terça-feira, novembro 28, 2006

Entradas no País do Chocolate


Através das estatísticas do Blog, bem como de outros mecanismos de controlo de entradas, fiquei surpreendido com o número de visitas vindas do país do chocolate, mais conhecido por Suiça(9%).
Verificando bem de onde estas vinham, apercebi-me logo que a sua grande maioria seriam conterrâneos meus, que vêm aqui ao “ Pulanito” como se assomassem a uma janela Entradense, na esperança de ver um sol alentejano a nascer, de assistir à chegada do Carapeto, outrora taberneiro, agora padeiro, que trás aquele que é nosso a cada dia que passa, mais as “costas” secas e de gila, “pupías” e ás vezes “fartos”, entre outras iguarias da doçaria regional. Um pouco mais tarde podes aqui voltar e sentirás pelo toque da buzina que o peixeiro chegou. “ Há carapau e pêxe” era o pregão do Custódio Feio, (entretanto retirado das lides da guelra e escama), de qualquer maneira continuamos a ter este privilégio de nos passarem à porta vendedores e vendilhões dos produtos que eles sabem ser da nossa necessidade.
Se tiveres sorte num dia que aqui te vieres assomar, poderás dar com o amola tesouras que, montado na sua bicicleta multifunções chama a freguesia com a sua inconfundível gaita de beiços para regalo da “ pouca” criançada que por aqui existe e a quem me junto num regresso a sons, cheiros e imagens há muito arquivados no registo da memória. Antigamente, estes nómadas do remendo faziam de tudo um pouco, desde: amolar tesouras, facas e outros artefactos, também consertavam guarda chuvas, punham gatos em pratos e alguidares e alguns até pingos de solda em tachos, panelas ou cântaros. Depois de amanhadas ferramentas e utensílios, rearmavam a bicicleta, trocando a correia que fazia rodar o esmeril, pela corrente que fazia andar a bicicleta, utilizando sempre a força motriz dos mesmíssimos pedais.
Se gargalaste pelo postigo e reparaste que do céu ameaça chover, põe a seco lenha e tanganhos para te aqueceres, porque no Inverno as noites são longas e o frio ventoso assobia pelas frestas das portas e janelas.
Prepara no borralho da lareira uma clareira para assar bolotas, e hipnotiza-te com a dança do fogo enquanto brincas com o sopro do canudo, que torna rubras as brasas semidormentes.
Poderás ainda vir aqui pela tardinha, assim ao lusco-fusco, quando a iluminação pública se acende transformando este nosso pequeno mundo em sombras, luzes e cores, sinal de que a vida começa a rarear e o retempero da noite há-de sortir numa renovada dose de forças que o dia de amanhã consumirá inexoravelmente.
É hora de ouvir o brado das mães recolhendo os filhos ao remanso do lar. Pelas portas entreabertas poderás saber qual o repasto vespertino da vizinhança. No ar o cheiro temperado da carne de porco frita, mais á frente o sabor inebriante duma açorda de poejos, do outro lado da rua chega-te o aroma inconfundível das migas com entrecosto.
Depois vai-te deitar, mas pela manhã regressa aqui de novo, porque este bailado, repete-se dia após dia, ano após ano, vida após vida.
E quem é que quer morrer como uma vida como esta?

Escrito por pulanito @ novembro 28, 2006   6 comentários

sexta-feira, novembro 24, 2006

Solução da Foto Surreal

Caros leitores e amigos,
Um pouco antes da hora e conforme prometido aqui estou a revelar a solução para a foto surreal, mas antes deixem-me contar como fui surpreendido.
Estava sózinho na minha casa de Entradas, quando reparei que junto à parte inferior de um óleo da minha amiga Jelena Dorosev, haviam umas manchas de bolor. Quando resolvi tirar o quadro para investigar a extensão da mancha, viuslumbro que esta é substancialmente maior, mas só quando me afasto é que reparo que a mancha indica claramente a cara de uma mulher enquanto jovem.
É claro que passei a noite a mirar e remirar aquela sugestão heleográfica, até que o voltei a cobrir com o quadro, porque me começava a incomodar aquela imagem mesmo por trás da minha cabeça.
Na manhã seguinte chamei uma velhota que passava na rua e mostrei-lhe a mancha de bolor que fazia lembrar a tal cara, não é que a mulher me disse que lhe fazia lembrar uma rapariga que havia vivido naquela casa e com quem ela havia brincado em criança.
Como vêm não é dificil uma mancha de bolor tornar a minha casa numa casa assombrada, tanto mais que agora com esta publicação a curiosidade certamente aumentará.
Estou ansioso por lá chegar, para saber da evolução da mancha em forma de rosto juvenil. caso esta tenha evoluido no aperfeiçoamento das feições lá a publicarei no momento, caso não se assemelhe a nada do que temos vindo aqui a comentar encerramos aqui este assunto, que não deixa de ser curioso.
Parabéns aos que disseram que era uma mancha de bolor, mas cuidado, pode também ser o fantasma da tal rapariga!!

Escrito por pulanito @ novembro 24, 2006   11 comentários

quarta-feira, novembro 22, 2006

O Povo e o Pavão

Bertol Brecht dizia: “se é crime assaltar um banco, maior crime é abrir um banco”. É por isso que nutro simpatia por ladrões de bancos; afinal, é uma coisa lá entre eles, que por sinal até são gente da mesma laia.
Bem sei que é um inicio um bocado contundente, mas para quem viu o programa Prós e Contras da passada segunda-feira (20-11-06) onde a postura Pilateana dos representantes da banca que, escudando-se na lei vigente, leia-se: lavando daí as suas mãos, se excluíam do papel social e moral de que estão incumbidos.
As perguntas pertinentes de Garcia Pereira, eram sempre rodeadas com respostas pavoneantes embrulhadas em malabarismos estatísticos, o que me fez lembrar aquela anedota do funcionário que foi pedir aumento ao patrão e este como resposta aventou: Se o ano tem 52 fins-de-semana, mais 30 dias de férias, mais 12 feriados, mais outras tantas pontes, fora os dias de baixa que mete por ano. Você tecnicamente não trabalha aqui e ainda tem o descaramento de pedir aumento?
Às perguntas sobre os arredondamentos, (75.000.000 de euros por ano) lá foram respondendo que não era nenhuma ilegalidade, mas sim uma prática corrente, como se um roubo mil vezes cometido, de repente se transformasse num acto lícito.
E agora que foram descobertos, devolver as quantias durante anos surripiadas, nem pensar, até porque as contas já tinham sido auditadas (voltamos a Pilatos) e seria uma catástrofe para o país que seria desacreditado junto dos accionistas internacionais, pondo até em causa determinados fundos de pensões.
Então e isto é desculpa para não devolverem o que cobraram inadvertidamente?
Em relação aos contratos leoninos que estabelecem com os seus dependentes (qualquer traficante é mais compreensivo) remetem-nos para a legalidade da operação, mas não esclarecem onde é que foram inventar a fórmula: para pagar o ano tem 360 dias e para receber 365.
Na era da electrónica onde tudo acontece no momento, um cheque depositado demora no mínimo 48 horas a chegar à nossa conta, enquanto que desaparece da conta pagadora praticamente no mesmo instante em que é depositado. Porquê? Já ouviram falar de overnight? Suspeito que a resposta passe por aí.
Não nos esclarecem porque é que temos que fazer seguros de vida na aquisição da habitação, quando esta está hipotecada à entidade prestamista, vulgo, novo senhorio.
Não nos esclarecem porque temos de efectuar seguros de crédito, quando nos cobram juros de capital de risco.
Não respondem eles, mas respondo eu. É do conhecimento geral que as companhias de seguros são na sua generalidade propriedade da banca e assim matam-se dois coelhos duma cajadada. Contraporão que estão a actuar dentro da legalidade. Mas quem é que faz lobby para que essas leis sejam aprovadas. Será o desgraçado do pagante?
Reconheço a necessidade da banca e o peso que tem no desenvolvimento económico dos países. Sou a favor do livre empreendimento e iniciativa, mas uma actividade que se quer moderna, dinâmica e empreendedora, não tem necessariamente que ser um cilindro, que quando quer, tritura tudo e todos à sua passagem.
Para terminar aqui fica uma excelente definição de banco: um banco é uma entidade prestamista, que empresta dinheiro a quem provar que não precisa dele.
Já agora. O que foi lá fazer o Ferraz da Costa?

Escrito por pulanito @ novembro 22, 2006   5 comentários

segunda-feira, novembro 20, 2006

Locomia

Bem, para descomprimir um bocado aqui vos deixo um dos meus vídeocromos favoritos.
Na verdade, depois de ver o vídeo, quem é que não fica com vontade de pegar no leque da avozinha e recriar estes inimitáveis cromos do espectro musical alternativo.
Não me vou debruçar sobre a qualidade lírico-musical deste bizarro grupo, que como é visível tinha na sua indumentária toureira e nos seus leques gigantes a sua imagem de marca.
Nascidos para as lides toureiromusicais em 1984, tiveram o seu expoente máximo com este mega êxito Ibizeño em 1989 e, apesar de mudarem de componentes continuaram a gravar discos no México até ao ano de 2002.´
A pedido de várias familias, aqui fica esta pérola musical...divirtam-se e comentem.

Escrito por pulanito @ novembro 20, 2006   4 comentários

domingo, novembro 19, 2006

2000 Visitas


Ao dobrar o marco histórico das 2000 visitas, fico com a sensação de que valeu a pena investir algum do meu tempo na colocação de textos, fotos e outras curiosidades aqui no " Pulanito".
Este é um tempo de celebração e agradecimento a todos os que visitam este espaço deixando ou não a sua marca, coisa que prefiro sempre a uma passagem anónima sempre respeitável de qualquer modo.
Nos próximos tempos irei trazer novos textos onde exporei o meu pensamento ao vosso veredicto. Afinal, se os pretendo dar a conhecer também gosto que sejam comentados para o bem e para o mal, até porque o crescimento do individuo também se faz pela critica.

Ainda só tenho 2 corajosos comentários à "foto surreal" que aqui mesmo por baixo publico. Gostaria que fossem mais, até porque, também fico curioso de saber se os vossos olhos vêm o mesmo que os meus....e mais não digo.
Vá lá, não tenham medo de errar, ninguém vos vai cobrar por isso...

Escrito por pulanito @ novembro 19, 2006   3 comentários

sexta-feira, novembro 17, 2006

Foto Surreal


Bem hoje é dia de postar, vai daí, aqui vos quero deixar um novo desafio.
Para quem gostar do esotérico aqui vos deixo um enigma onde gostaria de contar com a vossa colaboração.
Não posso adiantar muito acerca do que estão a ver de modo a não estragar a surpresa. No entanto, gostaria de saber a vossa opinião sobre esta imagem. Onde poderá ser? O que poderá ser? o que ela transmite?
A foto é minha, fiquei assim para o apreensivo quando a olhei com olhos de ver e mais não digo.
Vá, toca a adivinhar... a solução será dada aqui na próxima sexta-feira por esta hora 16.30 horas

Escrito por pulanito @ novembro 17, 2006   7 comentários

Sam The kid - Poetas de karaoke - Finalmente o Video

Desde o inicio desta semana que começou a passar na MTV este estupendo clip do Sam The Kid- Poetas de Karaoke. Para que possam acompanhar a obra deste filho de Entradense, vejam, revejam e recomendem.
O disco chama-se Pratica(mente) e estará nas lojas a 4 de Dezembro. Excelente prenda de Natal para oferecer aos putos.
O Samuel fez questão que eu entrasse no disco e, assim sendo, duas das faixas deste Pratica(mente) são de minha autoria: o poema pratica(mente) que dá o nome ao albúm, e um outro poema que escrevi há uns bons 28 anos na extinta Cervejaria Munique ao Areeiro em Lisboa (mais ou menos pela mesma altura em que o Zé Pedro e o Tim aí se sentaram para escolher o nome do grupo que iriam formar: Xutos e Pontapés. Se calhar até na mesa ao lado, ao tempo ainda não nos conheciamos).
Nunca imaginei que este poema alguma vez fosse ver a luz do dia, mas o Samuel ao ouvi-lo não hesitou e disse-me que o teria de gravar. E assim, lá mais para a frente encontrarão a faixa Slides - Retrato da Cidade Branca que é da autoria deste vosso humilde servo.
Depois do disco sair publico aqui esse poema para os meus leitores poderem ler e comentar.
Outra curiosidade: as ilustrações destas duas faixas no booklet do disco são de minha autoria. Espero que gostem.

Escrito por pulanito @ novembro 17, 2006   17 comentários

segunda-feira, novembro 13, 2006

Matança do Porco- tradição secular

Com a chegada dos grandes frios, chega também a época da matança do porco por esse Alentejo fora.
Ainda a manhã vai gelada, quando o matador desfolha sobre a mesa o seu naipe de facas, cutelos, fuzis e machados que irá utilizar na operação de matança e desmancha do animal.
De entre os convivas escolhem-se aqueles que irão apanhar o bicho que de véspera foi separado, tendo este jejuado até à manhã fatídica. Quatro deles irão segurá-lo em cada uma das patas e um outro as orelhas, comandados pelo matador que entretanto afasta quem tenha pena do suíno, não vá o sangue coalhar!
O carrasco desfere então o golpe fatal que se quer rápido e certeiro, enquanto o sangue jorra para o alguidar, o bicho oscila em espasmos violentos na sua luta derradeira.
Durante a queima, limpeza e raspagem, vão-se aceitando apostas relativas ao hipotético peso do animal, cujo acertante, se orgulha do olho que tem para estas coisas.
Já são horas de matar o outro bicho, que por estas bandas se afoga com copinhos de vinho licoroso e bolinhos secos servidos invariavelmente pela dona da casa.
A operação de abertura do porco é sempre um momento de alguma precisão, não vá a afiadíssima faca perfurar alguma tripa e deitar muito do trabalho a perder.
“ Se queres ver o teu corpo, abre um porco” diz um dos convivas, referindo-se ao provérbio que dá conta das semelhanças viscerais entre um e outro animal.
Enquanto o matador vai dando explicações técnicas à medida que o seu trabalho se desenrola, alguém com ar de entendido refere que no porco tudo se aproveita, para logo outro responder “ eu no porco gosto de tudo, até da maneira como ele anda “ o que resulta em gargalhada geral.
É chegada a altura de retirar as tripas, operação esta, que requer alguma atenção de modo a que nenhuma se rebente. Depois de depositadas em grandes alguidares, serão posteriormente lavadas pelas mulheres da casa, de preferência numa ribeira ou barranco que leve corrente, para que depois sejam cheias com a carne do alguidar que resultará nos mais diversos tipos de enchidos que se hão-de curar suspensos em varapaus no fumeiro da enorme chaminé tradicional.
As “alandias” são as partes da cabeça do bicho preferidas do matador, que não se cansa de elogiar as suas faculdades gustativas, que depois de golpeadas e salgadas, são mandadas de imediato assar no lume entretanto preparado.
Aproxima-se a hora do almoço. Com ela vem também a confraternização, razão senão principal, pelo menos importante, pela qual foi sacrificado o cevado.
Este é um ritual que se repete ano após ano por esses montes e aldeias fora, que apesar das ligeiras introduções técnicas, se tem mantido inalterável ao implacável relógio do tempo.
Tenho lido que por razões sanitárias e a mando da União Europeia esta actividade que apesar de ilegal é de algum modo consentida, vai a breve trecho passar a ser verdadeiramente clandestina e fortemente punida por quem a praticar, o que quer dizer, que logo que estes senhores o entendam, darão uma forte machadada na nossa identidade e na maneira estar no mundo de que tanto nos orgulhamos, condenando-nos assim, a uma normalização que me recuso a entender e a perfilhar.

Escrito por pulanito @ novembro 13, 2006   7 comentários

quarta-feira, novembro 08, 2006

Taberna do Zé da Conceição - Geraldos - Castro Verde

Aqui há dias encontrei em Castro Verde o amigo Zé da Conceição, proprietário da taberna com o mesmo nome no Monte dos Geraldos, pequeno povoado que fica perto da sede de concelho.
Deu-me a triste noticia que a sua taberna tinha fechado em definitivo, até porque não conseguia rentabilizar o negócio de modo a pagar impostos, segurança social para ele e para a sua mulher, contabilista, mais os consumíveis e outras alcavalas.
Na voz deste amigo notava-se alguma consternação pelo encerramento deste espaço onde, de cada vez que lá entrei e o proprietário estava presente, havia sempre cante, desde que houvessem mais dois ou três convivas(até porque alentejano que se preze não canta sozinho).
Depois desta triste novidade, lá me confidenciou que fechou a taberna mas não calou a voz, e que o cante e o petisco agora continuavam em sua casa, onde Dona Josélia gosta de receber todos os amigos. Os que ainda o não são, facilmente passam a ser.
Na prática, o que se passou foi que o amigo Zé passou à clandestinidade no que à actividade de taberneiro diz respeito. Até porque ainda é legal reunirmo-nos de modo a festejarmos a vida, comendo, bebendo e cantando como na taberna do ti Zé se fez até há bem pouco tempo. Agora nos dias de calor faz-se no quintal, sendo que nos dias em que o frio ou chuva apertam, os convivas mudam-se para o interior desta casa onde quem vem por bem é sempre recebido de braços abertos.
Aqui vos deixo um pequeno vídeo demonstrativo do ambiente deste espaço único que, morrendo, continua a renascer sempre que as gargantas assim o ditarem.

Escrito por pulanito @ novembro 08, 2006   8 comentários

segunda-feira, novembro 06, 2006

Entradas - o video das cheias


Aqui está um pequeno video demonstrativo da força das águas, que no dia 5 de Novembro de 2006 impressionou a quem assistiu a este espectáculo da natureza em acção.

Escrito por pulanito @ novembro 06, 2006   2 comentários

domingo, novembro 05, 2006

Entradas - A Revolta dos Deuses

No momento em que escrevo, parece que os deuses estão seriamente zangados com os Entradenses. Do céu jorram picaretas em catadupa, a água derramada é tanta que os barrancos há muito que transbordaram. A ribeira galgou o seu leito de sempre e agora serpenteia vertiginosamente pelos campos em busca de novas camas onde se deleitar.


A chuva já caía incessantemente há horas

O barranco ameaçava saltar o pontãoÀs 9.30 era este o cenário ameaçador que se avizinhava

O lavadouro já começava a submergir pelas 9.30 horas

O porto de Albergaria apresentava este aspecto às 10.00 horas

Esta é sempre uma altura de preocupação, até porque as casas parecendo que estão termicamente isoladas, não o estão para tantos esgarrões seguidos.
Na parte baixa de Entradas algumas habitações são contempladas com a visita inoportuna da água barrenta que entra sem pedir licença, causando naquela gente trabalhos e preocupação redobrados.
Faz precisamente hoje nove anos que a revolta dos deuses se fez sentir. Nessa altura veio pela calada da noite apanhando toda a gente desprevenida, até porque, a tempestade fez com que a corrente eléctrica fosse cortada.
Nesse fatídico 5 de Novembro de 1997, famílias foram desalojadas, casas e muros ruíram dando ideia de um cenário dantesco de fim do mundo.
Aqui perto, na aldeia do Carregueiro morreram várias pessoas e a povoação foi parcialmente destruída. Aqui em Entradas foram feitas ou corrigidas várias obras que permitiram que nesta efeméride, e apesar da muita chuva (provavelmente mais que em 1997) a coisa não passasse de um espectáculo que sendo preocupante é sempre delicioso de ver a mãe natureza em acção.
10.00 horas Entradas
Bem, quando escrevi o texto acima pensava que o pior havia passado, mas, na verdade, o pior ainda estava para vir.
Eis senão, quando de um céu que parecia querer cair-nos em cima, veio um tal dilúvio que inundou casas e campos num abrir e fechar de olhos.
O barranco que corre no meio da vila transbordou e a água galgou ruas e casas. De repente veio-nos á cabeça a repetição da história que, por ironia, se fazia anunciar no mesmo dia do ano.
A casa de meus pais rapidamente se inundou, assim como as dos vizinhos, mas o verdadeiro cenário dantesco corria nas agora furiosas veias da ribeira de Terges.
Quando comecei a escrever o texto disse que esta galgou as margens qual criança irrequieta, o que agora presencio, é uma torrente demoníaca que jamais havia testemunhado.

De repente...o mar, e ainda ficaria pior. As manilhas que se vêm ficaram cobertas, não sei se não terão ido água abaixo.

O lavadouro duas horas depois da primeira foto...e a coisa ainda piorou

As barreiras metálicas da ponte recentemente construída foram arrancadas ao seu travamento como se de um brinquedo se tratasse. A água penetrou nas casas ribeirinhas sem se fazer anunciar deixando pessoas sem lugar nem haveres. Muros e árvores foram levados por esta fúria incontrolável perante a impotência dos presentes.
Nos rostos dos Entradenses notava-se uma invulgar preocupação, a água teimava em cair dos céus em torbilhões e nas vozes e semblantes de alguns adivinhava-se um qualquer final dos tempos.
Felizmente a coisa amainou. As entidades municipais trataram de solucionar os problemas dos desalojados, enquanto os outros se entregaram à tarefa de limpar e avaliar os prejuízos causados por esta zanga de deuses.
18.00 Algarve

PS: Amanhã vou colocar um pequeno video demonstrativo da força das àguas

Escrito por pulanito @ novembro 05, 2006   2 comentários

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