sexta-feira, abril 29, 2011

Vermelhinha da TV

Imagem de um dos muitos programas onde se saca a massa aos incautos

Não sei se somos todos distraídos, se nos querem tomar por lorpas ou mesmo se nos querem meter os dedos olhos dentro.
Começo assim esta crónica matinal para falar duma modalidade muito em voga nas televisões de sinal aberto incluindo aquela paga por todos nós, que consiste em telefonar para um número de valor acrescentado para participar em tudo o que é programa, sondagem, concurso ou mesmo só para sortear uma bugiganga qualquer.
Talvez as pessoas não saibam, mas este estratagema ajuda a pagar (e de que maneira!) a produção dos programas, ao mesmo tempo que nos impingem a ilusão de que que com o nosso telefonema, televoto, telepalpite ou o que lhe queiram chamar, que estamos a participar no programa. De facto estamos mas é a participar economicamente na produção desses conteúdos, como é fácil de verificar. De outro modo, se apenas pretendessem a colaboração do telespectador, as chamadas não seriam invariavelmente 0.60€ mais IVA, o que dá a módica quantia de 0.74€ por chamada, na moeda antiga 150$00, uma pequena fortuna por um telefonema!
Contou-me alguém da produção de uma das televisões que esta fórmula é para muitos conteúdos a única forma de se manterem no ar.

O jogo da "vermelhinha" até com urina se pode fazer, como no caso da atleta alemã caricaturada, por ter trocado a sua urina com a de uma colega.

Os jogos de ilusão de que saliento a velha “vermelhinha” são proibidos (e bem!) e punidos por lei, já que induzem os incautos a apostar na carta errada através dum logro em que, quanto mais se olha menos se vê.
Isto para dizer que me lembrei deste jogo quando no outro dia chego a casa e ligo a TVI e está uma senhora a jogar com os espectadores pedindo-lhes que adivinhem a palavra C_M_O, e depois deixa pistas (só ouvi duas ou três, mas conheço o estratagema) como: é aquele sitio onde se vai fazer piqueniques, agora na Primavera está repleto de flores, é lá que se respira o ar puro, e para lhe dar mais ajuda vamos pedir mais uma letra CAM_O. E agora – continua a croupier da vermelhinha televisiva – diga lá que não sou amiga, dou-lhe ainda mais uma pequena ajuda; é lá que se planta o que comemos, que crescem as árvores etc.

Esta ladainha própria de quem vende “banha da cobra”, acontece na televisão de sinal aberto. O que eles não explicam, é que lá em casa existem milhares de pessoas sozinhas, homens, mulheres, velhos, crianças que têm à mão de semear um telefone ou um telemóvel, objecto que os pode catapultar para o almejado prémio.
-Quantas mais vezes telefonar, mais possibilidades tem de ganhar – debita a vendedora de chamadas telefónicas, aos pobres incautos.

Agora a verdade nunca dita. Conheço não uma, nem duas mas várias pessoas que na inocência da sua participação no tal inocente concurso que receberam contas telefónicas superiores a mil euros mensais e num dos casos que conheço, ultrapassou os dois mil euros.
Dir-me-ão que as pessoas são livres e responsáveis e que ninguém as obrigou a telefonar, mas o que não podem dizer é que não sabem que lá no monte alentejano no meio de nenhures está um individuo a ver o programa e na sua santa ignorância pensa para com os seus botões: CAM_O, onde se pastam as ovelhas, nascem as flores, se dorme uma folga à sombra dum chaparro, isso é no CAMPO. O ignorante é invadido por uma onda de euforia. Pensa que é o único a saber, e vá de fazer chamadas.
Quantos casos desses não existirão. Eu conheço três pessoalmente e outros tantos de que ouvi falar. Se multiplicarmos isto pela população portuguesa, podemos facilmente concluir que existem muitos “pastores alentejanos”, encerrados em apartamentos das grandes cidades, onde a tal caixa que mudou o mundo e que para muitos é a única companhia, deveria (a meu ver!) ter uma responsabilidade ética e pedagógica na introdução de conteúdos, já que desempenha um papel fundamental na formação dos cidadãos.
E vendo a coisa por outro lado que, embora metafórico, não deixa de ter o seu quê de verdade. Diz-se que a televisão nos entra casa adentro sem pedir licença. Se esta nos desperta impulsos (provocados!) para lhe entregarmos o nosso dinheiro, então qual é a diferença entre esta televisão onde vale tudo para sacar a “massa” aos incautos e os batoteiros do jogo da “vermelhinha”.


A meu ver existe uma única diferença. Os da “vermelhinha” têm de fugir à policia!

Escrito por pulanito @ abril 29, 2011   2 comentários

terça-feira, abril 26, 2011

A Subtileza do Jogo


Já deverão de ter reparado que não tenho estado para aqui virado. Ah porque tenho tido muito que fazer! Ah porque hoje não me apetece! Ah porque isto e mais aquilo!
A verdade, verdadinha é que me ponho aqui diante desta virtual folha branca e da torneira da imaginação não sai porra nenhuma, ou pelo menos que se aproveite.
Assim sendo, terei de continuar calado, ou debitar aqui umas quantas baboseiras só para encher espaço.
Enquanto escrevia isto, lembrei-me dum episódio que sem me trazer preocupado me tem feito refletir nesta coisa das relações humanas.

Tenho por hábito e educação falar a toda a gente. A uns dispenso mais do meu tempo a outros apenas saúdo; com uns identifico-me mais, com outros menos, mas essa é a ordem natural das coisas; quanto mais química mais próximos.

Existe um cavalheiro lá na minha terra que sempre me falou e a partir de um determinado momento simplesmente me passou a ignorar, mesmo quando o saúdo ou me aproximo de roda de amigos onde este está presente.
Este episódio não teria qualquer consequência, se eu não fosse um gajo preocupado com os outros e, de certo modo, aflige-me este tipo de postura.

Tenho dado voltas à cabeça na esperança de encontrar a ponta deste novelo de desavença, mas não lhe encontro motivo nem razão, o que me faz desaguar no temível mar do mal entendido, e aqui, já é território que não consigo dominar.

Bem sei que esta é uma particularidade de alguns elementos da minha raça, mas que no meu entender roça as barbas da cobardia, até porque se pode estar a perder uma bela amizade por via duma possível errónea avaliação. Para além disso somos do mesmo chão, da mesma tribo, partilhamos o mesmo ar e muitas vezes o mesmo teto.

Desatei a escrever isto, porque foi o que me veio à cabeça e, quem sabe, se este meu concidadão (que não identifico de propósito), não acabará por ler estas linhas e sem necessidade alguma de fazer mea culpa, me volta a saudar quando por mim passar.

Dirão os meus leitores! Mas porque não o abordas e lhe perguntas pela razão da sua atitude.
Resposta simples: adoro a subtileza do jogo.

Escrito por pulanito @ abril 26, 2011   1 comentários

segunda-feira, abril 18, 2011

Vitor Encarnação - Fio de Ariadne


Vitor Encarnação é no meu entender um dos melhores escritores alentejanos. Com um estilo próprio e inconfundível, retrata os motivos das suas crónicas com uma tal destreza verbal, que os textos navegam ali entre a crónica, a prosa poética e a poesia propriamente dita, vai daí e para vincar mais a sua afirmação em forma de escrita chama-lhe “prosemas”.
Sou um incondicional admirador dos “prosemas” do Vitor, neles me vejo e revejo, e até sinto alguma pontinha de saudável inveja por não dominar o verbo com a magia que o Vitor lhe empresta.

Aqui há tempos mandou-me um mail, pedindo-me para escrever umas palavras prévias para o seu novo livro (julgo que já vai no sétimo ou oitavo!) Fio de Ariadne. Aceitei o desafio, mas senti que podia não estar à altura deste filigranista da escrita, e lá esgalhei o texto. Deixei simplesmente falar o coração. O Vitor gostou do resultado e por isso lá estarei com todo o prazer na apresentação do mesmo, ficando mesmo orgulhoso do minúsculo contributo que dei para esta obra que vivamente recomendo a quem por aqui passar.

Deixo aqui o texto do press release para que possam ponderar aparecer em Castro Verde no próximo sábado, 23 de Abril junto à Rotunda das Ovelhas e adquirir um livros autografado por um dos melhores autores alentejanos (para não me esticar muito, apesar de me apetecer!) da atualidade.

Fio de Ariadne é o novo livro de Vítor Encarnação. É composto por uma seleção de 35 crónicas publicadas mensalmente no jornal Correio Alentejo.
É um livro de impressões e intuições, um olhar intimista e alternativo sobre a realidade que dá corpo e existência ao autor. A sua luz, as suas sombras, as suas raízes, o eco das palavras, a cinza do tempo.
São essencialmente ideias do mundo em que vive: sempre coisas de homens e mulheres aquém e além de si próprios.
É uma edição 100Luz, tem prefácio de Napoleão Mira e grafismo de Joaquim Rosa.
Vai ser apresentado no próximo sábado, dia 23 de Abril, pelas 17.30 na Feira do Livro em Castro Verde.

Escrito por pulanito @ abril 18, 2011   1 comentários

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