segunda-feira, agosto 23, 2010

Arturo Posada - Uma Visita Inesperada.

Nap, Arturo, Sagrário e Natália - As feras são o Floyd e a Luna.


Na passada semana fui contemplado com a visita do meu amigo Arturo Posada e da sua mulher Sagrário.
Já não via o Arturo desde 1998 e havia pensado que lhe perdera o rasto até que aconteceu esse milagre chamado facebook, que de novo nos juntou.

Conheci o Arturo Posada aí pelo ano de de 1992 em Madrid num recrutamento que estava a levar a cabo para abrir uma delegação em Espanha.
De imediato houve entre nós uma química especial que fez com que o tivesse convidado a trabalhar comigo em Portugal, coisa que aconteceu e que se repetiu mais que uma vez ao longo dos anos, mas com cujos episódios não vos irei maçar.
Há coisas que um homem não sabe explicar. Passaram-me pelas mãos centenas de colaboradores; da esmagadora maioria nem sinal de memória, parece mesmo que uma esponja gigante terá limpado na totalidade a minha sala de lembranças, não deixando rasto de gente com quem partilhei muito de mim, mas que por razões que a própria razão desconhece se me foram da memória. Não foi o caso do Arturo e de mais dois ou três nomes emblemáticos que terão deixado marcas tão profundas que a tal esponja não conseguiu apagar.

Tive especial prazer em rever este amigo e de conhecer a sua nova companheira (Arturo divorciou-se da mãe da sua filha no espaço temporal em que nos não encontrámos), e suguei avidamente todos os detalhes da sua nova vida.
O tempo serenou-nos a gémea alma rebelde que compartimos e agora apesar da distância física e temporal sinto que tivemos um percurso em muitos episódios verdadeiramente similar.
O Arturo é um homem do marketing e das ideias dos melhores que alguma vez conheci. Reconheço-lhe vários predicados, mas o que mais impressiona com quem ele trabalha é a sua capacidade oratória e a sua habilidade natural para transformar em ouro o pó das estrelas.
É um vendedor e peras!
Sagrário, sua mulher, acha que ele está sempre a vender, coisa que por vezes a incomoda de verdade, mas os melhores profissionais têm a coisa tão entranhada em si, que por muitas peles que vistam sobressai sempre a do mercador de sonhos que vive dentro de cada um destes sobredotados. Que o diga o Mourinho, homem que no seu intimo terá certamente comportamento semelhante mas na vertente futebolística.
O meu amigo João António Domingues é outro caso parecido, está-lhe sempre a fugir o discurso para o seu, e tanto faz ser às nove da manhã como às quatro da madrugada, que é como se sabe, a hora dos passarinhos cantarem lindas cantigas à porta das suas amadas, e não de se venderem automóveis ao mesmo tempo que se fumam garrafas de tinto…coisa que o João faz com a destreza dos iluminados.

Voltando ao Arturo, ficámos combinados para uma visita à sua minúscula aldeia (S. Mamez a 80 km de Madrid) onde apenas vivem cerca de 50 eleitos. Também eu e, à imagem deste meu amigo, sou cada vez mais aldeão, mais cidadão de mim, mais guardador de pedras e labirintos, mais ensimesmado em sonhos de sonhar acordado, em suma…mais tinto, que esta está no fim!
Ficou já a convocatória para em Janeiro virem à nossa matança do porco e nos frios desse Inverno que há-de vir, rebuscarmos à volta do lume episódios onde ambos coincidimos.

Bem sei que este é um post sem qualquer significado para quem por aqui passa, mas como estamos em plena “Estação do Parvejo”, prevejo que me cheguem a desculpar, até porque não faço estas coisas por mal. São coisas que me dão…e hoje deu-me para aqui.

Escrito por pulanito @ agosto 23, 2010   3 comentários

sexta-feira, agosto 13, 2010

Ceifeiras de Entradas Completam um Ano de Vida.

Ceifeiras de Entradas

As ceifeiras da minha terra estão de parabéns. Completaram um ano de vida, um ano de crescimento, um ano de amadurecimento duma ideia que veio para ficar e de que o pessoal cá do burgo se deve orgulhar.
Num dia de canícula alentejana, mais propriamente a 7 de Agosto passado celebrou-se o primeiro aniversário deste novíssimo grupo de cantadeiras Entradenses. Para além de cantarem cada vez melhor, são o porta-estandarte duma cultura que se pretende viva e actuante, papel que as nossas Ceifeiras cumprem na integra, tanto no que se refere ao aspecto harmónico e vocal, como na parte etnográfica, onde o rigor histórico dos seus trajes são motivo dos melhores comentários, ou ainda, nos eventos que levam a cabo onde o dedo culinário da mulher alentejana é sobejamente apreciado; para tal basta lembrarmo-nos do relevante papel que desempenham aquando do Festival Entrudanças na nossa vila realizado a cada ano que passa, ou durante as Noites de Santiago, só para dar dois exemplos da entrega destas generosas mulheres.

Acho que já é tempo de as levarem a sério!

O seu empenho é por demais evidente, logo o apoio das entidades competentes também deverá ser condigno, até porque como embaixadoras duma cultura e duma região só têm que ser apoiadas e motivadas.
Devo aqui relevar também o papel preponderante dos seus dois ensaiadores: Paulo Madureira no inicio e ultimamente o multifacetado músico alentejano Paulo Colaço que para além de ensaiar as mais bonitas cantadeiras, promove também o ensino da viola campaniça onde o grupo Entradense "À de Cima da Burra", começa a dar os seus primeiros passos e frutos, resultando até que uma das alunas seja a primeira rapariga a aprender este instrumento que acompanha modas, cante ao despique e baldão.

Como padrinho do grupo tenho aqui que deixar uma nota de reprovação para com a Cortiçol, cooperativa esta a que o grupo está associado, que tendo sido convidada na pessoa do seu presidente, não só não compareceu, como não se fez representar numa data tão importante para este grupo de mulheres.
Certamente haverá uma explicação a dar, mas que ficaram sentidas com esta importante ausência lá isso ficaram.

Abrilhantaram este aniversário dois grupos convidados: As Vozes de Casével e as Atabuas de São Marcos da Ataboeira.



No quase silêncio da tarde de fogo que se fazia sentir, as cantadeiras da minha terra pintaram com os sons da terra a paisagem dourada da planície ondulante.
É por esta e outras sensações que tais que amo este torrão. Ás vezes gostava de estar dentro dos corpos dos outros, para saber se este estremecimento que me afecta é coisa só minha, ou não passo de mais um, com o senão de não o saber disfarçar tão bem como os demais.
A função decorreu depois no interior do Centro Cultural de Entradas – C.C.E., onde os grupos debitaram algum do seu repertório.



Para finalizar a nossa rapaziada mais nova, puxou de galões e violas campaniças que em conjunto com as vozes mais novas me fizeram sentir que afinal nada está perdido, tudo se transforma e ou muito me engano ou está para surgir aí um novo ciclo de vitalidade para as gentes de Entradas. Com a abertura do Museu da Ruralidade na Praça Zeca Afonso com o seu Observatório da Oralidade, parece-me a mim que sou leigo na matéria, um desperdício de bradar aos céus, não se aproveitar esta generosa ideia onde as mulheres da minha terra fazem com que a bota bata com a perdigota.

PS: quero agradecer ao Júlio Herdeiro da Casa das Primas, blogue entusiasta destas coisas da terra, onde poderão ler e ver reportagem mais alargada do evento de que vos falo.

Escrito por pulanito @ agosto 13, 2010   3 comentários

quinta-feira, agosto 05, 2010

Jen, O Lobo Solitário!

Encontrei esta simpática figura pela primeira vez no Porto, lá para as bandas de Miragaia. Abeirou-se de nós e, como quem anda de bicicleta não necessita de desbloqueador de conversa, logo ali se pôs a desbobinar a sua aventura.

Nap, Jen, Joaquim Miguel e Joaquim Piteira

Deste cavaleiro do asfalto, só me lembro que se chama Jen, que vem de Praga na República Checa e que já tinha nas pernas qualquer coisa como 4000 quilómetros pedalados, numa máquina que fiz questão em experimentar o peso e garanto-vos que menos 50 Kg não eram.
O linguajar em que nos fizemos entender, andava pelo macarrónico francês, um inglês das cavernas e uns desenhos de criança, mas deu para entender que este Jen é animal de têmpera do género, mais vale partir que torcer, e eu, fiquei logo ali a magicar a vida deste solidário do pedal que me ficou a fazer inveja pela coragem demonstrada em fazer-se à estrada lá da sua longínqua terra até aqui aos confins da Europa.
Despedimo-nos do Jen e prosseguimos o nosso caminho que nesse dia nos levaria até à Póvoa de Varzim onde dormiríamos em confortável hotel, o Jen, pelo contrário, havia-me pedido como conselho, se era muito perigoso dormir na praia!
Disse-lhe que Portugal era um país relativamente seguro e como ele não tinha nada de valor para roubar, ainda menos se interessariam por ele em caso de se encontrar num cenário dessa natureza.

Fizemos o nosso caminho até Santiago de Compostela, onde voltámos a ficar bem instalados nos dois dias que aí permanecemos.
No último dia lá fomos de novo à Praça Obradoiro, qual não é o nosso espanto quando junto ao Km 0 estava o nosso amigo Jen.


Jen...mais do que satisfeito com a colecta...

Surpreendidos por aí ter chegado tão depressa, Jen debatia-se agora com vários problemas. Não tinha onde dormir (os albergues estavam a abarrotar), tinha o nariz e os lábios numa lástima por via do escaldante sol e também não tinha comido nada e dinheiro era coisa que não possuía.

Jen à conversa com o Joaquim Miguel e o Mauricio cangalheiro à escuta.

Fiquei ainda mais boquiaberto com a coragem deste companheiro da estrada que apesar de tudo continuava optimista e brincalhão.
Fizemos então uma colecta para que com algum dinheiro pudesse aliviar algumas das suas preocupações imediatas. À medida que a conta engrossava os olhos de Jen sorriam. No final e em sinal de agradecimento disse que o dinheiro recolhido lhe daria para mais uma semana.

Fiquei a pensar neste marmanjo e de algum modo na inveja que tinha dele, tanto mais que senti que também eu poderia viver daquela, ou de maneira parecida, e não é nada com que não sonhe acordado em muitos dos meus dias sensaborões.

Não cheguei a saber se o Jen tinha mulher e filhos, se tinha emprego, se tinha amigos, se tinha ambições, fiquei apenas com a sensação que lá no fundo dos seus olhos havia qualquer coisa que nos une, mas que não sei explicar.

Não voltei a ver o Jen, mas estou convicto que um dia destes vai aparecer aqui pelo blogue e nos vai esclarecer a todos e especialmente a mim, o porquê dessa interminável sede de liberdade, que o leva a abdicar de alguns dos seus valores para em troca usufruir do brilho das manhãs e do silêncio dos crepúsculos.

Boa viagem amigo…um destes dias voltaremos a cruzar vidas e bicicletas.

Escrito por pulanito @ agosto 05, 2010   4 comentários

No Passado Dia 3 na FNAC

No dia 3 de Agosto lá estive na FNAC da Guia em Albufeira para mais uma apresentação do AO SUL, coisa que já me vai aborrecendo, até porque já são umas quantas as que tenho feito nestes últimos tempos. Bem sei que se quiser promover o livro tenho de estar presente em determinados eventos e assim dar mais visibilidade a este meu livro.

Napoleão Mira e Vitor Encarnação

Na verdade, mesmo assumindo eu a paternidade da obra, penso que há muito que ela não me pertence, e passados alguns meses após a publicação da mesma já tenho o distanciamento natural de quem já jogou para trás das costas este trabalho, estando mais preocupado agora com o projecto que se seguirá e, felizmente tenho vários.

O meu agradecimento a todos os que se dignaram aparecer apoiando assim esta iniciativa e em particular ao meu amigo Vítor Encarnação que se deslocou especialmente de Ourique até Albufeira e que eu fui cravar para “amuletar” o evento que iria fazer em solitário.

Para esta apresentação contei com a colaboração desinteressada dos meus amigos Hélder Encarnação – homem dos sete ofícios e das mil ideias - e da Xana Prieto que começou por ser amiga da minha filha Susana e agora é amiga de toda a família, que efectuou exclusivamente para este evento as seguintes ilustrações de que sou particular admirador, mas de que todos os presentes gostaram aquando desta iniciativa.
Aos dois, o meu muito obrigado!

Deixo-vos com alguns dos desenhos desta notável artista, com quem a seu tempo virei a trabalhar num próximo projecto conforme já aqui fiz referência.




Se estiverem a banhos; bons banhos! Se estiverem a trabalhar, espero que tenham ar condicionado!
Está uma brasa daquelas que só apetece é agarrar na bicicleta e abalar estrada fora com os olhos postos no Sol que vai esmorecendo por detrás da curva da Terra, assim um bocado à maneira dos finais dos filmes de cowboys, onde a “rapariga” chorando como uma Madalena, fica com uma mão agarrada ao pau da varanda, enquanto que com a outra, acena ao “rapaz” que cavalga em direcção ao horizonte, onde o mesmo Sol de que acima vos falo, também vai esvaecendo na curvatura que o planeta faz, e que este, na única vez que volta para trás o olhar, ajeita o chapéu para que o astro-rei não lhe fira o azul dos olhos por quem a “rapariga” se apaixonou, deixando ver o palito que lhe baila entre-dentes e que faz parte da indumentária de quem parte em direcção ao Sol-posto.

Desculpem lá…mas como estamos na estação do parvejo!!!

Escrito por pulanito @ agosto 05, 2010   2 comentários

domingo, agosto 01, 2010

Napoleão Mira apresenta AO Sul na FNAC do Guia Shopping em Albufeira



Na próxima terça-feira dia 3 de Agosto pelas 21.30 Horas estarei na FNAC do Guia Shopping em Albufeira para apresentar o meu livro Ao Sul.
Gostaria de convidar todos os amigos que residam no Algarve para assistir a este evento, até porque fazer uma apresentação sozinho é uma estopada daquelas. Por outro lado e sabendo da chatice que é assistir a um evento desta natureza, vamos introduzir uma componente multimédia de modo a dar relevo à palavra dita e ao mesmo tempo tornar mais atraente este tipo de apresentações.
A minha amiga Xana Prieto colaborou entusiasticamente com o seu traço único na ideia de dar vida, cor e movimento a algumas das crónicas deste AO Sul, o que lhe agradeço profundamente.
Em tempo oportuno farei em parceria com esta artista um outro livro, provavelmente num registo de prosa poética ou mesmo de poesia, casando a minha escrita com o traço único da Xana Prieto.

Um dos desenhos da Xana, para ilustrar a crónica - Duelos de Espadachim Com Sombrinhas de Chocolate.

Para vos aguçar o apetite, deixo-vos um dos muitos desenhos feitos especialmente para este evento.
Agradeço a presença de todos os que puderem comparecer, e caso não o possam fazer, poderão sempre divulgar junto dos vossos contactos este minha primeira apresentação por terras algarvias.

Local: FNAC- Guia Shopping Albufeira Data: 3 de Agosto de 2010 - terça-feira Hora: 21.30 horas

Escrito por pulanito @ agosto 01, 2010   12 comentários

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