Diário de Viagem - Dia 2
Diário de Viagem – Dia 2
Hoje é sexta-feira dia 16 de Julho, são sete e meia da manhã e acabo de dormir uma noite como há muito não dormia. Ainda vou rejuntando os ossos da tareia que ontem levei, mas sinto-me muito mais confiante, até porque as maiores contrariedades já as pus para trás das costas.
Saio à rua a saudar a manhã, que vista da casa do mano Pedro, é apenas de cortar a respiração. O serpentear do rio que levo no apelido, empresta à paisagem as linhas que lhe faltavam para que o êxtase seja o adjectivo correcto.
Havíamos combinado previamente tomar o pequeno-almoço no Cercal, coisa que fizemos metendo na caixa da sua Fiat Strada bicicleta e bagagem.
Na estrada que leva a Santiago do Cacém despedimo-nos com a fraternidade dum abraço de irmãos; ele lá foi à sua vida de manter com saúde uma população que lhe está entregue e eu sou devolvido à solidão do asfalto.
Espera-me uma nova serra, desta feita a do Cercal, mas como tenho o vento de costas, a coisa vai-se fazendo com esforço mas nada comparado com o dia de ontem.
Ao cimo da serra, dou com um grupo de altivos corticeiros que de machado em punho retiram aos sobreiros a cada nove anos que passam essa carapaça de riqueza milenar que dá pelo nome de cortiça.
Um dos jovens operários posa para a foto e por isso tem direito a aqui se apresentar.
Santiago do Cacém está ali a menos de meia dúzia de quilómetros. Animado por esta boa noticia, pedalo ainda com mais vigor, e quando encontro a placa indicadora de que cheguei, deixo-me fotografar pelo clique do meu dedo, deixando assim em memória fotográfica a minha passagem por esta primeira terra que leva Santiago no nome.
Os mais atentos saberão que pretendo atravessar as terras que tenham ou tenham tido Santiago no nome e que estejam dentro do meu percurso. Sei que muitas outras existem, mas seria humanamente impossível e com o tempo que disponho de todas elas visitar.
Daqui seguirei para Entradas, que já teve me tempos Santiago na sua toponímia e que eu recorrendo a truque de computador repus simbolicamente para imortalizar o espírito desta viagem.
De Santiago do Cacém a São Domingos dista mais ou menos uma vintena de quilómetros e com o vento de costas e a inclinação do traçado a meu favor, sinto que vou chegar adiantado à Mimosa, onde me devo encontrar perto das 13 horas com o meu primo Luís Coelho e o João Matos, outro correligionário das lides ciclantes e que aqui já tem sido citado em anteriores viagens em que faz o favor de me acompanhar.
Meu primo Luís Coelho, ou muito me engano, ou não tardará muito a que se aventure a connosco partilhar estrada, cama e farnel. Leio-lhe nos olhos essa sede de partida e sei que é moço para quebrar mas nunca torcer, por isso já sabes: Estás convocado!
Para o João Matos vai a mesma recomendação, até porque este não necessita de estar em forma. Tem milhares de quilómetros nas pernas e como lá para Outubro virá a liberdade, a coisa começa-se a compor para que possamos fazer umas passeatas daquelas de ir e não voltar. Estás convocado!
Os 40 quilómetros que separam a Mimosa de Entradas foram feitos em marcha algo lenta, até porque se me começou a reflectir nas pernas a tareia que ontem levei.À chegada a (Santiago de) Entradas
Mas pronto cá estamos. Escrevo hoje Sábado, já que ontem me foi de todo impossível actualizar o Diário de Viagem.
Amanhã partirei de Entradas em direcção a norte passando por Santiago Maior e Santiago do Escoural, na companhia dos meus amigos Vítor e Ricardo que fazem o favor de virem de Évora para me acompanhar. O João Matos, mais uma vez faz questão de me dar o seu apoio e também comparecerá.
Pela tardinha deparei-me com o primo Zé das Pestanas lendo o meu "Ao Sul " - No mínimo enternecedor!
Entretanto em Entradas decorre a bom ritmo as filmagens da série “ O Segredo de Miguel Zuzarte” que será transmitido em dois episódios de 55 minutos a 9 e 10 de Outubro, e onde muitos dos meus conterrâneos fazem a sua estreia no cinema.
Não se esqueçam de divulgar mais esta aventura de Pulanito e seus amigos, de a comentar, até porque isto sem comentários não tem graça nenhuma.
Abraços e até amanhã, já desde a Graça do Divor….
11 Comments:
Em Casa Branca vais ter mais uns pedalantes.
Desse "oásis" até ao Escoural é sempre a rolar e a distância curta.
Vamos beber um cafezinho na Camila(é à borla).
Depois, se ainda te apetecer vamos dar ao pedal,sempre a subir,até S. Sebastião da Giesteira(terreno do Boca Grande).
A Graça é já ali:faltam só 15 kapas.
Haja Saúde!
jm
Força Companheiro
a partir de outubro e sempre que quiseres e só dizeres.Quanto ao teu primo Luís, aquele já não foge já está apanhado pelo virus do pedal.
Um abraço para ti e para o resto do grupo, boa viagem para todos,
um abraço
jmatos
Liz Castelo,
e he recomendado tu blogspot a mi prima que le espera algo similar en Agosto y segura que la animara muchissimo! Buen camino! Estaremos siguiendo tu gran viaje! Besitos
renato Brasil,
grande irmao FORÇAAAAAAAA
Rui Conceição,
Es um fenomeno , bom tema para o proximo livro ... Forte abraço e muita força Amigo ....
Leonor Shirley,
Estamos a torcer por ti.
Carlos Alberto Salgueiro,
ta tudo a correr bem? abraço e força
Silva o Sentinela,
Siga!
Fernando Júdice,
Força Napoleão! Ah valenti!
Quando nos cruzámos reparei que transpiravas cansaço. O raio do tempo está quente como o caraças. Força e cuidado com os calores, que evidentemente mais a norte abrandarão. Boa viagem, e boas notícias, camaradas desta viagem cá por este planeta...
AS palavras SANTIAGO DE deviam estar mais apagadas ou então a palavra ENTRADAS devia ser "avivada". Dava mais realismo à placa toponímica
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