Amnésia
Desde 20 de Fevereiro que por aqui não passo. Na verdade tenho tido pouca vontade de escrever e depois tive uma semaninha de merecido descanso lá para as bandas dos Pirinéus, onde o eterno manto branco das neves, são um excelente anti-stress para o nosso acelerado processo de vivência.
Tenho vindo aqui espreitar, actualizar comentários e pouco mais. Para escrever necessito de um clique ou então de um ambiente de paz absoluta, única maneira de transformar em palavras as ideias ou imagens que nos vão surgindo no ecrã da memória.
Tenho andado ocupado.
Tenho andado ocupado a recolher fragmentos de uma memória que teima em desaparecer na neblina do esquecimento, esvanecendo-se indelevelmente e com ela naufragando muitas das nossas vivências, esse património de conhecimento que conquistámos ao longo dos anos.
Confesso-me um tudo nada obcecado com a proporção que isto tomou, sendo nos dias que correm uma das minhas prementes preocupações.
Procuro registar tudo o que me rodeia colocando imaginários lembretes de cores eléctricas, de modo a menorizar as irremediáveis percas que sei virem a acontecer.
Dou comigo a ler livros e dois dias depois de os ler não me lembrar sequer do enredo e com os filmes, pessoas, nomes, sítios ou acontecimentos, tenho de fazer um esforço assinalável para deles me recordar.
O meu médico diz-me que tenho o PDI alto...ou seja: falamos da inevitabilidade temporal que vai tomando conta de nós, triturando, mastigando, anulando aquilo que consideramos ser a nossa maior riqueza: a memória.
Vem este post a propósito do telefonema que hoje recebi do meu amigo Fernando Cruz, para mim e para sempre “ o Chupa” (ler artigo a este dedicado em Setembro de 2007), dando-me conta que havia conseguido uns telefones que lhe pedi.
Estes telefones eram de 2 colegas nossos de escola e também desse marco que para nós os quatro foi partilhar vários anos de ensino, com este que foi para nós o grande mestre, titulo com que abrilhantamos as nossas conversas sempre que dele falamos.
Falo do Arquitecto Fernando Eugénio Dias Pinto esse enorme cinzelador, nosso mestre, companheiro, cúmplice de todas as horas e agora objecto desta materialização memorial que pretendo levar a cabo.
Foi na Escola de Artes Decorativas António Arroio em Lisboa, que travei conhecimento com este homem que viria a marcar para sempre a minha vida e dos meus companheiros que agora procuro reunir.
De aspecto rechonchudo e dócil, contava naquele tempo (1968) talvez uns trinta anos.
Como estudava num curso com pouca procura, tinha o Mestre Pinto praticamente só para mim, o que fazia que gerássemos uma cumplicidade fraterno-visceral.
A nossa cumplicidade era tal que ele me perguntava que nota me haveria de dar em cada período, bafejando-me sempre com excelentes notas que este dizia serem excelentes argumentos, não só para a média necessária, mas para poder esgrimir argumentos com os seus outros colegas, e em especial nas cadeiras em que tinha maior dificuldade, convencendo-os a dar-me mais um ou outro pontinho.
Certo dia pediu-me para iniciar um trabalho a partir de determinado modelo e que depois o estilizasse. Como a falta de inspiração e a pouca vontade andavam de mãos dadas, nada me saía bem, até que disse ao Mestre que não conseguia encontrar uma forma que considerasse original, ao que este respondeu : - de algum modo tens razão. Os gregos há muito que esgotaram a forma.
Desta não me esqueci e aqui a registo antes que os dragões verdes da desmemorização por aqui passem e ma surripiem de vez.
Quando ingressei no mundo do trabalho fui estudar de noite. Mais uma vez o Mestre Pinto era meu mestre e mentor. Não raras eram as vezes que este em vez de me dar a aula de cinzelagem, me levasse a jantar e durante o jantar me desse antes uma lição de vida.
De uma outra vez em que eu (vá-se lá saber porquê) decidi faltar dias e dias à escola, este montou-se no seu Fiat 127 vermelho e foi buscar a minha mãe para que à última hora me justificasse as faltas e não reprovasse o ano. Da tareia que levei a seguir não vos quero nem falar, mas que foi bem merecida, não tenho a menor das dúvidas.
Agora, quase quarenta anos depois, vamos reunir este núcleo duro que respondia pelos nomes de:
Fernando Manuel Cardoso da Cruz
José Manuel Araújo Leite
Belisário José Caldas Marçal
Napoleão Santiago Mira
Mestre Fernando Eugénio Dias Pinto.
Estou ansioso por este reencontro com os meus colegas de escola de modo a podermos pôr em dia as nossas vidas.
Sabendo que este é um post completamente pessoal, corro o risco de defraudar os meus parcos leitores com um tema que a praticamente ninguém diz respeito.
Como decidi tornar o Pulanito um depósito dessas memórias aqui fica mais uma registada em forma de letra para que não se percam nas veredas da vida alguns dos episódios da nossa existência.
Tenho vindo aqui espreitar, actualizar comentários e pouco mais. Para escrever necessito de um clique ou então de um ambiente de paz absoluta, única maneira de transformar em palavras as ideias ou imagens que nos vão surgindo no ecrã da memória.
Tenho andado ocupado.
Tenho andado ocupado a recolher fragmentos de uma memória que teima em desaparecer na neblina do esquecimento, esvanecendo-se indelevelmente e com ela naufragando muitas das nossas vivências, esse património de conhecimento que conquistámos ao longo dos anos.
Confesso-me um tudo nada obcecado com a proporção que isto tomou, sendo nos dias que correm uma das minhas prementes preocupações.
Procuro registar tudo o que me rodeia colocando imaginários lembretes de cores eléctricas, de modo a menorizar as irremediáveis percas que sei virem a acontecer.
Dou comigo a ler livros e dois dias depois de os ler não me lembrar sequer do enredo e com os filmes, pessoas, nomes, sítios ou acontecimentos, tenho de fazer um esforço assinalável para deles me recordar.
O meu médico diz-me que tenho o PDI alto...ou seja: falamos da inevitabilidade temporal que vai tomando conta de nós, triturando, mastigando, anulando aquilo que consideramos ser a nossa maior riqueza: a memória.
Vem este post a propósito do telefonema que hoje recebi do meu amigo Fernando Cruz, para mim e para sempre “ o Chupa” (ler artigo a este dedicado em Setembro de 2007), dando-me conta que havia conseguido uns telefones que lhe pedi.
Estes telefones eram de 2 colegas nossos de escola e também desse marco que para nós os quatro foi partilhar vários anos de ensino, com este que foi para nós o grande mestre, titulo com que abrilhantamos as nossas conversas sempre que dele falamos.
Falo do Arquitecto Fernando Eugénio Dias Pinto esse enorme cinzelador, nosso mestre, companheiro, cúmplice de todas as horas e agora objecto desta materialização memorial que pretendo levar a cabo.
Foi na Escola de Artes Decorativas António Arroio em Lisboa, que travei conhecimento com este homem que viria a marcar para sempre a minha vida e dos meus companheiros que agora procuro reunir.
De aspecto rechonchudo e dócil, contava naquele tempo (1968) talvez uns trinta anos.
Como estudava num curso com pouca procura, tinha o Mestre Pinto praticamente só para mim, o que fazia que gerássemos uma cumplicidade fraterno-visceral.
A nossa cumplicidade era tal que ele me perguntava que nota me haveria de dar em cada período, bafejando-me sempre com excelentes notas que este dizia serem excelentes argumentos, não só para a média necessária, mas para poder esgrimir argumentos com os seus outros colegas, e em especial nas cadeiras em que tinha maior dificuldade, convencendo-os a dar-me mais um ou outro pontinho.
Certo dia pediu-me para iniciar um trabalho a partir de determinado modelo e que depois o estilizasse. Como a falta de inspiração e a pouca vontade andavam de mãos dadas, nada me saía bem, até que disse ao Mestre que não conseguia encontrar uma forma que considerasse original, ao que este respondeu : - de algum modo tens razão. Os gregos há muito que esgotaram a forma.
Desta não me esqueci e aqui a registo antes que os dragões verdes da desmemorização por aqui passem e ma surripiem de vez.
Quando ingressei no mundo do trabalho fui estudar de noite. Mais uma vez o Mestre Pinto era meu mestre e mentor. Não raras eram as vezes que este em vez de me dar a aula de cinzelagem, me levasse a jantar e durante o jantar me desse antes uma lição de vida.
De uma outra vez em que eu (vá-se lá saber porquê) decidi faltar dias e dias à escola, este montou-se no seu Fiat 127 vermelho e foi buscar a minha mãe para que à última hora me justificasse as faltas e não reprovasse o ano. Da tareia que levei a seguir não vos quero nem falar, mas que foi bem merecida, não tenho a menor das dúvidas.
Agora, quase quarenta anos depois, vamos reunir este núcleo duro que respondia pelos nomes de:
Fernando Manuel Cardoso da Cruz
José Manuel Araújo Leite
Belisário José Caldas Marçal
Napoleão Santiago Mira
Mestre Fernando Eugénio Dias Pinto.
Estou ansioso por este reencontro com os meus colegas de escola de modo a podermos pôr em dia as nossas vidas.
Sabendo que este é um post completamente pessoal, corro o risco de defraudar os meus parcos leitores com um tema que a praticamente ninguém diz respeito.
Como decidi tornar o Pulanito um depósito dessas memórias aqui fica mais uma registada em forma de letra para que não se percam nas veredas da vida alguns dos episódios da nossa existência.
2 Comments:
Está bem Nap, defralda à-vontade. E essa coisa do PDI alto,não me cenvence.O que dirá o nosso comum amigo Oxiclista com aquela idade toda?
Quanto ao não te apetecer "parir" os teus poemas(leia-se prosa poética), como eu comprendo isso:é como as mulheres,quando elas não lhes apetece....nunca mais parem!
Um dos meus mestres dizia que era ,então, preciso vaselina e muita paciência.Outros tempos.
Desculpa a brincadeira,mas o PDI tem que ser distibuido democráticamente.
Estamos ou não num estado de direito?Ai,Ai o estado em que nós estamos!
ups!
A unica coisa que me apetece dizer hoje é Viva o Sporting!O meu clube não tem culpa de terem lá metido estes franganitos de aviário...
Desculpa o desabafo primo,beijinhos
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