Dia 4 - A Glória de Viajar Sobre Duas Rodas
São 23.30 horas...estou mais morto que vivo, depois das emoções a que o trajeto de hoje me sujeitou. Foi um percurso com algum grau de dificuldade mas provavelmente o melhor desta viagem. Exigente, mas não chato, difícil mas atingível, esforçado mas não estoirado, em suma: um dia glorioso para os gloriosos malucos das máquinas pedalantes.
Saímos da Zambujeira do Mar já passavam das oito e trinta. Logo ali junto à praia tínhamos o primeiro desafio; uma parede feita rampa que tivemos de galgar nas velocidades mais acessíveis mas mesmo assim com um grau de dificuldade a lembrar a rampa de Benagil para quem conhece.
Pedalámos depois por terra batida até à Praia do Carvalhal. Como a descida era assustadora suspeitámos logo que a subida deveria ser respeitável e não é que estávamos mais do que certos, outra parede para galgar e ainda não tínhamos dez quilómetros nas pernas.
Lá subimos como deus quis e as pernas deixaram este desafio que visto cá debaixo arrepia, quanto mais ter de o fazer montado nas nossas maquinetas de pedalar.
Dali entrámos em estrada alcatroada e abeirávamo-nos a pedaladas rápidas do Brejão, essa ínfima localidade onde Amália registou em forma de casa o seu fascínio pela terra dos silêncios e lonjuras. Pela minha parte dedico-lhe o meu pensamento e recordo o quanto ela me deu, dá e dará em forma de prazer através da imortalidade da sua voz.
Do Brejão voltamos a reentrar na estrada que nos levará até ao Algarve, o que acontece sempre que se atravessa em Baiona a ponte sobre o rio Vascão que divide estas duas regiões. Adeus Alentejo, olá Algarve!
Logo ao sair desta ponte os ciclistas amadores que nós somos, fomos confrontados com outra subida de se lhe tirar o chapéu. O calvário que nos é dado a suportar durará uns bons quilómetros, mas eu, o Joaquim Piteira e o Serrano, vamos animados de um espírito invencível e as dificuldades são apenas provações que temos de ultrapassar com um sorriso.
Já a caminho de Aljezur passamos por Maria Vinagre, terra esta esventrada ao meio para que os viajantes passem por ela quase sempre sem se deterem, o que não acontece com quem viaja de bicicleta, já que temos tempo de nos apercebermos das terras, pessoas e vidas que nelas vivem.
O Rogil é já ali e depois é sempre a descer até Aljezur. Também aqui não nos detemos até porque esta é uma terra pelo menos por mim visitada com alguma frequência, o nosso fito agora chama-se Carrapateira.
O percurso é sinuoso e desafiante com longas subidas e refrescantes descidas o que faz com que este dia seja para mim e meus camaradas o melhor de todos os desta viagem, coisa que aqui repito porque assim o quero registar.
Na Carrapateira fizemos uma paragem para reabastecimento e admirar um pouco a simpática aldeia que vive um momento pujante em virtude do Surf ter sofrido um enorme incremento e esta localidade ser famosa entre os praticantes nomeadamente os nossos vizinhos espanhóis que têm nestas praias o seu destino mais próximo para a prática do desporto que abraçaram.
Por toda esta costa se respira esta modalidade e a Costa Vicentina é hoje um dos principais destinos para a prática desta modalidade.
Da Carrapateira subimos, subimos, subimos e parecia que nunca mais acabaríamos de subir, mas passados largos minutos lá conseguimos chegar ao cume desta serra (cujo nome desconheço!) e onde as plantações de estações eólicas são uma realidade incontornável. Ao cimo dela uma nova estação lá estava a ser montada.
Vila do Bispo estava ali a parcos quilómetros, mas o nosso destino de almoço era a Praia da Casteleja e o seu parque de merendas excelentemente equipado.
Aqui entabuámos conversa com três simpáticos pescadores que depois de almoço nos fizeram companhia e nos puseram ao corrente da sua adição piscatória, modalidade que apenas praticam de noite e em praias e para o fazer, haviam vindo de Lisboa,
Quem é que quer morrer com uma vida como esta!
Puto Luis parece o Rui Águas quando era novo e o tio Piteira "carregando na ferragem"!
Tentando (sem sucesso!) actualizar o blogue.
Puto Luis parece o Rui Águas quando era novo e o tio Piteira "carregando na ferragem"!
Tentando (sem sucesso!) actualizar o blogue.
Ainda bem que já estamos perto de Sagres, que isto de escrever e pedalar é altamente cansativo e ainda não será hoje que aqui coloco as fotos, até porque já nem vejo muito bem as teclas onde os meus dedos fazem um estranho bailado que o meu cérebro parece já não comandar...e assim sendo....boa noite que se faz tarde.
PS: esta noite durmo com o Joaquim Piteira, já que nas noites anteriores, os meus colegas de quarto fizeram-me carregar a cruz da espertina por via do trovão do seu ressonar....oportunamente aqui trarei crónica dedicadas só a este tema...que tem tanto de tortura como de tontura.
3 Comments:
"Ainda bem que já estamos perto de Sagres" - diz o Kim a mamar uma.
O Carrageta aparece sempre.É certo e sabido!
Imprescindível e ....inevitável quando começa a cheirar a mariscos.
Mesmo que sejam"couratos"ele está disponível.-:))))
jm
Ganda Nap,tentando dar visibilidade aos seus "muchaços"...Usa o Hi-Fi gratuito,pá!
Em Espanha já existe por todo o lado... passar fotos para quem leve um pequeno"ordenador" é canja,caldo galego,sopa de mexilhones ou outras iguarias.Ainda por lá ando!
jm
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