Estação do Parvejo
Ao contrário das revistas “del corazón”, os outros meios de comunicação, como jornais e outras publicações ditas sérias, por esta altura do ano, adoptam um estilo aligeirado onde imperam os sudokus, palavras cruzadas e as célebres sete diferenças entre dois desenhos, para além de fotos de gente feliz que ninguém conhece nem reconhece.
Dizem que não há noticias, que os fazedores de opinião estão todos a banhos, que as redacções são um autêntico bocejo, vendo-se os redactores de serviço obrigados a optar por um estilo assim a dar para o “non sense” como é o caso desta crónica que agora convosco partilho.
Estamos em plena estação do parvejo, mais conhecida por “silly season” nos “mentideros” do “dolce fare niente” cá do burgo.
Dizem que não há noticias, que os fazedores de opinião estão todos a banhos, que as redacções são um autêntico bocejo, vendo-se os redactores de serviço obrigados a optar por um estilo assim a dar para o “non sense” como é o caso desta crónica que agora convosco partilho.
Estamos em plena estação do parvejo, mais conhecida por “silly season” nos “mentideros” do “dolce fare niente” cá do burgo.
Esta é uma época em que hordas de tugas rumam ao litoral carregando malas, crianças, sogras, geleiras, bóias, baldes e pás para abancar no T1 que alugaram em Março durante a prévia visita de inspecção, sinalizando logo ali o poiso de veraneio que se quer o mais perto da água para não mexer no Ford Fiesta de 1997 recentemente comprado em setenta e duas suaves prestações.
Em tempo de paspalhice existem outros cromos que se distinguem pela exuberância pavónica, como é, por exemplo, chegarem de helicóptero à praia, coisa que só acontece lá para a banda da Praia dos Tomates ou da Coelha, onde pontuam os portugueses de primeira que não gostam de se misturar com o pessoal da manga à cava de geleira na mão e chapéu de sol debaixo do braço, apesar de os acharem “muito queridos!” e de terem com eles em comum o facto de cantarem o “Apita o Comboio” nos casamentos a que vão.
Nos últimos anos também assistimos ao nascimento duma classe assim a dar para o parasita, que dá pelo nome de “paparazzi” e que se desloca para os Algarves à cata de fotos comprometedoras das figuras públicas para depois publicarem em revistas da especialidade que a mulher do Zé da manga à cava, compra, folheia, sonha e comenta com as amigas debaixo do chapéu de sol, entre dois berros aos rebentos que atormentam a vizinhança do areal com as suas correrias desenfreadas, gritinhos estridentes e banhos de areia.
Os veraneantes pobres distinguem-se dos ricos especialmente pela saliência do músculo abdominal que com o passar dos anos, das feijoadas e das cervejolas se foi transformando num odre que alguns procuram encolher à passagem de fêmea bamboleando curvas e libido por tudo quanto é poro.
Os ricos alugam toldos, cama e pára ventos; usam pulseiras e óculos gigantescos, roupa de banhar de marcas com nomes estrangeiros e miram e remiram as dunas na esperança de serem capturados no diafragma por um desses “snipers” da fotografia.
De repente lembro-me de uma figura de antanho dos meus tempos da Caparica.
Nesta praia havia uma espécie de rádio da praia com altifalantes ao longo do areal que debitava as músicas do verão em causa e o locutor de serviço mandava umas larachas.
Quando o “cromo” chegava à praia, passava pela cabine de som, pagava uma cervejinha ao locutor que anunciava a toda a praia.
- Atenção meninas, chegou o Zé Manel das garotas!
E o paspalho de pouco mais de metro e meio de altura, lá seguia de toalha ao ombro e peito inchado pensando que era o Alain Delon….sim, porque o Brad Pitt por esses tempos ainda não era nascido!
Bons mergulhos…
Crónica Publicada na Revista 30 Dias de Agosto de 2009
3 Comments:
"Exemplares" desta natureza se ainda não estão há muito que deveriam estar extintos e o que era bom (óptimo)é que NUNCA deviam ter existido.
Texto excelente.
Quanto ao mais, eu sempre fui dizendo ao Joaquim Miguel nas tuas costas para não te melindrar, que andavas a pastorear rabanhos de mines a mais. Olha bem como ficaste...
Carneiro,
não é das minis.É dos "tramoços" ,das "alcagoitas"e da mistura com 7/UP(viva o Bayern e não me venhas falar do D. de Vigo ou de outras merdas gregas que nas subidas eu bem me lembro).
ups!
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