Diário de Viagem - Dia 1- D'abalada
“Eu realizei os meus sonhos sonhando-os! Não deixes que nenhum filho da puta te roube os teus sonhos”
Assim falava Manuel da Fonseca esse impagável contador de estórias de que o Alentejo se sente orfão e em especial a sua terra natal, Santiago do Cacém de onde me encontro a debitar faladura.
Calcorreio as mesmas pedras que o autor de “Seara de Vento” palmilhou, e de alguma forma por me chamar Santiago, por gostar de Manuel da Fonseca, vim simbólicamente desembocar a esta simpática cidade do litoral alentejano que leva no seu nome o meu apelido.
Abalar é um verbo que se conjuga na perfeição por esse Alentejo. Abalar não é partir nem ir embora. Abalar é despegar-nos daquilo que nos é mais nosso, mais querido e é por isso que os Alentejanos não estão de partida, estão sim de abalada, até o último copo na taberna ( e para ilustrar o que digo) chama-se “a abaladiça. Lá está. Despegar-nos daquilo que nos é mais precioso!
Bem, mas abalei de Entradas hoje 11 de Agosto pelas 7.30 da manhã depois de ter ouvido as recomendações da minha mãe que entretanto me havia preparado o pequeno almoço. Café e costa de gila, que é para dar força.
Meti a “ginga” estrada ao caminho e ala que se faz tarde. Vencer os primeiros quilómetros em território que ainda é nosso é um pedaço angustiante, mas quando cheguei a Aljustrel já só queria seguir em frente. Na estrada que liga Aljustrel à Mimosa vejo surgir á minha retaguarda um outro ciclista, que logo meteu comigo conversa e me acompanhou até à Mimosa, altura em que cada um foi para seu lado. De seu nome Zé Carrapiço, é nado e criado na vila mineira e nos 49 anos que conta o desporto tem feito parte integrante do seu percurso. Mineiro de profissão e ciclista por vocação. Aqui fica a minha homenagem a tão valiosa companhia. Zé Carrapiço de Aljustrel
Por falar em companhia, o Pardal lá se voltou a baldar. Aquilo é muito giro na cabeça, mas depois um homem jogar-se à estrada, aí é que a porca torce o rabo!
Sigo pela estrada de Alvalade que me há-de conduzir ao meu destino final. Faço em S. Domingos uma paragem estratégica para reabastecer líquidos e sólidos. Nesse pequeno estabelecimento sou interpelado por um cigano “domesticado” de seu nome Manel, Manel Cigano para os amigos. Manda pagar-me o café porque sem me conhecer, afirma que tenho cara de boa pessoa.
-São os teus olhos ciganos Manel, são os teus olhos ciganos!
Um outro conviva que se admirou com a minha proeza lá me informou que dali para a frente é que ia doer, e não é que o raio do homem tinha razão, os últimos 6 ou 7 quilómetros antes de aqui chegar foram penosos, de resto a temperatura estava fantástica e só espero que assim se mantenha para amanhã.
Abanquei numa Albergaria “carota” que tem a facilidade de ter Internet à minha disposição gratuitamente e pelo tempo que quiser, daí esta primeira crónica ser um pedaço grandota. Recanto de Santiago do Cacém
Almocei um belo bife, percorri as ruas da cidade, visitei uma exposição dedicada a São Tiago – a caminho das estrelas de seu nome, e no regresso passei num barbeiro e cortei o cabelo na expectativa de que alguém me falasse de viva voz desse monstro que dá pelo nome de Manuel da Fonseca, mas tive azar, os convivas e o barbeiro não eram de grandes falas. No barbeiro
No caminho saquei esta foto que exemplifica o espírito alentejano, ou seja; 4 alentejanos admirando o parco trânsito das ruas, com os respectivos chapéus pretos que caso não os tivessem postos diz-se por aqui que estavam “dencabelo” E esta hem!!! 4 alentejanos à maneira
Amanhã parto daqui ás 7.30 da manhã e vou em direcção a Odivelas onde pernoitarei. Se me quiserem encontrar estarei algures entre Santiago e Ferreira do Alentejo na N-121.
Beijocas e até amanhã.
PS: minha tia Felicia está doente em Entradas, meus pensamentos vão para que tenha uma rápida recuperação. Se fosse religioso acendia velas em seu louvor, assim peço às minhas andorinhas que lhe tragam nas asas as melhoras que não lhe sei dar.
Calcorreio as mesmas pedras que o autor de “Seara de Vento” palmilhou, e de alguma forma por me chamar Santiago, por gostar de Manuel da Fonseca, vim simbólicamente desembocar a esta simpática cidade do litoral alentejano que leva no seu nome o meu apelido.
Abalar é um verbo que se conjuga na perfeição por esse Alentejo. Abalar não é partir nem ir embora. Abalar é despegar-nos daquilo que nos é mais nosso, mais querido e é por isso que os Alentejanos não estão de partida, estão sim de abalada, até o último copo na taberna ( e para ilustrar o que digo) chama-se “a abaladiça. Lá está. Despegar-nos daquilo que nos é mais precioso!
Bem, mas abalei de Entradas hoje 11 de Agosto pelas 7.30 da manhã depois de ter ouvido as recomendações da minha mãe que entretanto me havia preparado o pequeno almoço. Café e costa de gila, que é para dar força.
Meti a “ginga” estrada ao caminho e ala que se faz tarde. Vencer os primeiros quilómetros em território que ainda é nosso é um pedaço angustiante, mas quando cheguei a Aljustrel já só queria seguir em frente. Na estrada que liga Aljustrel à Mimosa vejo surgir á minha retaguarda um outro ciclista, que logo meteu comigo conversa e me acompanhou até à Mimosa, altura em que cada um foi para seu lado. De seu nome Zé Carrapiço, é nado e criado na vila mineira e nos 49 anos que conta o desporto tem feito parte integrante do seu percurso. Mineiro de profissão e ciclista por vocação. Aqui fica a minha homenagem a tão valiosa companhia. Zé Carrapiço de Aljustrel
Por falar em companhia, o Pardal lá se voltou a baldar. Aquilo é muito giro na cabeça, mas depois um homem jogar-se à estrada, aí é que a porca torce o rabo!
Sigo pela estrada de Alvalade que me há-de conduzir ao meu destino final. Faço em S. Domingos uma paragem estratégica para reabastecer líquidos e sólidos. Nesse pequeno estabelecimento sou interpelado por um cigano “domesticado” de seu nome Manel, Manel Cigano para os amigos. Manda pagar-me o café porque sem me conhecer, afirma que tenho cara de boa pessoa.
-São os teus olhos ciganos Manel, são os teus olhos ciganos!
Um outro conviva que se admirou com a minha proeza lá me informou que dali para a frente é que ia doer, e não é que o raio do homem tinha razão, os últimos 6 ou 7 quilómetros antes de aqui chegar foram penosos, de resto a temperatura estava fantástica e só espero que assim se mantenha para amanhã.
Abanquei numa Albergaria “carota” que tem a facilidade de ter Internet à minha disposição gratuitamente e pelo tempo que quiser, daí esta primeira crónica ser um pedaço grandota. Recanto de Santiago do Cacém
Almocei um belo bife, percorri as ruas da cidade, visitei uma exposição dedicada a São Tiago – a caminho das estrelas de seu nome, e no regresso passei num barbeiro e cortei o cabelo na expectativa de que alguém me falasse de viva voz desse monstro que dá pelo nome de Manuel da Fonseca, mas tive azar, os convivas e o barbeiro não eram de grandes falas. No barbeiro
No caminho saquei esta foto que exemplifica o espírito alentejano, ou seja; 4 alentejanos admirando o parco trânsito das ruas, com os respectivos chapéus pretos que caso não os tivessem postos diz-se por aqui que estavam “dencabelo” E esta hem!!! 4 alentejanos à maneira
Amanhã parto daqui ás 7.30 da manhã e vou em direcção a Odivelas onde pernoitarei. Se me quiserem encontrar estarei algures entre Santiago e Ferreira do Alentejo na N-121.
Beijocas e até amanhã.
PS: minha tia Felicia está doente em Entradas, meus pensamentos vão para que tenha uma rápida recuperação. Se fosse religioso acendia velas em seu louvor, assim peço às minhas andorinhas que lhe tragam nas asas as melhoras que não lhe sei dar.
8 Comments:
Ora aí está a etapa nº 1 já feita! As perninhas devem estar bonitas sim...
A foto do barbeiro está muito gira. Pente 0?? :) Força!
Olá Querido
Vai a favor do vento!
Boas pedaladas!
Cuidado com as mines...
P.S. Já falamos com as andorinhas para as melhoras da Tia Felicia
Força Um Beijo
Nat
olá papá :)
nem acredito que embarcaste na aventura de novo...
já morro de saudades tuas, mas vou-me consolando com os desabafos no pulanito...
continua a pedalar pelas estradas de portugal que a tua filhota acompanha-te no sonho!
beijinho papy.
as melhoras para a tia!
catarina Mira*
Esta é uma das razões pela qual eu tenho tanto orgulho no meu paizinho...determinado nos seus objectivos e sonhos,palavras para k ele é um VENCEDOR.
Vai dando noticias.
quanto ás andorinhas essas vão a caminho de ENTRADAS.
Bjs SUSANA MIRA
Força Pulanito, cá estou a torcer para que tudo corra o melhor possível e que as Andorinhas não o deixem quando a estrada impina.Quem sabe se ainda nos vamos encontrar por ai, eu de carro vassoura e o Pulanito no seu Ferrari ecológico. Um Amigo que o admira e inveja nestas suas excursões pelas estradas povoadas de andorinhas. Um abração
Grande Napoleão é dessa fibra se fazem os homens, alentejanos ou não. É o confronto com os nossos limites que nos faz avançar. E tu já sabes isso há pelo menos um ano (ou serão dois?) Força nas canetas e cá te virei espreitar. Só é pena não dares um pulo (pulanito) cá prós lados de S. Luís.
não admira que o samuel tenha saído um poeta... com um pai que escreve como quem brinca com as palavras... sem dúvida é de sangue.
Grande Napoleão!Imagine só o meu pai e o meu tio a embarcar numa aventura destas... :) Espero que um dia tenha aqui relatada uma viagem as Taipas!
Um abraço nortenho de todos!
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