segunda-feira, setembro 10, 2007

Na festa do Avante após 25 anos de ausência




Velho comunista aguardando a palavra do secretário geral.

O meu visceral amigo Luís Pardal, de quem já aqui tenho postado algumas passagens, havia-me desafiado para ir á Festa do Avante. Dizia ele que gostaria de beber comigo uma imperial nessa gloriosa mostra comunista onde é indefectível voluntário, tendo nesta edição oferecido dez dias do seu trabalho para ajudar a pôr de pé aquela que para ele é a maior festa do mundo.
Como o meu filho Samuel (Sam The Kid) era uma das atracções do cartaz, juntei a fome com a vontade de comer e lá fui à festa mais vermelha (tirando as noites europeias do Benfica!!) que existe em Portugal.
Confesso. Já não ia á festa do Avante há mais de 25 anos, aliás nunca tinha posto os pés na Quinta da Atalaia, mas lembro-me perfeitamente da festa da FIL (penso que foi só uma) e das outras na Ajuda e em Loures, onde quando morava em Lisboa marcava anualmente presença.
Aí chegados, reparo que o meu amigo Pardal está no seu paraíso e fala daquele local com tão cego entusiasmo, que só lhe posso gabar a crença.
Faz questão em ser meu cicerone e em contar-me pormenorizadamente a história da aquisição do espaço que, segundo suas palavras, foi obra do actual Ministro das Obras Públicas – Mário Lino, ao tempo um fervoroso comunista, entretanto convertido ao capitalismo – na perspectiva do amigo Pardal.
Vimos o país num ápice, ali Aveiro, mais acima Viseu e Vila Real, no Algarve comia-se marisco, o do pavilhão do Porto enchia o olho de quem passava na rotunda do ponto de encontro, mas a menina dos olhos do Pardal era o pavilhão do Alentejo, local onde empregou a força do seu trabalho, a par de outros camaradas seus, durante dez dias em que ia e vinha de Entradas (150Km).
Fomos ainda à parte internacional que na visita de médico que lhe fizemos, pareceu-me ser a mais pobrezita.
Como me sabe interessado nas artes, e ainda antes de vermos o Samuel fomos ver a Bienal de Artes aí presente, onde de facto são apresentados trabalhos que encaixavam na perfeição com o meu gosto artístico.

Concerto de Sam The Kid na festa do Avante 2007

Daí fomos para o meio da maralha, já que o concerto estava a começar. Eu queria ir lá para a frente para sentir a vibração das palavras que conheço de cor e experimentar a sensação única de que é sentirmos sangue do nosso sangue a brilhar ao mais alto nível e ainda por cima num palco com a responsabilidade desta natureza, enquanto que o meu compincha queria que eu fosse lá para trás para poder apreciar e sentir a pujança daquela moldura humana. Nada de choques; vimos um pedaço no meio e o resto mais atrás.
O Samuel e o resto da banda também sentiram que estavam na presença duma plateia especial e entregaram-se de corpo e alma aquela gente que sabia na ponta da língua a maioria das músicas que foram cantadas.

Aspecto da moldura humana pela hora do comicio - um mar de gente


Deu para apreciar que o PCP ainda consegue mobilizar muita gente, embora pessoalmente discorde daquela cinzenta nomenclatura, tenho que tirar o chapéu à capacidade organizativa deste partido político.
O meu amigo é que estava nas sete quintas. As centenas de esvoaçantes bandeiras vermelhas, mais o rufo das centenas de tambores da malta do Tocá’rufar e ainda as tradicionais palavras de ordem que a malta da JCP fazia ecoar através dos seus megafones iam criando ambiente e expectativa para o comício que pelo fim da tarde havia de chegar.
Ouvimos o discurso (mais do mesmo) pelo sistema de som da festa à medida que nos íamos afastando do espaço nobre da festa.
Foi um Domingo diferente, com alguma nostalgia de outros tempos, mas com a certeza que o momento que vivo já não se compadece com simbolismos desbotados.

Escrito por pulanito @ setembro 10, 2007   6 comentários

6 Comments:

At 7:13 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Luís Pardal?| Quem é? Acho que não conheço! Estou a brincar, claro. mas acho que deverias ter escrito Luís Batista e entre aspas ou parênteses Pardal, uma vez aue se trata de uma alcunha

 
At 10:50 da manhã, Blogger pulanito said...

Meu amigo "Zézinho da Assinceira" mais conhecido por José Mestre. Tens toda a razão...mas para quem sempre se conheceu assim. Pardal é mais nome que Batista, daí as não aspas.
Obrigado por seres leitor assiduo e comentador.
Conto com os teus certeiros comentários.

 
At 7:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu diria mais conhecido por "Zezinho da Assinceira" mesmo tratando-se de uma alcunha, e nao por Jose Mestre.Olhe que eu, por Jose Mestre nao conseguia la ir.
Abraço

 
At 12:41 da manhã, Blogger Tania Ramos said...

Hum...
Também lá estive a dar o meu tempo, o meu suor e o mais importante, os meus sorrisos... É bom ver que ainda existem pessoas que defendem ideais...

Não tive oportunidade de ver o "primo" Sam mas, o meu sobrinho (Sam também e Kid - 8 anos) obrigou os meus velhotes a irem para a frente e ainda hoje só fala nisso!

Este fim de semana temos o Planície Mediterrânica... Vamos primo?

 
At 11:23 da manhã, Blogger pulanito said...

Olá minha prima...Bem Vinda a este teu espaço..Lá nos vemos na Planicíe Mediterrãnica...vai aparecendo e comentando..fuià tua tasca mas está como a minha de vez em quando. Com falta de vontade de escrever..vá lá..põe lá umas coisas novas..por exemplo escreve sobre a Planicíe mediterrãnica..eu se calhar tb vou botar escritura sobre o tema...mas não podemos gabar muito a Cãmara senão eles babam-se todos...estou a brincar..hehehe.

 
At 2:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

poi vim cair aki de para quedas e sem rancor e malvez digo que elogiar um filho é como elogiar o nosso buraco ao fundo das costas..fica sempre bem..criticar ideas e gentes por velhos etc fica sempre bem aos lacaios( olha um termo da velha cassete dos comunas)ou aos ignorantes desta terra( terra=planeta). acima de tudo fico triste por ate gostar da prosa deste senhor e pela sua mesquinhes e ignoorancia cerebral...tens dedos mas falta 2 dedos de testa..boa vida e viva a troika e afins

 

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