Bruno Almeida - Slides - Retrados da Cidade Branca
O cineasta Bruno Almeida vai realizar um filme sobre Lisboa a que resolveu dar o título de um poema meu – Slides Retratos da Cidade Branca, coisa que para além de orgulhoso me deixa algo embevecido.
O Samuel ligou-me um dia destes dando-me conta do que lera na revista Time Out, mas só lhe atribui o epíteto de saborosa coincidência e a coisa por ali ficou.
Hoje o meu filho ligou-me dizendo que tinha conhecido o Bruno Almeida que lhe confirmou ter sido a este poema (que curiosamente havia memorizado) que foi buscar o nome e inspiração para essa futura produção que será feita em parceria com o outro grande cineasta, Fernando Lopes.
Pela minha parte, para além de lisonjeado, fico contente por um poema da minha autoria servir de inspiração a tão ínclita figura.
Deixo aqui a entrevista de Bruno Almeida à Time Out onde fala desse acontecimento.
Nasceu em Paris, mas divide a carreira entre Portugal e os EUA.
Em Bobby Cassidy: Counterpuncher, Bruno de Almeida registou as memórias de um pugilista nova-iorquino. Luís Salvado falou com ele.
Como é que um tipo que não gosta de boxe se vê a dirigir um documentário sobre um boxeur?
Eu nunca segui o boxe, mas quando conheci as histórias do Bobby Cassidy e depois o vi a falar, percebi que tinha ali um filme, com uma história muito humana e comovente.
E como é que chegaste a ele?
O Nick Sandow tinha sido boxeur em jovem e sabe muito da parte técnica. E em 2001, por uma razão ou outra, ficámos os dois interessados em pugilistas reformados e começámos a fazer um documentário, que nunca acabei mas que hei-de acabar, e que se chamava After the Fights. O que nos interessava era explorar o que acontecia aos boxeurs quando se reformam aos 35, 36 anos, e depois têm de arranjar outras formas de ganhar a vida e ao mesmo tempo lidar com o punch drunk, uma doença que a maioria deles acaba por ter por levar muita pancada na cabeça. Depois o Nick Cassidy tornou-se consultor e começou a contar-me histórias do pai, o Bobby Cassidy, que se revelou um tipo tão eloquente que preenchia um filme por si só, como veio acontecer.
O papel da mãe dos filhos na vida dele e o trabalho dele para a máfia não surgem muito focados no filme. Foi intencional?
Quanto à mulher, mãe dos filhos, por alguma razão que nunca me revelaram, ela não fez parte da vida deles. Ele criou os filhos sozinho, sempre os adorou, mas nenhum deles fala dela, ela não existe para eles. Não quis ir muito por aí. A outra questão é mais delicada: ele trabalhou para a máfia como o homem das colectas e contou muitas outras histórias da máfia, que eu retirei. Primeiro porque mencionava muitos nomes de pessoas vivas, e depois porque não achei que tivesse particular relevância.
O filme foi feito com orçamento reduzidíssimo...
Não teve orçamento, praticamente. Foi feito a pouco e pouco, durante oito anos, ao mesmo tempo em que eu fui trabalhando noutras coisas. A primeira entrevista foi feita em 2002 e a última cena, quando ele recebe o troféu, é de 2004. Eu trabalho muito assim, vou filmando e quando tenho tempo vou montando. E eu gosto de trabalhar sozinho, a verdade é essa. Agarro na minha câmara, sou eu a filmar, portanto não há despesas, só de tempo e de cassetes. Mas este ritmo permite-me pensar nas coisas. Por exemplo, este filme surgiu numa altura em que o meu pai morreu, e acabei por trabalhá-lo como forma de fazer o luto, o processo foi importante para eu olhar para mim próprio, senti que era a altura ideal para fazer o filme.
O projecto Operação Outono, um filme de ficção sobre Humberto Delgado, já será o oposto deste.
Sim, é um filme de grande orçamento, a maior produção da minha carreira. Mas também tenho um projecto mais modesto chamado Slides da Cidade Branca, com o Fernando Lopes a contar histórias sobre Lisboa.
In Time Out - Fev.2010
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bruno_de_Almeida
2 Comments:
tás a ver moço...é assim ...Boa!
primo Luis fernando
Olha, que bom, já não podes dizer que andas para aí a falar para o boneco,né?
beijinhos da prima catarina
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