O Pátio Àrabe de Mestre Joaquim Martins
Há mais de uma dezena de anos visitei pela primeira vez as ruínas de S. Cucufate em Vila de Frades, próximo da Vidigueira. Andei por lá um par de horas sozinho a absorver as vidas que por ali passaram, procurando em cada recanto um canal que mentalmente me transportasse no tempo e me fizesse sentir o palpitar dessas antiquíssimas vivências.
O pátio àrabe - quase acabado
Fiquei de imediato atraído pela beleza plástica das enormes paredes feitas em pedra faceada, sendo esta de metro a metro entrecortada por uma ou várias fileiras de tijolo burro, que ainda apresentam um estado de conservação bastante aceitável.
Um dia hei-de ter uma destas paredes – dei comigo a pensar – inicialmente tinha-a programado para uma adega que me baila na cabeça há alguns anos, mas a oportunidade de construir um pátio de inspiração árabe no meu quintal surgiu e a parede foi lá parar.
Aproveitando a construção da parede, pedi ao meu amigo de sempre, Raul Arco que me desenhasse um grelhador inspirado noutro que ambos viramos em Chef Chauen – no Rif Marroquino, mais um chão de tijoleira feita manualmente em Beringel e ainda um telhado novo em caniço no quarto e alpendre do quintal e a obra ganhava contornos de rara beleza, pelo menos para o meu gosto.
.É muito Gaudi esta chaminé...só falta pintar de branco imaculado
E uma semana depois já de branco vestida - dá para imaginar a altura pelo tamanho do pintor.
Existem vários “culpados” para que o resultado tenha sido o que agora brilha no meu quintal em Entradas, entretanto transformado em pátio árabe onde não falta o inevitável limoeiro.
Sem querer deslustrar a entrega de quem lá trabalhou, não posso deixar de realçar o entusiasmo de Mestre Joaquim Martins, que desde a primeira hora abraçou este pequeno projecto como se de um filho seu se tratasse.
Mestre Joaquim - Um artista surpreendente
Ainda outra perspectiva do trabalho de Mestre Joaquim Martins - Fabulástico!!
Este Entradense “fundamentalista” é um jovem artífice (35 anos) que se nota estar de bem com a vida que abraçou, já que tendo experimentado outras, foi aqui em Entradas que se veio a redescobrir. Andou lá pelas Suíças a tentar amealhar algum, mas o apelo da torre sineira da igreja matriz de Entradas é uma visão que persegue qualquer Entradense quando daqui é forçado a partir.
Joaquim é um jovem pedreiro á moda antiga, gosta de deixar a sua marca naquilo que faz, e o que faz, fá-lo com tal empenho e dedicação que no resultado final nota-se a olho nu a abnegação com que maneja, prumo, régua e esquadro.
Nas horas vagas, e de meias com o seu amigo “Páscoa” é apicultor, o resultado da produção, traduzido em mel e água mel é vendido nas Noites de Santiago e a cada ano que passa os produtos que extraem dos favos são cada vez mais variados e apetitosos. Para além disso ainda gosta de coleccionar velharias que vai acareando de monte em monte e que guarda religiosamente.
Antes da obra terminar, perguntou-me o que é que eu gostaria de ter feito por ele em madeira de azinho, (outro dos materiais em que gosta de trabalhar) sugeri-lhe um banco para me sentar à roda do lume nas longas noites de Inverno que por aí se aproximam.
É desta cepa, de gente como o Joaquim, que vou ocasionalmente descobrindo e assim acrescentando mais um motivo de orgulho de pertença a esta terra e a estas gentes.
8 Comments:
Ficou 5 estrelas. Agora só fala a inauguração.........
Celeste Pedro
O pátio ficou um espectáculo...sim senhor..e a prometida adiafa...para quando?
O Mestre Joaquim Martins vem de uma família de pedreiros e o pátio é efectivamente uma obra de Mestre, de um grande Mestre. A casa onde moro creio que foi construída pelo trisavô dele,cujo nome não me ocorre
Espectacular. A chaminé está muito muito bonita!
ainda não tive ocasião de observar a obra de perto.
Mas nao duvido que esteja bem feita porque conheço bem o mestre!!!
fabulástico?! Direi mais: esse pátio árabe está fantabuloso! vou mais longe: fabulasticamente fantabuloso! fantabulosamente fabulástico. Dou uma estrela (*)
(*) É a estrela Sirius que, para mim.é a estrela mais bolnita do universo
Que maravilha rara, o "nosso" Mestre é mesmo um mestre.
Espero que seja bem fruído tão nobre e fabulástico espaço...ele há mentes...
Um abraço da Lucília
Pesquisando sobre influências árabes em residência "caí" aqui. Belo pátio. Todos estão de parabéns.
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