Ceifeiras de Entradas Completam um Ano de Vida.
As ceifeiras da minha terra estão de parabéns. Completaram um ano de vida, um ano de crescimento, um ano de amadurecimento duma ideia que veio para ficar e de que o pessoal cá do burgo se deve orgulhar.
Num dia de canícula alentejana, mais propriamente a 7 de Agosto passado celebrou-se o primeiro aniversário deste novíssimo grupo de cantadeiras Entradenses. Para além de cantarem cada vez melhor, são o porta-estandarte duma cultura que se pretende viva e actuante, papel que as nossas Ceifeiras cumprem na integra, tanto no que se refere ao aspecto harmónico e vocal, como na parte etnográfica, onde o rigor histórico dos seus trajes são motivo dos melhores comentários, ou ainda, nos eventos que levam a cabo onde o dedo culinário da mulher alentejana é sobejamente apreciado; para tal basta lembrarmo-nos do relevante papel que desempenham aquando do Festival Entrudanças na nossa vila realizado a cada ano que passa, ou durante as Noites de Santiago, só para dar dois exemplos da entrega destas generosas mulheres.
Acho que já é tempo de as levarem a sério!
O seu empenho é por demais evidente, logo o apoio das entidades competentes também deverá ser condigno, até porque como embaixadoras duma cultura e duma região só têm que ser apoiadas e motivadas.
Devo aqui relevar também o papel preponderante dos seus dois ensaiadores: Paulo Madureira no inicio e ultimamente o multifacetado músico alentejano Paulo Colaço que para além de ensaiar as mais bonitas cantadeiras, promove também o ensino da viola campaniça onde o grupo Entradense "À de Cima da Burra", começa a dar os seus primeiros passos e frutos, resultando até que uma das alunas seja a primeira rapariga a aprender este instrumento que acompanha modas, cante ao despique e baldão.
Como padrinho do grupo tenho aqui que deixar uma nota de reprovação para com a Cortiçol, cooperativa esta a que o grupo está associado, que tendo sido convidada na pessoa do seu presidente, não só não compareceu, como não se fez representar numa data tão importante para este grupo de mulheres.
Certamente haverá uma explicação a dar, mas que ficaram sentidas com esta importante ausência lá isso ficaram.
Abrilhantaram este aniversário dois grupos convidados: As Vozes de Casével e as Atabuas de São Marcos da Ataboeira.
No quase silêncio da tarde de fogo que se fazia sentir, as cantadeiras da minha terra pintaram com os sons da terra a paisagem dourada da planície ondulante.
É por esta e outras sensações que tais que amo este torrão. Ás vezes gostava de estar dentro dos corpos dos outros, para saber se este estremecimento que me afecta é coisa só minha, ou não passo de mais um, com o senão de não o saber disfarçar tão bem como os demais.
A função decorreu depois no interior do Centro Cultural de Entradas – C.C.E., onde os grupos debitaram algum do seu repertório.
Para finalizar a nossa rapaziada mais nova, puxou de galões e violas campaniças que em conjunto com as vozes mais novas me fizeram sentir que afinal nada está perdido, tudo se transforma e ou muito me engano ou está para surgir aí um novo ciclo de vitalidade para as gentes de Entradas. Com a abertura do Museu da Ruralidade na Praça Zeca Afonso com o seu Observatório da Oralidade, parece-me a mim que sou leigo na matéria, um desperdício de bradar aos céus, não se aproveitar esta generosa ideia onde as mulheres da minha terra fazem com que a bota bata com a perdigota.
PS: quero agradecer ao Júlio Herdeiro da Casa das Primas, blogue entusiasta destas coisas da terra, onde poderão ler e ver reportagem mais alargada do evento de que vos falo.
3 Comments:
Maria Lucilia,
"Muito bem compadre, partilho desta emoção e quase que me apetece dizer que este dia merecia ter sido passado no CCB, em vez de o ter sido no CCE, talvez que lá a temperatura do interior fosse diferente do exterior."
Ana Curva,
"parabens a elas por levarem o nome da nossa terra onde ker ke vao.....força pela disponibilidade e pelo amor a camisola so assim se consegue vencer
um enorme abraço desta conterrania"
São grupos destes que conservam a memória de um povo.São eles que divulgam os usos e costumes de uma comunidade perpétuando assim os seus antepassados.Por isso Parabéns às Ceifeiras e ao seu Padrinho e continuação por muitos e longos anos de divulgação do Alentejo e das gentes de Entradas.
Um abraço
Jmatos
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