Entradas - 500 Anos de Foral
Logótipo das celebrações dos 500 anos do foral de Entradas
Passei o fim de semana em Entradas, com uma ida a Lisboa de permeio, mas com regresso poucas horas depois. Fiquei propositadamente para assistir às celebrações dos 500 anos da atribuição da carta de foral concedida por D. Manuel I à minha terra.
Eu não sei se os meus conterrâneos sentem a mesma coisa que eu, mas pela parte que me toca, fico empolgado com acontecimentos como estes. Imagino como seria Entradas há 500 anos! Uma terra certamente pequena, com umas centenas de anónimas almas que aqui nasciam, viviam e morriam.
Como esses desconhecidos entradenses eram gente da minha gente, procuro exercitar a memória conjeturando sobre a vida dum povo, cujo sangue me corre orgulhosamente nas veias.
Nos discursos que ouvi atentamente, fiquei a saber que Entradas era importante entreposto devido à sua localização geográfica. Por aqui passava uma das principais vias de comunicação que ligava a vila mineira de Aljustrel (Vipasca) ao porto fluvial de Mértola (Myrtilis Lulia). Fiquei a saber que o Castelo do Montel, sito nesta freguesia, é considerado monumento de interesse nacional, que as minas da Caxia e da Branca (se a memória não me falha!) foram também importantes polos de riqueza regional. Soube ainda que o nome Entradas advém do facto de serem aqui as entradas dos campos de Ourique, e que, os enormes rebanhos em transumância vindos de norte escapando à fome e à severa invernia, por aqui passavam grande parte das estações dos frios e, para tal, eram-lhes cobradas as tais entradas ou portagens, já que os cobradores deste tributo eram chamados de portageiros. Soube ainda que Entradas tem uma das mais antigas Misericórdias do país e que em mil duzentos e tal (não tomei apontamentos!) foi consagrada à Ordem de Santiago. Por aqui ainda passa o caminho peninsular de Santiago e o seu antigo hospital era também um apoio fundamental aos peregrinos.
Foi sede de concelho pelo menos durante seiscentos anos e a carta de foral então atribuída, apenas veio regular, regimentar, tributar aquilo que há muito se fazia em Entradas. Nesta terra existiram juízes e tabeliões, regedores, quadrilhas e outros figurões, o que atesta a importância geoestratégica da vila que me viu nascer.
No próximo domingo (8 de Julho) far-se-á a evocação histórica desse momento em que Entradas recebeu de D. Manuel I, a famosa carta que agora se celebra. Estão inscritos mais de 150 figurantes que vestidos ao preceito da época, homenagearão os nossos antepassados que 500 anos antes mereceram por parte do monarca reinante esta carte de foral.
Será um momento ímpar na nossa história que, em tempos recentes teve um sopro de fulgor, mas que agora, parece retroceder no tempo. Apesar de todos os pesares, ainda penso assistir à chegada de uma geração que marque a diferença; uma geração que honre os pergaminhos desta secular povoação, território da minha afeição e quantas vezes da minha perdição.
Viva Entradas!
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