sexta-feira, dezembro 31, 2010

Bem Vindos a 2011


Bem-vindos a 2011. Nasci assim um bocado aos trambolhões, daí ter este número que não lembra nem ao diabo.

Bem sei que entrei nas vossas vidas em momento aziago. As preocupações são mais que muitas e vontade de mim desfrutar, deve ser coisa que não abunda. No entanto, vou rodar por aí nos próximos 365 dias e, era bom, que nos viéssemos a dar bem, até porque não tenho feitio para entrar em conflitos.

Venho ocupar este espaço temporal de modo a que todos o possam viver e dele desfrutar. Não podia aparecer aqui como sendo o 2012; o que diriam vocês! Ah e tal, já não tinham mais por onde nos roubar, agora cobram-nos em tempo. Mas é que, caso assim fosse, não seria só para os desgraçados do costume; tocaria a toda a gente. Motivo porque, a malta influente, aqueles que respondem por siglas, BPP’s, BPN’s SLN’s,REN’s e outra camarilha da mesma igualha, contactariam logo sociedades de advogados ás paletes para entalar o gestor do tempo, exigindo avultadas indemnizações por tão leviano acto.

Não senhor! Sou o 2011 e há que enfrentar-me com coragem e determinação, que eu pela minha parte vou fazer com para uns passe depressa e para outros (uma pequeníssima minoria!), passe devagar, para que toda a gente daqui a um ano possa dizer: É pá, este 2011 até foi um ano porreiro! Deus queira que o 2012 seu irmão seja igual.

Igual não será, até porque todos os anos são diferentes e este a que nos referimos até é bissexto.

É verdade! – diz para si mesmo e para quem o lê o narrador – e porque será que os anos são bissextos, porque será que de quatro em quatro anos os Fevereiros têm 29 dias em vez dos mancos 28 habituais?

O narrador vasculha na sua vasta sapiência e explica aos leitores e à folha branca onde debita estas parvoíces às 16.00 do dia 31 de Dezembro do ano de predecessor.

Quando se descobriu que um calendário fixo de 365 dias apresenta um erro de aproximadamente 6 horas por ano, o equivalente a um dia por ano, ou 1 mês a cada 120 anos teria, caso assim ficasse, sérias implicações nas actividades que deste dependem, como é o caso da agricultura.

O ano bissexto foi adoptado inicialmente no Egipto em 238 AC e tinha a particularidade de a cada 4 anos se repetir o último sexto dia da última semana do mês de Fevereiro, daí se chamar bissexto, ou seja: duas vezes sexta-feira.

Existem outras informações curiosas, mas o que o narrador queria era mesmo explicar a proveniência da palavra bissexto.

Bem, já que aqui estou – agora na pele de 2011 – peço-vos que tenham paciência, não me façam ser lembrado no futuro e na história como um ano catastrófico.

Escrito por pulanito @ dezembro 31, 2010   5 comentários

quarta-feira, dezembro 29, 2010

O Pitrolino




Na minha infância lisboeta tudo se vendia de porta em porta e a vida passava-nos à frente da janela em forma de pregão. Era a varina de canastra em forma de barco à cabeça, balançando rua abaixo de mão na anca; era o padeiro de gigantesco cesto de verga no suporte da bicicleta distribuindo ao alvorecer esse perfume matinal em forma de carcaça; era o leiteiro de cântaro debaixo do braço mais o ardina com as notícias fresquinhas, era o amola tesouras com a sua gaita (uma espécie de flauta dos Andes), acordando ao som desta o bairro para a azáfama de mais um dia das nossas vidas; mas de entre todos eles, o que mais me fascinava era o pitrolino!
O pitrolino que eu conheci era um carro puxado por um enorme e possante cavalo branco. Este carro foi dos primeiros que vi com pneumáticos, a sua carcaça era uma amálgama de gavetas, gavetinhas e gavetões metálicos, todo construído a propósito para poder levar o máximo de mercadorias.

Foto de um outro "Pitrolino" menos apetrechado que o do meu bairro - mas dá para ver do que falo.


Na parte de trás tinha os depósitos de petróleo e azeite com as suas respectivas medideiras hidráulicas que lhe emprestavam assim um ar, que se não fora o cavalo, parecia um daqueles veículos espaciais feitos na garagem por um curioso engenhocas.
Este porta-estandarte do comércio de vizinhança vendia de tudo: sabão azul e branco (sabão macaco) e sabão amarelo em grandes barras que comercializava a peso depois de cortar a porção desejada com um enorme facalhão. Cera para os soalhos, caixas de fósforos das grandes, benzina e benzovaque para retirar as nódoas, solarina para os metais e tantas outras drogas para o uso da casa.
Do outro lado do inenarrável veículo, ou seja, do lado esquerdo do cavalo branco para quem o estivesse a ver por de trás, a secção de mercearias! Das gavetas que se abrem saem arroz, feijão e grão. Doutras bacalhau, ali mesmo cortado à posta pela faca montada na aba por cima da roda.
Aquilo que nos fazia secar a garganta vinha em forma de rebuçados que o nosso pitrolino trazia nuns tubos de plástico transparente que para além de darem ao veículo um ar mais futurista, também servia para fazer luzir os olhos da criançada.
Quando chegava fazia soar a corneta, forma de se anunciar à população do bairro, quando partia voltava a tocar a dita, num até para a semana anunciado, nunca sem antes jogar a mão ao frasco dos sugus, atirando uma mão cheia ao ar para deleite da pequenada.

Escrito por pulanito @ dezembro 29, 2010   4 comentários

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Boas Festas

Escrito por pulanito @ dezembro 22, 2010   10 comentários

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Ele Há Dias Assim!


Por via de uma enfermidade crónica que possuo, tenho de ir ao médico de três em três meses. Durante anos, talvez uns quinze, o Dr. Sena foi o meu médico. Nesses encontros rotineiros aprendi a respeitar o homem que sempre me deu bons conselhos médicos e não só e de que guardo verdadeiras saudades, pois o Dr. Sena que apesar de vivo e de boa saúde, decidiu um dia retirar-se e deixar “órfãos” a generalidade dos seus pacientes.

Depois começaram as caras a mudar a cada consulta marcada. Mudaram os rostos, as prescrições, os horários e também aquele elo que se cria com quem vela pela nossa saúde.

Aqui há dias, tinha de novo consulta marcada e de novo com outro médico, ou médica, que nos tempos que correm nunca sabemos quem nos vai atender e como nos vamos relacionar. Como “cada cabeça tem a sua sentença”, já estava preparado para escutar um novo discurso médico, com novos exames, novo receituário e provavelmente novas regras de relacionamento.
Pedi a um colaborador meu que me marcasse a consulta. Quando cheguei ao escritório deparo-me estupefacto com a hora para que está marcada: 8.30 horas.

Não acreditando que houvessem consultas tão madrugadoras, pedi que me reconfirmassem a hora da dita, que para meu espanto estava correcta. Era mesmo às 8.30 da manhã!
Cheguei uns cinco minutos adiantado em relação à hora prevista. Dei os bons dias à Sra. Beatriz, senhora que trata da papelada e nos encaminha para as consultas. Enquanto esta efectuava o meu registo comecei a ouvir lá de dentro do consultório uma voz afinada que cantava uma música que se me afigurou caribeña.

«A nossa nova médica gosta de ouvir música logo pela manhã». Afirmei em jeito inquiridor.
«Não é o rádio. É a doutora a cantar, e repare como ela canta bem!»
No silêncio da manhã, ali fiquei embevecido a ouvir aquela voz cristalina que espantava as saudades da sua Cuba natal através das cordas vocais que de tão bem afinadas me preenchiam de beleza sonora o pavilhão auditivo.

«Que entre el señor!» Disse lá de dentro num espanhol adocicado característico das gentes das Caraíbas.
«Se a senhora for tão boa médica como cantora, quero que a senhora seja minha médica para o resto da vida» Disse em tom de quebra-gelo ao que esta respondeu com um sorriso genuíno e escancarado.
A Dra. Ana Reyes, mulher dos seus cinquenta e poucos anos, explicou-me nas mais simples palavras o que devia passar a fazer e, em vez de me recomendar mais medicação, disse-me que dependia de mim até mesmo deixar de os tomar.
Pelos seus expressivos olhos pude verificar que estava na profissão certa. O que fazia fazia-o com gosto e com tempo, explicando detalhadamente a razão deste ou daquele conselho profissional.
Quando dali saí, dei comigo a pensar! – Consulta marcada para as 8.30 horas, médica simpática, positiva, eficiente e ainda por cima com uma voz encantadora, entrada na consulta à hora marcada e tudo isto no Serviço Nacional de Saúde. Tive de me beliscar. Por momentos pensei que estava a sonhar!
Às vezes tenho-me insurgido contra o estado da saúde em Portugal, que sei continuar a necessitar de muitas reformas, mas nos últimos meses passei muitas horas no Hospital de Beja e pelo tempo aí passado, ganhei mais respeito e gratidão para com aqueles que fizeram destas profissões a sua cruz, o seu ganha pão.
Já fora do consultório fiz menção de voltar atrás e em tom de brincadeira meti a cabeça por entre a porta e disse «Será que posso adoecer esta noite e voltar cá amanhã?»
A Dra. Ana Reyes olhou-me por cima dos óculos e com o dedo em riste ripostou sorrindo.
«Vete de aqui. Que entre el próximo!»

Publicado na Revista 30 Dias de Dezembro de 2010

Escrito por pulanito @ dezembro 20, 2010   3 comentários

domingo, dezembro 12, 2010

Um Conto de Natal (Quase) Verdadeiro!


Hoje é Sábado. Um Sábado de Dezembro, dia em que uma estúpida melancolia natalícia se de mim apoderou.
Sou um gajo de altos e baixos, de profunda tristeza ou de exultante alegria; de cortar os pulsos à facada ou de subir ao cume de um monte e proclamar aos quatro ventos e a plenos pulmões o júbilo de estar vivo; de mergulhar em novos e arriscados projectos ou entrar em prolongada e profunda depressão. Sou assim uma espécie de oito ou oitenta; dentro de mim em certos dias vive Helenah, noutros, Dionísio!
É nesta montanha russa de estados d’alma, neste permanente ziguezaguear de contraditórios espíritos que vou construindo o meu percurso, isto para vos dizer que hoje é Sábado e apoderou-se de mim uma estúpida melancolia natalícia.

Hoje é Sábado de um qualquer dia de Dezembro dum século que já passou, dum ano que já não volta, mas que o calendário teima em afirmar que é 1961. Minha mãe brada por mim e pede-me para lhe ir fazer um mandado.
«Vais ali à Loja Grande e trazes um cruzado de café, vais num pé e vens no outro, o tostão que sobra é de melhadura»
Minha mãe havia-me retirado aos pensamentos em que estava absorto e que continuava sem deslindar e que consistia em tentar perceber se os pretos eram pessoas. Eu nunca tinha visto nenhum preto na minha vida e, no dia em que nos fomos despedir da família Cabo Silva, o patriarca Luís havia dito às pessoas que aí estavam para a função do adeus, que ia para África guardar pretos com um chicote, coisa que se me afigurou pouco humana, logo, motivo para a dúvida permanente que de mim se apoderou.

A Loja Grande assim chamada por ser a maior da vila, pertencente ao senhor João de Brito Palma era aos meus olhos de petiz um imenso caleidoscópio de mercadorias.
As prateleiras, tulhas, sacas e caixas estavam permanentemente recheadas de viveres que ao tempo se vendiam a peso ou à unidade. Ao fundo da loja havia toda uma panóplia de artefactos que na minha fraca lembrança me dava a ideia de ser uma babilónia de riquezas dignas do maior dos Alibabás.

«Jacinto, quero um cruzado de café e um tostão de migalhas de bolacha» Pedi, mostrando a moeda de cinco tostões necessária.
Jacinto saiu detrás do balcão, rasgou um quarto de folha de papel pardo, humedeceu com cuspo os dedos e, com a destreza de quem já fez milhares, fez mais um minúsculo cartuxinho em forma de cone que depositou na balança já com a quantidade de chicória (a que nós chamávamos café) que os seus afinados dedos estipulavam ser o peso certo.
Com a medideira numa mão e olho no ponteiro da balança deu por finda a operação, fechando o cartuxo com os dedos de uma mão e jogando com a outra para dentro da lata a o artefacto de medir.
«Agora vamos ás bolachas» Disse!
À medida que Jacinto abria a metálica e redonda tampa da caixa das bolachas, arregalavam-se-me os olhos, salivando sem parar, numa ânsia de quem está prestes a experimentar uma sensação digna de ser apreciada lenta e preferentemente de olhos fechados.

Já com os dois cartuxos na mão e fazendo menção de sair, tentei a minha sorte com uns rebuçados que me estavam a fazer luzir os olhos e disse:
«Jacinto, dás-me um rebuçado?»
«Não te posso dar rebuçados porque não são meus» respondeu Jacinto quase, quase a ceder.
«Então dás-me dois, que eu dou-te um a ti!» respondi em manobra desconcertante que fez com que o jovem marçano metesse a mão dentro da lata e me desse a ansiada guloseima, ao mesmo tempo que punha o dedo indicador erecto sobre os lábios em sinal de cúmplice silêncio.

Sorri agradecido e já de abalada resolvi perguntar:
«Sabes se os pretos são pessoas?»
Jacinto olhou para mim, encolheu os ombros e respondeu:
«Não sei, nunca vi nenhum!»

Já na rua e ao dobrar a esquina dou com o meu amigo Manel António que logo ali me convidou para a nossa brincadeira preferida, que consistia em construir casas feitas de barro, coisa que nos deixava sempre assim para o irreconhecível, ou como quem diz, cobertos de barro dos pés à cabeça.
Minha mãe com o cartuxo do café numa mão e com a outra em forma de raqueta afirmava que se aparecesse sujo experimentaria a "especialidade" com que me ameaçava.
É claro que era impossível construir uma aldeia inteira de terra, palha e água e aparecer imaculado em casa. .
Estávamos os dois muito entretidos a erguer paredes, quando lhe perguntei:
«Sabes se os pretos são pessoas?»
Manel António olhou para mim espantado e respondeu ao mesmo tempo que limpava as mãos ao bibe.
«Não sei, nunca vi nenhum!»

O Natal aproximava-se a passos largos e, apesar dos nossos desejos serem sempre na proporção do que nos rodeia, tanto eu como os meus irmãos lá formulámos os nossos ao Menino Jesus que religiosamente e naquele dia, desceria pela chaminé da nossa imaginação e nos traria os presentes desejados.
Nessa noite de 24 de Dezembro fomo-nos deitar depois de mais uma vez e à roda do lume termos voltado a pedir ao Menino que nos contemplasse com os nossos desejos.

Pela calada da noite e quando toda a gente dormia pareceu-me ouvir um barulho estranho vindo lá dos lados da cozinha. Cheio de medo aventurei-me a ver o que se passava e aterrorizado dei com um pequeno vulto de volta dos nossos sapatos depositando uns quantos presentes.
Quando dele me abeirei perguntei-lhe:
«Quem és tu? Tu és o Menino Jesus?»
Assustado, respondeu-me que sim, mas que deveria guardar segredo, até porque ninguém iria acreditar.
«Mas tu és preto ou estás tisnado da chaminé?» Questionei abismado!
«Esta é mesmo a cor da minha pele, assim como a do meu pai, da minha mãe e a das outras pessoas lá de onde eu venho» retorquiu!
«Sei dessa tua inquietação. Para além da prenda que tenho para ti, o teu melhor presente é ficares a saber, que por debaixo da minha pele, bate um coração igual ao teu, com os mesmos sonhos e desejos e se o mundo fosse governado por crianças a cor da pele seria a coisa que menos importava» Afirmou num tom filosófico de quem detém todos os poderes do universo!
«Agora tenho de ir, mas não te esqueças do nosso segredo» disse, voltando por artes mágicas a subir pela chaminé.

Quando minha aflita mãe me acordou aos gritos, estava eu estendido junto ao madeiro no lume, que alguém inexplicavelmente havia feito ficar aceso noite adentro.
Ainda estremunhado lembrei-me do meu noctívago encontro e enquanto minha mãe me levava ao colo de regresso à cama, abracei-a e num súbito e compulsivo choro pedi-lhe:

«Mãe, quando escreveres ao Cabo Silva, pede-lhe para não bater nos meninos pretos!».

Escrito por pulanito @ dezembro 12, 2010   10 comentários

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Pulanito - Uma História Com Final Feliz!

A vida continua reservar-me surpresas que são o carburante necessário para que possa continuar a trilhar o caminho que escolhi.
A história conta-se em três penadas. Em Agosto de 2006, aquando da celebração do meu cinquentenário resolvi oferecer a mim mesmo uma aventura que fosse marcante. Vai daí, artilhei uma bicicleta e fui-me embora sem destino. Para relatar o dia a dia dessa epopeia decidi criar o blogue POR AÍ, coisa que arrastou um inusitado número de visitantes.

Em Mourão - seis da manhã - de partida para mais uma etapa
No regresso dessa alucinante viagem vinha decidido a colocar um ponto final no blogue. Por essa altura reparei que a minha memória já não era a mesma que era dantes e, instigado por amigos e leitores, fui aqui continuando a depositar muitas dessas memórias e reflexões, coisa que com os seus altos e baixos tem vindo a acontecer ao longo destes quatro anos e tal.
Depois vieram outras viagens ciclisticas, outras aventuras, outras experiências que religiosamente por aqui partilhei .
No ano passado resolvi rever muitas dessas histórias e pensando que dificilmente estas sairiam das catacumbas do blogue, decidi-me a publicá-las em livro e, assim, do PULANITO, nasceu o livro AO SUL, obra onde publiquei 63 crónicas escolhidas, deixando de propósito fora do mesmo as viagens de bicicleta, que serão objecto de uma futura publicação.

Ao Sul - Um excelente presente de Natal - é só clicar aqui ao lado e encomendar

Fiz questão que este livro fosse lançado em Entradas, minha terra, meu vício, minha âncora e meu abrigo, já que grande parte do mesmo havia aí sido escrito e uma substancial parte do mesmo a ela se referia.
Para o evento foram convidadas inúmeras pessoas. Minha filha Susana Mira, trouxe consigo a sua trupe para me apoiar e dizer: PRESENTE, em tão importante acto da minha vida.
Dessa amálgama de gente sobressaía uma tal de Alexandra Prieto, artista plástica de corpo inteiro que logo e ali se interessou pelos meus escritos, combinando comigo trabalhar num livro de poesia que trago na cabeça, mas que ainda não me atrevi a nele mergulhar.
Como as apresentações do AO SUL, ou mesmo de outras obras é sempre um acto a que pouca gente acorre, decidi que a coisa deveria ter uma certa dinâmica, que passava pela conversa com a assistência e ao mesmo tempo pela leitura de algumas passagens do livro acompanhadas de música escolhida a preceito e ainda a projecção de ilustrações que tivessem a ver com as crónicas.

Telefonei à Alexandra e pedi-lhe que me fizesse umas quantas ilustrações para as apresentações que se adivinhavam. Quando estas chegaram, tanto eu como quem as viu antes de serem projectadas acharam que eram verdadeiras obras de arte.

Passados alguns tempos telefonou-me a Alexandra Prieto dizendo que a feitura destas ilustrações lhe tinham despertado o desejo de voltar a criar e assim foi marcada para o dia 25 de Novembro passado a abertura da exposição de pintura e escultura desta genial artista.

A artista com a compradora (ao colo) do quadro - Duelos de Espadachim Com Sombrinhas de Chocolate.

As grandes peças expostas e logo vendidas eram enormes pinturas baseadas no AO SUL. A Alexandra tinha encontrado na minha escrita a química necessária para a sua inspiração e, isso, deve ser coisa lá das minhas andorinhas que no dia 24 de Abril esvoaçavam de sobremaneira sobre a cabeça desta artista. Mesmo que não seja nada disto, gostava que assim tivesse sido!

Mas o melhor estava para vir. Se a escrita se podia pintar, porque não se poderia calçar a pintura?
Vai daí a Alexandra vasculhou a Internet à procura de alguém que já tivesse tido tal ideia, mas do que pesquisou e dentro daquele registo não encontrou nada que se lhe afigurasse já ter sido inventado. Dali a registar marca e conceito foi um ápice.

A Alexandra regressou aos temas do AO SUL e baseada nas telas sobre este tema pintados criou uma colecção de sapatos verdadeiramente única, de qualidade e com um design e um conceito verdadeiramente inovador.


Os sapatos e botins inspirados na crónica - Tu e mais esses teus olhos castanhos.


Duas das telas com nítida inspiração Entradense transformadas em texturas que se poderão ver nos sapatos e botins da Alexandra Prieto Collection.

Agora, os sapatos da Alexandra Prieto Collection já se internacionalizaram, está previsto o lançamento em Barcelona desta mesma colecção nos próximos dias, e eu, dou comigo a pensar que sou um sortudo do caraças, não só, pelas mulheres que agora calçam sapatos com texturas inspiradas nas minhas crónicas ( o que é algo verdadeiramente surpreendente!), mas mais ainda por saber que por cá, e quiçá, em muitas partes do mundo andarão senhoras com a torre sineira da igreja da minha terra a aconchegar-lhes os seus alvos pés.

Obrigado Alexandra.

E tudo começou numa tarde de Verão de 2006, um ano verdadeiramente mágico para mim!

Escrito por pulanito @ dezembro 08, 2010   8 comentários

sábado, dezembro 04, 2010

Coladiços Vintage


Finalmente uma foto - Luís, Domingos e Nap

Há coisas na nossa vida que são um traço marcante da nossa existência. Os Coladiços –tertúlia lúdico-gastronómico-cultural a que pertenci durante anos são um desses assinalados marcos e de que agora me lembro, porque vamos amanhã fazer uma emissão vintage desses gloriosos tempos que marcaram em cada um de nós uma época que não pretendemos repetir, mas sim, continuar.

Decorria o ano de 1993, eu e o meu primo Luis Fernando (filho primogénito do casalinho do post abaixo publicado!) víamo-nos com frequência em Lisboa. A este duo foi-se juntando outro elemento, colega, amigo e sócio do meu primo de seu nome, José Araújo e por fim, e para finalizar esta quadratura circular veio parar ao nosso regaço o José Domingos Carvalhais.

Num desses regados repastos lisboetas surgiu a ideia de darmos corpo e respeito aquelas reuniões gastronómicas e vai daí decidimos criar uma tertúlia.
Logo ali decidimos nome e regras. Andámos ás voltas com o nome até que o Luis lembrando-se de determinado episódio ocorrido connosco, decidiu aventar o nome de: Os Coladiços.
O nome era giro, tinha o seu quê de humorístico, recordava-nos um delicioso episódio gastronómico e ainda por cima indicava união, e assim ficou! Ainda esteva para ser Jojo Bensovac e os Coladiços, mas soava muito a grupo de rock de mal reputado subúrbio.

Para além do patusco nome, havia regras rígidas a serem cumpridas, tais como: pesada multa para o faltoso, nomeadamente pagamento na integra do jantar seguinte e ainda uma nota de censura por tão negligente acto.
Outra regra consistia na rotatividade da organização jantaristica, que apenas consistia na divulgação do local e da hora do repasto num qualquer local do país.
É lógico que procurávamos localidades emblemáticas, onde à cultura gastronómica, acrescentássemos outros programas que não são de todo para aqui falados, nem isso agora interessa nada nem a ninguém.
E assim percorremos grande parte deste país em alegre cunbibio gastrocopofónico de que tenho genuínas saudades.
A meio deste percurso, começou a integrar as hostes Coladiçais um tal de Joaquim Lopes, enfermeiro de profissão e que tinha embucadura olímpica, condição sine qua non para ser membro de pleno direito com sessão iniciática e posterior ordenação. E assim mudámos a forma geométrica da nossa composição passando então a ser um círculo pentagonal.

Depois a malta desatou a casar (incluindo eu), arranjaram empregos, mudaram de casa, tiveram filhos, assumiram responsabilidades, e os Coladiços foram sendo relegados para segundo, terceiro ou décimo quinto plano, até que se esvaeceu de vez e nem com uma foto ficámos para nos recordarmos desses gloriosos tempos, até que, na noite de ontem (ainda que sem a formação completa!) reactivámos em Entradas as famosas reuniões de Coladiços.

Apresentaram-se para o evento eu, o Luis Coelho e o José Domingos Carvalhais.
Como sempre abrimos as hostilidades com a bebida que leva no nome o epíteto desta renascida tertúlia.


O afamado - abridor de hostilidades - O Coladiço

Um Coladiço consiste num pequeno shot de tequila bebido ao mesmo tempo e com a posterior ingestão de uma rodela de laranja salpicada de café e de açúcar.

Celebrando uma antiquíssima amizade

Saímos dali e fomos para a Cavalariça, afamado restaurante de Entradas onde bebemos umas garrafas de Peceguina e deitámos abaixo uma belíssima e apetitosa açorda de perdiz seguida de umas extraordinárias sobremesas.

Só para fazer pirraça ao Araújo

No programa lúdico, constava uma visita à Adega da Malhadinha onde comprámos, cada um, uma caixa do vinho que havíamos bebido na véspera. A foto é mesmo só para fazer pirraça ao Coladiço ausente (José Araújo) que terá de pagar impreterivelmente o próximo jantar.
E assim, de função em função vou arredondando a figura, mas o calendário e os exames médicos já reclamam uma prolongada dieta e um regresso em força ao exercício físico.

Escrito por pulanito @ dezembro 04, 2010   4 comentários

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