A Lógica da Batata
Leio no jornal que o nosso Ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro vai de motorista e carro do estado ao mercado de agricultura biológica do Príncipe Real em Lisboa.
Este excelso governante faz questão de mostrar aos portugueses que esse é o caminho do futuro, da saúde e de uma melhor qualidade de vida, segundo as suas palavras, assim como se o progresso tivesse como caminho o retrocesso a processos há muito abandonados.
Isto leva-me a desembrulhar um pensamento que se me tem ultimamente assomado ao sentido.
Então não era assim que todos vivíamos até há pouquíssimos anos?
Retirávamos da terra aquilo que a terra dava. Para que sementes e plantas medrassem com força e saúde, estrumavam-se os campos com adúbio, ou seja excrementos de animais, envoltos na palha da sua cama que depois de curtido era um bálsamo energético para as terras e cultivos.
Desta alquimia agrícola resultavam os mais saborosos legumes e frutas, embora os menos normalizados ou calibrados.
Lembro-me perfeitamente que por esta altura do ano, me ia deitar de barriga para o ar num qualquer rego de faval e vá de enfardar favas até mais não poder.
Na época das outras culturas era a mesma coisa. Tínhamos saudades dos sabores que só apareciam em determinadas alturas do ano e que duravam o tempo de medrarem e serem consumidos.
De facto foi assim que durante séculos e séculos as pessoas viveram, até que há relativamente poucos anos, se começaram a fazer cultivos intensivos de todo o género e durante todo o ano, tudo seleccionado, tudo rotulado, tudo embalado, tudo sistematizado, tudo calibrado, tudo descolorido, tudo sensaborão, mas segundo os engenheiros, políticos e cabeças pensantes, era assim que era melhor para as populações e para o progresso do país, e ai de quem assim não fizesse…caia-lhes em cima o Carmo e a Trindade, mais a ASAE e todos os esquadrões e brigadas de costumes, segurança e higiene e mais a puta que os pariu.
Agora é in comprar cenouras, repolhos, pepinos e couve-galega a cheirar a estrume e a 5 euros o Kilo….assim como que se tivessem descoberto a pólvora.
Não tarda nada, estamos todos a cultivar a nossa hortinha biológica como último modismo recomendado pelos fazedores de opinião cá do burgo, que do alto do seu estatuto de intocáveis, nos dirão que afinal os melhores frutos, legumes e demais produtos hortícolas são aqueles produzidos de forma natural e de preferência pelas nossas próprias mãos. Como se nós não estivéssemos carecas de saber isso.!!
Este excelso governante faz questão de mostrar aos portugueses que esse é o caminho do futuro, da saúde e de uma melhor qualidade de vida, segundo as suas palavras, assim como se o progresso tivesse como caminho o retrocesso a processos há muito abandonados.
Isto leva-me a desembrulhar um pensamento que se me tem ultimamente assomado ao sentido.
Então não era assim que todos vivíamos até há pouquíssimos anos?
Retirávamos da terra aquilo que a terra dava. Para que sementes e plantas medrassem com força e saúde, estrumavam-se os campos com adúbio, ou seja excrementos de animais, envoltos na palha da sua cama que depois de curtido era um bálsamo energético para as terras e cultivos.
Desta alquimia agrícola resultavam os mais saborosos legumes e frutas, embora os menos normalizados ou calibrados.
Lembro-me perfeitamente que por esta altura do ano, me ia deitar de barriga para o ar num qualquer rego de faval e vá de enfardar favas até mais não poder.
Na época das outras culturas era a mesma coisa. Tínhamos saudades dos sabores que só apareciam em determinadas alturas do ano e que duravam o tempo de medrarem e serem consumidos.
De facto foi assim que durante séculos e séculos as pessoas viveram, até que há relativamente poucos anos, se começaram a fazer cultivos intensivos de todo o género e durante todo o ano, tudo seleccionado, tudo rotulado, tudo embalado, tudo sistematizado, tudo calibrado, tudo descolorido, tudo sensaborão, mas segundo os engenheiros, políticos e cabeças pensantes, era assim que era melhor para as populações e para o progresso do país, e ai de quem assim não fizesse…caia-lhes em cima o Carmo e a Trindade, mais a ASAE e todos os esquadrões e brigadas de costumes, segurança e higiene e mais a puta que os pariu.
Agora é in comprar cenouras, repolhos, pepinos e couve-galega a cheirar a estrume e a 5 euros o Kilo….assim como que se tivessem descoberto a pólvora.
Não tarda nada, estamos todos a cultivar a nossa hortinha biológica como último modismo recomendado pelos fazedores de opinião cá do burgo, que do alto do seu estatuto de intocáveis, nos dirão que afinal os melhores frutos, legumes e demais produtos hortícolas são aqueles produzidos de forma natural e de preferência pelas nossas próprias mãos. Como se nós não estivéssemos carecas de saber isso.!!
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