quinta-feira, agosto 30, 2007

Carneiro - Um às do pedal

Pronto, já estou pronto para outra, as mazelas já estão a sarar e a bicicleta está a amanhar, o que quer dizer que dentro em breve tenho que me meter à estrada para desmamar do susto que o Ti Manel Polícia me pregou e este não foi assim tão pequeno.
Fiquei na verdade frustrado por não ter chegado ao final da minha aventura, mas, acidentes acontecem e eu espero que este tenha sido o primeiro e último de que fui vítima.
Penso voltar ás lides ciclistas este fim-de-semana com a outro biclas que por lá tenho, mas não é a mesma coisa. A gente afeiçoa-se à máquina e pronto, mesmo que nos dêem outra melhor, não é a mesma coisa. Desta já eu conheço as manhas das mudanças e travões, sei com o que conto numa curva mais apertada, em suma, sei até onde posso ir, até mesmo no que se refere ao selim e ás mazelas que este provoca em certas partes íntimas depois de umas dezenas de quilómetros percorridos.
Por mim recomeçava a viagem amanhã mesmo, no mesmíssimo lugar onde a interrompi e provavelmente acrescentar-lhe-ia mais uns diazitos de liberdade, suor e silêncio.
O amigo que encontrei o ano passado em Mourão, o Helder Carneiro, voltou a fazer ao mesmo tempo que eu um percurso que requer algum heroísmo, foi de Lisboa a Bragança e regressou a Lisboa na sua belíssima máquina com o seu patusco atrelado, percorrendo qualquer coisa como 1265 Km.

Carneiro em Coimbra- Foto surripiada da sua "tasca"



Diz-me o Carneiro que poderia ter ido com ele. De facto podia, mas ele precisaria de alguma paciência pois este ano só no dia do abalroamento me começava a sentir em forma para me abalançar em distâncias para mais de 140 km diários, e francamente, detesto ser um peso para quem quer que seja, mas havemos de fazer uma viagem juntos, disso não tenho a menor dúvida.

A máquina que leva o Carneiro de terra em terra, numa foto cheia de simbolismo- foto surripiada da sua "tasca"


As aventuras deste companheiro do asfalto poderão ser lidas na sua “tasca” em http://www.xiclista.blogspot.com/ , vão até lá, comentem e apoiem este solitário das duas rodas.

Escrito por pulanito @ agosto 30, 2007   2 comentários

segunda-feira, agosto 27, 2007

10.000 VISITAS! Estamos de parabéns.


Francamente nunca pensei que este espaço chegasse às 10.000 visitas em tão curto espaço de tempo, especialmente porque é um espaço mais ou menos umbigadal, mais voltado para as minhas visceras, portanto uma coisa assim a dar para o banal e que ainda por cima é pouco actualizado.

Prometo que com a responsabilidade que me conferem estas 10.000 visitas estarei a partir de agora mais atento ao blogue, fazendo uma actualização mais atempada, trazendo aqui novas estórias para vosso e meu entretenimento.

Portanto; estejam atentos que a coisa vai melhorar.

Escrito por pulanito @ agosto 27, 2007   3 comentários

terça-feira, agosto 21, 2007

Segurança e mobilidade sobre rodas

Todos os ciclistas estão de um, ou de outro modo, preparados para ocasionalmente beijarem o asfalto e rogarem uns quantos impropérios, circunstância esta, inerente a conduzirmos um veículo de duas rodas, logo, a necessitar de equilíbrio e alguma destreza de manobra.


Napoleão e Zé Leonês
No dia seguinte ao meu abalroamento encontro ocasionalmente em castro verde o José Leonês de Lima (na foto) o paraplégico que em ano de “ Ano Europeu de Igualdade de Oportunidades” percorre o país de lés a lés em tricicleta alertando autoridades, entidades governamentais locais, centrais e outras, para as barreiras físicas de que são vítimas estes nossos concidadãos.
Entabulámos conversa acerca dessa sua aventura, e eu dei-lhe conta da minha. Encontrámos de imediato um fio condutor para a nossa agradável conversa. Falámos de questões técnicas da máquina, como a adaptou e acima de tudo da verdadeira motivação deste herói do asfalto; porque “mãodalar” 50 ou mais Km é obra, como sei da poda mas usando os membros inferiores, sei e sinto que o esforço do Zé Leonês é de facto de louvar, por isso aqui fica a homenagem pelo arrojo e a minha inteira solidariedade para com a causa que o Zé Leonês abraçou.
Para aceder ao seu site basta digitar “ deficientes activos” no Google que aparece logo o site respectivo.
Pelo meio da conversa com outro ciclista presente (Joaquim Miguel de seu nome) soube que fazem percursos em grupo a vários destinos, sendo um deles Évora- Santiago de Compostela – fui de imediato convidado a integrar esse grupo, que desde logo aceitei, até porque é um dos destinos que há muito venho mentalmente planeando.
Ainda no Sábado leio no Jornal “O Sol” um artigo que tem a ver com aquilo que me aconteceu, lançando alguns dados e alertas preocupantes acerca da sinistralidade com velocípedes causada por terceiros, nomeadamente automóveis.
Segundo este semanário, só no ano de 2006 registaram-se 87 acidentes envolvendo ciclistas que circulavam nas estradas; destes, 18 ficaram em estado grave. De ressalvar que estes acidentes aconteceram com associados da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicletas (FPCUB), de modo que o número deve ser substancialmente mais elevado, até porque a maioria dos utilizadores de bicicletas não será federada.
Por outro lado o (MAI) Ministério da Administração Interna dá conta da morte de 35 condutores de velocípedes não especificando se estes são ou não com motor.
Diz ainda este artigo, que numa estrada próxima daquela onde o meu acidente aconteceu, o ciclista profissional da LA- Alumínios, Edgar Anão de 25 anos, durante um treino foi abalroado por um automobilista, tendo ficado estatelado no chão com uma fractura na perna, um golpe profundo na cabeça e ainda outros ferimentos vários. A sobrevivência deste ciclista deveu-se à paragem de um turista francês, já que os restantes automobilistas para não se maçarem não se deram ao trabalho de abrandar, quanto mais parar.
É normal, demasiado normal, um ciclista ser atropelado e o condutor causador não parar. São múltiplos os relatos deste acto vergonhoso e cobarde o que faz com que cada vez mais me questione acerca do meu semelhante.
Penso que a coisa terá de evoluir num sentido em que automobilistas e demais condutores de veículos motorizados tenham um maior respeito por quem circula nestes veículos cujo pára choques são os ossos; para tal, seria importante os automobilistas também se tornarem utilizadores de bicicleta, que para além de ser uma actividade saudável também serve para nos apercebermos como nos devemos comportar quando nos recolocarmos ao volante.
Em Portugal menos de 1% da população circula ou utiliza a bicicleta o que mais uma vez nos coloca na cauda do pelotão dos 25 da Europa no que a esta actividade diz respeito.
Nalguns países é obrigatório que ao avistarem um peão ou ciclista na estrada, o automobilista abrande de imediato a sua marcha, em Portugal até parece que nos fazem pontaria, passando por nós a velocidades inimagináveis….Enfim, estamos num país, onde para a civilidade, cidadania e urbanidade ainda nos falta percorrer um caminho de gerações conforme explicava o Zé Leonês acerca das barreiras de que é vitima todos os dias.

Escrito por pulanito @ agosto 21, 2007   4 comentários

sexta-feira, agosto 17, 2007

Dia 5 - Diário de Viagem- Abalroamento

Escrevo na sala de triagem do Hospital do Espirito Santo em Évora, onde aguardo ser atendido nas urgências. Eu conto: Ontem jantei com o meu amigo de há mais de três décadas Silvino Sardo, que por volta da 1.30 horas me levou ao meu hotel para o merecido descanso.
Como sempre acordei pelas 7.00 horas da manhã , o dia estava espectacular para a prática da actividade que venho por aqui realizando, e vocês daí acompanhando. A estrada que me leva de Estremoz a Évora (N-18) é estupenda com um piso fantástico e em grande parte do percurso com uma escapatória larga que para além de proporcionar segurança, também é excelente para bicicletar sem problemas.
Passados uns 30 quilómetros reparo que levo uma média excelente e que retiro do prazer de pedalar um gozo que há muito não sentia, tanto que, em vez de seguir para Moura e amanhã terminar em Entradas, decido-me a fazer este percurso (Estremoz- Entradas) de um só golpe, o que viria a consistir numa proeza pessoal e ao mesmo tempo também um desafio aos meus próprios limites.
Animado por este pensamento pedalo ainda mais forte, as descidas prolongadas permitem admirar a paisagem sem fazer qualquer esforço, e mesmo as subidas fazem-se com alguma facilidade o que faz com que o viajante solitário se delicie com esta estranha arte de pedalar qualquer selim.
Nos auriculares, uma selecção da minha música favorita invade-me os sentidos, estou pela primeira vez nesta viagem próximo da felicidade.

Évoramonte -lindissimo a partir da N-18


Passo por Évoramonte e saco uma foto do castelo, rolo a uma velocidade média de 23km hora o que é fantástico para mim e a cada quilómetro que passa Évora vai-se aproximando da minha retina a passos largos; conto aí parar para beber café e recalcular percursos. Penso ainda o quanto é bom ter optado por esta nova aventura cilcistica.
De repente, numa fugaz fracção de segundo todos estes pensamentos e sentimentos são abruptamente ceifados pelo abalroamento de que sou vitíma.
Percorro largas dezenas de metros deixando no alcatrão a marca da minha pele, enquanto o vermelho do sangue começa a escorrer de braços e pernas, tento perceber o que me terá acontecido. Será que fui tele-transportado para outro planeta?. Será este o meu inglorioso fim? Alguma coisa me bateu, e o que quer que seja, varre agora o alcatrão juntamente comigo.


Minutos após o acidente - reparem no perfil do abalroador.



Quando o "mundo" pára de girar estou estatelado no meio da estrada, debaixo da bicicleta e com uma motocicleta embrulhada em mim e um corpo deitado um pouco mais além.
Tento sair dali rapidamente. Reparo que não tenho nada partido. Penso; do mal o menos!
Dirijo-me ao meu abalroador que é um homem que aparenta mais de 80 anos que, vá-se lá saber porquê, decidiu enfeixar-se comigo quando naquela estrada não havia mais nenhuma sombra de movimento. Volto a explicar. Eu vou de bicicleta pela escapatória, a estrada tem total visibilidade, estou vestido de vermelho e a minha roupa ,sapatos e bagagem são reflectores, nada me faria prever que out of the blue surgisse este motociclista que veio justamente abalroar-me ao km 36 dessa estrada. A única nota de humor que aqui posso partilhar, é que não posso deixar de lhe gabar a pontaria, acho mesmo que o Senhor Manel Policia deveria jogar na lotaria esta semana.





Manel Policia- O Abalroador
Pergunto-lhe se está bem, mas este só diz que desgraçou a sua vida...e esta hem!!!
Pergunto-lhe o nome; diz chamar-se Manuel Polícia (Qual alentejana coincidência) . Tento irritar-me com ele para me compensar de alguma forma, mas olho para quele homem e vejo o meu pai, na única vez que o prentendi colocar á prova, perguntei-lhe como é que ele se sentiria se estivesse no meu lugar, este desarmou-me com uma resposta repleta de manha ou de humildade, mas prefiro pensar na última alternativa. - Eu também o desculpava senhor. Perante isto só posso pensar que acidentes acontecem e desta vez tocou-me a mim e ao ti Manel Policia.
Enfim, depois de avaliar os estragos dou por terminada a minha epopeia, pois não estou em condições de prosseguir e a bicicleta também não.
Telefono ao Cotovio que se encontra em Lisboa mas logo se disponibiliza a vir-me buscar ao hospital de Évora onde para me entreter nesta espera desesperante vou relatando os factos de um dia bem radical, mas que poderia ter acabado muito mal.
Nota: Não apresentei queixa do homenzito, mandei-o em paz, mas aconselhei-o vivamente a nunca mais voltar a dirigir qualquer veículo.
Depois do Cotovio chegar lá nos metemos no carro e para comemorar o nosso reencontro parámos na Tasca do Chico em São Manços, um local de culto e peregrinação gastronómica que recomendo a todos os meus leitores. O cardápio é de fazer crescer água na boca, os vinhos de uma selecção impar, o profissionalismo do Chico irrepreensível e o preço, foi o justo.

Ainda postarei aqui alguns outros episódios desta peculiar aventura. Estejam atentos.

Escrito por pulanito @ agosto 17, 2007   7 comentários

quinta-feira, agosto 16, 2007

Dia 4 -Diário de viagem

Hoje decidi fazer um dia relaxado, sai de Arraiolos até um pouco mais tarde que o costume e lá me pus ao caminho.
A estrada era boa e de Arraiolos a Estremoz foi um pulo. Abanquei no Hotel Imperador e decidi-me a ir visitar gente conhecida em especial o meu amigo Silvino Sardo, proprietário do Restaurante o Julião (de onde farei intervenção aprofundada mais tarde, falando deste meu peculiar amigo e da casa que dirige com a sua mulher, a Bela).
Estremoz é assim um sitio onde já pensei viver mais do que uma vez. Aqui passei excelentes momentos da minha vida, normalmente acompanhado deste meu amigo de sempre.
Estremoz é a Sintra do Alentejo. Altiva e senhorial, alva e marmórea na sua traça. No casco velho junto à Pousada as ruas estreitas desenham sinuosidades onde as crianças brincam ás escondidas.
Numa destas ruelas existe para mim a "melhor taberna do mundo", a Taberna do Isaías, casa que conheço há décadas e onde passo sempre que aqui venho, ou faço por aqui passar.
Nesta casa singular comem-se as melhores burras que conheço. O ambiente mantém-se o mesmo desde que aqui vim pela primeira vez, o Roque sempre simpático nos seus jogos de prodigiosa memória, o amigo Isaías um pouco mais agastado pelas maleitas que o consomem e mais ainda agora que tem o filho doente.
É claro que passei por lá, mas, estava em obras…..fica para a próxima, e a quem não conhecer recomendo vivamente e até podem dizer que vêm da minha parte.
Havia ainda o bar do Zé Leal, onde terei passado os melhores serões fadistas de que tenho memória. Lembro-me inclusive de uma senhora que apenas tinha um fio de voz, mas que cantava tão bem que o ar condicionado tinha de ser desligado e os convivas quase que sustiam a respiração só para que ela se fizesse ouvir.
É claro que por essa altura já o meu amigo Silvino Sardo tinha iniciado as suas lides fadistas e era a par de um outro fadista da terra as coqueluches do momento.
Voltando ao dia de hoje, lá encontrei o Silvino (Relógio Espanhol para os amigos) atarefado com a sua mis en place, já que a hora do almoço se aproximava a passos largos. Sou de imediato convidado pelos donos da casa a almoçar com eles, mas a fome é tanta que decido almoçar com o João Sardo, filho do casal proprietário que delira ao saber que sou pai de Sam The Kid um dos seus heróis musicais, que me conta ter tudo o que a ele se relaciona menos os discos originais. Ficou a promessa de lhe fazer chegar o Pratica(mente) que até já deve estar no caminho.
Voltando á saga da Internet, foi outro problema para encontrar um posto disponível, tarefa a que o Joãozinho se disponibilizou a acompanhar na sua novíssima bicicleta e pela cidade a fora.
Hoje é assim mais ou menos um dia de folga, já que amanhã começo a andar para baixo e espera-me uma longa jornada que não sei onde vai parar mas conto chegar a Moura.

Escrito por pulanito @ agosto 16, 2007   16 comentários

3º dia -Diário de Viagem -



Bem, escrevo-vos desde Estremoz ( a minha terra alentejana eleita a seguir a Entradas) onde suei as estopinhas para encontrar um posto de Internet pago ou gratuito que estivesse desocupado. Para tal tive de subir de bicicleta até à pousada onde finalmente encontrei este posto à minha disposição.

Largo da Cãmara- Arraiolos
Voltando ao dia 3 - Estou em Arraiolos, meu destino final para este 3º dia de viagem.
Procuro um posto de Internet, mas o único que existe está fechado, por isso deixo para amanhã (hoje) o relato dos 3º e 4º dias.
Não me recordo de alguma vez aqui ter estado, embora tenha a impressão de conhecer esta terra de toda a vida, o que faz com que me surpreenda com a beleza senhorial desta vila norte alentejana com o seu respectivo castelo altaneiro.
Chego aqui completamente derreado, não pela dureza do traçado, mas porque os últimos quilómetros foram feitos debaixo duma chuva miudinha e com um vento de frente que não deixava andar a bicicleta.
Tentei degustar a gastronomia local, de que um cartaz da edilidade fazia alarde, mas depois de muitas voltas só consegui encontrar (no centro da vila) um único restaurante, por sinal bastante razoável.
Numa terra de vinho, pensei aqui encontrar as tipicas adegas da região, mas infelizmente a última que subsistia fechou há poucos meses, de resto só cafés com mesas de fórmica que se nota terem outrora sido templos dedicados a baco, e que por aqui se chamavam "vendas" em vez de pomposos cafés que vendem vinho...
Calcorreio as ruas estreitas de Arraiolos, que fazendo juz ao seu nome tem em cada esquina uma fabriqueta de tapetes que, qual flash, me fazem lembrar a pátria berbére de que de resto já tenho saudades.
Já que estou a fazer isto de trás para a frente vamos lá então ao relato do resto do dia que começou em Odivelas pelas 7.30 da manhã.

O dia estava agradável e o caminho até ao Torrão fez-se num tiro. Como tinha necessidade de beber café e comprar água parei no Café Besugo, onde pelo meu aspecto sou de imediato interpelado.
Fiquei a saber que aqui no Torrão existe outro "ganda maluco" de seu nome Vitor qualquer coisa, que detém vários recordes em cima da bicicleta, de entre eles 92 horas seguidas a pedalar, ou ainda o recorde de quilómetros percorridos em cima de rolos.
Como tempo para pensar é coisa que não me falta, dou comigo a reviver uma figura ciclista do meu imaginário, falo-vos do ourives em bicicleta. Esta figura aparecia de tempos a tempos em tudo o que é monte, vila ou aldeia vendendo os seus produtos que transportava na sua inseparável caixa metálica pintada num verde "espirito santo" colocada no suporte traseiro do seu veículo.
Estes Globetrotters faziam deste modo de vida o seu negócio e para além dos brincos, anéis, alianças, fios, pulseiras e demais áureos artefactos também vendiam relógios de pulso e muitas das vezes óculos de ver ao perto, como os que a min ha avó Chica usava para fazer meia. Como me recordei deles aqui fica a minha homenagem a estes fantásticos aventureiros da mala verde. ( Se alguém possuir uma foto destes profissionais gostaria de aqui a publicar).
Com esta conversa chego a Alcáçovas, como a minha água estava no fim vá de reabastecer numa casa simpática mesmo em frente à Rotunda do Chocalho e que dá pelo nome de Café Maravilha.
Entro neste espaço minúsculo e reparo que para além dos produtos habituais também vende facas e botas. E uma casa que vende vinho, facas e botas e que ainda por cima tem uma proprietária anafadinha e simpática e que se chama Guilhermina; para mim, estou em casa. Se fosse hora de almoço de certeza que ali teria abancado, até porque a conversa já metia sopas de peixa, açorda e outras iguarias.

Sra Guilhermina da Taberna Maravilha
Aqui fica a foto com a senhora Guilhermina, proprietária desse local de culto que dá pelo nome de "Taberna Maravilha" mas que no toldo tem escrito Café Maravilha. É favor corrigir este erro grosseiro. É que cafés há cada vez mais e tabernas desta índole já se contam pelos dedos, especialmente cheirando a lexivia pela manhã.
Pelo aspecto chamo de novo a atenção, depois das apresentações, de onde venho para onde vou, peço ao António Gaspar (um dos convivas presentes) para sacar a foto que hei-de aqui colocar, outro conviva junta-se à conversa e quando lhe pergunto o nome este diz: Jerónimo Grosso Sim Sim, era a cereja no topo deste bolo de surpresas que dá pelo nome de Alentejo, ou seja altura de partir e remoer nestas conjecturas alentejanais.
Depois foi pedalar até Santiago do Escoural e na viragem à direita a primeira surpresa do dia, tive que galgar a Serra do Escoural, coisa que não me apetecia nada, mas depois de muitos impropérios pelo caminho, muitas dores lombares e musculares lá consegui ultrapassar a maldita serra que me conduziu ao cruzamento que me haveria de levar a Arraiolos.

PS: já não tenho mais tempo de Internet...se ainda conseguir colocar o relato de hoje assim o farei, caso contrário fica para amanhã...só vos digo que estive com o meu amigo Silvino Sardo, mais conhecido por Relógio Espanhol.....

Escrito por pulanito @ agosto 16, 2007   1 comentários

quarta-feira, agosto 15, 2007

diário de viagem - 3º dia - sem internet.

Caros leitores…o meu nome é Catarina e sou filha do aventureiro Napoleão que se encontra por aí, nas estradas portuguesas a pedalar.
Hoje, infelizmente, o meu pai não consegui aceder à Internet, mas no entanto ligou-me e pediu-me que vos deixasse saber que está tudo bem e que hoje os deuses não estavam do lado dele, ao contrário dos outros dias o tempo não ajudou; metade do caminho fez calor, noutra metade choveu, mas mesmo assim nada o impediu de chegar a Arraiolos.
Esperaremos por mais notícias do ‘ás do pedal’!
Beijinho pai! As andorinhas estão do teu lado!
catarina mira

Escrito por pulanito @ agosto 15, 2007   2 comentários

terça-feira, agosto 14, 2007

Diário de Viagem- 2º dia






Espanto, silêncio, flor
Sorvo tudo quanto vejo
Meu lugar seja onde for
Meu coração, sempre Alentejo

Viriato Ventura in Alentopia


O segundo dia é sempre um dia ingrato, até porque se pagam exactamente neste dia todos os excessos que o entusiasmo do pretérito dia ditou.
O dia de hoje para além das dores lombares e de não ter posição para me sentar no selim não teve assim nada de especial, daí se contar em três penadas.
Saí de Santiago do Cacém pelas 7.30 da manhã e para começar o dia 3 Km sempre a subir e lá se foi o pequeno almoço. O dia estava impecável, felizmente nesta viagem os meteodeuses têm-me acompanhado.
Escolho a N-121 para fazer este percurso. Consulto o mapa e reparo que são muito poucas as povoações que ela atravessa, já que faço deste jogo mental uma maneira de vencer as distancias, ou seja: nunca vou para o destino final, mas sim, para a terra que se segue no mapa, que se for engraçada pode ser motivo de paragem para uma cafézada e para meter conversa com algum local. Eu que sou introvertido dou comigo a tagarelar com tudo o que mexe, e quando tal não acontece são os meus botões que pagam as favas.
As aldeias que atravesso são um exemplo de fealdade, com as suas vivendas cobertas de azulejos, assim como se tivessem enganado e se esquecessem de fazer a casa de banho que estava planeada para o lado de fora da casa.
Enfim não parei em lado nenhum e só o fiz em Canhestros para uma paragem estratégica, que meteu sandes de presunto e litro e meio de água acompanhados de uma boa conversa com o Sô Zé que explorava o bar da colectividade onde manduquei.
Chegado a Odivelas, pequena aldeia junto à barragem com o mesmo nome, lá me hospedei, na Albergaria “O Gato”, casa com quem tenho relações profissionais há vários anos e que é um estabelecimento bem simpático e recomendável para quem quiser passar por estas bandas.
O perfume que exalava da cozinha fez-me adivinhar que nesta casa se come bem, e não me enganei de todo. O cozido de grão, o ensopado de borrego ou a feijoada de chocos foram alguns dos pitéus que me foram sugeridos, mas o cansaço e o tipo de actividade que por estes dias pratico, recomendam-me que coma um bifinho com salada, que de resto estava uma especialidade.


Albergaria O Gato


Quero ainda agradecer ao Francisco Maia, proprietário desta unidade hoteleira o facto de me disponibilizar o seu computador pessoal de onde faço esta crónica.
Depois da subida da Torre a que assisti na TV, fui até à barragem onde entabulei conversa com o pescador da foto que só no espaço em que estive a fazer-lhe companhia apanhou uma bela teca de axigãns. Barragem de Odivelas
E pronto agora vou jantar. Amanhã vos continuarei a dar novas desta epopeia que no dia que se segue, deve seguir para o norte alentejano de onde vos darei novidades pela tardinha.
PS: quero agradecer a todos os que têm comentado o Pulanito e dizer à minha família que a tia Felícia está em Lisboa acompanhado da minha andorinha predilecta que me segredou termos de a aturar por cá por muitos e bons anos.

A Albergaria O Gato poderá ser encontrada em www.mymultihotel.com

Escrito por pulanito @ agosto 14, 2007   5 comentários

segunda-feira, agosto 13, 2007

Diário de Viagem - Dia 1- D'abalada

“Eu realizei os meus sonhos sonhando-os! Não deixes que nenhum filho da puta te roube os teus sonhos”
Assim falava Manuel da Fonseca esse impagável contador de estórias de que o Alentejo se sente orfão e em especial a sua terra natal, Santiago do Cacém de onde me encontro a debitar faladura.
Calcorreio as mesmas pedras que o autor de “Seara de Vento” palmilhou, e de alguma forma por me chamar Santiago, por gostar de Manuel da Fonseca, vim simbólicamente desembocar a esta simpática cidade do litoral alentejano que leva no seu nome o meu apelido.
Abalar é um verbo que se conjuga na perfeição por esse Alentejo. Abalar não é partir nem ir embora. Abalar é despegar-nos daquilo que nos é mais nosso, mais querido e é por isso que os Alentejanos não estão de partida, estão sim de abalada, até o último copo na taberna ( e para ilustrar o que digo) chama-se “a abaladiça. Lá está. Despegar-nos daquilo que nos é mais precioso!
Bem, mas abalei de Entradas hoje 11 de Agosto pelas 7.30 da manhã depois de ter ouvido as recomendações da minha mãe que entretanto me havia preparado o pequeno almoço. Café e costa de gila, que é para dar força.
Meti a “ginga” estrada ao caminho e ala que se faz tarde. Vencer os primeiros quilómetros em território que ainda é nosso é um pedaço angustiante, mas quando cheguei a Aljustrel já só queria seguir em frente. Na estrada que liga Aljustrel à Mimosa vejo surgir á minha retaguarda um outro ciclista, que logo meteu comigo conversa e me acompanhou até à Mimosa, altura em que cada um foi para seu lado. De seu nome Zé Carrapiço, é nado e criado na vila mineira e nos 49 anos que conta o desporto tem feito parte integrante do seu percurso. Mineiro de profissão e ciclista por vocação. Aqui fica a minha homenagem a tão valiosa companhia. Zé Carrapiço de Aljustrel
Por falar em companhia, o Pardal lá se voltou a baldar. Aquilo é muito giro na cabeça, mas depois um homem jogar-se à estrada, aí é que a porca torce o rabo!
Sigo pela estrada de Alvalade que me há-de conduzir ao meu destino final. Faço em S. Domingos uma paragem estratégica para reabastecer líquidos e sólidos. Nesse pequeno estabelecimento sou interpelado por um cigano “domesticado” de seu nome Manel, Manel Cigano para os amigos. Manda pagar-me o café porque sem me conhecer, afirma que tenho cara de boa pessoa.
-São os teus olhos ciganos Manel, são os teus olhos ciganos!
Um outro conviva que se admirou com a minha proeza lá me informou que dali para a frente é que ia doer, e não é que o raio do homem tinha razão, os últimos 6 ou 7 quilómetros antes de aqui chegar foram penosos, de resto a temperatura estava fantástica e só espero que assim se mantenha para amanhã.
Abanquei numa Albergaria “carota” que tem a facilidade de ter Internet à minha disposição gratuitamente e pelo tempo que quiser, daí esta primeira crónica ser um pedaço grandota. Recanto de Santiago do Cacém
Almocei um belo bife, percorri as ruas da cidade, visitei uma exposição dedicada a São Tiago – a caminho das estrelas de seu nome, e no regresso passei num barbeiro e cortei o cabelo na expectativa de que alguém me falasse de viva voz desse monstro que dá pelo nome de Manuel da Fonseca, mas tive azar, os convivas e o barbeiro não eram de grandes falas. No barbeiro
No caminho saquei esta foto que exemplifica o espírito alentejano, ou seja; 4 alentejanos admirando o parco trânsito das ruas, com os respectivos chapéus pretos que caso não os tivessem postos diz-se por aqui que estavam “dencabelo” E esta hem!!! 4 alentejanos à maneira
Amanhã parto daqui ás 7.30 da manhã e vou em direcção a Odivelas onde pernoitarei. Se me quiserem encontrar estarei algures entre Santiago e Ferreira do Alentejo na N-121.
Beijocas e até amanhã.
PS: minha tia Felicia está doente em Entradas, meus pensamentos vão para que tenha uma rápida recuperação. Se fosse religioso acendia velas em seu louvor, assim peço às minhas andorinhas que lhe tragam nas asas as melhoras que não lhe sei dar.

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2007   8 comentários

domingo, agosto 12, 2007

On The Road Again

Li num livro de viagens de Miguel Sousa Tavares em que este dizia que numa viagem a Itália lhe disse:- Miguel, viajar é olhar! Eu acrescentaria; com olhos de ver.

Uma das formas de melhor apreender o que nos rodeia é viajando de bicicleta, pedalando à cadência desejada e dirijindo-nos para onde a vontade nos levar. É por isso que nesta minha nova aventura ciclista não levo destino traçado, e fazendo juz ao nome deste blogue vou mesmo POR AÍ.....

Vou procurar relatar os meus dias de viagem contando as estórias que for vivendo e assim farei deste poiso o metting point com quem quiser seguir esta epopeia.

Não estou de todo preparado, há muiro que não faço percursos que me dêm garantia de chegar a bom porto, mas se assim não fosse a coisa também não teria piada.

Faz amanhã precisamente 53 semanas que dei incio à anterior volta ao Alentejo, também desta vez o privilegearei, já que é aqui que me me sinto em casa e é desta gente e desta terra que vos quero dar novas.

Procurarei efectuar novos percursos e tanto quanto for possivel assentarei arraiais em pequenas aldeias onde procurarei beber os saberes e sabores desta terra plana.

Agora é só aparecer, comentar e sugerir percursos e quem sabe se a gente não se cruza aí numa destas estradas da vida e faz uma paragem estratégica para beber uma mini....

Escrito por pulanito @ agosto 12, 2007   2 comentários

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