Taberna do Zé da Conceição - Geraldos - Castro Verde
Aqui há dias encontrei em Castro Verde o amigo Zé da Conceição, proprietário da taberna com o mesmo nome no Monte dos Geraldos, pequeno povoado que fica perto da sede de concelho.
Deu-me a triste noticia que a sua taberna tinha fechado em definitivo, até porque não conseguia rentabilizar o negócio de modo a pagar impostos, segurança social para ele e para a sua mulher, contabilista, mais os consumíveis e outras alcavalas.
Na voz deste amigo notava-se alguma consternação pelo encerramento deste espaço onde, de cada vez que lá entrei e o proprietário estava presente, havia sempre cante, desde que houvessem mais dois ou três convivas(até porque alentejano que se preze não canta sozinho).
Depois desta triste novidade, lá me confidenciou que fechou a taberna mas não calou a voz, e que o cante e o petisco agora continuavam em sua casa, onde Dona Josélia gosta de receber todos os amigos. Os que ainda o não são, facilmente passam a ser.
Na prática, o que se passou foi que o amigo Zé passou à clandestinidade no que à actividade de taberneiro diz respeito. Até porque ainda é legal reunirmo-nos de modo a festejarmos a vida, comendo, bebendo e cantando como na taberna do ti Zé se fez até há bem pouco tempo. Agora nos dias de calor faz-se no quintal, sendo que nos dias em que o frio ou chuva apertam, os convivas mudam-se para o interior desta casa onde quem vem por bem é sempre recebido de braços abertos.
Aqui vos deixo um pequeno vídeo demonstrativo do ambiente deste espaço único que, morrendo, continua a renascer sempre que as gargantas assim o ditarem.
8 Comments:
Dói pensar no que será dessa e doutras tradições daqui a uma geração...
lindo!!!
e assim me puseste a cantar o rouxinol, em plena redacção, e durante a hora do almoço.
palpita-me que não foi lá muito bom para a minha reputação, mas soube muito bem!!!
gostei muito.
Filomena
Estou encantada. Fui convidada a visitar o seu blog, há dias quando falava com a sua Susana (minha amiga e colega, assim como a Isabel), ela depois conta-lhe, mas não sabia desse seu fervor alentejano. Sou daquelas que quanto mais conheço o Alentejo mais gosto de lá voltar e faço sempre a apologia de tudo o que é tipico, herânça de tradições de um país e um povo com orgulho dos seus avós. No seu blog quase se sente o cheiro do petisco e as notas do cante. Já passei pelo Alentejo, visitei vilas e cidades em diferentes épocas do ano e é sempre lindissimo. Se não se importa virei cuscar (tenho para mim que curiosidade é virtude e não defeito ) mais vezes e se me autorizar farei os meus comentários ou tirarei alguma dúvida. E já agora atrevo-me a pedir-lhe se na próxima vêz que trousser torresmos à Isabel se tráz também um bocadinho para mim, adoro e não encontro cá em cima iguais aos que se fazem no Alentejo. Um abraço e obrigada.
Olá teresa,
Faça o favor de entrar, está em sua casa.
Quanto ao meu fervor alentejano, é natural, pois sou de lá, e cada vez estou mais convencido que esta coisa de ser Alentejano é quase uma dádiva, dou graças aos meus deuses ( as andorinhas, e não me pergunte porquê) ter ali nascido e agora ter a possibilidade de voltar sempre que posso, me dá na gana ou quando o sindrome de abstinência assim mo obriga.
Quanto aos torresmos fica combinado. Hoje já levo encomendas de vinho e queijo...qualquer dia abro um negócio tipo...O Alentejo à sua Porta.
lá para segunda feira já cá teri mais material.
É pena que se deixem acabar estas tradições....
E pior ainda é não haver quem tenha condições....
Para manter esta e outras tradições....
Mas a ideia deste casal é fantástica, continuar a receber os amigos em casa e no quintal para que a tradição continue. Parabéns pela ideia á familia do Zé da Conceição
Ó meu, essa do negócio tipo Alentejo à sua porta,talvez dê.
Conta comigo e com o Raul...(para comer,é claro...)
Falta o nome.
Do género "O CHOURIÇO DO NAP"
hahaha
Gostei do blog, está porreiro...
www.tabernadoze.blogspot.com
Obrigada por estas relíquias!!
Do melhor que há no nosso Alentejo...
Cumprimentos,
Susana Paulino
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