelar o momento.
De referir que as poses das fotos são sempre as mesmas porque onde parava, geralmente não encontrava ninguém, vai dai, que tinha de me socorrer do narcisita auto-retrato.
De qualquer modo, a etapa desta foto foi a que mais gozo me deu fazer. A temperatura era suportácel, o percurso acompanhando o rio desde Abrantes até à Chamusca muito interessante, e mesmo o resto do percurso teve surpresas agradáveis, como aquele expressor mal regulado que em vez de regar o milho regava a estrada. Quando passei debaixo daquele chuveiro enviado pelos deuses da chuva, repeti pelo menos 5 vezes- e a cada vez em menor velocidade - aquele orgasmico momento de rara felicidade.

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2006   0 comentários

João Atouguia - Um exemplo de tenacidade

João Atouguia - 77 anos - natural de Vila Franca de Xira, um exemplo de tenacidade e camaradagem de um ciclista que provavelmente não voltarei a ver, mas não quero deixar de lhe prestar a minha homenagem, pela sua vontade férrea de viver con saúde, pelo seu exemplo e sobretudo pela sua solidarieade. Foi o meu único companheiro durante 40 Km, desviando-se do seu rumo e da sua velocidade, para acompanhar um desconhecido.
Se pensavas que o teu acto iria ficar só para nós os dois, pois aqui estou a compartilhá-lo com quem quiser fazer o favor de nos ler.

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2006   0 comentários

Dia 6- Diário de Viagem

Aqui estou para mais um relato desta atribulada epopeia. Em primeiro lugar, gostaria de dizer que estou no meu perfeito juízo, não ensandeci, a minha vida corre muito bem ( neste caso sobre rodas), a minha relação familiar e profissional estão bem e recomendam-se, portanto o cenário não podia ser melhor. Isto só para esclarecer alguns comentários que me chegaram alegando que o meu estado de alma estaria próximo da demência, ou coisa que o valha!
Dia 6 - Santarém - Lisboa 82 km
Do hotel onde fiquei até à zona que dá para a estrada que me há-de conduzir ao Cartaxo, vai uma subida daquelas de deixar as miudezas espalhadas pelo alcatrão, tal é a inclinação da maldita subida, ainda por cima, a primeira tarefa logo que me sento no duro selim do meu veículo.
O que tem que ser tem muita força, e assim sendo lá consegui chegar à zona que me permitia prosseguir viagem.
Este percurso, para além de sinuoso, é perigoso e com um elevado indíce de tráfego, especialmente de veículos pesados. As bermas são praticamente inexistentes, o que faz com que não me tenha divertido muito com o trajecto, especialmente até determinado momento de que vos darei conta um pouco mais abaixo.
Depois de deixar Santarém surgem-nos várias localidades atravessadas por esta estrada. Vale de Santarém com a sua inusitada subida para o Cartaxo que fica logo a seguir, Cruz do Campo e Vila Nova da Rainha vão sendo galgadas pelo meu conta quilómetros. Há anos fiz este trajecto dezenas, senão centenas de vezes, mas de facto não é de todo agradável à vista. A generalidade das casas, são do tipo caixote, e muitas delas revestidas com os aberrantes azulejos de refugo.
Algures à saída de Crusz do Campo, reparo noutro ciclista que parado se abastece de àgua.
Após um grito de incentivo continuo a minha viagem, que por acaso era uma subida longa. De repente ouço atrás de mim o rodar sincopado duma corrente de bicicleta, era o companheiro que minutos antes havia incentivado.
Entabulámos conversa. De onde venho, para onde vou e coisas assim, até que chegámos ao confronto das idades, coisa que este companheiro não fazia alarde em esconder, tem 77 anos...isso mesmo 77 anos, e garanto-vos que pernas para acompanhar o João Atouguia -assim se chama este " jovem" ciclista - nem muitos rapazes de 30 anos quanto mais eu que sou ciclista de proveta.
O João praticou desporto toda uma vida, jogou futebol na sua Vila Franca de Xira, até tarde, depois praticou outrs modalidades em Inglaterra onde esteve emigrado durante 20 anos, e agora reformado, dedicou-se ao ciclismo. Confideniou-me fazer 200 Km por semana, o que é um excelente exemplo de perseverança e optimismo que retenho e que muito me apraz.
O seu trajecto terminava em Vila Franca de Xira - um inferno para ciclocircular - mas fez questão de me acompanhar até Alverca, onde nos despedimos, combinando expectáveis encontros por essas estradas fora.
Com este empurrão a viagem tornou-se menos monótona, e quando nos despecimos Lisboa já estava ali a menos de uma hora de caminho.
Esta parte do percurso foi feito com algum cuidado, porque ao atravessar as povoações, os automobilistas desrespeitam em absoluto o viajante pedalante que jura não voltar a efectuar tal trajecto. Porque é que me estou a referir a mim na terceira pessoa. Será que são influências do Jardel?
Pela tardinha fui com a Susana, Samuel e Isabel comer caracóis ao " Menino Júlio dos Caracóis" por minha imposição, até porque são simplesmente os melhores caracóis do mundo.
Amanhã demando de novo terras alentejanas. Conto chegar a Évora de onde vos darei outras novas. caso não consiga lá chegar...pois ficarei algures pelo caminho, o que pode até ser mais interessante.
tenho duas fotos do João Atouguia, esse exermplo de tenacidade que não me posso cansar de realçar, mas infelizmente não as consigo pôr no ar.
Até amanhã.

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2006   0 comentários

Dia 7- Diário de Viagem

Primeiro que tudos as minhas desculpas pelo facto de só agora (13-08) conseguir publicar as peripécias de sábado e Domingo.
Estas notas foram tomadas em pleno Alentejo e vão ser publicadas exactamente como me sentia no momento em que as escrevi, porque se lhe começo a dar toques agora, perde-se a " coisa" do momento.

São 16.30 horas, estou em pleno Alentejo a caminho do meu destino final de hoje - Évora, que dista do ponto onde me encontro cerca de 45 Km, com mais 111 km que já percorri, faz com que esta seja definitivamente a etapa mais longa deste meu périplo pelos " Tejos" Alto, Baixo e Riba, com uma passagem ao de leve pela Extremadura de onde venho.
Hoje. Especialmente hoje, só consigo descrever este dia com um termo que usamos no Alentejo.
Penar. Hoje é dia de São Penar e logo me tocou a mim levar o sacana do andor!!
De facto, este está a ser o dia mais penoso desta aventura, que a brincar já vai no 7º dia e mais de 750 Km em cima.
Não me lembro de alguma vez haver sentido tanto calor. Nem mesmo no passado Domingo na Zona de Alqueva, quando pensei que a temperatura sentida na Aldeia da Estrela era o suplicio a que estava destinado, afinal ainda havia mais!
mas resumindo a coisa: Pernoitei em casa da minha filha Susana. Esta manhã apanhei boleia do Rodrigo até ao lado de lá do Rio Grande, ou seja: para o lado de cá. A boleia deixou-me n Amora, onde apanheia a N-10 que vai na direcção de Setúbal, outra estrada maldita, na continuação do itinerário que venho fazendo desde Santarém.
Muito tráfego , muito camião, muita gente com muito pouca paciência. Depois de me libertar dos milhares de veículos lá para as bandas de Setúbal, prosegui na N-10 que vai por Águas de Moura, Pegões e por aí a cima.
Em Pegões descanso numa esplanada, entabulo conversa com um motard -de seu nome Baião, que ao dizer-lhe que era de Entradas, rederiu que contava com vários amigos Entradenses, especialmente o Franco, com quem tinha estado emigrado na Suiça.
Lá nos pusemos a desenbrulhar as nossas vidas, ficando eu a saber que este alentejano de Moura era actualmente o motorista particular de José Sousa Cintra, antigo presidente do Sporting, o que não deixa de ser uma curiosidade, até porque o Baião se afirmava benfiquista dos 4 costados.

Com as temperaturas a elevarem-se à escala do absurdo - especialmente ao nivel do alcatrão - consigo chegar a Vendas Novas, local onde tinha destinado almoçar.
Quando terminei o almoço ligeiro, saí à rua e senti um bafo que tornava o ar praticamente irrespirável e então a pedalar muito menos.
Sentei-me na esplanada, dormitei sentado, e quando voltei a mim, só me apetecia água. Verifico que ao meu lado está uma torneira com uma mangueira ligada que não hesito em utilizar, tomando um banho vestido ali mesmo na esplanada do restaurante, assim como assim, já pareço um extra-terrestre, de maneira que ninguém irá reparar, penso eu"!!
Com a temperatura do corpo a baixar, decido por-me a caminho, não durei mais que 10 Km. Tive que parar e aguardar que a canicula passasse de modo a poder prosseguir o mei caminho.
Ocupo-me a rabiscar o resumo do dia. Dou conta de que o meu conta quilómetros deu o berro, não aguentou o calor e pifou, lá se foi o acumulado, agora tenho que recomeçar do zero e recorrer á memória para fazer as contas lá mais para a frente.

Isto foi escrito enquanto esperava que o calor deixasse de apertar. De resto o caminho para Évora foi feito à velocidade possivel, tendo chegado a esta cidade já passavem das 20.30 minutos, completamente estoirado, com dores lombares, as virilhas completamente assadas, os pés inchados( tinha de parar durante uns minutos a cada 5 Km para os libertar dos sapatos e assim poder de novo voltar a calçá-los) enfim.....um calvário!!
arranjei coragem para jantar....comi gaspacho...de novo!!!!!

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2006   0 comentários

quarta-feira, agosto 09, 2006

Vitor Nespera e Ñapoleão




O Vitor foi quem me ensinou a cozinhar o famoso " Coelhinho à Carriço" telefonou-me agora a dizer que vamos cozinhar os dois. Acho bem!
Quanto ao aspecto da foto, não queriam que parecesse o Brad Pit, depois de 140 Km de bicicleta, e vão com muita sorte. Imaginem que o blog tinha cheiro...Pobre Vitor que teve de me ter à sua beira.

Escrito por pulanito @ agosto 09, 2006   0 comentários

Carneiro, outro " ganda maluco"


O Carneiro quando surgiu ao fundo da rua, pressenti que tinhamos conversa para aquele e muitos outros jantares.
Comunhão de iguais, se assi se pode dizer.
Não pintes a manta, cuidado que ela está rota. Bons mergulhos.

Escrito por pulanito @ agosto 09, 2006   1 comentários

Minha familia e Luis Filipe


O Luis Filipe havia-me dito que viria do Algarve almoçar comigo. Que vinha de moto, mas quando me apareceu trouxe-me parte da familia. Minha mulher e filha. Natália e catarina respecitvamente.
Que bela surpresa.

Escrito por pulanito @ agosto 09, 2006   0 comentários

Dia 5 - Diário de Viagem


Como havia dito ontem, esta etapa devia ser assim mais ou menos em descanso activo, pedalando devagar e avançando no terreno. Quando saí de Nisa, pensava chegar Abrantes ou uma localidade por ali perto. Como a estrada era boa boa fiz uma média interessante de 23/24 km por hora, o que é muito bom para um fulano da minha idade, com a minha preparação e com o peso que carrego.
Daí ter decidido avançar um pouco mais para sul no mapa, talvez Chamusca, já era uma boa achega, mas quando começo o percurso desde Abrantes, a estrada ondula acompanhando em parte di seu percurso o Tejo, o que fez com que este tenha sido o trajecto que até agora me deu mais gosto fazer.
Depois de 5 horas em cima da" bicha", o calor que se fazia sentir, mais a fome de almoço fizeram com que alterasse os planos e parasse no primeiro sitio que encontrei. Paragem para almoço: Restaurante junto à ponte da Chamusca para a Golegã. Almoçei uma sopa de pedra ( que realmente o era) e comi ainda uma carne com vegetais e um café. Montei-me de novo na " bicha" à procura duma sombra e um banco onde pudesse folgar. Como fui andando fui dar à Golegã, onde descobri um sitio espectacular ( o melhor que até agora vi) para dormir uma soneca, mas como cheiro mal, as moscas não me largam e mal fecho os olhos atacam-me cobardemente sem deixarem este pobre ciclista da treta recuperar o fôlego.
Decidi de novo partir. Consulto no mapa possivel novo destino e reparo que Alcanhões, não é assim tão distante, só a hora a que me proponho viajar me parece a mais inconveniente. Bem provido de água decido ir a Alcanhões visitar o meu eterno amigo Vitor Nespera, um bate chapas ( perdão; cirurgião metálico- como gosta de se apresentar) do melhor que há, e que faz o favor de ser meu amigo do coração. Não precisamos de nos ver a cada passo. Sabemos que a nossa amizade é uma rocha inamovivél e ele sabe que quando nos encontramos paramos tudo para celebrar essa antiquissima irmandade que sei e sinto ser correspondida.
O Helder reserva-me hotel em Santarém ( Hotel Alfageme) onde finalmente me deleito com um banho de imersão de modo a relaxar os musculos e de onde vos escrevo este pequeno relado do dia.
Lembram-se de no primeiro Diário de viagem eu ter referido que inusitadamente as pessoas com quem me cruzava na estrada nesse meu inicio de viagem me buzinavam, acenavam, gesticulavam e sei lá mais o quê!
Poi é: nunca mais ninguém foi simpático comigo, antes bem pelo contrário. Razias, buzinadelas de camião, travagens propositadas, piropos do género " sai daí ó palhaço", têm sido mais frequentes, o que me levou a pensar que algo haveria de errado naqueles primeiros automobilistas. Só me apercebi da realidade quando questionamdo alguém acerca do melhor percurso a tomar, este me informou que no melhor eu não podia circular porque era IP, foi aí que se fez luz, aqueles simpáticos e solidários automobilistas só me estavam a dizer " sai dai ó palhaço. Tu não podes circular nesta estrada" Era o IP2.
Sem querer estar aqui a bater recordes, olu coisa que o valha, hoje o percurso, foi de 152 Km.
Amanhã será seguramente mais pequeno, já que vou defenitivamente ficar a Lisboa e a distância que me separa da cidade branca, são pouco mais de 70 Km.
Não coloco fotos porque não consigo, vou tentar, caso não consiga só as colocarei na prox. semana através do neu computador.
Já ultrapassei os 500 Km, o que quer dizer que a partir de agora é sempre de ladeira abaixo.
Até amanhã
Abraços
PS: parece que entrou uma foto. 6.30 da manhã Mourão.

Escrito por pulanito @ agosto 09, 2006   1 comentários

terça-feira, agosto 08, 2006

Dia 4 Diário de Viagem

Saí de Borba às 6.30 da manhã. na tasca onde ontem comi e que recomendo " A talha", para além de jantar, o simpático proprietário lá me arranjou uma sandes de chouriço e duas bananas que devorei às 6.00 horas. O dia mal tinha nascido, no ar o cheiro do fumo e as cores da alvorada provocados pelo incêndio que ainda lavrava na Serra da Ossa, emprestava ao majestoso nascer do dia, um ar brumoso que se não fosse causado pelas razões que o levaram a tal, poderia ser mais interessante, mas do ponto de vista plástico, que era belo, lá isso era!
Pelas fotos - que vou tentar por no ar- poderão verificar do que falo na foto do sol nascente.
Rápidamente chego a Estremoz, terra do meu amigo " Relógio Espanhol" que à hora que passei ainda deveria de andar enrolado nos braços de Morfeu.
De Estremoz rodei até Sousel e depois Fronteira, depois Cabeço de Vide, Alter do Chão e Crato onde pensava pernoitar. Mais uma vez se repete o problema do alojamento, como em Vila Viçosa, só existem palácios, mosteiros e palacetes, mas alojamento para um reles viajante nada.
O episódio que aqui vos deixo é engraçado: Como estava cansado, necessitava de um quarto com banheira para relaxar os músculos, perdi a cabeça e fui à Pousada Flor da Rosa, na localidade com o mesmo nome. Entrei como estava equipado e porventura um pouco mal cheiroso da transpiração de mais de 5 horas a pedalar, a senhora recepcionista, olhou-me de alto a baixo e antes que terminasse o que lhe queria perguntar disse-me que estavam cheios. Cheguei cá fora, agarrei no telemóvel e liguei para dentro, perguntei se havia alojamento disponivel, e a resposta foi: Sim senhor.
Ainda tive para ir lá dentro fazer escabeche, mas achei que não valia a pena. A par do senhor da gasolineira, esta reles funcionária ainda não aprendeu que nunca se avalia um livro pela sua bonita capa.
Almocei por ali. Como o cançaso e o calor eram por demais, procurei um jardim que tivesse bancos, e assim à laia de sem-abrigo, bati uma sorna de meia hora, que me deixou com o corpinho vincado, dos ferros do banco. Mas fez-me bem!
O Helder Encarnação à distância consegue arranjar-me uma pensão em Niza, mais 28 Km, com os 106 que já tinha no papo, assim fiz a maior etapa ciclistica da minha vida.
Não fui ver o Benfica para vos dar conta das minhas peripécias e desventuras, mas como isto já está de restos ainda vou ver a segunda parte.
PS: o Helder Carneiro anda pelo Pomarão em repouso activo, acho que amanhã vou seguir a sua sugestão. Vou fazer uma etapa, mais fraquinha, talvez fique em Abrantes. Logo vos direi
PS: Mais uma vez obrigado pelos posts. A coisa começa a crescer. Isto cria responsabilidades que não sei se estou à altura.
Abraços
Não consigo enviar fotos. Vou tentar mais tarde

Escrito por pulanito @ agosto 08, 2006   1 comentários

segunda-feira, agosto 07, 2006

Dia 3 Diário de Viagem

Hoje saí de Mourão pelas 6.30 da manhã, após me despedir do Hélder Carneiro, que como disse, demandava terras do sul.
Vou por aí, até onde a vontade me leve, queria chegar a Estremoz, mas as forças e o calor fizeram-me “ morrer na praia” isto é: só cheguei a Borba.
O caminho de Mourão até Reguengos foi feito a uma velocidade razoável – 23 Km numa hora, com o peso que carrego, nada mau. Fico cheio de vontade de atingir a meta a que me propus, não contava era com um osso duro de roer que dá pelo nome de Serra da Ossa, que sem ser uma serra complicada é um traçado chato com muitas subidas e mais uma vez sem atravessar muitas povoações, o que para um ciclista solitário é sempre monótono.
Prosseguindo serra acima e abaixo, lá consigo chegar a Terena, terra simpática, mas onde o dono de uma gasolineira ( Redil) não me deixou utilizar a casa de banho, alegando que era para os seus clientes. ( hups) Quando por lá passarem não ponham lá combustivel!!
Com algumas dores nas pernas lá consegui chegar a Vila Viçosa, onde pensava pernoitar, mas para meu espanto, o alojamento disponível era só de 5 ***** , sendo que a única residencial não me deixava levar a bicicleta para o quarto. Vi-me então na contingência de procurar casas particulares, que por uma razão ou por outra não me solucionavam o problema da bicicleta.
Decidi rumar a Borba, onde me encontro a escrever este post, e onde sofri a primeira queda por via do cansaço e dos pedais fixos. Estava eu à procura de alojamento quando tive de parar num cruzamento, esqueci-me dos pés nos pedais e zás, chão com ele. Quem haveria de me prestar assistência em tal situação. Um vereador camarário, mais o presidente da junta, facto que me foi contado depois de já estar de pé, fazendo eu menção de ensaiar cair outra vez, só para ser apanhado por tão importantes figuras locais. Lembrei-me do meu amigo Mário Elias ( sic) que em situação parecida aquando das primeiras festas de Entradas em que integrei a organização, após queda bastante mais grave, quando uma rapariga lhe perguntou se estava bem, este respondeu que estaria melhor se ela estivesse debaixo dele. Teriam de conhecer este Mertolense único!!
Antes deste post passei numa rua onde estava um gabinete que dizia “ Massagens”, nem mais nem ontem, telefonei ao Francisco Pedreiro ( nome gravado na placa) que me deu uma massagem nas pernas que me deixou quase novo.
Amanhã Portalegre, ou coisa que o valha.
PS: Tentarei em próximos posts dar umas dicas acerca do material que uso e dos erros que fui cometendo, para que, se algum maluco se quiser meter numa destas andanças um destes dias, não o faça da maneira que eu o estou a fazer.
PS2: Quero agradecer as mensagens de incentivo que vou de todos recebendo. Acreditem, são um tónico que não vos passa pela cabeça.
Um abraço e até amanhã.
Isto não saiu muito bem, mas olhem, agora vou beber um tintinho de Borba para animar as hostes e seja o que os deuses quiserem.

Escrito por pulanito @ agosto 07, 2006   1 comentários

Dia 2 Diário de Viagem


“ Alentejo não tem sombra, só a que vem do céu”. Esta é uma realidade inquestionável que senti na própria pele, mais exactamente no costado, ainda por cima deu-me para ir para as bandas da Amareleja, que é só uma espécie de inferno na terra.
Para dar noticias e haver alguma ordem na coisa, vou procurar não divagar e ser o mais objectivo possível, deixo os adornos literários para outras calendas, ou então deixo-me escorregar por eles enquanto relato o dia 2 da travessia à pátria alentejana.
Saí de Serpa cedo, pelas 7.00 para apanhar o fresquinho, já agora deixem-me referir ao jantar de ontem à noite. Adega Molhobico – Serpa. Gaspacho de receita original com carapauzinho fritos. Um autêntico despertador de sentidos. Recomendo sem reticências.
Bem. Saí de Serpa em direcção a Moura e como diz a canção passei por Pias que ficam no meio. Pelo caminho a mãe natureza presenteia-me com o espectáculo do festim da fauna local. Lebres, perdizes e outra bicharada buscam o alimento matinal. Nos céus, águias, peneireiros e outros predadores, espreitam a oportunidade de atacar a presa mais fácil, o que acontece mesmo à minha frente. Sorrio e continuo a jornada.
O amigo Luís Filipe, havia-me dito que apareceria vindo do Algarve para almoçar comigo. Calculei a Aldeia da Estrela como bom local, onde deveria chegar pelas 11.30, mais coisa menos coisa.
A subida para Póvoa de S. Miguel faz os primeiros estragos na máquina. Debaixo dum sol escaldante sou obrigado a reparar os pedais, que teimam em saltar a cada 5 Km.
Chego à Aldeia da Estrela pela 1ª vez na minha vida. Entabulo conversa com um grupo de Estrelenses que me informam dos últimos progressos desta terra perdida, que por força da chegada das águas, trouxe também mais gente, mas o plano de desenvolvimento e pormenor para aquela aldeia teima em não ver a luz do dia, o que faz desesperar os simpáticos residentes daquela aldeia.
Luís Filipe perde-se no caminho ( sic) e eu fico prisioneiro do calor sem poder dali sair. No único restaurante da terra dizem-me que me desenrascam qualquer coisa para comer, já que a sala está ocupada com um “ Batizo”.
Surpresa das surpresas, Luís Filipe aparece de Land Rover e trás com ele, minha mulher e filha, (tenho mais dois filhos, fruto de relação anterior Susana e Samuel, para ficarem a saber tudo da minha vida!!) o que me levanta o ânimo de sobremaneira.
Decidimos almoçar em Mourão. Outra vez gaspacho para mim – estou agarrado ao gaspacho, sou sem sombra de dúvida um gaspachómano – De seguida o Luís Filipe, meu amigo e meu desenrascador particular, afina-me as mudanças que estavam a arranhar no separador de carretos. ( Obrigado amigo!)
Depois fomos “ dar banho” para as águas caribeñas do grande lago. Espectáculo!
De regresso a Mourão, a saborear um gelado à sombra, vemos aproximar-se vindo do fundo da rua outro “ maluco” destas andanças, só que em sentido contrário, ia para o Algarve e eu demando terras mais a norte. O contacto foi inevitável e acabei a jantar com o meu novo amigo Hélder Carneiro, um advogado de Lisboa que por razões existenciais e outras, anda a fazer o mesmo que eu. A particularidade dele é que se faz transportar de bicicleta de corrida e trás um atrelado de uma roda que me diz tecnicamente chamar-se ( BOB) Best of Birden.
Esta manhã lá seguiu o seu caminho. Trocámos mensagens pela hora de almoço.
Boa viagem Carneiro. Havemos seguramente de nos encontrar.

Escrito por pulanito @ agosto 07, 2006   1 comentários

sábado, agosto 05, 2006

Dia 1- Diário de viagem



Sábado 5 de Agosto de 2006
São 18.30 horas. Estou em Serpa. A absurda temperatura que se faz sentir no exterior remete a nação alentejana para dentro das suas residencias.
Numa “ paragem estratégica “ na Cervejaria Lebrinha, para recarregar liquídos, os poucos corajosos que se aventuram pelas ruas da Vila Branca, têm como tema de conversa, a canícula que todos os anos assola a região, mas que segundo um idoso presente, desta vez era por demais!!
Um dos comentários acessórios, era de que, amanhã é que iam ser elas -( sic)
Bem, vamos ao que interessa. Dormi muito mal a noite passada - como podeis constatar no post anterior- mas pelas 5.30 já estava acordado e a escrever a mensagem anterior.
Parti de Entradas, pelas 7.20 da manhã. As primeiras e receosas pedaladas foram para experimentar a máquina, já que aderi aos pedais de encaixe e a coisa inicialmente não é assim tão simples, até porque temos a tendência de esquecer que temos os pés fixos e quando necessitamos de parar esquecemo-nos que estamos prisioneiros dos pedais e vai daí, chão com o artista, coisa que estive quase a experimentar na hesitação que tive em seguir determinado traçado.
Aí pelo Km 10 dou comigo a trautear uma canção de Sérgio Godinho, cujo refrão é sobejamente conhecido “ hoje é o primeiro dia do resto da tua vida”, reparo também que muitos automobilistas com que me cruzo, buzinam e dão sinais de luzes em registo de solidariedade para com o viajante solitário, o que agradeço e me dá força para continuar.
Este Alentejo é um autêntico deserto. De Entradas até à Cabeça Gorda, não encontrei um único peão , um pastor, alguém à beira da estrada, um vestigio humano digno desse nome. Nada. Pura solidão!
“Se fosse em Marrocos, lá estariam eles plantados de cócoras de 50 em 50 metros, vendo os carros passar, uma espécie de passatempo nacional da pátria bérbere” - Dou comigo a pensar!
Na Cabeça Gorda abasteço de àgua e vejo o género humano a pé pela primeira vez em algumas horas. Um grupo de ciclistas está parado no largo principal e metem-se comigo. Respondo com um sorriso cordial e sigo o meu caminho.
Só vejo as primeiras pessoas à chegada a Baleizão, seriam umas 10.00 ou coisa que o valha. Entro em terras de Catarina e os Baleizoeiros, miram-me com ar de extra-terrestre. Leio-lhes o pensamento à Pardal “ que andará este baboso a fazer por aqui” e sorrio. Entro numa mercearia em busca de àgua fresca, mas não havia, em troca ganhei uma esferográfica que o solicito merceeiro me ofereceu, e eu em troca, comprei-lhe duas bananas.
Vou agora em direção a Serpa com destino a Pias, mas o calor não me deixa proseguir. Encontro uma simpática Residencial, peço para guardar a bicicleta, almoço no Lebrinha favas com chouriço e vou dormir a folga.
Vejo ainda num espaço pré dormente os profissionais do pedal passarem por Entradas em direção a Beja.
Confiro o euro milhões...fiz 2/3 nada mau!!!
Até amanhã

Escrito por pulanito @ agosto 05, 2006   2 comentários

Dia -1


Sexta-feira 4 de Agosto 2006

Decidi que começa amanhã a minha aventura ciclista por terras do interior alentejano. Devo confessar que estou algo apreensivo em relação a esta epopeia, sou assaltado por dúvidas tendo em vista o meu estado fisíco, já que vou transportar um peso inusitado na bicicleta e como é a primeira vez que me meto em tais assados, ainda por cima o calor que se faz sentir por estas bandas não presagia tarefa fácil.
Dormi mal. Às voltas com os meus fantasmas, mais o sacana do bicho da madeira que matrqueia sem cessar a sua interminável refeição, dou comigo a ter de iniciar esta primeira etapa com 2 ou 3 horas de sono.
Já preparei a máquina e o equipamento, revejo-me por essas estradas fora, - qual cavaleiro pedalante do asfalto - e ainda não dei sequer uma pedalada. Isto de sonhar é seguramente mais fácil que concretizar, mas à conta de muito sonhar vai um homem materializando os seus sonhos, e este, é seguramente um dos empreendimentos mais audazes em que alguma vez me meti.

Há muito tempo que não me encontro
Devo-me até confessar, algo confuso
Dentro de mim vive um ser
Determinado, obstinado, obtuso.

Esta é o inicio de um poema ( não estou certo de começar exactamente assim) a que chamei ao tempo “ Alentopia” e que passados alguns anos se cumpre.
Lembrei-me agora de outro fragmento desse poema, e que se aplica incondicionalmente à aventura que dentro de pouco irá começar.

Espanto, silêncio, flor
Sorvo tudo quanto vejo
Meu lugar seja onde for
Meu coração sempre Alentejo

E com esta vos deixo.....

Escrito por pulanito @ agosto 05, 2006   1 comentários

sexta-feira, agosto 04, 2006

por aí

Quando tinha 13 anos, calculei que morreria aos 27! Um ror de tempo, esses 14 anos que me separavam da convivência entre os mortais. Por coincidência ou desígnio dos deuses, o ano 27 da minha vida, foi até agora o ano mais marcante deste já longo percurso.
Foi o ano em que cortei amarras com uma existência que me consumia, e foi o ano em que decidi viver a minha vida, e juro, foi a decisão mais penosa que até hoje tomei, mas ao mesmo tempo, a mais gratificante, já que me permitiu percorrer um caminho que faz com que a pessoa que hoje sou, seja o fruto desse traçado, que com as suas vitórias e desventuras, se roga narcisista, atribuindo assim, nota positiva ao seu percurso existencial.
Este intróito só serve para dizer que este é o ano do meu cinquentenário (nasci em 1956-04-11) e que decidi fazer qualquer coisa que marcasse esta tão importante etapa da vida. Inicialmente tinha pensado em efectuar uma longa viagem de comboio – talvez entre Moscovo e Pequim, ou mesmo um percurso longínquo como a travessia do Canadá, ou até uma viagem de alguns meses à América Latina, coisa que me afastaria da minha realidade Lusitana por período indeterminado e que, à qual não é razoável abandonar no momento presente.
Foi assim que começou a germinar na minha insana cabeça, a necessidade de fazer qualquer coisa marcante para celebrar a data, mas entre portas. Vai daí decidi partir de bicicleta sozinho por esse Portugal fora, privilegiando o meu Alentejo – de onde sou natural – ao mesmo tempo evitando outros terrenos que necessitariam de uma preparação física que humildemente reconheço de momento não possuir.
De qualquer modo julgo-me com capacidade para ultrapassar este desafio, e aqui vos darei conta desta aventura que quero viver sozinho, mas que, desejo convosco partilhar.

Escrito por pulanito @ agosto 04, 2006   1 comentários

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