terça-feira, junho 30, 2009

Café Império - Sobremesa da Memória!

Café Império - Foto Paulo. CS



Numa das minhas visitas a Lisboa, e a conselho da minha filha mais velha, foi-me sugerido ir comer um bife ao Café Império.
Já não entrava no "Império" há pelo menos vinte e cinco anos. Aí chegados, viajei no tempo e lembrei-me de imediato do "Império" de outros tempos, com o seu trintanário à porta vestido com o samarrão verde escuro com o seu imponente acordoamento dourado que lhe povoava peito, conferindo-lhe um ar imperial a condizer com o nome do estabelecimento.
Desço as escadas e à medida que o faço, novas memórias me assaltam. Revejo a enorme sala, onde clientes e empregados estão envoltos numa nuvem de fumo. As enormes ventoinhas fazem a extracção possível. Atarefados empregados fardados de jaqueta branca e calça preta, atendem a clientela que à volta das mesas redondas conversam em animadas tertúlias, enquanto estes manejam bandejas pejadas de bicas e copos de água num raro exercício quase...quase circense!
Engraxadores chegaram a ser cinco e empregados de mesa 70, conforme me confidencia José Gonçalves, empregado na casa desde 1971 e o último depositário de uma memória que agora o novo Café Império quer preservar.
Numa Lisboa de brandos costumes, era nos cafés que se estudava, conspirava e “engatava”. Pela manhã, bandos de estudantes mergulhavam em calhamaços de empinar matéria, enquanto se perdiam em eternidades no exercício de misturar o açúcar com o café no rodopio infinito da minúscula colher.
Pela tarde chulos de penteado acabado de fazer no barbeiro da esquina, piscam o olho a fêmeas que se dão por ali “ à morte” num exercício de presa e caçador, sendo que normalmente é o caçador que é caçado.
O Império fechava às 2.30 horas e pela noite dentro servia os famosos bifes que lhe trouxeram fama e rivalidade com os outros da Portugália, havendo mesmo partidários de um e outro naco de carne banhado em molho de entrada.
Há cerca de quatro anos o café foi vendido à IURD. Na “sensível” intenção destes propagadores da palavra de Cristo, pretendiam fazer deste histórico local um parque de estacionamento, arrasando para sempre o espaço idealizado por Cassiano Branco que em parceria com Edgar Cardoso levaram do papel à tridimensão no ido ano 1954 esta sala de visitas de uma certa Lisboa.
Chamaram os artistas plásticos Joaquim Barradas e Luís Dorié, este, discípulo de Almada Negreiros, para abrilhantarem com o seu génio as paredes do Império.
Uma disposição camarária que determinou que o Império fosse considerado imóvel de interesse arquitectónico, fez com que os projectos Iurdianos não fossem avante.
Em boa hora tal aconteceu. O espaço reabriu noutras mãos que o recuperou e voltou a servir os bifes que lhe deram fama.
O charme do velho Império esvaiu-se no tempo, mas é de louvar a intenção que os novos proprietários lhe pretendem incutir.
O espaço é agora muito dedicado ao futebol, que é, e sempre foi coisa de café, utilizando as novas tecnologias, nomeadamente um ecrã gigantesco que dá a ideia de estarmos em pleno estádio.
Foi bom regressar ao novo - velho Império, não tanto pelo bife que me pareceu ter de melhorar significativamente, mas pela sobremesa da memória com que fui presenteado.
Publicado na Revista "30 Dias" de Maio de 2009

Etiquetas: Bife à Café, Bife à portugália, Café Império, cervejaria portugália, Portugália

Escrito por pulanito @ junho 30, 2009   5 comentários

domingo, junho 28, 2009

Rumo ao Campeonato do Mundo de 2010 - Zé do Pedal contraiu malária no Gana.

Zé do pedal- no dia da sua partida de Paris, para uma epopeia de 17.000 km a pedalar. Está quase!


Recebemos através do Joaquim Miguel o último relato da epopeia do grande Zé do Pedal que se encontra no Gana recuperando de um ataque de malária.
Como sei que existem muitos leitores interessados na aventura deste brasileiro, cidadão do mundo, com quem tive o privilégio de partilhar um dia da sua vida aquando da sua passagem por terras alentejanas, tendo-o recebido em minha casa, e com ele compartido pão e paleio, numa memorável tarde de Agosto de 2008.


Quando o brasileiro José Geraldo de Souza Castro, 51anos, que está fazendo uma viagem num kart a pedal, (produzido pela empresa holandesa Berg Toys) desde Paris a Joanesburgo, onde pensa assistir a primeira Copa do Mundo de Futebol realizada no Continente africano, resolveu trocar o calor do Centro da África do Oeste, pela chuva do litoral não imaginava as constantes chuvas tropicais e vendavais em sua nova trajectória. Pior... não imaginava ser picado pelas temidas fêmeas do mosquito do gênero Anopheles e ser a nova vítima da Malária.
Desde que entrou no litoral, pela Costa do Marfim, a chuva é uma constante no dia a dia do ambientalista. Na ultima sexta-feira, 19, um forte temporal em Accra, capital de Gana, deixou vários mortos, desabrigados, ruas completamente destruídas.
Ze do Pedal começou a sentir os sintomas da Malária na ultima segunda-feira 22. Imediatamente começou o tratamento e está hospedado num hotel na cidade de Tema onde esta em repouso absoluto. "Na verdade não sei em que momento contrai a doença... na sexta-feira participei no auxílio ás vitimas da enchente na localidade de Malan, cheguei a pensar que as dores no corpo e na cabeça era devido aquela prolongada exposição à chuva. Mas quando estava caminhando e senti o corpo mole, dei 5 passos em direcção a um lugar para me sentar, e tive um desmaio de uns 5 segundos, tive a certeza que havia contraído a Malária... procurei auxilio medico imediato e já estou recuperando lentamente. O diagnóstico indicou que eu estava infectado com o parasita Plasmodium falciparum, o mais letal dos agentes que causam a malária, considerando-se as quatro espécies que infectam o homem".
Zé do Pedal, membro do Lions Clube de Viçosa, MG, vem participando de diversas actividades junto aos clubes de cada pais que visita.
Em Abidjan, Costa do Marfim, no dia 26 de Maio foi recebido pelos membros do Lions Clube Calao. Em Gana, no dia 8 de Junho, encontrou-se com membros do Lions Clube "Twin City" da cidade de Tacoradi, no dia 11, foi recebido pelos CCLL do Lions Clube Crystal, da cidade de Cape Coast. No dia 12 de Junho participou, a convite de vários membros do Lionismo ganes, da inauguração do "Tema Lions Clube Eye Care Center"( Centro de Cuidados da Visao) . A edificação do centro, localizado dentro das instalações do Hospital (o maior do pais) da cidade de Tema (35kms ao leste da capital, Accra), foi inaugurado pelo Presidente Internacional Al Brandel durante sua visita oficial ao Gana.
Presentes a inauguração membros de todos os Clubes de Gana, o Ministro de Saúde Ganês, Dr. Sypa-Adjah Yankey, o Arcebispo Justice Akrofi, o Embaixador da Coreia do Sul e outras autoridades municipais.
Na sua intervenção, o Presidente do Lions Clube "Clement Torsutse", de Tema, informou aos presentes que "o Centro de Cuidados da Visão e uma resposta ao apelo de Hellen Keller, em 1925, para que o os membros do Lions Clube se transformassem em Cavalheiros da Visão, e hoje, temos a felicidade de entregar a comunidade o maior e melhor equipado Centro de Cuidados da Visão na África Ocidental, com um custo aproximado de 650.000 dólares. Aproveitando o ensejo, teceu agradecimentos especiais ao cidadão Coreano/Ganes Kofi Yim, cuja contribuição de mais de 200.000 dólares permitiu dotar o centro com ultra-modernos equipamentos. Ato seguido, homenageou ao cidadao koreano com o título de Leão Honorário.
Convidado a falar, Zé do Pedal lembrou aos presentes sobre o importante trabalho que o Lions realiza, através da Campanha Sight First nos 4 cantos do mundo no combate à cegueira, principalmente Catarata, Glaucoma e, Oncocercosis, que a LCIF tem como objectivo de erradicar, na África, ate o ano 2020. "O Lions e a maior Organização Não Governamental no Mundo. Com presença marcante em mais de 200 países e regiões, com quase 1.5 milhões de membros. Cada um carregando seu tijolo para a construção de um mundo melhor. São obras como esta que nos da o parâmetro de que estamos no caminho certo. Concluiu o CL.
A construção do Centro, preparado para receber 1500 pacientes por semana, e capacidade para realizar 30 operações por dia, começou a "sair do papel" com a doação de 50 dólares de cada membro do Lionismo Ganes, e com a obtenção de doações da sociedade em geral. O Leo Clube colocou as unhas de fora e doou sacos de cimento e vistosos relógios de parede que irão adornar, e perpetuar, a presença dos nossos meninos ".
Zé do pedal deve permanecer na cidade ate o dia 30, recuperando das 'agressões' recebidas pelo mosquito transmissor da Malária, depois seguirá para Lome, capital do Togo..

Texto enviado pelo Zé do Pedal.

Escrito por pulanito @ junho 28, 2009   1 comentários

quinta-feira, junho 25, 2009

Abstenção



Concordo em absoluto com este poema do Samuel, que apesar de escrito há uns bons anos, continua mais acutilante e actual que nunca. Pessoalmente revejo-me nele, porque depois de 35 anos a religiosamente cumprir o meu dever de cidadão; deixei de votar, e deixar de votar, é mais do que não colocar o papelinho na ranhura, é deixar de acreditar.
A politíca actual é um feudo de parasitas (excepto raras e honrosas excepções), que a praticam , não com o nobre espirito de missão e cidadania que lhe são adjacentes, mas sim, com a única intenção de se "orientarem" estando-se perfeitamente a borrifar para o cidadão votante.
Este poema "Abstenção", foi por mim escolhido para dizer a duo com o Samuel no Festival Silêncio, como forma de protesto pelo estado a que as coisas chegaram. E não falo da crise internacional, falo do desplante, da falta de vergonha´, do deboche a que chegou este país chamado Portugal.
Não necessito de citar nenhum exemplo, está lá tudo neste inspirado "Abstenção", da autoria do meu filho Samuel.

Escrito por pulanito @ junho 25, 2009   3 comentários

quarta-feira, junho 24, 2009

Festival Silêncio - Tabacaria - Fernando Pessoa


De modo a ilustrar sonoramente a crónica aqui abaixo descrita sobre a nossa participação no festival silêncio aqui vos deixo para já um video e lá mais para a frente aqui porei outros. No caso presente dizendo Tabacaria, um dos meus poemas favoritos do principe dos poetas portugueses, Fernando Pessoa, aqui, na pele do seu heterónimo Àlvaro de Campos.

Escrito por pulanito @ junho 24, 2009   2 comentários

terça-feira, junho 23, 2009

Slides- Retrato da Cidade Branca referido na Time Out

Carrega na imagem para ver com melhor resolução


Pois é…ás vezes somos agradavelmente surpreendidos por opiniões de pessoas que não conhecemos.
No caso presente o jornalista Tiago Pais ( que repito, não conheço), à pergunta feita pela redacção da Time Out : Qual a melhor canção alguma vez escrita sobre Lisboa, responde que gosta das “ 7 colinas “ do Joel Xavier (também gosto muito!) e diz ainda que gosta muito dos Slides – Retratos da Cidade Branca, da autoria deste vosso amigo.
É claro que fico contente, apesar de pensar que é generosidade por demais do Tiago Pais, até porque Lisboa tem belíssimas canções a si dedicadas, mas não posso deixar de lhe agradecer a referência, até porque é um tema que está quase escondido no albúm Pratica(mente) do Sam The Kid.

Escrito por pulanito @ junho 23, 2009   1 comentários

sábado, junho 20, 2009

Viriato Ventura e Sam The Kid - Festival Silêncio 2009

Existem momentos na vida de cada um de nós que nos marcam indelevelmente.
Recuando no tempo que tenho de vida, lembro-me assim a talhe de foice de uns quantos que agora convosco compartilho.
Lembro-me do dia que me arrancaram ao Alentejo e que agora revejo na empoeirada estrada da memória.
Lembro-me ainda do dia em que regressei a Entradas e da noite que passei em êxtase calcorreando os cantos da minha nova casa saboreando os cheiros e memórias de um tempo irrepetível.
Vêm-me à lembrança as tardes de calor infernal, amainado pelo fresco da tardinha quando a sombra galgava terreno no empedrado irregular das ruas calçadas da minha terra.
Lembro-me dos lanches de peixe frito, café da "chocolatêra" e pão mole acabadinho de cozer na casa da matriarca da família, a minha saudosa tia Francisca, que sendo uma coisa aparentemente banal, é daquelas que mais me marcaram e das que mais saudades sinto.
E lembro-me das mulheres por quem me apaixonei, amei e sofri.
E lembro-me dos filhos que me deram e de que tanto me orgulho, e do dia em cada um deles veio ao mundo.
Mas hoje vou centrar-me no meu filho varão, Samuel Mira de seu nome. Nasceu no dia 17 de Julho de 1979, eu trabalhava de noite e a sua mãe tinha horas antes entrado em trabalho de parto.
Quando perto da meia-noite me telefonaram a dizer que o Samuel havia nascido, exultei de alegria como é normal e de prever.
Estava uma noite de calor escaldante e eu estava sozinho de serviço no hotel onde trabalhava. Abri uma garrafa de vinho verde Casal Garcia e fui bebê-la para a porta do hotel, nisto aparece o velho Américo, motorista de táxi com o número 115 da Autocoop.
Ao verificar a minha efusiva alegria, sentou-se comigo no degrau da entrada e bebeu pelo mesmo gargalo, a garrafa com que celebrámos tão importante marco na minha vida.
Foi ao carro, e não sei a que propósito deu-me um golfinho em vidro, ou cristal, ou coisa que o valha. Uma peça sem importância, mas que para mim simbolizava o nascimento do meu único filho varão.
Conto esta história, para dizer que trinta anos passados fui de novo visitado pelo espírito do velho Américo de quem (num momento de recato, mas já em cena ) me lembrei quando ontem eu e o Samuel subimos ao palco do Music Box para actuar numa performance de slam poetry.
Serve esta longa introdução para dizer que ontem (19/06/09) foi um dos dias mais felizes da minha vida à imagem dos exemplos com que comecei esta crónica.


Viriato Ventura, Adolfo Luxuria Canibal, Henrique Fernandes, António Rafael..para a posteridade
O Samuel havia-me convidado para este evento há alguns meses. Para mim era um acto de grande responsabilidade, até porque os artistas que nos precediam eram Adolfo Luxúria Canibal, o carismático líder do decano grupo de Braga - Mão Morta, John Banzai um performer Franco-polaco e Mark-Uwe Kling outro monstro deste género de espectáculo com provas dadas e prémios arrecadados em certames desta natureza.




Viriato Ventura, John Banzai, Davido e Sam the Kid...after the show!



Jantámos juntos, convivemos, ficámos a conhecer-nos melhor, chegando eu à conclusão que deste naipe de intérpretes de gabarito todos tinham uma qualidade em comum; eram todos gente humilde e respeitadora do género e arte de cada um.

Eu queria muito ver o Adolfo e o seu “Estilhaços” um espectáculo de Spoken Word cujas ambiências sonoras foram criadas por António Rafael coadjuvado pelo contrabaixista Henrique Fernandes. De facto, uma performance a todos os níveis aconselhável, cuja voracidade poética e prosaica é sublinhada com maestria pelos três excelentes executantes com natural relevância para o autor de tão eloquentes textos.
Primo Luis Fernando, ( fotógrafo de serviço) Viriato Ventura, e Sam The Kid


Como tivemos de recolher ao camarim, não pudemos presenciar a prestação de Mark-Uwe Kling, que o fez em alemão, com a natural desvantagem de não ser verbalmente compreendido apesar da tradução simultânea.
John Banzai fazia-se ouvir em Francês e pelo ruído que nos chegava ao interior tinha a sua claque de apoio que o aclamava a cada final de texto.
Tony e Mikael Carreira..heheheh!!!

Quando chegou a nossa hora, avançamos para o palco. Para nossa surpresa a maioria dos espectadores estavam sentados no chão do velho Texas Bar, hoje Music Box, que diga-se de passagem estava à pinha.
Sou invadido pelo natural nervosismo de estreante, mas juro para comigo e prometo ao velho Américo do golfinho que o não vou deixar ficar mal.
Dizendo o poema Tabacaria de Fernando Pessoa

Não vou fazer aqui a apologia do nosso trabalho, isso deixamo-lo para os críticos e para quem lá esteve presente, o que sei é que no fim da nossa prestação o Alex Cortez, dono do espaço e guitarrista dos Rádio Macau entre milhentas outras coisas em que se envolve, nos veio
Final da nossa actuação

abraçar e cumprimentar dizendo que se tinha emocionado como há muito não lhe acontecia.
Nisto entrou o John Banzai que me abraçou e me disse textualmente: Não percebi uma palavra do que disseste, mas conseguiste comover-me..como é que consegues isso?Bem sei que estou a ser um pedaço egocêntrico, vaidoso, narcisista, umbiguista, o que lhe quiserem chamar, mas isso não impede de que a noite de 19 de Junho de 2009 tenha sido uma das mais belas noites da minha vida, presumivelmente graças ás garrafas de Casal Garcia que eu e o ti Américo partilhámos pelo gargalo faz agora 30 anos e mais provavelmente, graças ao golfinho mágico que me ofertou naquela noite e que penso ainda andar lá por casa a pregar-nos partidas que afinal atribuímos ao culpado do costume. O destino!

PS: resta-me dizer que o público era conhecedor da palavra dita, educado, silêncioso o que ajudou e de que maneira a prestação de todos os performers.

PS1. tenho um video para converter em DVD e que porei no you tube e aqui no blogue mas isso só para a semana.

PS2. Peço desculpa pela imodéstia, mas hoje posso e tenho de me dar ao luxo de ainda não ter descido à terra......o que é muito, muito bom!!!

Fotos do primo Luis Fernando que fez questão de presenciar o espectáculo.

Escrito por pulanito @ junho 20, 2009   9 comentários

terça-feira, junho 16, 2009

Em Junho, Lisboa vai ser a capital da palavra; vem aí o Festival Silêncio!


De 18 a 27 de Junho, Lisboa será palco de um evento em torno da palavra dita: o Festival Silêncio! Trata-se de um evento internacional dedicado às novas tendências artísticas e novas expressões urbanas que cruzam a música com a palavra: dos concertos à poetry slam, dos debates às conferências, dos audiolivros às leituras encenadas e aos espectáculos transversais e de spoken word.
Rodrigo Leão, José Luís Peixoto, Olivier Rolin, Adolfo Luxúria Canibal, Rogério Samora, JP Simões, Francisco José Viegas, Sam the Kid, Viriato Ventura,Jorge Silva Melo, DJ Ride, Filipe Vargas, John Banzai, Mark-Uwe Kling, Maria João Seixas, Alex Beaupain e Wordsong, entre muitos outros, para que Lisboa dê lugar à palavra, aceitando o silêncio quando ele se impõe.
Promover encontros entre poesia, música e vídeo, reunindo alguns dos mais conceituados artistas portugueses, franceses e alemães. Debater o futuro de novos suportes como o audiolivro convocando escritores, jornalistas e editores. Dar a conhecer as mais recentes tendências artísticas nesta área é o objectivo do Festival Silêncio!
Queremos que a palavra passe e puxe a palavra!


Esta será uma oportunidade, quiçá única, de ver em palco e em parceria no Music Box ao Cais do Sodré Sam The Kid e Viriato Ventura pela primeira vez juntos ao vivo e a cores....

Pode ser que seja um grande fiasco, mas se não estiveres lá...nunca o saberás!

Portanto o melhor é aparecer..Sexta feira- 23-30 horas Music Box- Cais do Sodré - Lisboa - Festival Silêncio.

Escrito por pulanito @ junho 16, 2009   3 comentários

segunda-feira, junho 15, 2009

Dia 8 - De Baiona a Santiago de Compostela - 138 Km

Grupo à partida de Baiona com as três senhoras que de nós fizeram questão de se despedir. São elas: Ana Paula, Graça e Olga.....e mais não sei.

Escrevo com alguns dias de atraso depois de ter resolvido um problema técnico que sofri no meu computador durante a viagem, que não me deixou escrever “ a quente” as peripécias das duas últimas jornadas. De qualquer modo aqui vai o relato dessa derradeira jornada, que para mim foi uma prova que incluiu algum sofrimento o que fez com que a chegada à Praça Obradoiro em Santiago de Compostela fosse revestida de especial emoção.

Durante a noite já havia sentido o incómodo do latejo que a minha derme estava a sofrer, mas devido ao cansaço mesmo assim consegui dormir.
Pelas seis da manhã acordei e fui à casa de banho. Queria-me ver ao espelho porque suspeitava que algo de anormal se estava a passar comigo.
Olhei-me ao espelho e reparo que tenho a parte direita do rosto inchada mal podendo abrir o olho o que me ia deixando deveras preocupado à medida que inspeccionava o meu corpo.
Nas zonas onde apanhei sol a minha pele estava em bolhas que me transfiguravam o aspecto e de que ainda hoje não me livrei.
Nunca equacionei abandonar a viajem em bicicleta mesmo que tal implicasse um maior agravamento do estado. Para tal fui-me aconselhar com o Joaquim Miguel que verificando que o abandono da prova estava fora de questão, me recomendou que me cobrisse o melhor possível de modo a não apanhar sol e que me medicasse com um creme anti-histamínico para que atacasse desde logo a maleita que me afectava.
O dia estava resplandecente, e à partida, depois de besuntado lá nos perfilámos para a foto da praxe quando aparecerem três senhoras portuguesas com quem os restantes companheiros haviam trocado uns dedos de conversa a pretexto do aniversário do Carrajeta, segundo me contaram.
Fizeram questão de aparecer à partida e foram convidadas para connosco posar para a posteridade.
À medida que começámos a pedalar em direcção a Vigo senti de imediato a alergia a expandir-se no meu corpo o que me incomodava seriamente.
Chegados a Vigo lá tivemos de atravessar esta urbe congestionada e que à imagem de outras, pouco paciente para com quem se desloca em duas rodas.


Atravessando Vigo...o "pincel" seria mais à frente...

É sempre um “pincel” esta coisa de pedalar com os pés pregados nos pedais e atravessar cidades pejadas de veículos que nos surgem por todos os lados, pregando-nos ocasionalmente um ou outro susto especialmente quando se trata de resgatar de imediato os pés dos pedais.
Um arreliador engano obrigou-nos a pedalar em circuito urbano por mais tempo que o desejado, incluindo uma subida de inclinação vertiginosa que fizemos na mais leve das mudanças e com o rabiosque levantado de forma a podermos vencer tão inesperado desafio.
Depois de Vigo pedalámos até Pontevedra, outra bonita cidade galega que atravessámos sem quaisquer delongas.

Última avaria da jornada...partiu-se um raio na roda traseira do Joaquim Miguel..reparou-se e lá seguimos...

Devo referir que este percurso é sempre chatinho. Muita subida daquelas que se fazem bem, mas de tão longínquas que são, vão-nos lentamente derretendo os músculos.
Por esta altura, estou perfeitamente ao rubro e só penso em parar para descansar e refrescar os locais mais latejantes do meu corpo, mas mais uma vez uma nova estrada fez-nos enganar no percurso e papar uma subida de inclinação muito acentuada que me deixou marcas no ânimo que me catapulta.
Chegados a Caldas de Reis, local previamente escolhido para a última paragem antes de Santiago (estamos a 40 Km) tendo-nos dirigido a uma pequena praça onde o proprietário do estabelecimento onde abancámos já nos conhecia de outros anos.
Estou feito em papa. Uma ou outra voz, aventa a ideia de que seria bom eu desistir, o que recuso veementemente. Afinal seria como morrer na praia. Estamos a muito poucas horas desse momento único que é cruzar o quilómetro zero e querem que desista…nem pensar.
Joaquim Miguel pergunta-me pela respiração. Digo-lhe que está impecável, o que o faz descansar.
No entretanto o nosso médico e chefe de fila decide ir ao carro buscar ao que penso um medicamento para me dar e nota a falta da sua bagagem. Havia ficado em Baiona no hotel, coisa que confirmámos via telefone.

Tomando notas... à espera que o calor passe.

Foi então decidido pelos meus companheiros num gesto de genuína solidariedade (que lhes agradeço do fundo do coração), que esperaríamos todos que este regressasse de Baiona e quando voltasse, já o sol haveria rodado o suficiente e também já não estaria tão agressivo, coisa que se revelou para mim uma dádiva.
Lá me besuntei á palhaço rico, vesti calças e camisola de manga comprida e partimos para os derradeiros 40 Km.
Depois de passado Padrón, já cheira a Santiago e as suas subidas acentuadas a dizerem-nos que é necessário merecer aí chegar, mas com alguma dose de perseverança e paciência também nós havíamos de lá chegar.
O abraço da chegada

Os oito magníficos à chegada a Santiago

Quando entramos na avenida principal que conduz ao casco velho da cidade, local onde se dirigem todos os peregrinos vindos dos mais recônditos cantos do planeta, uma multidão que responde a um chamamento que não tem de ser forçosamente religioso sem nunca deixar de o ser, se é que me faço entender.
Ao entrarmos na Praça Obradoiro, pensamos nos nossos, naqueles por quem corremos mundo, por quem corremos perigo (não é Caetano Veloso?), e num raro momento de interiorização solitária derramamos a lágrima que guardámos para tão solene ocasião.
Olho à minha volta. O astro rei está quase a desaparecer e na cara de cada um que ali chega, a mesma sensação de alivio, o mesmo sorriso de felicidade, as mesmas dores que se ignoram no mesmo e sentido abraço que trocamos entre nós.
Joaquim Miguel diz-me: A ti não te abraço, dou-te um beijo porque bem o mereces!

Os navegantes da epopeia de 2009 foram:

Joaquim Miguel Bilro
Joaquim Piteira
António Piteira
Arlindo Pereira
Vitor Reis
António Serrano
Ricardo Casaca
Napoleão Mira
Maurício Marques
Carrajeta

A todos o meu mais sentido obrigado pelo apoio, pelo companheirismo, pela solidariedade e acima de tudo pela amizade…e até para a o ano.

Escrito por pulanito @ junho 15, 2009   3 comentários

Dia 7 Da Póvoa de Varzim a baiona - 112 Km


À partida da Póvoa...falta o J. Piteira na foto..estava a consultar o blogue...

Saímos da Póvoa de Varzim envoltos em sebastiânica neblina depois da experiência “ kusturico-gastronómica” no restaurante Galo Dourado.

Viajo debruçado sobre o varandim ambulante desta janela por onde filtro o mundo e a que alguém decidiu um dia chamar: bicicleta!
Estamos no Minho, região que não conheço como gostaria, mas do que enxergo gosto com olhos de gostar. Gosto deste verde eterno que se prolonga até onde a vista desagua, gosto dos regatos de água fresca correndo debaixo das pontes que atravessamos. Gosto das hortas à beira da estrada e das pessoas que as trabalham e que à força de braço, retiram do seu seio o sustento de uma vida.
Gosto da arrumação do casario, das casas apalaçadas, dos solares imponentes que nos remetem para tempos senhoriais. Gosto do bom gosto dos azulejos invocando vidas d’outrora e gosto das pessoas, simpáticas, humildes, verticais e integras.

Gosto dos espigueiros, construções graníticas em forma de estreitas ermidas e onde se guarda vida, milho e centeio.

Gosto do sorriso das mulheres de Viana cujos colares e brincos de ouro em dia de romaria, realçam no negro e branco do traje de cerimónia uma beleza singular, única, apetecível.
Gosto deste Minho onde as localidades são assim em carreirinho, umas as seguir ás outras como se fossem carruagens cuja locomotiva é a cidade dominante da região.
São tantos os nomes por onde passámos, que na retina registei alguns desses postais invocativos da região mais a norte e onde afinal…nasceu Portugal.

É um clássico a malta fotografar-se junto á primeira placa que assinala os Caminhos de Santiago.

Esposende surge-nos após alguns quilómetros de aquecimento, logo a seguir Ofir que estava em dia de festa pelo que deu para reparar nos cantares ao desafio tão característicos desta região debitados por aparelhagem que de longe se deixava ouvir e que nos acompanhou durante alguns quilómetros.
Chegados a Viana do Castelo, já o Zé Lima (o conhecido paraplégico bastas vezes aqui referido) nos esperava no seu dinâmico veículo de três rodas onde treina todos os dias umas dezenas de quilómetros para que possa estar em forma aquando o mês de todos os calores chegar e partir então para a terceira volta a Portugal em bicicleta, coisa que este corajoso amigo iniciou há três anos. Em 2008, teve a companhia da Rosa (outra grande e corajosa maluca!), e este ano penso que serão cinco os “indomáveis patifes”, que de novo voltarão a chamar a atenção desse género politico - peçonhento, que por esta altura estará a banhos, pouco se importando com os Zés Limas deste país. Mas “suor duro em estrada de alcatrão; há-de um dia chamá-los á razão” – olha, acabei de inventar um provérbio…vai-se chamar o provérbio do Lima.

Zé Lima

O Zé fez questão de pedalar connosco pela arejada ciclo via de Viana, a quem dou os parabéns pelo excelente equipamento colocado á disposição dos vianenses.
O Zé prontificou-se a vir connosco até Caminha retribuindo a companhia que lhe fazemos quando passa por terras alentejanas.
Lá nos falou dos seus projectos, desventuras, lutas inglórias, mas sempre com uma centelha de esperança em cada uma das sílabas do seu discurso.
Chegados a Caminha, verificámos não haver condições de almoçarmos com o Zé Lima, vai daí, foi logo colocado em acção o plano B, que consistia em voltar para trás 12 quilómetros e ir almoçar a Vila Praia de Âncora onde decorria o Festival da Sardinha e do Mar, mas decorridos os primeiros 4 quilómetros verificámos que seria difícil concluir o projecto almoço em tempo útil. Vai daí, pusemos em prática o plano C, que consistia em ir ao tal festival buscar as sardinhas e restante acompanhamento, sólido e líquido e assim pouparmos tempo. Essa tarefa coube-me a mim e ao Maurício Cangalheiro que este ano andava um pedaço abatido. Sem me querer alongar em detalhes, lá conseguimos os nossos intentos no espaço de uma hora.
Regressados a Moledo onde éramos esperados, fizemos então esse repasto em comunhão com o Zé Lima que após o almoço regressou pelos seus meios a Viana do Castelo, coisa que lhe terá demorado mais umas três horas, segundo relato posterior.

Atravessando o Rio Minho em direcção a A Guarda do outro lado de Caminha

De regresso a Caminha apanhámos o barco que nos haveria de conduzir à terra fronteiriço do Minho galego; estávamos em La Guardia ou A Guarda em língua galega de que tanto os oriundos da região se orgulham.
A viagem até Baiona não teve muita história, só os 40 quilómetros que faltavam galgar até ao nosso poiso, onde nos esperava o banho mais que merecido.
Por esta altura sinto que o meu olho direito lateja e que se formam umas bolhinhas nos braços e pernas a que não dei grande importância….amanhã é que são elas…é só ler o próximo e último episódio de mais esta viagem ciclo pedalante a Santiago de Compostela.

Escrito por pulanito @ junho 15, 2009   2 comentários

quinta-feira, junho 11, 2009

Dia 6 Da Barra à Póvoa de Varzim - 119 Km

Foto da partida da Barra

Ao sexto dia de viagem, regressou de novo a chuva intensa e permanente que fez questão de nos acompanhar grande parte do percurso que nos trouxe da Barra / Aveiro até Póvoa de Varzim, nossa última pernoita em Portugal até porque amanhã já dormiremos em Baiona antes da nossa tirada final até Santiago de Compostela.
O amigo Luis Filipe visitou-nos. Também ele andava em deambulação pelo país, mas desta feita na sua Suzuki...o que é bastante mais confortável...convenhamos!


A verificação das condições atmosféricas não augurava uma etapa muito fácil no que à meteorologia diz respeito.
Saímos da Barra pelas 8.00 horas em direcção ao Forte com o mesmo nome,

A bordo da lancha que nos transportou até S. Jacinto



Não sabia que o J. C. agora trabalhava na Remax...como mediador de qualquer coisa...

uma curta viagem de 20 minutos onde apanhámos a lancha que nos transportou até S. Jacinto, localidade ribeirinha onde retomámos a estrada e onde a chuva fez a sua aparição para não mais nos largar.
Este percurso até à Afurada é para além de bonito, bastante aprazível no que ao piso diz respeito e se lhe juntarmos um ventinho pelas costas, temos as condições ideais para pedalar contra o relógio e fazer uma média de se lhe tirar o chapéu: 28 Km por hora à chegada a esta localidade, o que mesmo com as condições reunidas continua a ser uma proeza.
Regressados à estrada depois da primeira paragem do dia, seguimos pela estrada que nos há-de conduzir ao Porto, nosso destino intermédio. Ao quilómetro 40, tocou-me a a mim furar, no caso presente e para ser mais exacto na roda dianteira, coisa que reparámos rapidamente e lá seguimos viagem.
Ao km 40 desta tirada tive o primeiro e único furo de toda a viagem. Do mal o menos!

Nesta zona do país existem muitos ciclistas, e a cada ano que passa, mais e mais amantes do pedal se vêm por estas estradas, o que registo com prazer.


Em Esmoriz fizemos uma espécie de ciclo-cross por cima da malha-ferro para encurtar caminho...chovia que se fartava!

Chegados a Esmoriz, somos confrontados com o corte da rua por onde circulávamos. Pegámos nas bicicletas ás costas e vá de atravessar a estrutura em construção, mais à frente a passagem de nível está também encerrada o que nos obriga a escolher um outro itinerário e a chuva desabava dos céus sem dó nem piedade.
Valha-nos o facto de no dia de hoje ser feriado e não haver circulação de camiões, já que as estradas desta região são em grande parte do nosso percurso de má qualidade e sem qualquer escapatória para o pequeno pelotão que à passagem de cada quilómetro se vai encharcando mais e mais até lhe inundar os ossos, altura em que a chuva deixa de ser um problema passando a ser parte integrante destes sete indomáveis do pedal.





Para dar um pouco de colorido ao cinzento da jornada, fotografámo-nos com esta trupe de animadores lá para as bandas da Madalena, ali mesmo a chegar ao Porto.

Passámos a Granja e demais localidades ribeirinhas cujos nomes se me varreram da memória, mas retenho uma: Madalena, onde encontrámos uma trupe de animadores que levantaram o ânimo à rapaziada e fizeram questão de connosco se fotografarem.
Nesta zona o piso é de excelente qualidade e a paisagem ainda que nebulosa, triste, cinzenta, não deixa de ser bela, o que equivale a dizer que a natureza o que faz, fá-lo a preceito.
Receamos o empedrado de Canidelo que nos há-de conduzir ao cais de Gaia, e onde o Porto nos surgirá granítico e imponente do outro lado da margem do rio dourado, encimado por essa secular torre dos Clérigos que nos espreita de onde quer que a olhemos.
Somos inesperadamente surpreendidos pela inexistência desse terror dos ciclistas que são as pedras polidas pelo tempo das ruas deste típico bairro da cidade de Gaia. De facto, as ruas que outrora eram um perigo para a circulação em duas rodas, são agora asfaltadas, com um piso suave, amplo e seguros que nos deixa particularmente agradados, o que nos leva a deixar um voto de agradecimento ao edil local.
Na ribeira gaiense fotografámo-nos nesta ponte de madeira. Na descida dei um valente bate cú- motivo de chalaça de toda a comitiva, conforme a foto demonstra.


Chegados ao cais de Gaia resolvemos fazer uma foto de grupo numa ponte de madeira que parecia estar ali a jeito para isso mesmo. Ao subirmos o piso escorregadio da ponte com sapatos de ciclismo, constatámos de imediato ser aquela uma situação deveras periclitante; tão periclitante que enquanto avisava os outros para o perigo do piso já eu batia com o traseiro no chão arrastando comigo a bicicleta. Situação que o Joaquim Miguel de máquina em punho fez questão de registar e que convosco compartilho.
Depois de tirarmos uma bucha numa pizzaria ribeirinha, lá nos propusemos a esse calvário que é atravessar a cidade invicta.
Os portuenses não são nenhum exemplo de respeito para quem se faz transportar em duas rodas, mas a coisa devagarinho lá foi ultrapassada.
Chegados à Foz, lá estavam à nossa espera os reforços para os últimos dias de viagem. Maurício e Carrajeta, dois elementos mais que necessários para esta tirada final que serão as próximas duas etapas.
Voltámos a comprar cerejas e a comê-las ali mesmo junto à vendedora ambulante que nos reconheceu de anos anteriores.
Dali até à Póvoa seriam ainda uns bons 25 quilómetros, que se fossem consumidos em estrada alcatroada do mal o menos, mas lá tivemos de passar por essa “sessão de fisioterapia” que é manejar uma máquina de difícil articulação, com os pés presos aos pedais, em terreno de paralelepípedos irregulares e durante cinco eternos quilómetros de pura trepidação.
Mas lá chegámos á Póvoa de Varzim de onde debito esta rápida crónica ante do nosso jantar, que há-de ser um tempo de relaxe e de confraternização com os meus camaradas de aventura.



Bonus Post . Mais tarde……

Hoje ainda vou falar um pouco desses momento de lazer, que é a refeição vespertina. Em dia de chuva, ainda por cima feriado e sem conhecer bem a cidade, estava mesmo na cara que iríamos desembocar na pior das tabancas, embora procurássemos outro local repastante que mais tivesse a ver com os pergaminhos gastronómicos da região.
Lá encontrámos a Churrasqueira Galo Dourado (ou coisa que o valha!)- Aí chegados e pela pinta do proprietário ( ver foto), vimos logo ter caído num daqueles inenarráveis locais que mesmo descrito ao pormenor, fica sempre tanto por dizer.
O simpático proprietário - Sr. Luis, um transmontano com aspecto troglodita não nos pareceu estar á espera de muitos clientes quando lhe entraram porta dentro dez arruaceiros alentejanos, que pelo ar com que nos recebeu, lhe vieram estragar os planos que tinha para uma noite que ele pensara ser calma.
O restaurante em causa é do género “enfarta-brutos “, o que quer dizer que dentro do menu o que nos pareceu mais seguro e aconselhável era comer uma franganada à angolana, local de proveniência do Sr. Luis e que a atestar pela decoração mural, lhe houvera deixado mais que saudades, talvez até um pouco da sua alma!
O vinho que recomendou como sendo da sua lavra, era assim uma espécie de mixórdia que bem podia passar por decapante ou coisa que o valha, mas que alguns dos meus camaradas de armas, insistiam em aceitar como “boa pinga”. Pois é. É sempre de ladeira abaixo e não tem espinhas, e tudo o que não nos mata, torna-nos mais fortes, não é rapaziada?
Não sei se pela nossa presença, se por não haver restaurantes abertos, o que é certo é que a casa foi enchendo e as coisas foram faltando, até foram mesmo necessários chamar reforços familiares para dar uma mãozinha no serviço que estava a enlodar a olhos vistos.

O Sr. Luis, nosso anfitrião numa noite à la Kusturika. Reparem no porte do simpático Luis e no olhar "sacaninha" do J. Piteira.


Lá veio o frango, pejado de batatas fritas, pickles e arroz, que estas almas famintas devoraram enquanto o Sr. Luis fazia passagens rasantes, dando ordens para a cozinha onde pontificava a sua mulher.
O Joaquim Miguel comeu de sobremesa uma coisa assim parecida com pudim flan, que segundo as suas palavras estava assim para o macerado há pelo menos quinze dias.
Depois começámos na cantoria alentejana, que trouxe logo do andar superior uma série de admiradores locais e porventura amantes do cante chão das terras da planura.
É uma pena que os nossos companheiros não sejam grandes cantadores, porque o Serrano dá-lhe a preceito, e só por si enche uma casa.
Lá provámos a aguardente que o mestre Luis fez questão de mencionar que era “ caseirinha” e de sua lavra particular. Lá empurrámos umas copanadas daquele veneno regressando ao hotel onde escrevo que depois de dormir duas horas não consigo mais dormir, vai daí aqui fica um post representativo do aprés- bike destes dias de aventura.
Como sabem fiquei sem internet e estou a tentar desenrascar-me...mas estou muito cansado para acabar de meter as fotos e comentários...talvez esta tarde em espanha consiga...sorry..

Escrito por pulanito @ junho 11, 2009   5 comentários

Dia 5. da Guia A Barra / Aveiro 98 Km

À partida da Guia. Felizes e contentes. Pudera era dia sem chuva!


Depois de uma noite bem dormida na Guia, localidade a cerca de 30 Km da Figueira da Foz, lá seguimos viagem até à Barra cerca de Aveiro.
Foi uma etapa quase dia de descanso, até porque o traçado era praticamente plano se exceptuarmos uma íngreme subida de cerca de 4 km à saída da Figueira da Foz.
As estradas por onde hoje circulámos eram demasiado estreitas, sem escapatórias seguras, logo, com uma preocupação acrescida para estas sete pobre almas pedalantes, já que o oitavo elemento era substituído a cada 20 Km, visto não termos motorista de apoio o que se revela com o passar do tempo uma adversidade algo incomodativa, mas que amanhã terminará. Chegarão amanhã à Póvoa de Varzim os reforços Maurício e Carrajeta para nos acompanhar nestes dois dias finais.
Rolámos em velocidade moderada até á Figueira da Foz, evitando sempre os milhentos camiões que cruzam aquelas artérias e que ao passarem por nós, deixam um rasto de fumo e de algum pavor quando ultrapassam a linha imaginária de segurança por cada um de nós delimitada.
Volto a falar da falta de civismo do cidadãos auto-mobilizados, que possuindo veículos com maior “poder de fogo” não hesitam em usá-los como forma de intimidação aos pobres ciclistas que fazem dos músculos o seu motor e da sua tenacidade o combustível necessário para chegar ao destino estabelecido.
Já passámos a Figueira, mas nela não entrámos. Seguimos em direcção da Tocha, Praia de Mira e por aí fora.
O vento hoje foi nosso amigo e soprou-nos de sul para norte, o que foi um precioso auxiliar para este dia mais de passeio do que de prova.





Rodando pelos "caminhos de Portugal" . O serrano vai com cara de bulldog (sic!)



Gosto desta sensação de ver Portugal a mudar à medida que no mapa vamos cavalgando os quilómetros necessários para chegar onde nos propomos e que será dentro de três etapas a Santiago de Compostela.






Não se nota nada a doença de que padece o proprietário desta casa!


Da chuva nem sinais, o que nos deixou particularmente satisfeitos o que fez com que o Serrano debitasse ali, em cima do selim da sua bicicleta grande parte do cancioneiro alentejano, qual embaixador itinerante duma cultura que somos todos os oito particularmente orgulhosos.
Pedalar, sacar, apontar, fotografar e voltar a guardar a máquina, quase sempre em andamento, é tarefa a que já me fui habituando, mas que por força deste ritual me faz perder excelentes postais que só guardarei na retina, já que á velocidade a que viajamos a maior parte das vezes não me permite fazer bonecos que considere interessantes, mas dos que gosto, pois aqui ficam, e hoje temos uma bela amostra que poderão aqui ver entremeados com este texto assim um bocado para o encher chouriços.

E que me dizem da originalidade deste nome.? É como aqueles cães que se chamam. Não se diz!


Fiquei sem Internet, logo, um bocado frustrado por não poder publicar de imediato, o que fez com que também não me lembrasse de muitos dos locais por onde passámos e já é muito tarde para ligar a um dos colegas a esclarecer dúvidas.


Na Praia de Mira que visitámos do alto dos nossos selins, parámos para nos abastecermos de pão, fruta, tomate e demais necessidades para o repasto que se avizinhava e que teria lugar uns quilómetros mais à frente na Gafanha da Nazaré depois de havermos passado a Vagueira e onde
fiz umas fotos que convosco partilho.



Albúm de família em dia de bonança



Napoleão Mira provando a ginja do Carneiro


António Piteira chegou sem a roda da frente. reparem no cromo atrás dele!



O nosso mecânico Vitor, sempre low profile, mas com um humor certeiro e corrosivo




O Grande Ricardo Casaca ensaiando um passe de dança - Chegámo á conclusão que afinal é sempre o mesmo.



O grande Joaquim Piteira em pose de colocar em cima do psiché.

Arlindo em compenetrada pose do nosso director operacional..ainda não percebi se aquilo no nariz é um penso, ou é uma pintura de guerra!



O grande chefe Joaquim Miguel com ar sério e compenetrado...será que está pensando em futuros patrocinadores?


A espectacular Costa Nova com as suas casas tradicionais pintadas ás riscas..um postal ilustrado!


Esta região deste Portugal litoral é muito bonita. As casas de madeira pintadas às riscas de várias cores mas com redobrado bom gosto, dão a esta zona da Costa Nova um ar de arquitectura colonial. Cada uma delas com o seu feitio como se de um concurso tratasse faz com que o grande vencedor seja a paisagem integrante onde se inserem estas casas de veraneio que povoam a avenida marginal ao longo de vários quilómetros.
Decidimos por aqui almoçar em frente à ria num jardim verdadeiramente aprazível e lá montámos o estojo para mais um merecido repasto.




Carneiro - Olha os gajos a benzerem a tua ginja...chamaram-lhe um figo, coisa que não se chama a uma ginja desta qualidade. Eu chamar-lhe-ia Daniel's- uma ginja sem rival.






O Serrano já destituiu o Ricardo do seu posto de cozinheiro mor (coisa que o parece não incomodar e que todos ficamos a ganhar), o que faz com que provemos novas receita feitas de coisas simples.
Por ali ficámos durante algum tempo até porque estávamos a cerca de 4 km do nosso local de pernoita.

Quem será o ciclista que vai pedalando com os sapatos de ir visitar a madrinha...um must!!

Quando nos montámos nas bicicletas verifico que o Joaquim Miguel pedala na sua KTM de puro carbono com os sapatinhos de ir à madrinha o que foi motivo de chalaça no pelotão e razão para a foto que agora vos trago.
O Luis Filipe veio de moto do Algarve e passou connosco a tarde, jantou connosco e amanhã parte para Chaves onde irá participar no Portugal de Lés-a-Lés em moto e que terminará dia 11 em Olhão.
A meteorologia não augura para amanhã um dia como o de hoje. A chuva será uma constante, mas como já estamos habituados, pois que venha que nós já cá estamos.

Escrito por pulanito @ junho 11, 2009   3 comentários

segunda-feira, junho 08, 2009

Dia 4- De Torres Novas a Guia - 102 Km

E pronto já vamos no quarto dia de viagem e…..sempre, sempre a chover. Não houve dia nenhum em que não desabasse dos céus essa ira ou benesse dos deuses, conforme os casos, mas que no nosso é mais interpretado como um castigo de uma qualquer divindade e hoje andámos em território de sua jurisdição.
Pronto! O pessoal está um bocado desanimado com as peripécias que nos têm vindo a acontecer, mas não é nada que de uma forma ou de outra, não estivéssemos à espera. Estou mesmo convencido, que depois de vencidas as contrariedades que nos assolam sairemos desta aventura mais fortes e mais solidários.
Todos nós sabemos que isto não é apenas um passeio. Há que suar as estopinhas e encarar com a cara possível as múltiplas contrariedades que a cada passo nos têm surgido.


António Piteiria, Serrano, Joaquim Piteira, Joaquim Miguel, Ricardo Casaca e Arlindo. Em primeiro plano Pulanito




Vamos lá então ao relato deste meu quarto dia e o segundo para a malta de Divor e meus companheiros de equipa.
Ficámos ontem instalados no Hotel dos Cavaleiros em Torres Novas, hotel este, que já nos havia servido de poiso em anos anteriores e com um serviço bastante aceitável, o que não aconteceu no ano presente.
Os quartos estão a necessitar de manutenção, alguma limpeza e porque não de insonorização, já que tudo se ouve de quarto para quarto.
O pequeno-almoço desta manhã era paupérrimo comparado com o do ano passado. Fica aqui o nosso reparo, até porque temos sido fiéis clientes da unidade sempre que para este lado nos deslocamos.
As previsões meteorológicas apontavam para um dia assim a dar para o chato. Vento e chuva com fartura, o que para ciclistas de meia idade não é de todo o melhor dos cenários, e esta é uma contrariedade com que não contávamos até porque nesta altura do ano as temperaturas são amenas, daí a escolha desta data para rebentarmos a pedal, com as montanhas que ousarem atravessar-se no nosso caminho.
Como ficámos sem motoristas (outra contrariedade) o Joaquim Miguel prontificou-se a arrastar a viatura até à batalha, levando depois o Joaquim Piteira e depois os outros. Apenas eu e o Serrano não estamos incluídos no lote de motoristas. Eu porque sou teimoso e insisto em fazer tudo a pedal e o Serrano porque é debutante.
À saída de Torres Novas, rolamos por estradas completamente remendadas (outra contrariedade…ou serei eu a forçar a nota?) antes de escalarmos a Serra D’aire, uma incomodativa parede montanhosa que insiste em deitar abaixo quem a não respeite, e respeitá-la é subir sem pressas e a um ritmo que a todos seja confortável e só assim conseguimos passar por ela, sem que ela dê cabo de nós.
Foi o caso. Subimos quase todos juntos em entreajuda irmanal e em três penadas, quando a serra deu por nós, já a gente descia vertiginosamente a pendente oposta em direcção a Fátima.
Estive aqui há um ano. Era Domingo e a localidade religiosa fervilhava de devoção nas formas que se quiserem entender. Umas mais ortodoxas que outras, mas todas fazendo parte da mesma engrenagem que é afinal o turismo religioso.







Os pedalantes em Fátima, mesmo quando a chuva começava a fazer das suas.



É da praxe fazer uma ou várias fotos em Fátima, foi o que fizemos no preciso momento em que desatou a chover de novo.
Vá de vestir capas e impermeáveis de modo a enganar quem contra nós anda a conspirar e lá seguimos caminho.




Aspecto um bocado alienígena do Vitor Reis em fato de ciclar à chuva.



Na Batalha, terra de obra monumental, cujo mosteiro abafa pela sua grandiosidade, beleza e imponência toda a paisagem geográfica de terras de Aljubarrota fiz-me fotografar para a posteridade enquanto aguardava pela troca de motoristas.

Oh.. p'ra mim todo janota junto ao Mosteiro da Batalha.


Lá seguimos viagem em direcção à Praia de Vieira uns bons 50 Km mais à frente.
Lá pelo quilómetro sessenta e sem que ninguém suspeitasse de tal, o Joaquim Miguel, deu a sua primeira grande queda à ciclista. Caiu dele abaixo (o que não é pouco!) desamparado e com os pés presos nos pedais ao atravessar uma linha de comboio desnivelada do piso em que circulávamos, que não terá abordado na perpendicular e daí o fatal deslize que o atirou ao chão caindo desamparado com a cabeça no asfalto conforme demonstram as marcas deixadas no capacete.



Joaquim Miguel ao solo


Joaquim Miguel dorido, mas aliviado....podia ter sido muito pior!



Acabou-se ali o dia para o Joaquim Miguel que regressou à carrinha, mas amanhã lá estará de regresso ao maldito asfalto que apenas em dois dias já provocou mais quedas que nos dois últimos anos.
Lá rolámos até Praia de Vieira, local que já conhecíamos, fazendo aqui uma paragem mais alongada, não só para degustarmos as especialidades alentejanas trazidas pelos meus companheiros de jornada, mas também para nos recompormos das adversidades do dia.
Até ao Hotel onde escrevo tudo decorreu dentro da normalidade estando apenas agora a fazer tempo para o jantar.


4ª Etapa

Torres Novas – Guia ( Figueira da Foz)
Distância – 102 Km
Dificuldade – Média -alta
Meteo – chuva e vento
Vel. Média – tenho vergonha
Tempo – muito
Adversidades – A queda do Joaquim Miguel e em certas alturas a ventania.

Escrito por pulanito @ junho 08, 2009   10 comentários

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