Quase D'abalada.
Estou a 3 dias do início de mais uma viagem anual a Santiago de Compostela, a 72 míseras horas de começar essa epopeia anual que me leva desde as terras mais ao sul, atravessando longitudinalmente todo o Portugal e entrando Espanha adentro até chegar a Santiago de Compostela.
Estou, como sempre, ansioso e apreensivo. Ansioso porque quero abalar e gostava de o fazer agora; apreensivo porque é sempre uma aventura e peras fazer-me à estrada numa viagem às minhas entranhas e voltar a colocar de novo à prova a minha capacidade de sofrimento.
Para ser completamente franco (e já o disse aqui doutras vezes!) podia facilmente habituar-me a esta vida errante de correr mundo em duas rodas, nada que não esteja nos meus planos de futuro; falta apenas um pequeno empurrão, assim como se estivesse à beira de um abismo já com as biqueiras dos sapatos no imenso vazio, estando unicamente agarrado à terra pelos calcanhares.
Sei também que as incertezas irão habitar em mim, enquanto não me habituar à solidão da estrada, mas aquela estranha e boa sensação de partir e não voltar ao mesmo lugar é o grande catalisador que me leva a pedalar em frente e perseguir o destino imediato, que no caso presente será S. Luís até casa do mano Pedro que me dará guarida na minha primeira noite de viagem.
No dia seguinte sairei de S. Luís em direcção a Santiago do Cacém, sendo esta a minha primeira paragem por terras de cujos nomes a palavra Santiago faça, ou tenha feito parte.
Lá por bandas do almoço, meu primo Luís Fernando acompanhar-me-á a partir da Mimosa até (Santiago de) Entradas, onde pernoitarei e repousarei no dia de Sábado.
No Domingo, o Ricardo Casaca virá de Évora na companhia do amigo Carrajeta e de (Santiago de) Entradas rumaremos até Santiago do Escoural passando por Santiago Maior em Beja, e assim cumpro a promessa de incluir no trajecto deste ano todas as terras cujos nomes tenham Santiago na sua toponímia, emprestando a esta jornada um simbolismo que há muito persigo e que agora pretendo concretizar.
Muita gente me pergunta o porquê destas viagens? Se nelas encerro algum fervor religioso?
A resposta é não! No entanto, não posso deixar de lhe atribuir algum misticismo até porque pela ancestralidade desta peregrinação nas suas variadas vertentes, sendo-se religioso ou não, mexem sempre connosco, e isso, eu não posso negar.
A partir da Graça de Divor, já teremos a equipa completa e daí seguiremos o trajecto que aqui já relatei em anteriores viagens e com o qual não gostaria de vos aborrecer.
Estou a escrever este post assim de jorro, até porque há algum tempo que não actualizo o blogue, e ao mesmo tempo a convidar-vos para que por aqui passem a diário e acompanhem as incidências de cada jornada.
Se por acaso aqui não aparecer mais cedo, certamente na quinta-feira dia 16 de Julho ao final da tarde já poderão ler e comentar a crónica desse dia.
Até lá!
7 Comments:
Até já meu amor cá te espero.
Desejo-te toda a força do mundo, para que mais uma vez consigas alcançar o teu objectivo.
Os teus olhos castanhos
Ah ganda NAP
Isso mesmo... Carrega na ferragem que nós cá te esperamos para mais uma aventura das nossas com as maravilhosas saladas com umas bejecas à mistura e a ginja com elas se o patrocinador do Bombarral não se esquecer...
Boa viagem amigo
JP
Aí está o Nap na rampa de lançamento da Praia do Carvoeiro.
Vamos a isso!
Não te esqueça do protector solar,que a tal alergia solar aos caroços da Daniel,s Ginja pode voltar a atacar.
O ano passado valeram as sombras das serranias galegas e as tréguas que o Astro Rei nos concedeu,ao fim da tarde.
A CAMINHO DE SANTIAGO!!!!!
Haja Saúde!
jm
Caro Napoleão
na sexta estou em Castro.
Penso que o trajecto será Mimosa Aljustrel Carregueiro e Entradas.
Se estiveres de acordo e me disseres as horas em que pensas passar na mimosa eu espero lá por ti e fazemos o resto juntos.empre custa menos.
Um abraço
jmatos
Claro que és religioso. (Integrares alguma religião institucionalizada é que é outra coisa).
Só peregrina pela Vida em busca de algo quem é religioso, quem consegue ler o pôr do sol e a alva da manhã como tu o fazes.
Outra coisa, pior, é que o tal Santiago de Compostela, esqueleto sem cabeça, não corresponde a Tiago que foi decapitado, mas antes a um qualquer Senhor medieval que se sublevou e a quem o Rei Leão não sei quantos mandou cortar o apendice superior para que o tipo não voltasse a ter ideias.
Vê lá se deslindas essa lenda, digna dos teus enredos narrativos.
E leva contigo os meus pensamentos de Homem Livre, aqueles que se cruzaram em Mourão num dia de Agosto quando, cada um para o seu lado, tentávamos preencher o vazio mistico que nos incomoda e inquieta.
Vai em Paz, querido amigo, e volta com saúde!
E que Endovélico, o Deus que reinou na tua terra antes dos Romanos, te acompanhe e proteja, bem como àqueles companheiros do Divor.
Boa viagem a todos!!!
Divirtam se.
Subscrevo inteiramente o comentário do bloguista Carneiro. Acho até que como dizia Edmund Burke, filósofo e político anglo-irlandês. (Dublim, 12 de janeiro de 1729 — Beaconsfield, 9 de julho de 1797) ´e passo a citar " o homem é, por natureza, um animal religioso" fim de citação.
Que os deuses te sejam propícios nobre Napoleão!
Um abraço
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