Não Há Coincidências!
Mapa dos Caminhos de Santiago, onde podemos ver que um dos principais caminhos passa precisamente por Entradas, ou em tempo idos: Santiago de Entradas
A vida
É sempre uma curiosidade
Que nos desperta com a idade
Espanta-me o que está para vir
Desta sucessão de coincidências dei conta ao Joaquim Miguel, enquanto pedalávamos ao encontro do grupo do Carneiro, ele riu-se, olhou para mim e respondeu-me: Não há coincidências!
Bem, isto era no que eu pensava enquanto pedalávamos para ir até Vendas Novas ao encontro do Carneiro (outra coincidência ciclistica – ver posts de Agosto 2006) e do seu simpático grupo.
Confraternizámos à volta de umas sopas e umas bifanas. Fizemos novos amigos e ficamos cada vez mais com a sensação que: we never cycle alone!
A vida
È sempre uma curiosidade
Que nos desperta com a idade
Interessa-me o que está para vir
António Variações
Esta coisa chamada coincidência, tem o seu não sei quê de matemática cósmica!
Isto a propósito de algumas surpresas com que fui este fim-de-semana brindado.
Estava eu em Entradas de conversa com o meu amigo Manuel António acerca das deambulações bloguistas, e ainda a propósito da viagem a Santiago de Compostela, quando este me falou de um peregrino que ali havia passado, que este houvera acolhido e alimentado e de quem recebeu posteriormente um álbum fotográfico contendo as melhores fotos de um percurso a pé de mais de 1000 quilómetros que o tal peregrino, um engenheiro químico alemão tinha levado a cabo desde Faro até Santiago de Compostela.
Ao passar por Castro Verde pretendeu que a sua credencial de peregrino fosse carimbada pela edilidade Castrense. Para tal falou com presidente Fernando Caeiros que o mandou para Entradas e onde se desenrolaram os acontecimentos do parágrafo anterior.
Uma noite na extinta taberna A Cavalariça (ai que saudades!) de conversa com o Caeiros, falávamos dos caminhos de Santiago e este afirmou (se é que estou correcto na minha lembrança) que havia falado com um peregrino e que este lhe tinha dito, ou mostrado em mapa, de que, por Entradas passaria um dos caminhos peninsulares que vão dar a Santiago de Compostela.
Certo dia de um Agosto escaldante (numa das minhas viagens solitárias) e estando montado nessa varanda ambulante de onde cheiro, sinto e contemplo o mundo e que dá pelo nome de bicicleta, quando me lembrei da conversa do amigo Caeiros.
De repente pensei na possibilidade de efectuar em futura viagem “ a solo” esse percurso. Ligaria de bicicleta essas duas localidades cuja coincidência era levarem na sua toponímia o nome de Santiago; dos caminhos que levam ao quilómetro zero da Praça de Obradoiro em Santiago de Compostela passarem aqui à minha porta, e ainda, porque eu e todos os meus antepassados maternos carregamos no nome o apelido Santiago, pensei que com o peso desta carga simbólica só tinha mesmo que meter mãos á obra.
Já não me lembro se foi durante este percurso, ou noutro anterior, só sei é que a minha viagem foi interrompida subitamente por via do abalroamento de que fui vitima (ver posts Agosto2007) e que terminou com a minha viagem nesse instante fatídico.
Após passagem pelo hospital de Évora regressei a casa onde comecei a lamber as feridas e a contar vezes sem conta o acidente de que fui vitima.
No dia seguinte (18 de Agosto de 2007) fui a Castro Verde comprar os jornais do dia, vejo passar à minha frente o José Lima (o famoso paraplégico que percorreu Portugal de lés a lés) que andava na sua inglória luta.
Para lhe prestar as minhas homenagens e solidariedade a ele me dirigi. Nessa altura entabulei conversa com outro ciclista que o acompanhava e que por coincidência também havia caído, logo estávamos unidos pela dor que o alcatrão provoca em cada um de nós, quando desafiamos as leis do equilíbrio ou gravidade.
Já não sei porquê, começámos a falar de Santiago, ele achou graça aos três Santiagos motivos da minha crença e logo ali me convidou para com o seu grupo o acompanhar na próxima cicloperegrinação ( já escrevi isto mais que uma vez, mas tinha que o fazer de novo por via dos novos elementos vindos este fim-de-semana a lume)
Este ciclista não era menos nem mais de que o Joaquim Muiguel Bilro, eminente médico do mesmíssimo hospital onde me suturaram as feridas provocadas pela queda.
Bem! Lá fomos a Santiago (de 6 a 12 de Junho- diário de bordo neste blogue) e no Sábado passado o Manuel António falou-me da estranha mas cativante personagem com que comecei o post.
Foi a casa buscar, as cartas, cópias de credencial de peregrino ( também tenho uma), fotos e um mapa onde se assinala o tal caminho peninsular que passa aqui rés vês com a nossa porta.
Também me lembro de ter avistado o tal senhor com a sua estranha carripana amarela de tracção humana, só que este nunca haverá sonhado (ou terá?), que o facto de ter aportado para as minhas bandas, tivesse alterado os meus planos de vida.
É desta capacidade de me espantar, desta (re)descoberta acidental em que teorizo sobre a tal coincidência cósmica, que faz com que pense que:
È sempre uma curiosidade
Que nos desperta com a idade
Interessa-me o que está para vir
António Variações
Esta coisa chamada coincidência, tem o seu não sei quê de matemática cósmica!
Isto a propósito de algumas surpresas com que fui este fim-de-semana brindado.
Estava eu em Entradas de conversa com o meu amigo Manuel António acerca das deambulações bloguistas, e ainda a propósito da viagem a Santiago de Compostela, quando este me falou de um peregrino que ali havia passado, que este houvera acolhido e alimentado e de quem recebeu posteriormente um álbum fotográfico contendo as melhores fotos de um percurso a pé de mais de 1000 quilómetros que o tal peregrino, um engenheiro químico alemão tinha levado a cabo desde Faro até Santiago de Compostela.
Ao passar por Castro Verde pretendeu que a sua credencial de peregrino fosse carimbada pela edilidade Castrense. Para tal falou com presidente Fernando Caeiros que o mandou para Entradas e onde se desenrolaram os acontecimentos do parágrafo anterior.
Uma noite na extinta taberna A Cavalariça (ai que saudades!) de conversa com o Caeiros, falávamos dos caminhos de Santiago e este afirmou (se é que estou correcto na minha lembrança) que havia falado com um peregrino e que este lhe tinha dito, ou mostrado em mapa, de que, por Entradas passaria um dos caminhos peninsulares que vão dar a Santiago de Compostela.
Certo dia de um Agosto escaldante (numa das minhas viagens solitárias) e estando montado nessa varanda ambulante de onde cheiro, sinto e contemplo o mundo e que dá pelo nome de bicicleta, quando me lembrei da conversa do amigo Caeiros.
De repente pensei na possibilidade de efectuar em futura viagem “ a solo” esse percurso. Ligaria de bicicleta essas duas localidades cuja coincidência era levarem na sua toponímia o nome de Santiago; dos caminhos que levam ao quilómetro zero da Praça de Obradoiro em Santiago de Compostela passarem aqui à minha porta, e ainda, porque eu e todos os meus antepassados maternos carregamos no nome o apelido Santiago, pensei que com o peso desta carga simbólica só tinha mesmo que meter mãos á obra.
Já não me lembro se foi durante este percurso, ou noutro anterior, só sei é que a minha viagem foi interrompida subitamente por via do abalroamento de que fui vitima (ver posts Agosto2007) e que terminou com a minha viagem nesse instante fatídico.
Após passagem pelo hospital de Évora regressei a casa onde comecei a lamber as feridas e a contar vezes sem conta o acidente de que fui vitima.
No dia seguinte (18 de Agosto de 2007) fui a Castro Verde comprar os jornais do dia, vejo passar à minha frente o José Lima (o famoso paraplégico que percorreu Portugal de lés a lés) que andava na sua inglória luta.
Para lhe prestar as minhas homenagens e solidariedade a ele me dirigi. Nessa altura entabulei conversa com outro ciclista que o acompanhava e que por coincidência também havia caído, logo estávamos unidos pela dor que o alcatrão provoca em cada um de nós, quando desafiamos as leis do equilíbrio ou gravidade.
Já não sei porquê, começámos a falar de Santiago, ele achou graça aos três Santiagos motivos da minha crença e logo ali me convidou para com o seu grupo o acompanhar na próxima cicloperegrinação ( já escrevi isto mais que uma vez, mas tinha que o fazer de novo por via dos novos elementos vindos este fim-de-semana a lume)
Este ciclista não era menos nem mais de que o Joaquim Muiguel Bilro, eminente médico do mesmíssimo hospital onde me suturaram as feridas provocadas pela queda.
Bem! Lá fomos a Santiago (de 6 a 12 de Junho- diário de bordo neste blogue) e no Sábado passado o Manuel António falou-me da estranha mas cativante personagem com que comecei o post.
Foi a casa buscar, as cartas, cópias de credencial de peregrino ( também tenho uma), fotos e um mapa onde se assinala o tal caminho peninsular que passa aqui rés vês com a nossa porta.
Também me lembro de ter avistado o tal senhor com a sua estranha carripana amarela de tracção humana, só que este nunca haverá sonhado (ou terá?), que o facto de ter aportado para as minhas bandas, tivesse alterado os meus planos de vida.
É desta capacidade de me espantar, desta (re)descoberta acidental em que teorizo sobre a tal coincidência cósmica, que faz com que pense que:
A vida
É sempre uma curiosidade
Que nos desperta com a idade
Espanta-me o que está para vir
Desta sucessão de coincidências dei conta ao Joaquim Miguel, enquanto pedalávamos ao encontro do grupo do Carneiro, ele riu-se, olhou para mim e respondeu-me: Não há coincidências!
Bem, isto era no que eu pensava enquanto pedalávamos para ir até Vendas Novas ao encontro do Carneiro (outra coincidência ciclistica – ver posts de Agosto 2006) e do seu simpático grupo.
Confraternizámos à volta de umas sopas e umas bifanas. Fizemos novos amigos e ficamos cada vez mais com a sensação que: we never cycle alone!
Os dois grupos de ciclistas em pose para a posteridade.
O Carneiro comprou pela net um Kit para adaptar á bicicleta, enganaram-se e mandaram-lhe dois. Disse-lhe que ficava com um deles. Não sei se por via deste kit, não estarão para vir novas viagens. Enquanto estas não se sentirem nas pernas, pedalemos pois à bolina do pensamento, até que chegue o dia em que beijamos mulher e filhos e com o tal palito nos dentes, partamos ao encontro do entardecer.
9 Comments:
Napoleão,
"UM BRINDE À AMIZADE",ou aquilo qe me (nOs) acontece exalta os meus sentidos e arrepia-me acreditar que "NÃO HÁ COINCIDÊNCIAS", ou seja "MAKTUB".
Voltarei.
Haja Saúde.
Joaquim Miguel
A tua alma poética alentejana (será que todos os alentejanos são poetas ?) transborda da prosa sincera. És muito genuíno a escrever.
A vida é feita de coincidências. Ainda não sei para onde vou este ano. Mas irei. Por aí, como remata sempre o Joaquim Miguel em tua homenagem.
Eui também me espanto com a tua capacidade de olhar o mundo.
Quando for grande quero ser como tu.
Bruno S.
Quando não tenham à mão
Outro blogue mais distinto,
Leam estas palavras que são
Filhas do Grande Pulanito
Um abraço
J.P.
Tive o privilégio de ver esse mapa que o amigo Manuel António teve a gentileza de me emprestar.Creio que era uma edição espanhola e efectivamente nele constava a nossa vila de Entradas com a indicação da existência de um hospital e como fazendo parte de um dos "Caminhos de Santiago"
Afinal agora tenho andado só por aqui,muito atarefado.
Esta postagem merece um comentário mais prenhe, mas a falta de tempo e problemas com a net,lá de casa,não me têm permitido"parir" melhor.
Voltarei.
Afinal o mapa que tive nas mãos não era o do post. O que vi dizia simplesmente Entradas. E desculpa que te diga mas tenho sérias dúvidas sobre a autenticidade deste mapa. As localidades esstáo escritas em letras e português muito actual e "Santiago de Entradas" está demasiado destacado ára ser verdade
Um abraço
José Mestre
Caro José Mestre,
É claro que o mapa é o mesmo, mas para que os leitores não identificados com a localização da nossa terra, prepositadamente coloquei o antigo nome de Entradas no mapa e é claro, destacado. Não servisse este blogue para isso exactamente....destacar Entradas!!
Caro Napoleão
Obrigado pelos esclarecimentos. Esqueci-me de acrescentar no post anterior que possuo vários livros do prof. José Hermano Saraiva dois dos quais com mapas antigos. Um deles tem a letra muiti "cega" e é quase ilegível mesmo lido à lupa. O outro lê-se melhor. tem castro Verde, Casével (escrito Cazével), Messejana, Garvão, Ourique, Aljustrel e outras localidades mas não faz qualquer referência a Entradas. A pena está desemnhadoou impresso no mapa o símbolo de uma localidade que pela sua posição relativamente a Castro Verde e a Casével se conclui tratar-se de Entradas apesar de não estar mencionado qualquer nome.
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