O Povo e o Pavão
Bertol Brecht dizia: “se é crime assaltar um banco, maior crime é abrir um banco”. É por isso que nutro simpatia por ladrões de bancos; afinal, é uma coisa lá entre eles, que por sinal até são gente da mesma laia.
Bem sei que é um inicio um bocado contundente, mas para quem viu o programa Prós e Contras da passada segunda-feira (20-11-06) onde a postura Pilateana dos representantes da banca que, escudando-se na lei vigente, leia-se: lavando daí as suas mãos, se excluíam do papel social e moral de que estão incumbidos.
As perguntas pertinentes de Garcia Pereira, eram sempre rodeadas com respostas pavoneantes embrulhadas em malabarismos estatísticos, o que me fez lembrar aquela anedota do funcionário que foi pedir aumento ao patrão e este como resposta aventou: Se o ano tem 52 fins-de-semana, mais 30 dias de férias, mais 12 feriados, mais outras tantas pontes, fora os dias de baixa que mete por ano. Você tecnicamente não trabalha aqui e ainda tem o descaramento de pedir aumento?
Às perguntas sobre os arredondamentos, (75.000.000 de euros por ano) lá foram respondendo que não era nenhuma ilegalidade, mas sim uma prática corrente, como se um roubo mil vezes cometido, de repente se transformasse num acto lícito.
E agora que foram descobertos, devolver as quantias durante anos surripiadas, nem pensar, até porque as contas já tinham sido auditadas (voltamos a Pilatos) e seria uma catástrofe para o país que seria desacreditado junto dos accionistas internacionais, pondo até em causa determinados fundos de pensões.
Então e isto é desculpa para não devolverem o que cobraram inadvertidamente?
Em relação aos contratos leoninos que estabelecem com os seus dependentes (qualquer traficante é mais compreensivo) remetem-nos para a legalidade da operação, mas não esclarecem onde é que foram inventar a fórmula: para pagar o ano tem 360 dias e para receber 365.
Na era da electrónica onde tudo acontece no momento, um cheque depositado demora no mínimo 48 horas a chegar à nossa conta, enquanto que desaparece da conta pagadora praticamente no mesmo instante em que é depositado. Porquê? Já ouviram falar de overnight? Suspeito que a resposta passe por aí.
Não nos esclarecem porque é que temos que fazer seguros de vida na aquisição da habitação, quando esta está hipotecada à entidade prestamista, vulgo, novo senhorio.
Não nos esclarecem porque temos de efectuar seguros de crédito, quando nos cobram juros de capital de risco.
Não respondem eles, mas respondo eu. É do conhecimento geral que as companhias de seguros são na sua generalidade propriedade da banca e assim matam-se dois coelhos duma cajadada. Contraporão que estão a actuar dentro da legalidade. Mas quem é que faz lobby para que essas leis sejam aprovadas. Será o desgraçado do pagante?
Reconheço a necessidade da banca e o peso que tem no desenvolvimento económico dos países. Sou a favor do livre empreendimento e iniciativa, mas uma actividade que se quer moderna, dinâmica e empreendedora, não tem necessariamente que ser um cilindro, que quando quer, tritura tudo e todos à sua passagem.
Para terminar aqui fica uma excelente definição de banco: um banco é uma entidade prestamista, que empresta dinheiro a quem provar que não precisa dele.
Já agora. O que foi lá fazer o Ferraz da Costa?
5 Comments:
Subscrevo.
também vi este prós e contras. Concordo em absoluto.
O Ferraz da Costa esteve lá a fazer de emplastro.
Pulanito defenitivamente o nosso Portugal está quase sem graça. Não fora termos por cá um Alentejo e seus alentejanos?! Mando-lhe aqui uma história gira que no fundo resume o espirito da coisa e não vale a pena tantos debates.
"Uma pesquisadora do IFADAP bate a uma porta num montezinho perdido no
interior do Alentejo e pergunta ao agricultor...
- Esta terra dá trigo?
- Nã senhora - responde o alentejano.
- Dá batata?
- Também nã!
- Dá feijão?
- Nunca deu um único que seja!
- E arroz?
- De manera nenhuma!
- Milho?
- Tá a mangar comigo? Já disse que nã dá nada!
- Quer dizer que por aqui não adianta plantar nada?
- Aaah!! Bém, se plantar já é diferente...?!". Um abraço.
Parabéns pelo post, está espectacular. De facto é incrível o que os bancos nos fazem.
Acho particularmente piada a um imposto (dos muitos impostos) que a maioria dos bancos cobra, de 3 em 3 meses, a quem tiver menos de 200 contos no banco. Dizem que é para "despesas de manutenção de conta". Impressionante. Supostamente, as contas com mais de 200 contos deverão dar mais trabalho a manter, ou não? E manter o quê?!
Foi também impressionante ouvir as pseudo-desculpas que usaram no debate para responder às questões legítimas de quem não concorda com as leis absurdas dos bancos.
Já agora, o Ferraz da Costa esteve lá????
Realmente não me interessa nada o que não foi fazer Ferraz da Costa, de certo que não variava muito dos outros 2. Missão verdadeiramente impossível para G.P, 3 contra 1. Seguindo o pensamento de Brecht:
...com passo firme, passeia-se e exibe-se o poder e a injustiça dos poderosos, os opressores continuam dispostos a dominar outro tanto tempo, a violência está garantida, não se ouvem outras vozes que não as dos dominadores, no mercado assenta a exploração, e segundo ele, " Ahora est cuando empiezo", e entre os oprimidos muitos dizem, agora e nunca alcançaremos o que queremos, liberdade, igualdade e justiça social.
Cabe-nos a nós combater, mas parece-me que Brecht tinha razão quando diz: ...levarm, o pdre, o sindalista, o comunista, o activista,etc e não me importei porque não era nenhuma dessas cisas, levaram-me a mim e já era tarde.
Cumprimentos de Entradas
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