quinta-feira, maio 29, 2008

Fernando Pessoa em versão Hip Hop no Terreiro do Paço

No próximo dia 13 de Junho completam-se 120 anos sobre o nascimento de Fernando Pessoa. Para celebrar a data, a Casa Fernando Pessoa e a Câmara Municipal de Lisboa decidiram lançar um desafio à editora Loop:Recordings e marcar um encontro entre os escritos do poeta e algumas das mais aplaudidas vozes do movimento Hip Hop nacional.

O primeiro resultado desse desafio será o espectáculo que no próximo dia 13 tomará conta do Terreiro do Paço, junto ao Martinho da Arcada, local predilecto Fernando Pessoa. A partir das 18 horas haverá música e graffiti para evocar a obra de Fernando Pessoa.
Melo D, Maze e Fuse dos Dealema, Raptor, Rocky Marsiano, Rodrigo Amado, Sagas, Dj Ride, T-One, D_Fine e Viriato Ventura (pai de Sam The Kid) serão os artistas que marcarão presença no palco montado no Terreiro do Paço. As actividades começarão às 18 horas, com DJs da Loop (Rui Miguel Abreu, José Belo, D-Mars, DJ Ride) a darem música à cidade enquanto painéis alusivos à iconografia pessoana serão pintados por Nomen, um dos mais reputados writers nacionais.
Entretanto, estão a ser dados os retoques finais num álbum de homenagem a Fernando Pessoa que a Loop:Recordings deverá editar em Setembro. Este projecto nasce igualmente do desafio lançado pela Casa Fernando Pessoa.

Tem direcção artística de D-Mars (aka Rocky Marsiano) e envolve artistas como Pedro Laginha (actor, vocalista dos Mundo Cão) em colaboração com DJ Ride, Marta Hugon em colaboração com os Spill de André Fernandes, Kalaf em colaboração com o trio do saxofonista Rodrigo Amado, D_Fine e Rocky Marsiano, Maze com o DJ Soma, Fuse, Melo D, Sagas, Raptor e Sam The Kid com o seu pai, Viriato Ventura.
A edição em CD deste projecto deverá ser acompanhada de um DVD com entrevistas aos diversos artistas envolvidos e imagens do concerto do próximo dia 13.

In Diário Digital a 29 -05 - 08

Escrito por pulanito @ maio 29, 2008   4 comentários

terça-feira, maio 27, 2008

Fernando Pessoa vira Hip Hop


Como no Hip Hop a mensagem é elemento fundamental daquilo que se pretende transmitir, em boa hora o jornalista, critico musical, radialista e editor Rui Miguel Abreu, resolveu agarrar nesse vulto universal da língua portuguesa e autor da “ Mensagem” de seu nome Fernando Pessoa, e dá-lo a recriar a nomes da cultura musical alternativa portuguesa como: Sagas, DJ Ride, Rocky Marsiano, Bullet e Sam the Kid.
Pela parte que me toca fui convidado por Sam The Kid a escolher dentro da obra de Pessoa ou de um dos seus heterónimos, um poema ou fragmentos de poema que coubesse dentro dos limites duma faixa musical de modo a dizê-lo à minha maneira.
Andámos um bocado perdidos na vastidão do possível repertório, mas a escolha acabou por incidir sobre um dos poemas do heterónimo Álvaro de Campos chamado: Tabacaria, que por sinal é um dos meus favoritos de toda a obra Pessoana.
Dizer todo o poema estava fora de questão, mas tive o cuidado de o cortar pelo menos em metade sem este perder o sentido estético implícito.
Quando me reuni para trabalhar a minha parte com o Samuel a coisa ainda não se fazia por menos de oito minutos o que continuava incomportável, havendo necessidade de efectuar novos cortes.
Por fim, lá conseguimos encontrar um fio condutor onde o poema não se perdesse e ao mesmo tempo continuasse com a mensagem e a densidade que este impunha nos menos de 5 minutos que tínhamos para trabalhar.
Pronto. Está gravado. Agora falta o Samuel revestir de harmonias o esqueleto musical onde trabalhámos para que este possa ganhar a luz do dia.
A apresentação deste trabalho terá lugar no Terreiro do Paço no dia 13 de Junho pelas 22 horas (data de nascimento do poeta) numa festa concerto, onde estarão presentes todos os intervenientes, incluindo este vosso amigo, sendo que o disco estará à venda na semana seguinte à sua apresentação.
Logo que me seja dada autorização, terei todo o gosto em partilhar neste espaço o resultado deste trabalho que tem a marca de qualidade de Sam The Kid.

Escrito por pulanito @ maio 27, 2008   9 comentários

domingo, maio 25, 2008

Dona Cegonha

Eucalipto de habitação social perto de Entradas


Dona cegonha
Como tem passado
Não há quem na veja
Ir para a igreja
Pousar no telhado

Este é o refrão duma música alentejana sobejamente conhecida, e sempre cantada em tudo quanto é convívio, desde que três ou mais alentejanos se juntem à volta de um ou vários jarros de vinho e que, vá-se lá saber porquê, mal os vapores etílicos atinjam ponto de combustão é vê-los pegar uma “moda” atrás doutra onde esta se inclui.
Dizia-me no outro dia um velhote alentejano na sua imensa sabedoria: - No Alentejo já há mais cegonhas que alentejanos!
De facto, e se atendermos à foto que saquei bem perto de Entradas não posso deixar de lhe dar razão. Neste caso até parece que estamos num eucalipto de habitação social, tal é o estado de degradação da árvore, que não conseguindo resistir à sobrelotação da população “ cegonhal” não conseguiu sobreviver e…secou.

Escrito por pulanito @ maio 25, 2008   3 comentários

quarta-feira, maio 21, 2008

Despedida de solteiro do Helder

Nelson, Pedro Frias, Sérgio e Helder Encarnação animando musicalmente as hostes.

Meu amigo e colaborador de longa data Helder Encarnação, (apesar dos conselhos dos mais velhos sic…) resolveu dar o nó com a sua Silvia de sempre.
O enlace terá lugar em Degracias (parece obrigado em Espanhol, mas não é) perto de Soure no próximo Sábado dia 24 de Maio.
Ontem fizemos-lhe uma despedida de solteiro surpresa. Como os convidados eram na sua grande maioria músicos, logo que terminaram as comezainas, continuou-se para bingo a toque de vinho e violas. Havia dois acordeonistas no elenco
(o Luis e o Nelson) mas nenhum trouxe consigo o seu instrumento de eleição.
Foi uma despedida bem regada mas muito atinada, tão atinada que nem meteu stripers ucranianas nem nada, o que para alguns dos convivas ( especialmente um começado por T) foi uma falha irreparável.
De qualquer modo Sábado lá estaremos para testemunhar a passagem de estado civil deste amigo multi talentoso que me concede o privilégio da sua amizade.
Aqui fica o registo dos sobreviventes duma noite de excessos, não é verdade amigo Sérgio?

Escrito por pulanito @ maio 21, 2008   4 comentários

segunda-feira, maio 19, 2008

Alentejanando e pedalando!

Os 7 magnificos na chegada a Entradas

Lá se passou mais um fim-de-semana. Ardeu tão rapidamente como a madeira de um fósforo que se risca na lixa até fazer chama, depois é um instante enquanto arde, até que queimemos os dedos numa outra segunda-feira das nossas vidas.
Bem sei que os últimos posts têm tido como denominador comum a viagem que em breve efectuarei a Santiago de Compostela, mas de facto calculo que este possa ser um dos poucos motivos de interesse que deva convosco partilhar; ainda por cima meteu treino de conjunto com a rapaziada da Graça do Divor que resolveu devolver a visita que lhes fiz no passado fim-de-semana.
Ainda estive só para me entreter com a confecção das comezainas que lhes havia prometido, mas a presença e ajuda de minha irmã e meu cunhado fez com que conseguisse arranjar tempo para pedalar em direcção a Entradas com estes meus novos amigos e companheiros do asfalto desde a lindíssima vila de Alvito.
Quando aí cheguei já os encontrei “prantados” à minha espera, pois pensei que estes viessem a pedalar desde Viana do Alentejo, mas afinal fizemos os 73 Km do trajecto todos juntos.
O tempo ameaçou chover durante todo o percurso, mas para nossa sorte as nuvens que faziam a descarga desse bem precioso vinham a competir connosco e chegavam sempre antes de nós, coisa que não nos trazia qualquer tipo de ralação.
Assim sendo, cá vai o filme desse Domingo pedalante: Quando cheguei a Alvito junto à pousada, lá encontrei os Joaquins, Miguel e Piteira, mais o mano Piteira que também é António, o Arlindo de quem me esqueci no outro dia mais o Vítor que é de todos o mais calado em verdadeiro contraste com o Ricardo que é assim mais ou menos a alegria da companhia. O Mercks veio de motorista porque está temporariamente lesionado, mais o Carrajola que é um poço de simpatia e humildade completavam esta equipa que prima pelo companheirismo, entreajuda e acima de tudo; boa disposição.
Abalámos (que melhor forma haveria para dizer ”partir”em alentejanês?) em direcção a Ferreira do Alentejo na esperança de bebermos o cafezinho da ordem no primeiro café que encontrássemos. Como era Domingo só mesmo em Ferreira do Alentejo pudemos enfim satisfazer esse vicio tão português, de beber uma mistela escura a escaldar que vem numa chávena minúscula acompanhada de uma saqueta que se sacode antes de se rasgar uma das extremidades, para logo se verter o conteúdo na tal beberagem que é depois misturada com uma colherinha e que se bebe depois de batermos com a dita no bordo da pequena chávena antes de a pousar no respectivo pires e a que damos o sugestivo nome de BICA.
Seguindo viagem pela planície, damos conta de que as cores que inundaram durante os últimos tempos os campos planos desta imensa terra se começam agora a esmorecer. Como se a terra fosse uma enorme serpente em tempo de muda de pele, começam aqui e ali a despontar os tons dourados com que a paisagem nos brindará até ao final deste ciclo estival.


Assinalando o local ( Aljustrel) onde o Joaquim Miguel bateu com os costados no chão no ano passado quando nos conhecemos.

Para quem faz estes percursos montado numa pedaleira (outro nome para bicicleta que por aqui se dá) vê com outros olhos a paisagem circundante, aspira e respira o ar puro e sujeita-se às condições que a mãe natureza vai ditando ao voltar de cada curva ou ao subir de cada lomba, enfim um festim para certos sentidos.
Com estes devaneios lá fomos galgando quilómetros que a rapaziada parecia querer consumir à vertiginosa média de 27 Km por hora. Confesso que é a primeira vez que me aventuro por tais andamentos. No final haveríamos de chegar com 26 y picos (en español, que queda más internacional).
Em menos de três horas chegámos a Entradas. Tomámos o merecido banho e juntámo-nos à mesa a comer e a celebrar a vida, que isto de pedalar sem conhecimento – outra expressão que significa “ à maluca”- para além de fortalecer os músculos, faz-nos sentir vivos e com muita vontade de o gritar aos quatro ventos.


PS: Por iniciativa do Ricardo pedalámos em silêncio durante um minuto que é a nossa maneira de expressar o pesar pelos que na caminhada da vida, deram por concluida a sua missão.


Vitor com a bicicleta que pertenceu ao malogrado ciclista Bruno Neves



PS1: Coincidência das coincidências! O Victor pedalava nesse dia com uma bicicleta que havia pertencido ao malogrado ciclista.

O nome do Bruno ainda se pode ler no quadro da bicicleta.

Escrito por pulanito @ maio 19, 2008   8 comentários

quinta-feira, maio 15, 2008

Os meus amigos são assim!


Isto é que tem sido um fartar de posts sobre a a viagem em bicicleta a Santiago de Compostela!
Bem, não podia deixar de publicar aqui a surpresa com que fui contemplado pelo meu amigo José Pedro, um excelente artesão e também indefectível leitor do Pulanito desde a primeira hora.
O Zé apareceu-me ontem pela hora de almoço com uma prenda (uma das muitas com que me tem mimado). Ao abrir vejo que é um troféu, ou uma placa comemorativa da viagem a Santiago. Fiquei deveras comovido por tão lisonjeira lembrança deste meu amigo, que pressagia desde já uma epopeia bem conseguida.
Fico sempre sem jeito quando os meus amigos têm iniciativas desta índole. Quero aqui agradecer publicamente ao Zé por se ter lembrado de mim e pelo apoio que representa ter-se dado ao trabalho de manufacturar uma placa comemorativa dum acontecimento que ainda não teve lugar, mas que não vejo a hora que comece.

Escrito por pulanito @ maio 15, 2008   2 comentários

segunda-feira, maio 12, 2008

Uma Graça esta gente de Divor!




Parte substancial da confraria pedalante da Graça do Divor, durante o merecido retemperador repasto.

Esta coisa de estar vivo ainda um dia vai acabar mal!
Mas assim um pouco á laia das costas que folgam enquanto o pau vai e vem e antes que isto acabe um destes dias, é melhor folgarmos os momentos de que desfrutamos, até porque a coisa só tem tendência a piorar com a irremediável passagem do tempo.
Isto para dizer que foi um enorme prazer, conhecer, pedalar e conviver com a malta da Graça do Divor, a que tenho chamado “ Grupo de Évora”, de que agora me penitencio, até porque não gostava que eles dissessem que vêm a Castro Verde (em vez de Entradas) no próximo Domingo, porque apesar da proximidade não são uma e a mesma coisa: Entradas não é Castro Verde e Graça do Divor não é Évora. Aqui ficam as minhas humildes desculpas.
Às oito e picos de Domingo (11/05/08) lá estava eu nesta preciosa aldeia deste imenso Alentejo localizada ás portas de Évora de onde dista uns míseros dez quilómetros, depois de ter percorrido cento e trinta quilómetros desde a ancestral Vila de Entradas.
Comecei logo a conhecer o pessoal que só havia visto por fotos. O Ricardo mostrou-se desde logo o mais extrovertido, o que me deixou desde logo bastante á vontade.
O grupo foi aparecendo e à medida que tal acontecia ia sendo apresentado, aos membros desta confraria pedalante.
A volta metia uma visita a uma adega, o que é sempre uma meta empolgante para quem pedala de modo a chacinar os copos de tinto convertidos em calorias que emborca desalmadamente como se o mundo não tivesse mais amanhã.
Animados por esta singularidade no percurso (especialmente este escriba) lá pedalámos afincadamente. Os quilómetros iam sendo galgados sem o esforço a que estou habituado quando treino sozinho.
De facto, sou um cão de caça cheio de pulgas, (esta é a melhor impressão que tenho da minha pessoa, só para se imaginar porque terrenos anda a minha auto estima...LOL, achei apenas que era interessante dizer mal de mim nesta altura do post…sic!!), isto para dizer que em três anos que ando de bicicleta contam-se pelos dedos duma mão de carpinteiro distraído, as vezes em que viajei ou treinei acompanhado, o que quer dizer que o que sei acerca da nobre arte de montar todo o selim, aprendi aos safanões.
Achava eu que isto de andar de bicicleta era uma coisa que exigia muito sofrimento, vai daí utilizar quer a descer, a subir ou em terreno plano os carretos mais pesados.
Quando chegámos aos Arcos (Borba) o Joaquim Piteira notando que eu pedalava de forma desarticulada aconselhou-me a utilizar os outros carretos e roda pedaleira de modo a que pudesse racionar devidamente o esforço e usufruir com outro prazer desta coisa que é andar de bicicleta, até porque ao não utilizar os outras rodas dentadas, mais valia ter comprado uma pasteleira das antigas, que apenas tinham um carreto e uma roda pedaleira.
Fixei esta explicação e não é que o percurso contrário foi feito de maneira mais suave, descontraída e com um esforço muito menor, que de qualquer maneira estava preparado para fazer.
Nasci para sofrer, o que se há-de fazer!!
Regressemos então á Adega do senhor Marcolino Sebo, personagem que de imediato adoptei e de que o Joaquim Miguel, já me tinha entreaberto o livro da vida de tão singular criatura.
Marcolino Sebo, homem de poucas letras mas de muito olho, cedo adoptou a fórmula de estar sempre ao lado de quem sabia um pouco mais que ele ( Aristóteles Onassis fez o mesmo) e assim sendo foi mastigando, triturando conhecimentos que com a sua veia de negociante e o seu sentido de oportunidade, utilizou em beneficio do seu engrandecimento.
Hoje possui uma vasta fortuna que não posso (nem devo) calcular, mas nos seus cento e muitos hectares de vinha, produz uvas que a sua ultramoderna adega transforma em milhão e meio de litros de vinho de excelente qualidade conforme foi dado a provar aos convivas desta manhã ciclista.

Marcolino Seco explicando a categoria de um dos seus melhores vinhos...e se era bom!!


Um enorme obrigado a este homem que é tão grande, como enorme é a sua simplicidade, e nos dias que correm ser simples não é só uma qualidade, mas é também uma arte de difícil manejo e de fino recorte.
O regresso foi feito com o tal abastecimento de “ gasolina super” do senhor Marcolino, mais os ensinamentos do Joaquim Piteira, a brejeira irreverência do Ricardo, o silêncio das rodas do Victor e do António, mais as excelentes conversas do Joaquim Miguel e ainda a simpatia do Serafim que nos acompanhou até Arraiolos e depois no retemperador repasto em Graça do Divor. Enfim uma papa, para aquilo que estou habituado a “penar” por essas estradas sozinho.
No final fizemos as contas. 120 Km de pedalada por terras do Alentejo do alto, com gente boa e sã.
Contrariando o prognóstico de um dos convivas que apostava “ ser esta a primeira e ultima vez “ penso que terão alguma dificuldade em se verem livres de mim.
Afinal, pedalar é preciso, viver não é preciso!




Bruno Neves - o ciclista ontem desaparecido



PS: Pelo caminho de regresso soube da brutal morte de Bruno Neves, um jovem ciclista profissional de qualidades inquestionáveis que perdeu ontem a vida no desempenho daquilo que mais gostava de fazer: correr de bicicleta.
Curvo-me perante a sua memória.

Escrito por pulanito @ maio 12, 2008   5 comentários

terça-feira, maio 06, 2008

Santiago de Compostela - Quilómetro zero.

Parte do Grupo de Évora com o inefável Juan Carlos junto ao Km zero em 2007


Falta precisamente um mês para que saia de Entradas em direcção a Évora onde me reunirei ao grupo do Joaquim Miguel, que acompanharei até Santiago de Compostela.
No próximo Domingo teremos “ treino de conjunto” e no Domingo seguinte esta rapaziada deslocar-se-á a Entradas para comigo almoçar, tendo como desculpa um treino musculado de Évora a Entradas.
Estou na verdade ansioso para que comece a pedalar. Sei que terei de fazer o desmame dos primeiros quilómetros onde o bicho remorso me vai atacar de todas as maneiras e feitios e só se desvanecerá à medida que a torre sineira da igreja de Santiago Maior se for esbatendo na lonjura da terra plana.
Estou ansioso por partir, mas também já o estou por chegar. As fotos que os Joaquins Piteira e Miguel me têm feito chegar são um excelente tónico para que me projecte por esses caminhos de Santiago que nos hão-de conduzir à praça da catedral onde a passagem do quilómetro zero marcará o final desta epopeia.
O Joaquim Miguel é um expert na matéria e tem organizado ao pormenor toda a logística desta viagem incluindo marcações de hotéis e restaurantes e até aqueles “spots” especiais de paragem obrigatória para reabastecimento de líquidos e outras quejandas já estão contemplados no cardápio da viagem.
Pisar o quilómetro zero e sacar uma foto junto desse caminheiro guardião da praça que dá pelo nome de Juan Carlos, deve ser objectivo primordial para qualquer peregrino.
Pela minha parte já sonho com ele noite após noite.

Escrito por pulanito @ maio 06, 2008   3 comentários

segunda-feira, maio 05, 2008

Sam The Kid - Diversidad






Não há mal que sempre dure, nem bem que lhe resista.
De facto depois de alguma ausência aqui ficam dois, ou talvez mesmo três posts seguidinhos para acabar de vez com tanta reclamação.
Bem, este é uma excelente desculpa para divulgar um dos últimos vídeos onde o Samuel participou, este numa vertente mais internacional.
Este projecto chama-se Diversidad, e é uma experiência urbana de índole europeia.
Feito em várias línguas, é de algum modo um hino à diversidade racial, cultural, geográfica etc.
O Samuel foi o artista português convidado para integrar este projecto de dimensões mais abrangentes sendo que o seu apogeu será durante o Campeonato da Europa de Futebol, na cidade de Viena onde o Samuel vai estar presente no dia 24 de Junho próximo.
Entre as várias apresentações dentro de portas, o Samuel vai estar de novo nos EUA, onde no passado mês de Abril brilhou num dos principais festivais de Hip Hop deste país. Como resultado desse êxito, vieram os concertos em clubes de Nova Iorque e agora um grande concerto em Newark para a comunidade portuguesa no dia 10 de Junho.
De resto e de passagem por Entradas, após concerto em Loulé, apareceu para almoçar com a rapaziada da banda.






Pessoal presente no almoço...Sam e banda, Tim e familia, Mano pedro e Fátima.

Por coincidência o amigo Tim havia combinado celebrar comigo e com o mano Pedro o nosso aniversário atrasado e lá nos sentámos todos à mesa a degustar as belas sopas de peixe que o dedo de cozinheira expedita de minha mãe nos deu a provar.


Aspecto das tropas antes da abertura das hostilidades.


Aqui ficam umas fotos que servem de testemunho à passagem deste pessoal pela sempre bela Vila de Entradas.


Foto tirada pelo Samuel, a que chamou " referências". Gosto do simbolismo do enquadramento.

Escrito por pulanito @ maio 05, 2008   5 comentários

Tempo de Ciganos - Ele há dias assim!

Ciganos -Os peregrinos da planicíe



Tem dias que bicicletar é um acto de pura poesia, pelo menos a avaliar pelo dia de hoje (Sábado 3 de Maio) que, ou muito me engano, ou as negras aves da minha crença, devem ter tido algo a ver com o que me é dado a sentir e contemplar.
Depois da tempestade vem a bonança. De facto, depois de mais de oito tempestuosos dias em que andei mal de saúde regressei hoje ao selim da minha máquina.
10.00 horas: saio de Entradas em direcção a Castro Verde. Pedalo sem destino programado, vou para onde os ventos e a vontade me levarem. Experimento o meu corpo para ver como reage ao esforço e não sinto nada, começo a ser invadido por um raro prazer de pedalar que só os que andam nesta vida poderão ou não aquilatar.
Tenho nas pernas os primeiros quilómetros e nos meus auscultadores a selecção musical que há muito me acompanha. Tenho Castro à vista, Freddy Mercury debita “ Mama just killed a man…put a gun against is head” , os campos estão atapetados de flores silvestres que transfiguram este Alentejo, cuja metamorfose policromática floral, só se fará de novo sentir quando for outra vez tempo de Primavera.
De repente à beira da estrada vejo um jovem cigano de tês cor de mel e olhos de lume, que sorrindo me acena com a foice aos céus erguida, segurando no outro braço um molho de espigas, pimpilhos, margaças e papoilas, que fazem deste momento que procurei de imediato congelar na memória, uma celebração, um fugaz monumento à liberdade e à comunhão daqueles que no seu intimo, sabem que afinal, todos os homens são iguais.
Vejo e revejo no ralenti da memória e no silêncio que o momento merece, o instante em que nos aproximamos, cruzamos e separamos, mas que eternizamos no acaso dum único relance em que os nossos olhares se irmanaram na beleza dum feliz fotograma imaginário.
Continuo a pedalar sem sentir as pernas e num ápice chego a Castro Verde, viro agulha para Aljustrel. Não sei porque virei para aqui, mas gosto do ondulado desta estrada que se faz como se a estrada fosse um mar, as lombas ondas suaves, e a bicicleta quase que surfa a crista de cada onda da estrada, para de logo sermos levados pela força da inércia por outra lomba abaixo, e assim sucessivamente.
Faço mais uma dezena de quilómetros e quero que isto não acabe. À passagem pela povoação do Carregueiro, de novo os ciganos. Duas carroças carregando o espólio destes peregrinos da paisagem transtagana, que só o alguidar de plástico azul-bebé, me diz que esta é uma incursão nómada em pleno século XXI, de resto tudo igual como há séculos ou pelo menos desde que me conheço.
No carro puxado por uma besta, para além de todos os haveres necessários para as tarefas diárias, vai ainda sentada toda a família.
No carro da frente um casal jovem, não terão mais que vinte e poucos anos, mas filhos que contei, contando o que esta amamentava eram três.
À volta de cada um dos carros, uns quantos exemplares de gado mular anunciam o modo de vida destes nómadas da planície, que ou muito me engano, ou já só negoceiam entre si.
Que força é essa que te protege da invasão desta pseudo-modernidade, onde regras, leis e comportamentos, são por ti nobremente rejeitados ou ignorados?

Que fórmula genética é essa que te leva a seguir adiante, como se a tua vida fosse um novelo feito presságio que terás de cumprir de acampamento em acampamento até ao dia da tua morte?

Dou comigo a pensar!
No momento em que me ocorre este pensamento surge nos meus auscultadores a voz de António Variações (outro cigano entre Braga e Nova Iorque) cantando o poema de Pedro Homem de Melo imortalizado por Amália - Povo Que Lavas no Rio.
Sou invadido por uma aura de felicidade e estremeço. Vivo cada instante desta viagem como se fosse uma dádiva (volto a pensar que as minhas andorinhas andam metidas nisto) e penso que não vou poder compartilhar com ninguém este Sábado surreal.
Por um lado apetece-me pedalar até á exaustão, por outro lado apetece-me voltar para trás e escrever sobre esta mística manhã.
Foi o que fiz!

Domingo 4 de Maio

Levanto-me relativamente cedo. Nem sequer me permito outro pensamento que não o de pedalar os quilómetros que possa.
O tempo está relativamente farrusco, mas há-de abrir-se lá mais para as dez.
Meto nas pernas perto de 100 Km, por estradas secundárias que me levaram de novo a Castro Verde, Aljustrel, Ervidel, Santa Vitória, Penedo Gordo, Beja com regresso marcado para a hora de almoço em Entradas.
Os Domingos são sempre penosos, até porque a segunda-feira está ali ao dobrar dos ponteiros do relógio e essa é uma fatalidade que não posso combater.
Domingo que vem lá estarei em Évora para treinar com o grupo que integrarei na viagem a Santiago de Compostela.
Tenho outros posts na cabeça, acerca de episódios que entretanto foram acontecendo.
A ver se ganho coragem para os escrever e compartilhar com aqueles que têm a paciência de ir por aqui passando.

Escrito por pulanito @ maio 05, 2008   4 comentários

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