Alentejanando e pedalando!
Bem sei que os últimos posts têm tido como denominador comum a viagem que em breve efectuarei a Santiago de Compostela, mas de facto calculo que este possa ser um dos poucos motivos de interesse que deva convosco partilhar; ainda por cima meteu treino de conjunto com a rapaziada da Graça do Divor que resolveu devolver a visita que lhes fiz no passado fim-de-semana.
Ainda estive só para me entreter com a confecção das comezainas que lhes havia prometido, mas a presença e ajuda de minha irmã e meu cunhado fez com que conseguisse arranjar tempo para pedalar em direcção a Entradas com estes meus novos amigos e companheiros do asfalto desde a lindíssima vila de Alvito.
Quando aí cheguei já os encontrei “prantados” à minha espera, pois pensei que estes viessem a pedalar desde Viana do Alentejo, mas afinal fizemos os 73 Km do trajecto todos juntos.
O tempo ameaçou chover durante todo o percurso, mas para nossa sorte as nuvens que faziam a descarga desse bem precioso vinham a competir connosco e chegavam sempre antes de nós, coisa que não nos trazia qualquer tipo de ralação.
Assim sendo, cá vai o filme desse Domingo pedalante: Quando cheguei a Alvito junto à pousada, lá encontrei os Joaquins, Miguel e Piteira, mais o mano Piteira que também é António, o Arlindo de quem me esqueci no outro dia mais o Vítor que é de todos o mais calado em verdadeiro contraste com o Ricardo que é assim mais ou menos a alegria da companhia. O Mercks veio de motorista porque está temporariamente lesionado, mais o Carrajola que é um poço de simpatia e humildade completavam esta equipa que prima pelo companheirismo, entreajuda e acima de tudo; boa disposição.
Abalámos (que melhor forma haveria para dizer ”partir”em alentejanês?) em direcção a Ferreira do Alentejo na esperança de bebermos o cafezinho da ordem no primeiro café que encontrássemos. Como era Domingo só mesmo em Ferreira do Alentejo pudemos enfim satisfazer esse vicio tão português, de beber uma mistela escura a escaldar que vem numa chávena minúscula acompanhada de uma saqueta que se sacode antes de se rasgar uma das extremidades, para logo se verter o conteúdo na tal beberagem que é depois misturada com uma colherinha e que se bebe depois de batermos com a dita no bordo da pequena chávena antes de a pousar no respectivo pires e a que damos o sugestivo nome de BICA.
Seguindo viagem pela planície, damos conta de que as cores que inundaram durante os últimos tempos os campos planos desta imensa terra se começam agora a esmorecer. Como se a terra fosse uma enorme serpente em tempo de muda de pele, começam aqui e ali a despontar os tons dourados com que a paisagem nos brindará até ao final deste ciclo estival.
Assinalando o local ( Aljustrel) onde o Joaquim Miguel bateu com os costados no chão no ano passado quando nos conhecemos.
Para quem faz estes percursos montado numa pedaleira (outro nome para bicicleta que por aqui se dá) vê com outros olhos a paisagem circundante, aspira e respira o ar puro e sujeita-se às condições que a mãe natureza vai ditando ao voltar de cada curva ou ao subir de cada lomba, enfim um festim para certos sentidos.
Com estes devaneios lá fomos galgando quilómetros que a rapaziada parecia querer consumir à vertiginosa média de 27 Km por hora. Confesso que é a primeira vez que me aventuro por tais andamentos. No final haveríamos de chegar com 26 y picos (en español, que queda más internacional).
Em menos de três horas chegámos a Entradas. Tomámos o merecido banho e juntámo-nos à mesa a comer e a celebrar a vida, que isto de pedalar sem conhecimento – outra expressão que significa “ à maluca”- para além de fortalecer os músculos, faz-nos sentir vivos e com muita vontade de o gritar aos quatro ventos.
PS: Por iniciativa do Ricardo pedalámos em silêncio durante um minuto que é a nossa maneira de expressar o pesar pelos que na caminhada da vida, deram por concluida a sua missão.
Vitor com a bicicleta que pertenceu ao malogrado ciclista Bruno Neves
PS1: Coincidência das coincidências! O Victor pedalava nesse dia com uma bicicleta que havia pertencido ao malogrado ciclista.
O nome do Bruno ainda se pode ler no quadro da bicicleta.
8 Comments:
Ah ganda post! Está quase a aventura aí à porta... Há minis em Espanha?
Só soubemos da existência de mais uma coincidência(dá que pensar),a bicicleta que havia pertencido ao malogrado e jovem ciclista---BRUNO NEVES--- que em em sprint violento decidiu fugir ao pelotão prematuramente,está entre nós nas mãos do tranquilo, sereno e reservado Vitor Reis,quando em silêncio pedalámos em memória do BRUNO.
Tudo isto me leva ,cada vez mais,a tentar (sem querer verdadeiramente)
encontrar a essência real da VIDA.
Que grande inveja !...
Saúdo a saudável confraria e acompanharei em espírito a peregrinação, que eu não posso ir, já que nessa semana está a cair serviço inadiável que é um disparate. Até parece de propósito...
saúde e pedaladas.
Pró Carneiro,
Não vens connosco, mas virás um destes Domingos pedalar por terras de além Tejo, até porque gostariamos muito, mas mesmo muito de te ter por companhia um destes dias.
para o Helder Encarnação.
A malta da Graça do Divor é afinal uma desgraça quando se fala de minis----preferem as médias!
Isto para lhe dizer que os sítios por onde vamos passsando,são já nossos conhecidos das edições anteriores:difícil é evitar as chamadas paragens técnicas,para reabastecimento dessa tentadoras loiraças....se quiser aparecer pelo
caminho será bem vindo,uma vez que é amigo do nosso amigo Napoleão.Só ele terá que se cuidar,devido ao regime austero que a si próprio impôs.Apareça amigo!joaquim miguel
Ehehehe...
"meninas massagistas e águas friezes fazem os ciclistas felizes"
Nem tudo na vida é canja...
...Mas é dias espectaculares como este que eu não vou esquecer, é este tipo de alentejano que nos faz sorrir e nos refresca a alma e nos alimenta o espírito e consegue transformar 6 farinheiras em 7 magníficos.
Amigo continuas sempre a surpreender-me com estes teus posts, mas esqueceste de "...por tudo o k é banco da camioneta e olha que são 54 lugares..." essa é boa, as coisas que este alentejano sabe, és um poço de humildade e de surpresas.
Espero nunca te desiludir
Um grande abraço
Joaquim Piteira
Já se sente no ar a adrenalina dessa viagem.
E o que achas da causa da morte do Bruno Neves?
A coisa parece estar preta para a LA/MMS...
Abraço
Bruno S.
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