Dia 4- De Torres Novas a Guia - 102 Km
Pronto! O pessoal está um bocado desanimado com as peripécias que nos têm vindo a acontecer, mas não é nada que de uma forma ou de outra, não estivéssemos à espera. Estou mesmo convencido, que depois de vencidas as contrariedades que nos assolam sairemos desta aventura mais fortes e mais solidários.
Todos nós sabemos que isto não é apenas um passeio. Há que suar as estopinhas e encarar com a cara possível as múltiplas contrariedades que a cada passo nos têm surgido.
António Piteiria, Serrano, Joaquim Piteira, Joaquim Miguel, Ricardo Casaca e Arlindo. Em primeiro plano Pulanito
Ficámos ontem instalados no Hotel dos Cavaleiros em Torres Novas, hotel este, que já nos havia servido de poiso em anos anteriores e com um serviço bastante aceitável, o que não aconteceu no ano presente.
Os quartos estão a necessitar de manutenção, alguma limpeza e porque não de insonorização, já que tudo se ouve de quarto para quarto.
O pequeno-almoço desta manhã era paupérrimo comparado com o do ano passado. Fica aqui o nosso reparo, até porque temos sido fiéis clientes da unidade sempre que para este lado nos deslocamos.
As previsões meteorológicas apontavam para um dia assim a dar para o chato. Vento e chuva com fartura, o que para ciclistas de meia idade não é de todo o melhor dos cenários, e esta é uma contrariedade com que não contávamos até porque nesta altura do ano as temperaturas são amenas, daí a escolha desta data para rebentarmos a pedal, com as montanhas que ousarem atravessar-se no nosso caminho.
Como ficámos sem motoristas (outra contrariedade) o Joaquim Miguel prontificou-se a arrastar a viatura até à batalha, levando depois o Joaquim Piteira e depois os outros. Apenas eu e o Serrano não estamos incluídos no lote de motoristas. Eu porque sou teimoso e insisto em fazer tudo a pedal e o Serrano porque é debutante.
À saída de Torres Novas, rolamos por estradas completamente remendadas (outra contrariedade…ou serei eu a forçar a nota?) antes de escalarmos a Serra D’aire, uma incomodativa parede montanhosa que insiste em deitar abaixo quem a não respeite, e respeitá-la é subir sem pressas e a um ritmo que a todos seja confortável e só assim conseguimos passar por ela, sem que ela dê cabo de nós.
Foi o caso. Subimos quase todos juntos em entreajuda irmanal e em três penadas, quando a serra deu por nós, já a gente descia vertiginosamente a pendente oposta em direcção a Fátima.
Estive aqui há um ano. Era Domingo e a localidade religiosa fervilhava de devoção nas formas que se quiserem entender. Umas mais ortodoxas que outras, mas todas fazendo parte da mesma engrenagem que é afinal o turismo religioso.
É da praxe fazer uma ou várias fotos em Fátima, foi o que fizemos no preciso momento em que desatou a chover de novo.
Vá de vestir capas e impermeáveis de modo a enganar quem contra nós anda a conspirar e lá seguimos caminho.
Aspecto um bocado alienígena do Vitor Reis em fato de ciclar à chuva.
Na Batalha, terra de obra monumental, cujo mosteiro abafa pela sua grandiosidade, beleza e imponência toda a paisagem geográfica de terras de Aljubarrota fiz-me fotografar para a posteridade enquanto aguardava pela troca de motoristas.
Oh.. p'ra mim todo janota junto ao Mosteiro da Batalha.
Lá seguimos viagem em direcção à Praia de Vieira uns bons 50 Km mais à frente.
Lá pelo quilómetro sessenta e sem que ninguém suspeitasse de tal, o Joaquim Miguel, deu a sua primeira grande queda à ciclista. Caiu dele abaixo (o que não é pouco!) desamparado e com os pés presos nos pedais ao atravessar uma linha de comboio desnivelada do piso em que circulávamos, que não terá abordado na perpendicular e daí o fatal deslize que o atirou ao chão caindo desamparado com a cabeça no asfalto conforme demonstram as marcas deixadas no capacete.
Joaquim Miguel ao solo
Joaquim Miguel dorido, mas aliviado....podia ter sido muito pior!
Acabou-se ali o dia para o Joaquim Miguel que regressou à carrinha, mas amanhã lá estará de regresso ao maldito asfalto que apenas em dois dias já provocou mais quedas que nos dois últimos anos.
Lá rolámos até Praia de Vieira, local que já conhecíamos, fazendo aqui uma paragem mais alongada, não só para degustarmos as especialidades alentejanas trazidas pelos meus companheiros de jornada, mas também para nos recompormos das adversidades do dia.
Até ao Hotel onde escrevo tudo decorreu dentro da normalidade estando apenas agora a fazer tempo para o jantar.
4ª Etapa
Torres Novas – Guia ( Figueira da Foz)
Distância – 102 Km
Dificuldade – Média -alta
Meteo – chuva e vento
Vel. Média – tenho vergonha
Tempo – muito
Adversidades – A queda do Joaquim Miguel e em certas alturas a ventania.
10 Comments:
A caírem a esse ritmo, é melhor usar o betadine-beirão só para cuidados paliativos...
Oh Joaquim Miguel, estás com um ar tão desgostoso que até apetece ir aí dar um abraço, pá....
Se bem que - cá para mim - estás a exagerar a coisa só para pores as Senhora a rezar o terço pela salvação desse imenso canastro...ehehehe
Querido paizinho,o mau tempo está a passar a temperatura hoje jà vai ser bem mais agradàvel,acho até que a dona fátima teve pena de voçês e tenho a certeza que adorou a vossa visita.Coragem para todos e ñ olhem para trás.
Beijos
Susana Mira
Portugal é pequeno para tão grande coragem.
Já falta pouco.... força campeões
Força amor
Talinha
Olá,
Isso das quedas é que não tem graça nenhuma.
Boas pedaladas agora com melhor tempo... dizem
companheiro Pulanito, apenas o conheço de ler as suas crónicas ciclísticas, mas sou um grande admirador pelas maratonas que tem feito.
Também fiz Évora Santiago 2 vezes (1º e 2º) com esses campeões, Dr Joaquim Miguel, Piteiras, Arlindo, Victor, Carrageta e outros.
De facto têm tido azar com o tempo e talvez algumas quedas seja derivado a isso, mas paciência.
Sou o António Ferreira que todos conhecem agora separado da bicicleta e irei continuar por mais tempo devido a queda com luxação e fractura do ombro direito,ainda em tratamento.
Desejo continuação de boa viagem até Santiago e um abraço para todos
António Ferreira
Amigo Napoleão
cá vou lendo as crónicas roído de inveja por nao os acompanhar.
Vou tentando colmatar essa ausência com umas pedaladas.
Hoje 2ª feira arranquei para M gordo.Viagem maravilhosa pela serra até S, Brás de Alportel.A beleza da paisagem é bem superior ao sofrimento das subidas.
Um abraço para todos
jmatos
Amigo Ferreira,acabo de chegar à Graça do Divor.
Não sabia do azar da sua queda da bicicleta.
Este nossa actividade lúdica tem estes riscos.Acontece mesmo aos mais ciudadosos e seguros,como o meu amigo.
Falámos de si,naturalmente,ao longo do percurso.Desejo a sua rápida e total recuperação.
Coube-me a maior queda desde ano,quando próximo da Marinha Grande,ao atravessar (mal) a linha de caminho de ferro,com chuva e algum granizo e velocidade para além do que era aconselhável,dei por mim a falar com o asfalto directamente de cabeça.....Valeu o bom capacete(Specialized) que o meu filho Pedro me aconselhou.Nunca me tinha acontecido experimentar tal situação:Tive ,mais uma vez muita sorte,apesar das escoriações no braço e sobretudo na coxa esquerda,ao nível do grande trocanter do fémur esquerdo.Deus ajudou e nos dias seguntes tudo coreu bem.
um abraço, Ferreira.
jm.
Não,Carneiro.
Foi mesmo um grande trambolhão e o capacete perdeu a "memória".
Terei que comprar outro:será igualmente bom,embora caro.
Mas o meu maior receio foi pensar ter partido o fémur direito,já que o segundo contacto com o solo foi com a zona do grande trocanter do fémur.
Ia a rolar de cabeça baixa,com chuva e algum granizo,momentâneo e súbito."Ataquei" os carris em posição incorrecta e a roda da frente derrapou.
Levava o desdobramento 53/14.Está a ver....Mas uns 100 metros atrás a estrada estava quase seca.
Haja saúde.
jm
jm
Teve muita sorte em ser só uns carris... imagine que era um comboio!..
Não ataque a via férrea dessa forma! Tem que ter mais cuidado!
Um abraço.
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