quarta-feira, agosto 26, 2009

A Baiuca de Alfama


fadista amador cantando na Baiuca


O Fernando Cruz, é meu amigo há mais de 47 anos. Escrevo isto e quase me assusto!
Mas contra factos, não tenho argumentos. No implacável desfolhar dos calendários, no apressado correr de todos os grãos de areia de todas as ampulhetas do mundo, no galopar tiquetaqueante de todos os ponteiros dos relógios, nos sulcos vertiginosos de todas as rugas de todas as faces, sou confrontado com essa terrível mas fascinante realidade, que é a vida!
Quando ocasionalmente nos encontramos tendemos a fazer balanços, tanto mais que consideramos um raro privilégio havermos cultivado esta amizade ao longo das várias vidas que cada um de nós viveu…e acreditem que as vivemos!!
Ao fim da tarde de ontem (segunda 24-08) liguei-lhe para o convidar para jantar, coisa a que acedeu com júbilo e prontidão, até porque temos assuntos a tratar que necessitam de ser urgentemente agendados.

- Onde queres ir jantar? – perguntou
- Não sei, mas talvez a uma tasca tão velha como a nossa amizade – respondi
- Que me dizes a deambular por Alfama e logo se vê o que se arranja – sugeriu
- Boa ideia. Bora lá - anui

A tarde de Agosto estava quente a pedir um itinerário de copinhos de branco e pastelinhos vários, pelas tascas que ainda não se transformaram em poiso de turistas com pataniscas de bacalhau a preços inusitados.
Como o Fernando não bebe há mais de uma década, não me calhou bem enfrentar o mármore dos balcões a solo, vai daí ficámo-nos pelo passeio pelas múltiplas vielas deste bairro que no virar de cada beco, no estreitar de cada ruela, nos postigos com vista para a novela da tarde, na traquinice das crianças felizes que nos atropelam de juventude, no jeito orgulhosamente bairrista das mulheres que em grupo descem a calçada, nos pintas “carteiros” que topo à distância, no olhar sensível do artista que imortaliza a traço de carvão os cenários da sua inspiração e me fazem lembrar os cascos velhos de muitas das cidades árabes que conheço.

Rejuvenesço sempre que me espanto, e hoje é dia de deslumbramento!

Há um mar de histórias no naufrágio de cada olhar em que insisto ancorar, e destas deambulações faço o meu jogo favorito: inventar vidas de carne e de lume. Vidas com infâncias de arco e gancheta, pião, carica e cromos da bola. Juventudes de incêndio e paixão, sonho e maresia. Ocasos de sabedoria e contemplação.

Destas deambulações faço o meu percurso pelas ancestrais pedras deste fascinante bairro alfacinha.

Aspecto da fachada da Baiuca

Ao passar pela estreitíssima rua de S. Miguel damos com uma tasca que outro amigo me havia em tempos recomendado e que por mera coincidência havíamos encontrado.
-É aqui que vamos jantar. Decidi imperialmente sem dar oportunidade ao Fernando de contra-propor .
O lugar chama-se A Baiuca e é um daqueles minúsculos estabelecimentos que não leva mais que duas dúzias de clientes.
Miro em redor e parecem-me quase todos estrangeiros. Gente com olho para o genuíno - penso para com os meus botões!
A proprietária senta-nos juntamente com outra gente que descubro que também não se conhece, mas ali está, ombro com ombro, degustando os excelentes lombos de bacalhau que Dona Lídia a proprietária recomenda a toda a gente.
À porta uns “pintas” locais deambulam por ali como que à procura de um rumo, de uma porta que se escancare para um norte mais prazenteiro.
Um jovem artista de cabelo apanhado à samurai, prepara o seu ganha-pão em forma de carvão e papel pergaminho onde mais tarde esbanjará génio e arte a preços verdadeiramente simbólicos.
A casa enche-se rapidamente e comento com o meu amigo a sorte que tivemos. Nisto dois guitarristas agarram nos respectivos instrumentos e dum canto da Baiuca debitam os sons caracteristicos da cidade branca no dengoso gemer da guitarra portuguesa.

Silêncio que se vai cantar o fado!

Ordena Dona Lídia, proprietária, gerente e mestre de cerimónias desta memorável noite, onde o cante genuíno das vozes populares dos vizinhos, convidados, amadores e da própria Dona Lídia, debitam para os que ali repastam o doce lânguido da canção de Lisboa.
Dona Lidia entregando-se nas mãos do fado

O quadro não podia ser mais natural. Os “pintas” também eles fadistas, encantam quem os escuta, num número há muito repetido e combinado.
Um deles canta dentro de casa, outro responde da rua, criando uma atmosfera de privilégio para aqueles que ali foram pôr à prova os seus sentidos.
Aparecem à larga porta, mulheres, crianças, bêbados, artistas, turistas e demais figuras que fazem daquela passagem onde a luz incide um quadro vivo de que retiro particular prazer.
Estive na Baiuca como peixe na água, e como hoje era dia de S. Deslumbramento, acendo-lhe uma vela imaginária a agradecer tão raro pressentimento.

Etiquetas: A Baiuca, alfama, Bairro Alto, fado, Mouraria

Escrito por pulanito @ agosto 26, 2009   6 comentários

terça-feira, agosto 25, 2009

José António Lázaro - Uma Humilde Homenagem

O Lázaro e eu algures em 1990....


Bem sei que com o avançar da idade, podemos ser surpreendidos por notícias, que muitas das vezes não queremos acreditar.
Numa das minhas idas a Lisboa, parei no Hotel Príncipe para rever alguns dos meus companheiros e saber novas de outros amigos que fazem pouso naquele lugar.
Foi então que o Manuel Matos, barman e meu amigo há perto de 40 anos, me disse que o José António Lázaro, havia falecido e já há algum tempo de doença oncológica, quase fulminante.
O Lázaro por inerência da profissão de jornalista, que desenvolvia com maestria no extinto jornal A Capital, tinha horários muito parecidos aos meus de então, o que fazia com que se tivesse tornado companheiro de copo e de ceia de muitas madrugadas das nossas vidas; tantas, que nem as sei quantificar!
Carinhosamente, chamávamos-lhe “O Filho da Mulher da Fruta”, alcunha por que respondia sem se molestar, tanto mais que também ele gostava de apadrinhar toda a gente, alcunhando clientes e pessoal do hotel com a argúcia que todos lhe reconhecíamos.
O J.A.Lázaro era especialista em critica tauromáquica, o que fazia com que o tema estivesse quase sempre presente, ora para comentar o artigo por ele escrito em edição anterior, ora para comentar episódios da festa brava como só ele o sabia fazer.
O Lázaro já morreu há uns meses (Novembro de 2008), mas só hoje aqui o trago, porque não o queria fazer sem ter uma ilustração fotográfica condigna deste nosso amigo de toda uma vida.
Estava eu no outro dia de posse de um baú de velhas fotos, quando dum envelope esquecido sai a foto com que ilustro o presente post, assim como que a querer dizer-me que este espaço, de entre outras coisas, também deve servir para homenagear aqueles que da lei da morte se vão libertando e que tiveram papel de relevo nas nossas vidas.
Na foto em questão tinha sido destacado para a apresentação em Portugal de uma cantora americana chamada Calamity, coisa que teve lugar ali para os lados da Avenida de Roma no antigo Beat Club.
O Lázaro convidou-me para o acompanhar a esse evento, e dessa fugaz passagem por aquele lugar restou esta foto, razão mais que suficiente para aqui homenagear o “Filho da Mulher da Fruta”, essa figura singular que entretanto partiu, mas que na memória daqueles que consigo partilharam pedaços de vida, ficam os estilhaços de uma memória que enquanto persistir, manterá viva a recordação de um sujeito verdadeiramente sui generis: José António Lázaro!

Escrito por pulanito @ agosto 25, 2009   1 comentários

quinta-feira, agosto 20, 2009

Retrato do Portugal Moderno visto por Miguel Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares

Já que estamos em maré de Miguel Sousa Tavares, não resisto a publicar este artigo escrito em jeito de conversa publicado no Expresso a 27/06 e reenviado pelo meu amigo Joaquim Miguel.

Conversa entre mim e uma amiga(...):


- É sempre assim, esta auto-estrada?

- Assim, como?

- Deserta, magnífica, sem trânsito?

- É, é sempre assim.

- Todos os dias?

- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.

- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?

- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.

- E têm mais auto-estradas destas

- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc.

- respondi, rindo-me.

- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?

- Porque assim não pagam portagem.

- E porque são quase todos espanhóis?

- Vêm trazer-nos comida.

- Mas vocês não têm agricultura?

- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.

- Mas para os espanhóis é?

- Pelos vistos... Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:

- Mas porque não investem antes no comboio?

- Investimos, mas não resultou.

- Não resultou, como?

- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.

- Mas porquê?

- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pêndula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.

- E gastaram nisso uma fortuna?

- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...

- Estás a brincar comigo!

- Não, estou a falar a sério!

- E o que fizeram a esses incompetentes?

- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.

- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?

- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km. Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.

- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?

- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.

- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?

- Isso mesmo.

- E como entra em Lisboa?

- Por uma nova ponte que vão fazer.

- Uma ponte ferroviária?

- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.

- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!

- Pois é.

- E, então?

- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim. Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.

- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta... - Não, não vai ter.

- Não vai? Então, vai ser uma ruína!

- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.

- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?

- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!

- E vocês não despedem o Governo?

- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?

- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.

- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?

- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.

- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?

- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade. Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:

- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?

- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.

- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo? - É isso mesmo. Dizem que este está saturado. - Não me pareceu nada...

- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.

- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?

- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.

- E tu acreditas nisso?

- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?

- Um lago enorme! Extraordinário!

- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.

- Ena! Deve produzir energia para meio país!

- Praticamente zero.

- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!

- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.

- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?

- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.

- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?

-Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor. Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:

- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?

- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez. Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:

- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!

Escrito por pulanito @ agosto 20, 2009   4 comentários

quarta-feira, agosto 19, 2009

No Teu Deserto - Miguel Sousa Tavares


Gosto do Miguel Sousa Tavares. Gosto do MST jornalista, comentador, analista, mas é na sua vertente de escritor que mais aprecio o seu modo de derramar palavras, assim como se fossem pérolas (ou balas, consoante o caso !), mas sempre na direcção certeira do coração do leitor.
Vem isto a propósito do último livro deste escritor, que o entitulou – No Teu Deserto – um “quase romance” como o sub-nominou.
É um pequeno livro que se lê sem se querer, ou mesmo conseguir parar, até porque, MST, um cioso da sua intimidade, compartilha aqui connosco não só uma das suas múltiplas aventuras pelo deserto do Sahara, expondo como só ele o sabe fazer um turbilhão de emoções que envolvem o leitor e desaguam na intimidade do escritor.
No Teu Deserto, parece-me haver sido escrito de um jorro, assim como se uma sede imparável de escrever o obrigasse à partilha com os leitores de uma longínqua aventura, mas ao mesmo tempo tão presente, como se ainda estivesse a sacudir das calças o pó acareado no deserto.
Cláudia (já falecida, sendo este livro uma homenagem à sua pessoa), é a destinatária deste - quase romance – companheira de MST nessa fabulosa viagem ao âmago dessa terra feita de silêncio e estrelas chamado deserto.
Quando li “ Equador” fiquei mais do que impressionado com o autor, pois desde Eça de Queirós que não tinha o prazer de ler uma escrita assim quase tridimensional onde os personagens têm cheiros, forma, sons e cores parecendo querer saltar das palavras e ganhar vida própria, apenas regressando à sua forma de letra quando os esmagamos com a viaragem da página seguinte, repetindo-se este jogo até ao final da obra.
No Teu Deserto, também tem essa magia a que MST nos habituou. Por mim, viajei no banco de trás do seu UMM Alter, ajudei-o a carregar, montar e desmontar os equipamentos. Comemos, bebemos rimos e chorámos à volta da mesa improvisada feita das caixas metálicas contendo os equipamentos de filmar e fotografar.
Através das suas palavras conheci a bela Cláudia, mulher ícone desta história, companheira de horas, de pó e de pedras, mas também de longos cúmplices silêncios e de intermináveis conversas.
MST, expõe a nú o que lhe vai na alma, repartindo com o leitor a avassaladora paixão que durou a demora de uma travessia do deserto e a eternidade que a memória lhe concede.

Etiquetas: Equador, Miguel Sousa Tavares, No Teu Deserto, Rio das Flores

Escrito por pulanito @ agosto 19, 2009   2 comentários

quinta-feira, agosto 13, 2009

Galeria dos Notáveis Participantes na 3ª Volta a Portugal em Cadeira de Rodas.










Terminou a epopeia do Zé Lima e da Rosa Carvalho. Depois de muito “mandalar” chegaram a bom porto em Quarteira na passada quarta-feira dia 12 de Agosto.
Como esta hercúlea tarefa teve a ajuda e participação de muita gente, aqui fica uma pequena galeria de acompanhantes ciclistas, membros da UMT, médico, motorista, simpatizantes e outros diferentes activos que fizeram questão de dizer presente ao feito dos bravos Zé e Rosa.

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2009   3 comentários

Final da 3ª Volta a Portugal em Cadeira de Rodas



Terminou pelas 11horas a 3ªVolta a Portugal em Cadeira de Rodas,protagonizada por dois estóicos DIFERENTES ACTIVOS,Rosa Carvalho e José lima.
A saída de Alte foi pelas 08 horas e 15 minutos,com uma pequena caravana organizada.
Após várias subidas muito duras,abordaram a passagem por Loulé em altíssima velocidade entrando em Quarteira protegidos por batedores da GNR que foram abrindo caminho tornando possível a chegada ,em ritmo competitivo,junto ao edifício da Junta de Freguesia ,onde foram apoteóticamente recebidos pelo Edil ,populares e amigos.
Foram doze dias e mais de 850 quilómetros,de Monção-Alto Minho a Quarteira-Algarve...Foi,mais uma vez,um grande espectáculo e um grande exemplo de como é possível viver a VIDA com dignidade, determinação,entusiasmo e alegria,apesar de tudo....Que lição!
Fotos e texto enviados por Joaquim Miguel

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2009   1 comentários

segunda-feira, agosto 10, 2009

Pessoal da Baronia em alta

Pessoal da V. N. da Baronia ajudando o Zé Lima a vencer uma dificuldade.


Tem sido assim por todo o Alentejo. Hoje em Castro Verde, ontem em terras de jurisdição ciclista da rapaziada de Vila Nova da Baronia, aqui presentes na foto.
Lamentavelmente estão todos de costas, mas a vida é assim: quem não tem cão caça com gato.
Fica aqui o obrigado dos nossos “cavaleiros do asfalto” pela prestimosa ajuda que ano após ano esta desinteressada maralha das duas rodas da Baronia, que nos saem ao caminho para nos assaltarem as emoções.
Obrigado…para o ano prometemos uma foto frontal!!

Escrito por pulanito @ agosto 10, 2009   1 comentários

Zé Lima e Rosa Carvalho na pátria do Pulanito

Rosa Carvalho e Zé Lima "mãodalando" furiosamente por terras do Pulanito

José Lima e Rosa Carvalho passaram hoje (10/08) por terras do Pulanito, que tal como havia prometido, se fez à estrada e foi acompanhar estes dois gloriosos “cavaleiros do asfalto”.
Tenho especial apreço por corajosos desta estirpe, que em prol da causa dos nossos concidadãos que por circunstâncias várias têm de viver a vida com algumas dificuldades de mobilidade. Dificuldades essas acrescidas por uma cínica ausência de planeamento no que se refere às barreiras naturais, que estes portugueses têm de ultrapassar e ainda aquelas que lhes são criadas pelos eloquentes decisores da nossa praça, que só se lembram de as criar caso esta fatalidade lhes bata à porta.
Fica aqui o recado e fica também o relato desta curta etapa entre Beja e Castro Verde numa distância de 43 Km.
Pela minha parte saí do Algarve às 5 horas da manhã de modo a poder chegar a Entradas por volta das seis, e mal o dia raiasse, me montasse na minha bicicleta e me fizesse ao caminho de modo a fazer a etapa na totalidade com a Rosa e com o Lima.
Já os encontrei com meia dúzia de quilómetros percorridos “mãodalando” a uma velocidade de quem cerra os dentes e sabe que tem um desafio para vencer.
Rosa Carvalho mais leve que José Lima, ganha-lhe nas subidas, enquanto que nas descidas, o inventor desta prova, leva a sua "hand bike" a velocidades muito difíceis de acompanhar.
O impagável Carrajeta e o bom gigante (em todos os sentidos!) Joaquim Miguel Bilro apoiam desde Viana do Castelo esta saga iniciada a um e agora vivida a dois. É uma ajuda preciosa, já que um sendo médico e o outro motorista, dão um auxilio logístico e profissional aos nossos protagonistas que de algum modo lhes ameniza a dor que é vencer metro atrás de metro, quilómetro atrás de quilómetro, dia após dia o desafio a que se propuseram.
A (UMT) Unidade Móvel de Trânsito dá uma ajuda preciosa na gestão do tráfego, bem como na segurança dos atletas em prova e daqueles que o acompanham.
Pela minha parte tenho acompanhado desde o primeiro ano a epopeia destes audazes tri-ciclistas e à medida que os anos passam aumenta por eles a minha admiração.

Os heróicos Zé e Rosa com a rapaziada de Castro, também eles protagonistas e anfitriões por estradas do Campo Branco.


A rapaziada de Castro Verde, saiu-lhes ao caminho por volta do Km 25 e à imagem do pretérito ano, deram uma preciosa ajuda física e psicológica, o que faz com que o Zé não pare de afirmar que ama a planura e a alma das gentes desta terra.
Amanhã estes ciclistas de Castro Verde darão na Serra do Caldeirão uma preciosa ajuda no que diz respeito a vencer as “paredes” que uma atrás de outra se sucedem até aparecer a placa que anuncia o fim da serra e que diz Cortelha.
No momento em que escrevo estarão a descansar em Castro Verde, onde desde a primeira hora a edilidade local apoia incondicionalmente a louca aventura a que o Zé Lima bem soube dar corpo e alma.
Sei que existem excelentes condições de patrocínio com uma empresa da especialidade que no próximo ano dará uma ajuda significativa, podendo assim duma maneira quase independente poder assegurar a presença de outros atletas nesta prova que já é um marco no calendário das nossas vidas.
Procurarei acompanhar a chegada do Lima e da Rosa a Quarteira, local onde desde sempre termina esta epopeia que liga o Alto Minho ao Sotavento Algarvio, num trajecto quase grito que afinal só tem uma mensagem: TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS!

Escrito por pulanito @ agosto 10, 2009   1 comentários

quinta-feira, agosto 06, 2009

Catarina Mira em reportagem para o Elite Model Look 2009





Minha filhota caçula Catarina Mira continua a sua ascendente e imparável carreira no dificil mundo da televisão. Para além de apresentar com o João Paulo Sousa o Disney Kids há mais de um ano, fez agora este excelente trabalho para a SIC Mulher, acerca do concurso Ellite Model Look 2009, que aqui vos deixo para que possam apreciar a evolução desta imparável Mira.
É claro que fico babado...não é preciso referirem isso nos comentários que se dignarem fazer heheeh!!

Escrito por pulanito @ agosto 06, 2009   4 comentários

quarta-feira, agosto 05, 2009

Estação do Parvejo


Ao contrário das revistas “del corazón”, os outros meios de comunicação, como jornais e outras publicações ditas sérias, por esta altura do ano, adoptam um estilo aligeirado onde imperam os sudokus, palavras cruzadas e as célebres sete diferenças entre dois desenhos, para além de fotos de gente feliz que ninguém conhece nem reconhece.
Dizem que não há noticias, que os fazedores de opinião estão todos a banhos, que as redacções são um autêntico bocejo, vendo-se os redactores de serviço obrigados a optar por um estilo assim a dar para o “non sense” como é o caso desta crónica que agora convosco partilho.
Estamos em plena estação do parvejo, mais conhecida por “silly season” nos “mentideros” do “dolce fare niente” cá do burgo.

Esta é uma época em que hordas de tugas rumam ao litoral carregando malas, crianças, sogras, geleiras, bóias, baldes e pás para abancar no T1 que alugaram em Março durante a prévia visita de inspecção, sinalizando logo ali o poiso de veraneio que se quer o mais perto da água para não mexer no Ford Fiesta de 1997 recentemente comprado em setenta e duas suaves prestações.

Em tempo de paspalhice existem outros cromos que se distinguem pela exuberância pavónica, como é, por exemplo, chegarem de helicóptero à praia, coisa que só acontece lá para a banda da Praia dos Tomates ou da Coelha, onde pontuam os portugueses de primeira que não gostam de se misturar com o pessoal da manga à cava de geleira na mão e chapéu de sol debaixo do braço, apesar de os acharem “muito queridos!” e de terem com eles em comum o facto de cantarem o “Apita o Comboio” nos casamentos a que vão.

Nos últimos anos também assistimos ao nascimento duma classe assim a dar para o parasita, que dá pelo nome de “paparazzi” e que se desloca para os Algarves à cata de fotos comprometedoras das figuras públicas para depois publicarem em revistas da especialidade que a mulher do Zé da manga à cava, compra, folheia, sonha e comenta com as amigas debaixo do chapéu de sol, entre dois berros aos rebentos que atormentam a vizinhança do areal com as suas correrias desenfreadas, gritinhos estridentes e banhos de areia.

Os veraneantes pobres distinguem-se dos ricos especialmente pela saliência do músculo abdominal que com o passar dos anos, das feijoadas e das cervejolas se foi transformando num odre que alguns procuram encolher à passagem de fêmea bamboleando curvas e libido por tudo quanto é poro.

Os ricos alugam toldos, cama e pára ventos; usam pulseiras e óculos gigantescos, roupa de banhar de marcas com nomes estrangeiros e miram e remiram as dunas na esperança de serem capturados no diafragma por um desses “snipers” da fotografia.

De repente lembro-me de uma figura de antanho dos meus tempos da Caparica.
Nesta praia havia uma espécie de rádio da praia com altifalantes ao longo do areal que debitava as músicas do verão em causa e o locutor de serviço mandava umas larachas.
Quando o “cromo” chegava à praia, passava pela cabine de som, pagava uma cervejinha ao locutor que anunciava a toda a praia.
- Atenção meninas, chegou o Zé Manel das garotas!
E o paspalho de pouco mais de metro e meio de altura, lá seguia de toalha ao ombro e peito inchado pensando que era o Alain Delon….sim, porque o Brad Pitt por esses tempos ainda não era nascido!
Bons mergulhos…
Crónica Publicada na Revista 30 Dias de Agosto de 2009

Escrito por pulanito @ agosto 05, 2009   3 comentários

terça-feira, agosto 04, 2009

3ª Volta a Portugal Em Cadeira de Rodas Já Está Na Estrada


O amigo José Lima lá voltou a pôr de pé essa façanha, que é percorrer Portugal de lés a lés em cadeira de rodas.
Partiram de Valença no dia 1 de Agosto e terminarão em Quarteira no dia 13 do mesmo mês, percorrendo assim cerca de 900 quilómetros que farão integralmente a “ mãodalar” , umas vezes passando as passas do Algarve ainda sem lá ter chegado, outras vezes descendo em frenéticas velocidades as montanhas que se lhes vão atravessando no caminho.
Desta feita o Zé Lima não vem sozinho, volta a repetir a companhia da Rosa Carvalho que o acompanhou no ano transacto e ainda o estreante Helder Mestre.
Estavam previstos mais dois atletas, mas creio que dificuldades logísticas terão impedido a sua participação.
Pela minha parte tentarei estar presente dia 10 no percurso entre Beja e Castro Verde de modo a apoiar estes autênticos cavaleiros dos asfalto, que só quem sabe as dificuldades que estes enfrentam é que lhe podem dar o verdadeiro valor, e eu, acho que me incluo nesse lote.
Até segunda amigos, lá vos apanharei na estrada…..
Aqui vos deixo um texto surripiado ao “xiclista” que por sua vez o deve ter recebido ou subtraído de outro espaço de divulgação, mas o que importa é divulgar epopeias como a que estes três “gandas malucos” estão a levar a cabo.
Resta-me dizer que a insistência, a perseverança e a coragem de denunciar as barreiras arquitectónicas, a falta de equipamentos adequados em edifícios públicos e privados, a falta de acesso ao mercado de trabalho ou o abandono a que são votados estes portugueses, são a bandeira destes três corajosos atletas, que através desta prova anual, relembram aos governantes deste país que também existem, também votam, e também devem ter direitos iguais aos demais portugueses.




Prova - 2009 - Volta a Portugal em Cadeira de Rodas - VPCR.


Por fim já conseguimos a tão desejada Autorização - Artº 9º nº1 - Decreto - Lei nº 44/2005 de 23 de Fevereiro.
Agradecemos a todos aqueles que com a sua dedicação nos ajudaram a conseguir em tempo útil e recorde esta segurança de Norte a Sul do percurso VPCR 2009. Assim a GNR protegerá a nossa retaguarda, para podermos em segurança "mandalar" a caminho da meta em Quarteira. Muitíssimo obrigado.
A terceira VPCR (volta a Portugal em cadeira de rodas) tem inicio, como nos anos anteriores, no dia 1 de Agosto. Nela participaram em princípio cinco atletas: Rosa Carvalho, Hélder Mestre, Pedro Pereira, Félix Correia e José Lima.
Uma Senhora e quatro homens, diferentes, mas cheios de garra, teimosos e rijos como a madeira velha dos carvalhos, uma vez mais mostram, a muitos dos outros apelidados não sei porquê de "normais", como as fibras dos seus músculos são resistentes.
Estes cinco duros de roer enfrentam um desafio, que está longe da capacidade de muitos dos ditos normais: enfrentaram um sol inclemente, talvez até chuva insensível, e com certeza vento frontal inimigo, subidas íngremes até ao ranger de dentes, e descidas a velocidades escalofriantes, curvas perigosas só em duas rodas e muitos mais desafios para vencer.
E com segurança, mostraremos mais uma vez, como são rijas as fibras dos músculos dos Diferentes Activos Portugueses, porque podemos ser diferentes, mas essa diferença forjou-nos rijos como o melhor aço, e nunca esqueceremos que mais vale partir do que torcer, porque somos duros de roer realmente.

Escrito por pulanito @ agosto 04, 2009   3 comentários

Deixe aqui a sua opinião sobre o Fado!

Links

  • Jardins de Inverno
  • um e o outro - blog do Tim
  • Casa Das Primas
  • Oxiclista
  • correio alentejo - um jornal a ter em conta
  • Mokuna
  • Alojamento grátis em mais de 1300 hotéis. 17 países da Europa
  • Insomnia - Um blogue alentejano a visitar
  • Prova Escrita
  • Alvitrando
  • A Cinco Tons
  • NeuroNewz
  • Tricotar o Tempo
  • Entradas Anteriores

    • Lugar Nenhum Ed Hoster e Napoleão Mira
    • Passagem Para a Índia
    • Incongruências
    • Santiago Maior - Napoleão Mira & Sam The Kid
    • Napoleão Mira na RTP
    • A Fé e o Medo
    • Napoleão Mira - AS Portas Que Abril Abriu - (Ary ...
    • Esta Lisboa Que Eu Amo Houve um tempo (lar...
    • Ribeira de Cobres
    • A Velha Pasteleira
    • Reveillon

    Arquivo

    • agosto 2006
    • setembro 2006
    • outubro 2006
    • novembro 2006
    • dezembro 2006
    • janeiro 2007
    • fevereiro 2007
    • março 2007
    • abril 2007
    • maio 2007
    • agosto 2007
    • setembro 2007
    • outubro 2007
    • novembro 2007
    • dezembro 2007
    • janeiro 2008
    • fevereiro 2008
    • março 2008
    • abril 2008
    • maio 2008
    • junho 2008
    • julho 2008
    • agosto 2008
    • setembro 2008
    • outubro 2008
    • novembro 2008
    • dezembro 2008
    • janeiro 2009
    • fevereiro 2009
    • março 2009
    • abril 2009
    • maio 2009
    • junho 2009
    • julho 2009
    • agosto 2009
    • setembro 2009
    • outubro 2009
    • novembro 2009
    • dezembro 2009
    • janeiro 2010
    • fevereiro 2010
    • março 2010
    • abril 2010
    • maio 2010
    • junho 2010
    • julho 2010
    • agosto 2010
    • setembro 2010
    • outubro 2010
    • novembro 2010
    • dezembro 2010
    • janeiro 2011
    • fevereiro 2011
    • março 2011
    • abril 2011
    • junho 2011
    • julho 2011
    • setembro 2011
    • outubro 2011
    • dezembro 2011
    • fevereiro 2012
    • março 2012
    • abril 2012
    • maio 2012
    • junho 2012
    • julho 2012
    • agosto 2012
    • setembro 2012
    • outubro 2012
    • novembro 2012
    • dezembro 2012
    • março 2013
    • abril 2013
    • maio 2013
    • junho 2013
    • julho 2013
    • outubro 2013
    • janeiro 2014
    • fevereiro 2014
    • março 2014
    • abril 2014
    • maio 2014
    • junho 2014
    • agosto 2014
    • setembro 2014
    • outubro 2014
    • fevereiro 2015
    • março 2015
    • abril 2015
    • fevereiro 2016
    • março 2016
    • julho 2016
    • agosto 2016
    • setembro 2016
    • outubro 2016
    • novembro 2016
    • abril 2017
    • maio 2017
    • junho 2017
    • julho 2017
    • fevereiro 2018
    • outubro 2018
    • Current Posts

    Powered by Blogger


 

 visitantes online