sábado, maio 29, 2010

No Silêncio da Estrada


Apesar dos céus carregarem de nuvens anunciando aguaceiros, lá me fiz finalmente à estrada no passado Sábado 08 05.
Já não sabia o que era esta sensação desde há alguns meses. Umas vezes por preguiça, outras por via do mau tempo, outras ainda, por afazeres ligados à publicação do AO SUL, não me permitiram desfrutar dessa sensação única que é bicicletar pelas estradas alentejanas usufruindo da paz, do silêncio, da liberdade e sobretudo da paisagem desta terra que é minha por gratidão, mas sobretudo por devoção.
Montado na minha varanda sobre rodas, local privilegiado por onde filtro, saboreio e absorvo tudo o que me rodeia, marcam este meu regresso às lides pedalantes.
Sinto-me bem. O ritmo compassado do meu pedalar, fazem-me lembrar que as minhas pernas são os alcatruzes desta imaginária nora que é o serpentear da estrada onde desaguam muitas das sensações que no silêncio da solidão vou experimentando.
Os campos, até há pouco demorados tapetes verdes debruados a amarelo, branco ou violeta, são agora invadidos pelo vermelho das papoilas que anunciam o fim da floração espontânea que acontece a cada ano que passa sempre que no calendário for tempo de Primavera.
Agora, em pleno Maio, o desfalecido verde há-de dar lugar ao doirado dos trigais que sendo paleta de uma só cor, nos devolverá a imensidão e a vastidão da terra mãe.
É nisto que penso à passagem por Ervidel. Indeciso se devo seguir até Ferreira do Alentejo, olho o relógio e contabilizo o tempo, avalio a condição física e de modo a chegar a casa a horas de almoço, decido-me pelo caminho de Santa Vitória, depois Penedo Gordo com regresso pelo IP2, coisa que quando chegar a Entradas há-de dar perto dos noventa quilómetros.
Lá pelo quilómetro cinquenta e cinco aparecem as primeiras dores musculares, coisa que combato desviando pensamento para paragens mais parcimoniosas, e volto a pensar na liberdade, no quanto eu poderia ser feliz percorrendo o mundo em duas rodas. Destes pensamentos faço os meus devaneios, e com eles, galgo quilómetros atrás de quilómetros. À passagem por Albernôa ainda volto para a aldeia para fazer uma paragem à do Lexivia e beber um derradeiro café que me desperte para os doze quilómetro finais, que para dizer a verdade já me vão fazendo mossa nas pernas, ombros e “nalgas”.
Olho de novo o relógio, e penso que esta paragem me vai atrasar para o almoço de família e não quero fazer ninguém esperar. Já dentro da simpática aldeia dou meia volta e decido-me a enfrentar o vento frontal e mais estes penosos derradeiros doze quilómetros que me hão-de conduzir a Entradas.
Volto a passear os olhos pela paisagem envolvente, mas agora, já sem o silêncio que até aqui me fez companhia. O IP2 é uma artéria com bastante tráfego e apesar de nela não se poder bicicletar, tanto eu como os demais ciclistas da zona arriscamos viajar por aqui, até porque tem uma excelente escapatória que permite ao ciclista pedalar em segurança.
Já com a torre sineira da igreja de Santiago Maior no horizonte, esse farol eclesiástico plantado no coração da planície, penso no bom que foi regressar à estrada, à solidão dos caminhos, ao reencontro com um eu que não via há muito tempo, mas acima de tudo por usufruir dum tempo de liberdade, que de repente e se tivesse forma se me afigurou redonda, como uma pomba, branca de imaculada e a estrada um longo e serpenteante véu.
Belisco-me e penso!
Será que estou aqui, ou estarei no céu!

Publicado na Revisto 30 Dias de Maio de 2010

Escrito por pulanito @ maio 29, 2010   2 comentários

terça-feira, maio 25, 2010

Pulanito On Tour

Os Social Smokers


Dia 27 de Maio – 23.00 Horas
- Lisboa - Music Box

O Music Box em Lisboa disponibiliza o seu palco uma vez por mês para um espectáculo de spoken word intitulado Poetry Salame - uma charge ao movimento Poetry Slam - onde os poetas deste país podem dar a conhecer a sua poesia.
No caso presente, terá lugar no dia 27 (próxima quinta-feira) um espectáculo do colectivo Social Smokers que tiveram a amabilidade de me convidar para com eles participar nesse evento, dizendo dois ou três poemas da minha lavra.
Fico lisonjeado pelo reconhecimento e lá estarei na próxima quinta-feira a dar o meu melhor, convidando desde já todos aqueles que desejem assistir a este evento .

Dia 28 de Maio – 18.00 Horas - Biblioteca Municipal - Ourique

A convite do poeta e escritor Vítor Encarnação e da Câmara Municipal de Ourique, estarei nesta bonita vila Alentejana para apresentar o livro AO SUL.
O evento terá lugar pelas 18.00 horas. Aproveito para convidar quem quiser aparecer para assistir á apresentação que será seguida de sessão de autógrafos para os interessados.


Sam The Kid e Viriato Ventura (Pulanito) - espectáculo Palavras Nossas


Dia 11 de Junho – 19.00 Horas - Livraria. Lemos, Ouvimos e Lemos - Serpa

A convite do jornalista e escritor Paulo Barriga, estarei em Serpa não só para apresentar o AO SUL durante a semana das artes desta vila alentejana, mas também numa conversa mais alargada com o meu filho Samuel (Sam The Kid – meu convidado) falarmos da importância da palavra nos nossos trabalhos.
Teremos ainda oportunidade de fazer um show case do nosso espectáculo de poesia “ Palavras Nossas”, seguido de sessão de autógrafos.
Portanto o convite está feito, agora é só aparecerem.
Não custa nem dói nada…é só desfrutar.


Dia 15 de Junho - 21.30 Horas - Biblioteca Municipal - Almodôvar

A Convite da Biblioteca Municipal de Almodôvar, na pessoa do seu director, Constantino Piçarra, aí estarei pelas 21.30 horas do dia 15 de Junho- terça-feira, de modo a apresentar o livro AO SUL em mais um municipio Alentejano.
É claro que o convite é extensivo a todos os almodovarenses, bem como, a quem aí se quiser deslocar.

Escrito por pulanito @ maio 25, 2010   2 comentários

domingo, maio 23, 2010

Julio Prega Saltos - A Angustia do Guarda-Redes no Momento do Penalty


No balneário imperava o cheiro a cânfora com que os futebolistas amadores da equipa do Príncipe Futebol Clube massajavam as pernas. Quando esta era demais – e havia jogadores que derramavam sobre a pele quantidades paquidérmicas deste aquecedor muscular – penetrava no nariz e nos olhos como se fossem milhões de finíssimas agulhas causando um incómodo a que os alarves futebolistas chamavam de mariquices, dizendo que o futebol é para homens de barba rija e não para “meninas sensíveis”, como aparentava ser o seu caso.
O seu lugar na equipa era de guarda-redes suplente. Era tão suplente, tão suplente que nunca tinha jogado na posição para que se sentia vocacionado e com que sonhava acordado vezes sem conta.
Imaginava-se a saltar mais alto que defesas e atacantes e, com o joelho em quilha, galgar às alturas de forma imperial agarrando o esférico, cortando o iminente perigo, serenando os ânimos dos companheiros e despoletando na assistência uma espontânea salva de palmas a que correspondia com um sorriso de agradecimento. Imaginava-se a atirar-se quase inconscientemente aos pés dos avançados em mergulhos de cortar a respiração, salvando aquilo que parecia ser um golo iminente. Sonhava com os seus companheiros a darem-lhe palmadas nas costas e a agradecerem-lhe a coragem demonstrada.
Mas isto era o nosso herói a sonhar, porque o lugar de guarda-redes titular já tinha dono. Pertencia ao Fitas, esse magistral acrobata, que tanto saltava, como se arrojava perigosamente aos pés dos avançados roubando-lhe o esférico de forma surpreendente.
Entre os postes era um semi-deus, qual aranha mais rápida que a própria sombra, defendendo o indefensável e granjeando nos colegas e adversários a admiração que só os melhores merecem. O Fitas só falhava num particular: comunicação com os defesas. Muitas vezes quando gritava «Deixa!», o defesa não se fazia à bola e era vê-la entrar de mansinho a um dos cantos do seu território de afeição a que o comum dos mortais chama de: baliza!
A posição de guarda-redes requer que o dono do lugar tenha “planta”, perfil, coragem, arrojo e alguma dose de loucura. O Fitas possuía todas essas e mais algumas!
Era o Vítor Damas da FNAT, era o Costa Pereira da plebe, era o Zé Gato do mulherio, enfim, era um génio, e ele… ele, era o seu substituto!

Certo dia foram jogar ao campo três do Estádio da Luz contra o Estoril-Sol, uma equipa da linha de Cascais recheada de praticantes de fino recorte que lideravam o campeonato hoteleiro da altura, e onde pontuavam alguns jogadores do Estoril Praia que tratavam a bola com tal intimidade que até se lhe afigurava que dormissem com ela.
O Mister começou a dar a táctica e a distribuir as camisolas dizendo que deviam marcar homem a homem e dar-lhes no osso caso não conseguissem por meios legais roubar-lhes a redondinha.
Nessa altura ainda não se falava em meter autocarros em frente à baliza, mas a coisa ia dar no mesmo, até porque perder por poucos com aquela “equipa maravilha” era quase considerado uma vitória.
Para dizer a verdade, a prelecção do mentor estratega, mais conhecido por treinador, a ele não lhe dizia respeito, porque a sua táctica já a sabia de cor e salteado: consistia basicamente em equipar-se com os velhos calções almofadados, vestir a camisola doze e sentar-se no banco de suplentes até ao intervalo, regressar aos balneários durante o mesmo, e depois, aguentar firme mais quarenta e cinco minutos até que a cabazada estivesse concluída.
Luvas, joelheiras e cotoveleiras, só existia um par de cada e estavam naturalmente atribuídas ao guarda-redes titular, que em caso de lesão ou coisa que o valha, as devia de transferir para o seu substituto, um pouco como se faz com a braçadeira de capitão.

Estava o nosso protagonista muito entretido com os seus pensamentos quando o Mister Victor lhe diz para se equipar com a camisola número um, já que iria ser naquela importante partida o guarda-redes titular, porque o Fitas havia ido a um funeral dum familiar.

Não sei se vos diga, se vos conte; apossou-se-lhe de repente uma espécie de paralisia que não o deixava balbuciar palavra, quanto mais arrojar-se aos pés daqueles verdadeiros mágicos da bola.
Ainda foi espreitar lá fora, na esperança de que aquilo fosse uma brincadeira, mas do Fitas nem novas nem achadas, tinha-se evaporado lá para as bandas do cemitério.
Chamou o treinador de parte e disse-lhe que se calhar ele não seria a melhor opção para tão importante partida. Lembrou-o que para além da falta de jeito, de treino, de posição, de perfil e sei lá mais quantas qualidades que não possuía, recordou-lhe também que era míope com várias dioptrias e até na paragem dos transportes quando lhe perguntavam para onde é que o autocarro que se aproximava ia, ele respondia questionando: «Qual autocarro?» Por aqui já se pode ver que o pobre podia não ter nenhuma das faculdades que o lugar exigia mas, não conseguir ver a bola, tornava a sua tarefa mais do que difícil: absurda.
«Isso agora não interessa nada. Vais lá para dentro e dás o teu melhor como os outros, e agora ala que já estás atrasado» – vociferou o treinador, dando-lhe um “calduço” no pescoço.
Como o que tem que ser tem muita força, lá entrou em campo como um condenado que sobe ao cadafalso. Nessa tarde, todos os seus sonhos cairiam por terra, espalhados na gravilha daquele pelado. Seria motivo de chacota que perduraria no tempo e contra isso nada poderia fazer!
Quando chegou à zona da baliza, olhou para ela assim como um boi quando olha para um palácio. A estupefacção era tal, que ficou largos minutos de boca aberta. De repente, achou que se deveriam ter enganado nas medidas: aquilo não era uma baliza, era uma gaiola para dinossáurios ou coisa que o valha.
Despertou desta letargia com os gritos dos companheiros que lhe pediam concentração e mais o apito do árbitro que entretanto havia dado início à carnificina “futebolesca” que se avizinhava.
Júlio – O Prega Saltos, assim o haviam alcunhado jocosamente os seus companheiros de canelada, não via literalmente um boi – era pelo som da aproximação da cavalaria que sabia que a bola rondava o território que lhe tinha sido confiado.
Ainda não haviam passado três minutos quando o Prega Saltos pressentiu uma grande molhada junto ao seu perímetro de jurisdição. Como não vislumbrava nada, esbracejava de forma espalhafatosa tentando segurar alguma forma redonda que se assemelhasse a uma bola.
Nisto, acontece o primeiro golo, que na verdadeira acepção da palavra, o nosso protagonista não viu como se desenrolou, apenas sentiu a forte zunida dum objecto arredondado passar-lhe junto ao ouvido.
Aos protestos dos defesas retorquia com um: «Se és assim tão bom, vem para aqui tu para ver se fazes melhor!»
Ao minuto dezoito, Prega Saltos já havia ido ao fundo do galinheiro apanhar três frangos, e com o decorrer da partida, a contagem foi-se avolumando, ameaçando mesmo um score de dois dígitos, o que seria uma verdadeira humilhação.
Quando a partida já ia para lá dos dois terços, um contra-ataque fulminante dos do Príncipe Futebol Clube, conseguiram o tento de honra – numa jogada que estes ainda estarão a pensar como a terão conseguido – e o resultado passou para 9-1.
«Força Príncipe, vamos ao empate!» gritavam das bancadas os três ou quatro incondicionais apoiantes do Príncipe F.C.
Com o golo marcado, a moral foi-se elevando e o nível da sarrafada subindo até que, dentro da grande área, o defesa central do Príncipe F.C., ante a iminência do resultado chegar aos dois dígitos, ceifou as pernas do avançado contrário que, num grito lancinante, deu a entender à maralha assistente a ao trio arbitral a violência a que tinha sido sujeito.
Só restou ao homem de negro mostrar o vermelho directo ao infractor e apontar a marca dos onze metros, ou seja, aquele anel pintado a cal de onde se pontapeavam as grandes penalidades.
Prega Saltos com a sua caleidoscópica visão mal conseguia vislumbrar a confusão que se instalara, mas uma coisa ele sabia: tinha chegado a sua hora!

Encostou a parte de trás da bota direita a um dos postes e em passos calculados mediu o comprimento da baliza. Quase chegou cansado ao outro poste, tal era a distância que se lhe afigurava.
Na verdade, depois de se instalar a meio da baliza, ali, onze metros à sua frente, conseguia descortinar o seu interlocutor, que reconheceu como o mais perigoso dos jogadores contrários.
Num assomo de valentia decidiu caminhar na sua direcção, e se com a perna esquerda dava passos seguros, com a direita sulcava uma linha recta na gravilha arrastando a pesada bota de travessas.
Prega Saltos chegou perto do seu algoz e olhou-o no fundo dos olhos, uns olhos que pressentia cuspirem fogo na hora do fuzilamento. Mirou-o sem pestanejar e regressou de marcha à ré ao seu posto de guardião sem nunca dele retirar os olhos, deixando no ar uma mensagem de desafio que deixou os seus companheiros embasbacados.
Imperava um estranho silêncio no ar; um silêncio daqueles em que se sabe que qualquer coisa de espectacular está para acontecer. Nisto, Prega Saltos lembrou-se que os míopes semicerrando os olhos conseguiam ver melhor e àquela distância era truque que resultava pela certa.
O marcador de serviço deu três passos atrás, inspirou e bufou o mesmo número de vezes e preparou-se para o remate certeiro.
Prega Saltos voltou a medir mentalmente as distâncias à sua guarda e ambos aguardaram pelo apito fatídico. O silêncio era agora ensurdecedor!
Quando o artilheiro partiu para a bola depois do silvo do apito, o guardião dos Príncipes sentiu-se invadido por uma estranha força e, naquele nanossegundo que conseguiu vislumbrar o lado para onde a bola se dirigia, impelido por forças que jamais julgaria possuir, voou para o canto esquerdo como se fosse um pássaro de fogo e, com a ponta da luva, sobre a linha fatídica, conseguiu desviá-la para canto, não sem antes ter dado com a cabeça no poste, o que fez com que perdesse momentaneamente os sentidos.
Um fotógrafo ocasional conseguiu num raro momento de felicidade e de destreza fotográfica congelar para a posteridade tão glorioso momento.

Os colegas tentavam despertá-lo com tabefes secos em cada uma das faces, mas Prega Saltos a única coisa que fazia era sorrir, pois lá no paraíso onde se encontrava, era adorado pela mole humana que não se cansava de gritar o seu nome, até mesmo Mister Victor, homem que carregava no nome o prenúncio dos ganhadores, o beijou nas faces exultando de alegria e prometendo-lhe doravante a almejada camisola número um.

Estava Júlio a ser carregado em ombros pelos colegas assim à laia dos toureiros em dia de memorável faena, quando sua mãe lhe interrompeu o sono profundo em que habitava e o despertou dizendo: «Acorda filho. Está ali o Fitas, veio entregar-te as luvas, joelheiras e cotoveleiras, porque não pode jogar esta tarde, pois tem de ir ao funeral de um familiar.»

Escrito por pulanito @ maio 23, 2010   4 comentários

sexta-feira, maio 21, 2010

Pulanito On Tour

Os Social Smokers


Dia 27 de Maio – 23.00 Horas
- Lisboa - Music Box

O Music Box em Lisboa disponibiliza o seu palco uma vez por mês para um espectáculo de spoken word intitulado Poetry Salame - uma charge ao movimento Poetry Slam - onde os poetas deste país podem dar a conhecer a sua poesia.
No caso presente, terá lugar no dia 27 (próxima quinta-feira) um espectáculo do colectivo Social Smokers que tiveram a amabilidade de me convidar para com eles participar nesse evento, dizendo dois ou três poemas da minha lavra.
Fico lisonjeado pelo reconhecimento e lá estarei na próxima quinta-feira a dar o meu melhor, convidando desde já todos aqueles que desejem assistir a este evento .

Dia 28 de Maio – 18.00 Horas - Biblioteca Municipal - Ourique

A convite do poeta e escritor Vítor Encarnação e da Câmara Municipal de Ourique, estarei nesta bonita vila Alentejana para apresentar o livro AO SUL.
O evento terá lugar pelas 18.00 horas. Aproveito para convidar quem quiser aparecer para assistir á apresentação que será seguida de sessão de autógrafos para os interessados.

Sam The Kid e Pulanito - Espectáculo "Palavras Nossas"


Dia 11 de Junho – 19.00 Horas
- Livraria. Lemos, Ouvimos e Lemos - Serpa

A convite do jornalista e escritor Paulo Barriga, estarei em Serpa não só para apresentar o AO SUL durante a semana das artes desta vila alentejana, mas também numa conversa mais alargada com o meu filho Samuel (Sam The Kid – meu convidado) falarmos da importância da palavra nos nossos trabalhos.
Teremos ainda oportunidade de fazer um show case do nosso espectáculo de poesia “ Palavras Nossas”, seguido de sessão de autógrafos.
Portanto o convite está feito, agora é só aparecerem.
Não custa nem dói nada…é só desfrutar.


Dia 15 de Junho - 21.30 Horas - Biblioteca Municipal - Almodôvar

A Convite da Biblioteca Municipal de Almodôvar, na pessoa do seu director, Constantino Piçarra, aí estarei pelas 21.30 horas do dia 15 de Junho- terça-feira, de modo a apresentar o livro AO SUL em mais um municipio Alentejano.
É claro que o convite é extensivo a todos os almodovarenses, bem como, a quem aí se quiser deslocar.

Escrito por pulanito @ maio 21, 2010   4 comentários

quinta-feira, maio 20, 2010

Inesperada Visita de meu Amigo Carlos Salgueiro

Natália, Lurdes e Carlos Salgueiro

Meu amigo Carlos Salgueiro e a sua mulher Lurdes surpreenderam-me esta semana aparecendo cá pelo Algarve.
Isto não seria digno de destaque, caso este não fosse um amigo meu com mais de 30 anos, e assim com uns 20 onde não nos vimos, por isso, agarrámos em virtuais espingardas e invisíveis bacamartes partindo à caça da saudade, matando-as quase todas de uma só vez, recordando episódios duma certa juventude e em especial uma vertiginosa viagem que fizemos a Guadalajara a norte de Madrid, onde passámos, senão a melhor, uma das melhores passagens de ano das nossas vidas.
Quando o Carlos soube que o Samuel era meu filho, disse-me que a sua filha Sara era uma fã incondicional dele, o que não sendo nada do outro mundo é um facto curioso, especialmente se lhe acrescentarmos o ingrediente que agora vos conto:

Era dia 17 de Julho de 1979, eu exultava de alegria por me haver nascido o meu primeiro filho homem, e para comemorar fui com o Carlos Salgueiro beber umas bejecas, quando me lembrei da hora da visita esta já tinha passado e já só mesmo o pai podia visitar o seu novo rebento, mesmo assim, disse ao Carlos para entrar comigo na Maternidade Alfredo da Costa. Quando entrámos na enfermaria lá estava ele. Agarrámo-lo no colo à vez para sentir aquela mingua de gente entretanto chegada ao nosso habitat.
Nisto chegou a enfermeira que nos disse não podermos estar ali os dois pois a visita era só para o pai. «Qual dos dois é o pai?» perguntou temeráriamente e de indicador em riste ameaçando uma qualquer forma de represália, ao que eu respondi: « O Pai. Somos os dois!» e saímos dali a correr e a rir a bandeiras despregadas, enquanto a mulher da bata branca ficara a fazer contas de multiplicar contando pelos dedos.
Este foi um dos episódios que relembrámos e que achámos curioso que passados tantos anos haver esta ligação etérea entre os nossos filhos, mas ao mesmo tempo surpreendente.
Jantámos na Taberna da Maré em Portimão, coisa que o Carlos e a Lurdes adoraram e que prometem repetir logo que possam.
Por mim fica aqui o registo duma visita que me trouxe muita alegria e, acima de tudo, o reavivar de uma memória que se não a cultivarmos, se perderá inexoravelmente no labirinto dos tempos.

Escrito por pulanito @ maio 20, 2010   1 comentários

sexta-feira, maio 14, 2010

Arqueologia em Forma de Escrita


Quando o carteiro me colocou na secretária a correspondência do dia, que normalmente não passa de contas para pagar, extractos bancários, ou ameaças de penhoras por parte da DGCI como pistolas apontadas ao futuro do contribuinte, reparo que no meio destas vem um envelope amarelo e amarelecido cujo remetente era o meu velho mestre Fernando Eugénio Dias Pinto.

A última carta escrita à mão e que guardo ciosamente veio do meu amigo Carlos Zabala por altura do meu quinquagésimo aniversário, há quatro anos atrás.
Hoje voltei a receber outro objecto arqueológico em forma de letra do homem que foi para mim a maior influência da minha vida, coisa que me deixou deveras satisfeito.

No meio de tanta correspondência impessoal, receber um documento escrito pelo punho do autor é nos dias que correm coisa tão rara que não resisto a partilhá-la com os leitores deste pouco recomendado estaminé.
As cartas escritas à mão dizem-nos muito de quem as escreveu. Pela qualidade da caligrafia vejo que mestre Pinto continua com uma escrita segura, o que quer dizer que apesar dos muitos anos que conta, ainda não foi atacado pelos tremores próprios da velhice.
Reparo ainda que não dá erros nem faz correcções, outro sinal de que a sua saúde mental está em óptima forma, coisa que me apraz de sobremaneira.
O papel timbrado foi feito em casa da especialidade, portanto anterior à utilização da máquina onde debito estes pensamentos que no meu caso são ao correr das teclas, no de mestre Pinto, ao correr da pena, o que é uma diferença substancial.

O meu eterno mestre, continua a dar-me lições, desta feita em forma de recomendação para que leia determinada obra de Umberto Eco, diz ainda que vai pintar um quadro para me oferecer (coisa que me encherá de orgulho e vaidade) e que gosta da capa do AO SUL, e se ele o diz, então, é porque é mesmo bonita.

Sou de facto um sortudo por passados tantos e tantos anos, ainda que esporadicamente, continuar a contar com a amizade e o conselho certeiro deste que foi o homem que mais influenciou a minha existência.
Espero que ele não se zangue por revelar o conteúdo da sua missiva e vou-lhe responder com o meu punho, convidando-o para almoçar aquando da minha próxima visita à capital.

Escrito por pulanito @ maio 14, 2010   0 comentários

quinta-feira, maio 13, 2010

De Regresso a Santiago de Compostela em Ano de Xacobeo.

O ano passado foi assim - os 8 gloriosos malucos à chegada à praça da catedral junto ao Km 0


Já começou a contagem decrescente para a grande viagem anual a Santiago de Compostela em bicicleta.
Esta será a terceira viagem que aí faço, e tal como nos anos transactos, vou aumentando a fasquia das dificuldades.
Já a comecei de Entradas, de Carvoeiro no Algarve e este ano pretendo começar de Cádiz, fazendo o percurso mediterrânico de barco entre Cádiz e Ferragudo, recomeçando depois um dos caminhos peninsulares que passa por Santiago do Cacém e assim num simbolismo que há muito persigo, ligar as localidades Santiaguenhas (palavra que inventei agorinha mesmo, ainda está quentinha!) portugueses a Santiago de Compostela na Galiza em ano de Xacobeo.
Algumas pessoas que têm jeito para a curiosidade me têm perguntado o que é isso do Xacobeo?
Pois bem aqui vai a resposta:
Para além de dar o nome a uma excelente equipa de ciclismo, ano Jacobeo, ou ano santo, é todo aquele em que o dia de Santiago o Maior (25 de Julho), calhe a um Domingo, como é o caso do presente ano, o que acontece com intervalos de cinco, seis, ou onze anos, isto por via dos anos bissextos que alteram substancialmente os calendários.
O Ano Jacobeo, acontece um máximo de 14 vezes em cada século, onde cada um delas se reveste dum sabor especial, sendo também estes os anos em que mais peregrinos, a pé, de bicicleta ou mesmo a cavalo, escolhem para demandar esse significativo marco que é, pisar a pedra basilar que assinala o quilómetro zero de todos os caminhos que levam a Santiago, mesmo aqueles que não estão marcados em rotas ou mapas, mas que o peregrino escolheu ou inventou como sendo o seu.

No nosso caso, escolhemos a bicicleta como meio de locomoção, o que quer dizer que se não treinarmos o suficiente até lá, iremos penar a bom penar, daí a necessidade absoluta, urgente e premente de continuados treinos, para que possamos aguentar as centenas de quilómetros que temos pela frente, o que no meu caso resulta em mais de um milhar deles, já que penso partir de Ferragudo, local onde o barco onde viajo atracará.

Este vai ser um ano em que o calor vai seguramente apertar o que vai fazer com tenhamos mais essa dificuldade acrescida.
No momento em que debito esta pequena crónica, estou um bocado agastado com tudo o que me rodeia sobretudo a nível profissional, já que o ano se afigura tanto para mim, como para os que comigo trabalham um obstáculo e pêras.
Por isso, até nem me importava de começar já amanhã a demandar terras Santiagas ( outra acabadinha de inventar!) de modo a poder usufruir dessa sensação única que é pedalar de terra em terra, onde com os meus inseparáveis companheiros de viagem possamos não só fortalecer os laços que nos unem, mas também partilhar essa pressentida liberdade que nos espera no voltar de cada curva da estrada.

Escrito por pulanito @ maio 13, 2010   2 comentários

segunda-feira, maio 10, 2010

Revista 30 Dias Completa o 1º Aniversário.


A revista bejense 30 DIAS acabou de completar um ano de existência no difícil panorama que é o mercado editorial baixo-alentejano.
Aqui o patrono deste estaminé tem por sua conta a última página desta publicação numa rubrica chamada Diário Ao Sul, que religiosamente venho cumprindo ao longo dos últimos doze meses e que de resto, de onde foram retiradas algumas crónicas que vieram a integrar a recente publicação deste escriba, que, como é do conhecimento geral se chama Ao Sul.
A revista é de formato A4, totalmente a cores e produzida em papel couché de boa gramagem. As imagens, textos e infografias de excelente qualidade, o que faz com que, passo a passo, que é como quem diz, mês após mês, a 30 DIAS se venha afirmando no paupérrimo panorama editorial a que este Alentejo assiste mas que a JCB Lda do meu amigo António José Brito teima em contrariar reinventando-se a cada edição que passa.
Ao seu proprietário, director, restantes colaboradores e fiéis leitores aqui fica a minha homenagem por ocasião deste primeiro aniversário, esperando que este se repita a cada ano que passe, sinal de que a pertinácia do A.J. Brito deu os frutos que este secretamente anseia.

Escrito por pulanito @ maio 10, 2010   1 comentários

domingo, maio 09, 2010

O Elogio da Mine - Parte II


O meu amigo Joaquim Miguel mandou-me esta foto que presumo seja uma evocação do “elogio da mine” contida neste Ao Sul.
O canito presente na foto, ganhou o lugar do “boca grande” e passeia-se lá por casa em alegre alarido, isto sou que presumo.
Como as fotos referentes à edição deste livro vão aparecendo e inspiração tem andado um bocado por baixo, vou atulhando o estaminé com estas fotos, como se este fosse o meu psiché e os retratos as figuras dos que me são queridos.
É claro que estou a cozinhar algumas novidades para aqui trazer, mas como falar adiantado dá azar, fecho-me em copas e assim um bocado à laia do Pinto da Costa, só apresento as contratações depois do acordo assinado.
Agradeço a todos os que têm feito o favor de divulgar e adquirir esta colecção de crónicas, e já agora, continuem o belíssimo trabalho até porque tenho de pagar à gráfica.

Escrito por pulanito @ maio 09, 2010   4 comentários

quarta-feira, maio 05, 2010

Ao Sul Já Anda Por Aí de Mão em Mão.

Ao sul - Foto de Alexandra Contreiras

O livro AO SUL já anda por aí de mão em mão. A partir de hoje já terei nova remessa de livros para atender aos múltiplos pedidos que me têm chegado.
Para adquirir este livro, basta ir aqui ao lado, clicar em cima do livro e efectuar a sua encomenda que lhe chegará a casa em 24 horas.
Quero agradecer a todos os que têm divulgado esta obra, fazendo com que as vendas tenham sido algo generosas em relação à minha previsão inicial.
Como sou um insatisfeito por natureza, quero espalhar de norte a sul as palavras amealhadas e agora reunidas neste redil em forma de livro.

Escrito por pulanito @ maio 05, 2010   4 comentários

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