quinta-feira, julho 31, 2008

De volta

Um anafado participante no desfile de grupos corais

Tenho andado um bocado afastado das andanças bloguistas. Bem sei que muitos dos que fazem desta a sua receita diária, poderão sentir a falta de novidades nas prateleiras virtuais do estaminé do Pulanito.
Pois é! Estive de festa lá pelas bandas da minha pátria alentejana, e isto de beber minis, comer frango assado, voltar a beber minis, comer leitão, voltar a beber minis e depois voltar de novo a beber minis é completamente incompatível com escrevinhar seja o que for.
Estive uma semana inteirinha em Entradas, quase que me desabituei do resto do mundo.
Quarta-feira à tarde (dia 23/07) já eu não sabia como havia de estar de maneira a pisgar-me para Entradas. Na verdade parecia um inquieto moço pequeno em vésperas de viagem de férias grandes.
Como ia por um período mais alargado que os habituais fins-de-semana, o meu contentamento era redobrado, ainda por cima as Festas de Santiago prometiam ser de arromba.
Quinta-feira dia 24 de Julho, andei numa roda viva ultimando os preparativos para a corrida de touros que teria lugar no dia seguinte e que tanto eu como os meus camaradas da organização, António José Brito e Fernando Cotovio, queríamos que corresse às mil maravilhas, o que veio a acontecer.
Em dia de sexta-feira Entradas é invadida por milhares de forasteiros que vêm assistir a esta corrida de touros com calendário marcado para a última sexta-feira do mês de Julho pelas 22.00 horas.
A coisa correu bem, excepto para um forcado do Grupo da Cuba que teve a infelicidade de partir uma perna, mas segundo sei já foi operado e está em franca recuperação.
Correram-se os touros e as minis continuavam a correr também a um ritmo assinalável.
A festa continuou Sábado a dentro com as mais diversas actividades que iniciaram pela manhã com o paintball a que não assisti, depois havia torneio de sueca, uma modalidade que põe à prova a destreza mental dos melhores jogadores da região.
Pela tardinha, voltámos ao frango e ás minis assim como se o mundo estivesse para acabar.
Miguel e André, essa dupla romântica, fez a delícia de muita moça alentejana com as suas baladas que até zunem nalguns corações mais ou menos disponíveis para amar.
Constava do programa que no Domingo, este vosso amigo se disponibilizava para uma conversa que tinha por tema: De Santiago de Entradas a Santiago de Compostela – uma viagem em bicicleta.
Conversa sobre a viagem a Santiago de Compostela
Apareceram os que sabem que apareceram e durante uma hora e picos pude partilhar com a audiência a experiência única que é pedalar 880 Km até chegar ao quilómetro zero da praça Obradoiro em Santiago de Compostela.
Os restantes dias em que tenho estado desaparecido “ em combate” tenho-os empregue em reflectir sobre a vida, que tendo-me sido até agora prazenteira quero-lhe dar uma volta logo que a coragem mo permita.

Etiquetas: cante alentejano, entradas, festas de santiago, Santiago de Compostela, santiago de entradas

Escrito por pulanito @ julho 31, 2008   8 comentários

Zé do Pedal - Um Brasileiro Cidadão do Mundo em Pleno Alentejo

Zé do Pedal na companhia de três indomáveis da Graça do Divor.


Como não tenho escrito nada e disso se recentem os que aqui vêm a diário, socorro-me hoje deste texto de autoria do Joaquim Miguel Bilro, meu camarada pedalante que me deu conta da existência deste peculiar viajante.



O Brasileiro Zé do Pedal no Alentejo.
Mundialmente conhecido pelos seus feitos cicloturisticos em torno da
nobre causa da luta contra a cegueira congénita - glaucoma congénito,
o brasileiro Zé do Pedal atravessa hoje o Alentejo.Iniciou esta nova
fase da luta em Paris em Maio de este ano e prevê terminar na
capital da África do Sul em 2010.
Encontrámo-lo entre Montemor e Arraiolos, com ele confraternizamos um pouco e com ele bebemos um pouco da sua exemplar existência.
Este homem já deu a volta ao Mundo em bicicleta. Prepara-se depois
desta odisseia na Europa e África em 2011 fazer a travessia do Brasil
empurrando um deficiente motor em cadeira de rodas.
Sorte nossa termos conhecido pessoalmente este Homem de todo O Mundo.

Escrito por pulanito @ julho 31, 2008   2 comentários

terça-feira, julho 22, 2008

Dino - Aposto neste rapaz

O Dino é daquelas pessoas com quem é impossível não simpatizar. Rapaz humilde, trabalhador, educado, mas sobretudo transporta com ele uma luz que só os predestinados possuem.
A primeira vez que o vi foi na Operação Triunfo em 2003 (se é que estou certo) achei que aquele rapaz tinha um não sei quê de Zé Maria da música, ou seja; uma certa química que nos faz simpatizar com os que pensamos ser os mais desprotegidos, e à distância fui-lhe seguindo os passos.
Quis o destino que ele se tornasse amigo dos meus filhos e vai daí a conhecermo-nos foi um passo.
O Dino participou na música que ilustra o poema Tabacaria que fiz com o Samuel para o disco em homenagem ao grande poeta Fernando Pessoa e que tem edição marcada lá para Setembro.
Encontrámo-nos em Castro Verde, mostrei-lhe o trabalho final, que este ainda não tinha ouvido. Ficou encantado e logo ali me convidou para entrar no seu disco (mesmo, mesmo aí a rebentar).
A música onde entro chama-se “Filho do Gueto” e passou por escrever um pequeno poema introdutório do tema que já está gravado para depois colar ao tema em questão.
Aqui fica essa minha simbólica homenagem aos que nascem, vivem e morrem nesses subúrbios (onde também vivi) muitas vezes indignos da condição humana.
Depois do disco sair (ou logo que tenha autorização) poderão ouvir aqui o tema que agora vos dou a conhecer.


Filho do Gueto


Nasci aqui à beira sul, à beira nada
Do alto desta colina sonho a cidade
Sou filho duma luta abandonada
Perdida num limbo entre a mentira e a verdade

Nasci aqui à beira mar, à beira míngua
Do lado errado do medo
Solta-se o beijo, solta-se a língua
Sussurras-me ao ouvido, guardo segredo

Pelas veias cruzadas deste subúrbio
Derramo vida e sanguíneas memórias
Cirando por aí de distúrbio em distúrbio
Em busca de grotescas e efémeras glórias

Não tenho passado, presente nem futuro
Perco-me, mergulho na multidão
Aplicam-me sevícias que não auguro
Resgatas-me, escapamos de mão na mão.
Viriato Ventura 07/08



Para visitar o site do Dino e escutar algumas das suas músicas siga o link abaixo.

http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=173348877

Etiquetas: curtir o som, dino, dino soul, eu e os meus, fernando pessoa, filho do gueto, sam the kid, tabacaria

Escrito por pulanito @ julho 22, 2008   3 comentários

sexta-feira, julho 18, 2008

Entradas volta a estar em festa com as " Noites de Santiago"

A vila de Entradas vai estar em festa no próximo fim-de-semana, de 25 a 27, com mais uma edição das “Noites em Santiago”, iniciativa da Câmara de Castro Verde com a colaboração da Junta de Freguesia e de outras instituições locais.A Avenida de Nossa Senhora da Esperança volta a ser o palco por excelência da festa, que arranca na sexta-feira, 25, às 18h30, com abertura da exposição “Museu da Ruralidade” na Casa de Pedra e uma arruada com a banda filarmónica da Sociedade 1º de Janeiro, de Castro Verde. Segue-se a inauguração do novo pólo de Entradas da Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca e mais à noite, pelas 22h00, a IX Corrida de Toiros da Rádio Castrense, com os cavaleiros Joaquim Bastinhas, Tito Semedo e Rui Fernandes.No sábado, 26, o destaque do programa vai para o concerto da dupla Miguel & André (23h30). Antes, terão lugares torneios de paintball e sueca, uma garraiada e baile com a acordeonista Rita Melo.As “Noites em Santiago” terminam no domingo, 27, num dia marcado pela conversa “De Santiago de Entradas a Santiago de Compostela – Uma Viagem de Bicicleta” com Napoleão Mira (16h00), seguida de missa e procissão (17h30 e 18h15, respectivamente), um encontro de cante (19h00), baile com a banda Vibrações (21h00) e o espectáculo de fados com os Al Mouraria (22h30).Durante os três dias, o recinto da festa terá patente vários expositores, além de tasquinhas e um restaurante.
Fonte. Correio Alentejo 18/07/08

Escrito por pulanito @ julho 18, 2008   7 comentários

quinta-feira, julho 17, 2008

Pulanito dia 27/07 na Biblioteca de Entradas.

Finalmente o emblemático edifício da Misericórdia está pronto para entrar num novo ciclo ao serviço da população de Entradas.
Este secular edifício que já foi hospital de seu nome da Misericórdia e mais tarde rebaptizado de Miguel Bombarda, serviu a população Entradense até meados dos anos 50 do passado século.
Foi posteriormente cantina escolar e depois da revolução foi ainda cooperativa de abastecimento e consumo.
Depois veio a degradação que durante muitos e muitos anos envergonhou grande parte dos Entradenses, entre os quais me incluo.



Edificio da Misericórdia em profunda degradação.


Em boa hora a edilidade Castrense e a Misericórdia proprietária do edifício entraram em rota de solução e depois de obras de monta e de fundo aí está ele de novo, resplandecente, com um arranjo exterior de muito bom gosto que dá a este recanto de Entradas um encanto especial.
Aqui nascerá o pólo da Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca, onde a população interessada poderá encontrar livros, cd’s, dvd’s e também postos de acesso gratuito à Internet.
Penso que este equipamento é de relevante importância para Entradas, que até agora só tinha a passagem da velhinha biblioteca itinerante uma vez por semana.
A inauguração deste edifício terá lugar no dia 25 de Julho e será integrada no programa das Festas de Santiago.


O mesmo edificio depois de recuperado e preparado para um novo ciclo.

Penso que este equipamento poderá servir (e bem) a comunidade se tivermos em atenção as necessidades da mesma no que se refere ao material didáctico ou de entretenimento postos à disposição e ainda um horário de funcionamento que seja compatível com as carências dos utilizadores nomeadamente os estudantes.

A entidade organizadora das Festas de Santiago e no âmbito da viagem que efectuei a Santiago de Compostela, convidou-me para uma conversa informal com quem quiser aparecer, e à qual acedi com redobrado agrado.
Vai ser um privilégio compartilhar com os meus conterrâneos as peripécias duma viagem que me marcou significativamente.
Esta conversa terá lugar na nova biblioteca no Domingo dia 27 de Julho a partir das 16.00 horas.

Escrito por pulanito @ julho 17, 2008   4 comentários

domingo, julho 13, 2008

Retrosaria Elegante

Castelo de Borba

Tenho com alguns amigos do peito, rituais anuais que se transformaram por via da múltipla repetição em “clássicos” das nossas vidas.
Um desses “clássicos” é a ida a Vila Viçosa à Gráfica Calipolense mandar imprimir cartazes de parede e de montra, folhetos de mão, bilhetes e convites que compõem a parte gráfica de uma organização tauromáquica como aquela que levamos a cabo em Entradas nos últimos nove anos.
A ida à gráfica é o menos, pois o que nos dá verdadeiramente gozo é a visita às tascas da região onde bebemos “rabanhos” de minis até terminarmos a jantar num dos meus templos gastronómicos preferidos e que dá pelo nome de Adega do Isaías em Estremoz, onde para além do homem que deu o nome a esta fabulosa adega, pontua o amigo Roque, um exemplo de profissionalismo e tolerância que me habituei a admirar ao longo dos anos; tudo isto claro, sem nunca deixarmos de passar pelo Restaurante O Julião, também em Estremoz, onde o Silvino Sardo, meu amigo de há mais de três décadas nos recebe sempre com alegria e uma anedota brejeira na ponta da língua de onde destaco o repertório acerca de um famoso personagem de seu nome Zé d’Alter que um dia aqui trarei mais esmiuçadamente.
Mas hoje não vos venho falar de nenhum destes locais ou amigos, venho sim, apresentar-vos uma loja saída de um qualquer cenário dos anos trinta do século passado e a que ternamente chamei “Retrosaria Elegante” que descobri em Borba e que é um daqueles locais “que não existem”.
O tempo por ali há muito que congelou, quer: pessoas, décor e artigos, por isso decidi-me hoje de convosco partilhar a história de Joaquim Manuel Grego um dos primeiros e concerteza o último dos retroseiros tradicionais de Borba.
Joaquim Manuel Grego ao balcão da Retrosaria Elegante

Já ali havia estado em 2007 e com este simpático comerciante havia entabulado interessante conversa, desta vez ia decidido a saber mais, caso a casa ainda se mantivesse aberta, o que se veio a verificar, e mesmo tendo o senhor Grego sofrido recentemente um AVC, este resistente tem na verdade o espírito do último dos moicanos.
Joaquim Manuel Grego, conta com 82 anos, 69 dos quais passados atrás daquele mesmíssimo balcão onde agora o confronto com a dolorosa questão do tempo que lhe resta, que de resto, este encara com a naturalidade dos ciclos que inexoravelmente hão-de um dia terminar.
Começou aqui aos 13 anos na loja de seu tio em 1939. A Retrosaria Elegante era uma casa moderna e que servia tanto as melhores clientelas de Borba e arredores, como também atendia e por vezes acudia aos mais pobres e desfavorecidos, e assim neste ambiente solidário e democrático foi este estabelecimento construindo o seu trajecto e granjeando a fama que o trouxe até aos dias de hoje.
Joaquim Manuel tornou-se sócio da Retrosaria nos idos anos de 1954 e após o falecimento de seu tio há mais de 30 anos que dirige sozinho os destino deste peculiar estaminé.
Mas falemos um pouco do espaço físico que irão aqui encontrar caso pretendam visitar o senhor Grego, coisa que este seguramente agradece.
A retrosaria está situada na parte velha de Borba, junto ao largo principal numa das ruelas que a esse largo vão desembocar.
Quando se entra no antiquíssimo estabelecimento sente-se o choque que só as coisas imutáveis nos proporcionam.
A montra amarelecida há muito que apresenta o mesmo rol de provectas novidades de uma indeterminada estação do ano.
Ao fundo e fora do balcão um razoável cabide corrimão comporta um sem número de casacos, sobretudos e gabardinas empoeirados assim à laia dos vinhos valiosos em estabelecimento da especialidade, se é que consigo por palavras traduzir o poeredo que por ali vai. Para os meus leitores mais familiarizados, é assim uma espécie de Marianita da Estação, mas em versão retroseira (ver post Setembro 2007).
Nas costas do Senhor Joaquim Manuel, amplas prateleiras envidraçadas estão pejadas de peças de fazenda e cortes de fato dos mais variados padrões e classes há muito ali emprateleirados.
Múltiplas caixas de botões, cada uma delas com o seu botanito exemplar pregado na frente da mesma, fechos, agulhas, linhas e mais sei lá quantos produtos são o espólio e o décor deste singular estabelecimento, onde o sorriso do proprietário irradia a luz e simpatia comercial cinzeladas pela experiência de múltiplas gerações de clientes que lhe atravessaram a porta.
À pergunta, de como ia o negócio respondeu-me – tem semanas que não vendo um botão!
Compadeci-me com as agruras deste comerciante e logo ali me comprometi a adquirir um ou mais produtos de que gostasse.
Reparei numa caixa de sapatos que pelo amarelecido do tempo, pelo desenho promocional denotava ser coisa do tempo da minha meninice.
Abrimos a caixa que continha um par de sapatos de senhora. Procurei uma que tivesse o tamanho de uns pés de agora, já que o stock andava pelos 34 e 35’s. Depois de muito vasculhar encontrei uns 38 e disse-lhe que eram esses que iria levar, mais pela caixa que pelos sapatos.
Olhou para mim, e voltou a perguntar se não estava a brincar. Com os sapatos na mão, que eram feitos de finas matérias cabedalisticas disse-me que o preço de tal raridade era 4 euros – nem sequer regateei o preço conforme esperava o expedito comerciante.
Paguei a quantia acordada. Com o dinheirinho no bolso, o Senhor grego disse-me então:
- Agora que já tenho o seu dinheiro na minha algibeira, vou-lhe dizer quanto me custaram estes sapatos.

Negociando a mercadoria


A caixa tinha no fundo um código em letras que ele decifrou. Olhou para mim e confessou ter feito um excelente negócio, até porque só tinha pago 100 escudos pela mercadoria e havia-a vendido pelo equivalente a 800 escudos, só que se esqueceu que o pagamento tivera lugar em 1968 (altura em que adquiriu a mercadoria conforme me provou) e o resgate do investimento deu-se 40 anos depois.
O Senhor Grego afirmou-me ter feito um excelente negócio. Pela minha parte, para além de um amigo, fiz com que o homem se sentisse um pouco mais feliz.

Já em Entradas fotografei caixa e sapato - de reparar no desenho da dita...


Chegado a Entradas mostrei os sapatos à minha irmã. Experimentou-os e perguntou-me se lhos queria vender. Ofereci-lhos, não sem ela me dizer que aqueles sapatos, daquela qualidade não custariam menos de 80 a 100 euros em qualquer sapataria da moda.
Afinal, parece todos fizemos um excelente negócio.
Como à terceira visita se entra na categoria dos “ clássicos”, se para o ano a Retrosaria Elegante ainda estiver aberta e o senhor Grego continuar de saúde, juro que lhe compro outros artigos e desta repetição de gestos e actos, vamos construindo rituais e ciclos que pretendemos que perdurem no tempo. Para o caso presente em 2009 entrará na categoria dos “ clássicos” uma visita a Borba e por consequência à Retrosaria Elegante.

Etiquetas: alentejo, borba, entradas, retrosaria, tourada, vila viçosa

Escrito por pulanito @ julho 13, 2008   6 comentários

quinta-feira, julho 10, 2008

Bela foto captada em Entradas

Entradas - by Mariano Martins

O Mariano Martins (que não conheço) passou em Março de 2006 pela minha pátria –Entradas e fez este magnifico retrato só acessível a humanos de raro sentido estético e apuradíssima sensibilidade.
Achei que só iria enriquecer o estaminé do Pulanito, vai dai publico-a sem autorização, mas estou em crer que o Mariano pouco se importará.
Se quiserem ver outras fotos deste autor passem por: www.olhares.com/moonlightset
A foto foi captada junto ao centro cultural de Entradas, daí suspeitar que o Mariano tenha por lá passado aquando desse magnifico festival de Inverno que tem lugar por alturas do Entrudo e que dá pelo nome de Entrudanças.
Por mim gostei…e vocês?

Escrito por pulanito @ julho 10, 2008   5 comentários

segunda-feira, julho 07, 2008

Não Há Coincidências!

Mapa dos Caminhos de Santiago, onde podemos ver que um dos principais caminhos passa precisamente por Entradas, ou em tempo idos: Santiago de Entradas


A vida
È sempre uma curiosidade
Que nos desperta com a idade
Interessa-me o que está para vir

António Variações

Esta coisa chamada coincidência, tem o seu não sei quê de matemática cósmica!
Isto a propósito de algumas surpresas com que fui este fim-de-semana brindado.
Estava eu em Entradas de conversa com o meu amigo Manuel António acerca das deambulações bloguistas, e ainda a propósito da viagem a Santiago de Compostela, quando este me falou de um peregrino que ali havia passado, que este houvera acolhido e alimentado e de quem recebeu posteriormente um álbum fotográfico contendo as melhores fotos de um percurso a pé de mais de 1000 quilómetros que o tal peregrino, um engenheiro químico alemão tinha levado a cabo desde Faro até Santiago de Compostela.
Ao passar por Castro Verde pretendeu que a sua credencial de peregrino fosse carimbada pela edilidade Castrense. Para tal falou com presidente Fernando Caeiros que o mandou para Entradas e onde se desenrolaram os acontecimentos do parágrafo anterior.
Uma noite na extinta taberna A Cavalariça (ai que saudades!) de conversa com o Caeiros, falávamos dos caminhos de Santiago e este afirmou (se é que estou correcto na minha lembrança) que havia falado com um peregrino e que este lhe tinha dito, ou mostrado em mapa, de que, por Entradas passaria um dos caminhos peninsulares que vão dar a Santiago de Compostela.
Certo dia de um Agosto escaldante (numa das minhas viagens solitárias) e estando montado nessa varanda ambulante de onde cheiro, sinto e contemplo o mundo e que dá pelo nome de bicicleta, quando me lembrei da conversa do amigo Caeiros.
De repente pensei na possibilidade de efectuar em futura viagem “ a solo” esse percurso. Ligaria de bicicleta essas duas localidades cuja coincidência era levarem na sua toponímia o nome de Santiago; dos caminhos que levam ao quilómetro zero da Praça de Obradoiro em Santiago de Compostela passarem aqui à minha porta, e ainda, porque eu e todos os meus antepassados maternos carregamos no nome o apelido Santiago, pensei que com o peso desta carga simbólica só tinha mesmo que meter mãos á obra.
Já não me lembro se foi durante este percurso, ou noutro anterior, só sei é que a minha viagem foi interrompida subitamente por via do abalroamento de que fui vitima (ver posts Agosto2007) e que terminou com a minha viagem nesse instante fatídico.
Após passagem pelo hospital de Évora regressei a casa onde comecei a lamber as feridas e a contar vezes sem conta o acidente de que fui vitima.
No dia seguinte (18 de Agosto de 2007) fui a Castro Verde comprar os jornais do dia, vejo passar à minha frente o José Lima (o famoso paraplégico que percorreu Portugal de lés a lés) que andava na sua inglória luta.
Para lhe prestar as minhas homenagens e solidariedade a ele me dirigi. Nessa altura entabulei conversa com outro ciclista que o acompanhava e que por coincidência também havia caído, logo estávamos unidos pela dor que o alcatrão provoca em cada um de nós, quando desafiamos as leis do equilíbrio ou gravidade.
Já não sei porquê, começámos a falar de Santiago, ele achou graça aos três Santiagos motivos da minha crença e logo ali me convidou para com o seu grupo o acompanhar na próxima cicloperegrinação ( já escrevi isto mais que uma vez, mas tinha que o fazer de novo por via dos novos elementos vindos este fim-de-semana a lume)
Este ciclista não era menos nem mais de que o Joaquim Muiguel Bilro, eminente médico do mesmíssimo hospital onde me suturaram as feridas provocadas pela queda.

Bem! Lá fomos a Santiago (de 6 a 12 de Junho- diário de bordo neste blogue) e no Sábado passado o Manuel António falou-me da estranha mas cativante personagem com que comecei o post.
Foi a casa buscar, as cartas, cópias de credencial de peregrino ( também tenho uma), fotos e um mapa onde se assinala o tal caminho peninsular que passa aqui rés vês com a nossa porta.
Também me lembro de ter avistado o tal senhor com a sua estranha carripana amarela de tracção humana, só que este nunca haverá sonhado (ou terá?), que o facto de ter aportado para as minhas bandas, tivesse alterado os meus planos de vida.
É desta capacidade de me espantar, desta (re)descoberta acidental em que teorizo sobre a tal coincidência cósmica, que faz com que pense que:

A vida
É sempre uma curiosidade
Que nos desperta com a idade
Espanta-me o que está para vir


Desta sucessão de coincidências dei conta ao Joaquim Miguel, enquanto pedalávamos ao encontro do grupo do Carneiro, ele riu-se, olhou para mim e respondeu-me: Não há coincidências!

Bem, isto era no que eu pensava enquanto pedalávamos para ir até Vendas Novas ao encontro do Carneiro (outra coincidência ciclistica – ver posts de Agosto 2006) e do seu simpático grupo.
Confraternizámos à volta de umas sopas e umas bifanas. Fizemos novos amigos e ficamos cada vez mais com a sensação que: we never cycle alone!

Os dois grupos de ciclistas em pose para a posteridade.

O Carneiro comprou pela net um Kit para adaptar á bicicleta, enganaram-se e mandaram-lhe dois. Disse-lhe que ficava com um deles. Não sei se por via deste kit, não estarão para vir novas viagens. Enquanto estas não se sentirem nas pernas, pedalemos pois à bolina do pensamento, até que chegue o dia em que beijamos mulher e filhos e com o tal palito nos dentes, partamos ao encontro do entardecer.

Escrito por pulanito @ julho 07, 2008   9 comentários

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