Minha terra é todo o mundo
Minha terra é todo o mundo
Todo o mundo me pertence
Aqui me encontro e confundo
Com gente de todo o mundo
Que a todo o mundo pertence
Todo o mundo me pertence
Aqui me encontro e confundo
Com gente de todo o mundo
Que a todo o mundo pertence
Já aqui não debitava faladura há algum tempo, o que fez com que alguns visitantes mais assíduos tivessem pedido o livro de reclamações.
Em jeito de promoção da minha terra natal, vou aqui deixar o relato possível de um fim-de-semana repleto de actividades.
Alguns dos “ urbanos” com quem falo, afirmam não compreender este meu entusiasmo pela vida aldeã, que na sua perspectiva, não passa de um enorme bocejo, onde nada acontece e a palavra pasmaceira rima com canseira.
Devemos viver em planetas distintos, porque os meus dias aldeões são repletos e com um programa lúdico, gastronómico, desportivo ou cultural verdadeiramente alucinante, tendo mesmo que recusar algumas destas actividades.
Mas pronto: aqui fica um relato sintético dum fim-de-semana passado na aldeia.
Sexta-feira 19-01-07
Escapulo-me do trabalho um bocado mais cedo (vantagem de ser patrão) e disparo direitinho ao Alentejo. Como o dia convidava, agarro na bicicleta e ala que se faz tarde.
Pela estrada fora, sem destino; vou para onde a vontade me leva. Pedalo ao sabor do pensamento e à cadência da música debitada pelo IPOD. Passo Aljustrel, vou em direcção à Mimosa, de repente decido voltar para a Messejana, localidade onde chego pouco depois mas que contorno sem entrar.
Apanho a estrada que me leva a Alçarias e a Conceição planeando um regresso a Entradas, via Casével e Castro Verde. Quando a sede aperta noto que não tenho líquidos e é necessário abastecer. Ao passar por Ourique Gare dou com uma taberna com um ar deliciosamente decadente. Três homens discutem a qualidade do bagaço; tema que me enternece e que penso ser discutido no local certo. Passeio os olhos pelas paredes onde os inevitáveis calendários de “ gajas nuas” fazem concorrência ás miniaturas de arados, cangas e molins, mais os colares de bolotas que decoram a berrante parede de onde sobressai um chupão que reparo ainda ter as cinzas do fogo da véspera.
Os três homens continuam a enrolar conversa acerca da qualidade do bagaço. Quando o mais pequeno se volta reparo que afinal era uma mulher que tinha a particularidade de estar vestida de homem com boina e tudo e que divergiu a conversa para o tema da caça começando por dizer “ no tempo em que eu era caçadora”, o que fez com que de repente se fizesse luz na minha cabeça.
Estava afinal na famosa taberna da Mariana, uma espécie de Calamity Jane da planura transtagana.
Esta mulher que já há muito deixou para trás os 70 deve agora rondar os 80 e ainda discute qualidade da aguardente e emite avalizada opinião acerca de temas que são ancestralmente assuntos de índole machista.
Enquanto me monto na bicicleta combino comigo mesmo nova visita a este singular estabelecimento.
Regresso a Entradas com a memória fotográfica desta encantadora “ venda” e enquanto rebobino o sucedido faz-se a viagem em menos de um fósforo.
Sábado 20-01-07
Chego a casa ainda a tempo de ir à Feira do Pau Roxo que tem lugar em Castro Verde neste mesmo dia e onde é tradição comprar esta espécie de cenoura que nós alentejanos conhecemos como pau roxo.
O famoso pau roxo
Almoço com o Pardal em Castro Verde e a conversa resvala para a política, tema central da vida deste meu amigo, que tem da vida em geral uma perspectiva surpreendente, quase sempre obliqua mas ao mesmo tempo deliciosamente ingénua.
Depois de almoço lá avançamos para o Salto e para além do Pardal, junta-se-nos o Páscoa e António José Brito.
Depois de almoço lá avançamos para o Salto e para além do Pardal, junta-se-nos o Páscoa e António José Brito.
A caminhada é organizada pela Liga Para a Protecção da Natureza (LPN) e para além da inauguração deste novo percurso, inclui ainda o lançamento do livro acerca dos percursos pedestres da região – que recomendo vivamente aos apreciadores desta actividade – e que já são seis distintos trajectos.
Estas caminhadas ambientais para além de serem excelentes tónicos retemperadores, são ainda percursos que casam na perfeição com a natureza e com a paisagem docemente ondulante da terra plana; e se a isto juntarmos a observação das aves existentes nesta região, então teremos a garantia de um dia bem passado, que afinal, foi o que nos aconteceu.
Estas caminhadas ambientais para além de serem excelentes tónicos retemperadores, são ainda percursos que casam na perfeição com a natureza e com a paisagem docemente ondulante da terra plana; e se a isto juntarmos a observação das aves existentes nesta região, então teremos a garantia de um dia bem passado, que afinal, foi o que nos aconteceu.
Domingo 22-01-07
Esta coisa de um gajo já ter dobrado os cinquenta, faz com que, a cama empurre o corpo desta para fora, dando comigo a passear na rua às 8.00 da manhã, ainda por cima com um frio de rachar.
Esta coisa de um gajo já ter dobrado os cinquenta, faz com que, a cama empurre o corpo desta para fora, dando comigo a passear na rua às 8.00 da manhã, ainda por cima com um frio de rachar.
Decido ir fazer quilómetros de bicicleta. Desta vez vou em direcção a Ourique, depois estrada deOdemira na direcção de Garvão. Sou surpreendido pelas varas de porcos pretos que por aqui existem, e quando paro para os fotografar, correm todos no meu encalço, não sei se para ficarem todos no retrato, ou porque me confundiram com o tratador.
Porcos pretos em GarvãoAntes de Garvão volto para a Barragem da Rocha, cujo espelho de água misturado com a bruma matinal pintalgam a paisagem de tons cinza prata de que me julgo espectador privilegiado.
O sol reaparece para os lados da Messejana e apesar do Raul e a Celeste me haverem telefonado para almoçar à do Cabecinha em Aljustrel ( outro local que recomendo) já só quero chegar a casa, tomar um banho e descansar deste frenético fim-de-semana.
No total devo ter feito 220 Km de bicicleta, não está mal.
O sol reaparece para os lados da Messejana e apesar do Raul e a Celeste me haverem telefonado para almoçar à do Cabecinha em Aljustrel ( outro local que recomendo) já só quero chegar a casa, tomar um banho e descansar deste frenético fim-de-semana.
No total devo ter feito 220 Km de bicicleta, não está mal.
6 Comments:
Que grande fim de semana dedicado ao desporto. Boa.
No Domingo quando regressavamos de Portalegre onde fomos ver a NAIFA, que deu um grande espetaculo, e vinhamos nós em direcção a Aljustrel passamos pelo Vale dos Narizes....
O Alentejo este fim de semana teve muito nevoeiro mas mesmo a sim é sempre bonito e boa gente.
ja estranhava a falta de posts ;)
belo fim de semana, nao haja duvida ... se o alentejo convida à pasmaceira não sei onde esta o mal, nada de confundir com monotonia ou cansaço, com calma mas vamos.
abraço
Que inveja, afinal ainda há quem sobreviva sem centros comerciais. Parabéns por essa capacidade contemplativa.
este homem não pára!
gostava de chegar aos 50 (já falta pouco!) com metade desta energia.
Seja como for, fica uma sugestão: que tal traçar num "post" o perfil delicioso e 'nonsense' do nosso Pardal? É uma ideia...
abraço entradense. ajb
Corroboro em tudo a opião do ajb, primeiro pelo vigor do pulanito, depois pelo prazer "doentio" mas saudável que ele tem na nossa terra, depois de facto o "Pardal" deveria ser classificado como património local em vias de extinção (qualquer coisa assim...)
Cumprimentos de Entradas
O Alentejo é lindo...
www.tabernadoze.blogspot.com
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