De Regresso à Estrada do Monte
Regresso hoje ao alto do selim da minha bicicleta. É uma sensação a que já não estava acostumado, daí que o meu rabiosque depois de umas dezenas de quilómetros venha a queixar-se da dureza do local onde o sento.
Parto com vontade de pedalar, sabendo que a minha condição física é tudo menos a ideal.
Molho o dedo indicador, ergo-o aos céus, espero com a experiência saber de que lado está o vento. Está lateral norte, então sigo a favor dele na direcção de Castro Verde pedalando comedidamente.
Penso nos meus colegas de equipa de quem tenho ultimamente andado arredado, mas bastou uma mensagem do grande chefe, guru, soba, Joaquim Miguel apontando uma data para a ciclo-peregrinação anual a Santiago de Compostela, para que no meu interior tocassem a rebate os sinos contra a inércia; e aqui me eis.
Parece que a coisa partirá de Évora a 7 de Junho com chegada a 12 de Junho a Santiago. Pela minha parte e se me sentir com forças para isso, vou partir dois dias antes de Faro seguindo o caminho peninsular de Santiago que se inicia nesta cidade.
Subirei a Serra do Caldeirão em direcção a Almodôvar, depois Castro Verde , pernoitando em Entradas nessa primeira jornada. Regressarei de novo à estrada no dia seguinte em direcção a Évora onde me encontrarei com os meus restantes companheiros e daí partiremos para mais uma epopeia pedalante até terras de Santiago.
Enquanto estes pensamentos me povoam a imaginação reparo que o Alentejo se vestiu de verde para me receber. Um verde único de esperança que só por aqui encontro e que por palavras se torna difícil explicar. É assim um verde que nos invade a alma e nos faz estremecer pelo belo com que se nos apresenta a paisagem.
Aqui e ali brotando deste oceano de verde, nascem pequenas ilhas multicoloridas de flores silvestres, que quebrando a monotonia da imensidão verdejante, salpicam de cor e vida a terra plana que viu nascer gerações dos meus até que aqui cheguei.
Vou entretido e pedalando com vontade e prazer. O dia revelou-se perfeito para a prática deste desporto. A temperatura é amena, do vento nem novas nem achadas, o trânsito é raro por estas estradas secundárias onde me aventuro.
Esta é a terra onde solidão casa com imensidão. Ao longe avisto um pastor que á medida que me aproximo reparo estar vestido a preceito. Pelica, safões, botas e gorro herdados ou provavelmente adquiridos em recente visita à Feira de Castro.
Acena-me do alto do seu bordão. Faço uma pequena paragem para o cumprimentar e beber não só a água que o meu corpo necessita, mas também um pouco do seu saber.
Sinto que gosta da companhia e por ele ficava ali todo o dia a desfiar o seu rosário de conhecimentos, lamentações, inquietações e demais coisas que um homem pensa quando passa grande parte da sua vida a contemplar a mãe natureza.
Lá ao fundo já se ouve o ruído esganiçante de uma velha Zundapp, cujo motociclista parece alheado do mundo e se haver esquecido de meter outra mudança que não a que nos parece o motor necessitar.
Ao aproximar-se noto-lhe que no capítulo de segurança usa o capacete unicamente para iludir a GNR. O capacete é do género “penico”, vermelho Ferrari, com fita de xadrez em todo o seu perímetro e pala preta a condizer.
As presilhas que deveriam apertar ao pescoço e garantir a utilidade e segurança do capacete, esvoaçam agora ao vento num acto de revolta com este alentejano demonstra a sua indignação por tal obrigatoriedade, tanto mais, que já trás a boina por baixo do capacete, ficando assim com a cabeça verdadeiramente almofadada em caso de percalço etílico que o atire para o barranco.
Regresso à estrada satisfeito com o sinto e vejo. Revigorado com a conversa com o pastor, pedalo e penso, penso e pedalo.
Apetece-me ir por aí. Foco o olhar na estrada e sinto um inusitado prazer em pedalar.
Encho os pulmões de oxigénio de primeira e sigo o meu caminho agora já de regresso a Entradas.
Reavalio-me e penso chegar em boas condições, tanto mais que o terreno é aprazível e fiz este primeiro treino em velocidade passeante. Como tenho o conta-quilómetros avariado só posso calcular de cabeça a distância que percorri, mas como já parti vai para 5 horas devo andar pelos 100 quilómetros.
Já vejo a torre sineira da minha aldeia aquando da subida a um monte mais destacado.
À volta nem vivalma, apenas ao fundo junto a um eucalipto está estacionado um Mercedes de última geração. Uma família piquenica à beira da estrada debaixo da única sombra que nas redondezas se vislumbra.
Os pequenotes sorriem e acenam-me. Num raro e eterno momento cruzamos o olhar que lhes furto e levo comigo até ao final desta minha viagem.
Parto com vontade de pedalar, sabendo que a minha condição física é tudo menos a ideal.
Molho o dedo indicador, ergo-o aos céus, espero com a experiência saber de que lado está o vento. Está lateral norte, então sigo a favor dele na direcção de Castro Verde pedalando comedidamente.
Penso nos meus colegas de equipa de quem tenho ultimamente andado arredado, mas bastou uma mensagem do grande chefe, guru, soba, Joaquim Miguel apontando uma data para a ciclo-peregrinação anual a Santiago de Compostela, para que no meu interior tocassem a rebate os sinos contra a inércia; e aqui me eis.
Parece que a coisa partirá de Évora a 7 de Junho com chegada a 12 de Junho a Santiago. Pela minha parte e se me sentir com forças para isso, vou partir dois dias antes de Faro seguindo o caminho peninsular de Santiago que se inicia nesta cidade.
Subirei a Serra do Caldeirão em direcção a Almodôvar, depois Castro Verde , pernoitando em Entradas nessa primeira jornada. Regressarei de novo à estrada no dia seguinte em direcção a Évora onde me encontrarei com os meus restantes companheiros e daí partiremos para mais uma epopeia pedalante até terras de Santiago.
Enquanto estes pensamentos me povoam a imaginação reparo que o Alentejo se vestiu de verde para me receber. Um verde único de esperança que só por aqui encontro e que por palavras se torna difícil explicar. É assim um verde que nos invade a alma e nos faz estremecer pelo belo com que se nos apresenta a paisagem.
Aqui e ali brotando deste oceano de verde, nascem pequenas ilhas multicoloridas de flores silvestres, que quebrando a monotonia da imensidão verdejante, salpicam de cor e vida a terra plana que viu nascer gerações dos meus até que aqui cheguei.
Vou entretido e pedalando com vontade e prazer. O dia revelou-se perfeito para a prática deste desporto. A temperatura é amena, do vento nem novas nem achadas, o trânsito é raro por estas estradas secundárias onde me aventuro.
Esta é a terra onde solidão casa com imensidão. Ao longe avisto um pastor que á medida que me aproximo reparo estar vestido a preceito. Pelica, safões, botas e gorro herdados ou provavelmente adquiridos em recente visita à Feira de Castro.
Acena-me do alto do seu bordão. Faço uma pequena paragem para o cumprimentar e beber não só a água que o meu corpo necessita, mas também um pouco do seu saber.
Sinto que gosta da companhia e por ele ficava ali todo o dia a desfiar o seu rosário de conhecimentos, lamentações, inquietações e demais coisas que um homem pensa quando passa grande parte da sua vida a contemplar a mãe natureza.
Lá ao fundo já se ouve o ruído esganiçante de uma velha Zundapp, cujo motociclista parece alheado do mundo e se haver esquecido de meter outra mudança que não a que nos parece o motor necessitar.
Ao aproximar-se noto-lhe que no capítulo de segurança usa o capacete unicamente para iludir a GNR. O capacete é do género “penico”, vermelho Ferrari, com fita de xadrez em todo o seu perímetro e pala preta a condizer.
As presilhas que deveriam apertar ao pescoço e garantir a utilidade e segurança do capacete, esvoaçam agora ao vento num acto de revolta com este alentejano demonstra a sua indignação por tal obrigatoriedade, tanto mais, que já trás a boina por baixo do capacete, ficando assim com a cabeça verdadeiramente almofadada em caso de percalço etílico que o atire para o barranco.
Regresso à estrada satisfeito com o sinto e vejo. Revigorado com a conversa com o pastor, pedalo e penso, penso e pedalo.
Apetece-me ir por aí. Foco o olhar na estrada e sinto um inusitado prazer em pedalar.
Encho os pulmões de oxigénio de primeira e sigo o meu caminho agora já de regresso a Entradas.
Reavalio-me e penso chegar em boas condições, tanto mais que o terreno é aprazível e fiz este primeiro treino em velocidade passeante. Como tenho o conta-quilómetros avariado só posso calcular de cabeça a distância que percorri, mas como já parti vai para 5 horas devo andar pelos 100 quilómetros.
Já vejo a torre sineira da minha aldeia aquando da subida a um monte mais destacado.
À volta nem vivalma, apenas ao fundo junto a um eucalipto está estacionado um Mercedes de última geração. Uma família piquenica à beira da estrada debaixo da única sombra que nas redondezas se vislumbra.
Os pequenotes sorriem e acenam-me. Num raro e eterno momento cruzamos o olhar que lhes furto e levo comigo até ao final desta minha viagem.
1 Comments:
Força Nap,a caminhada começou:vamos a isso!A primeira assembleia/eco-amisto-ciclo-gastro-turística é já no dia 5 de Abril.Estás convocado!
Bons treinos e um abraço.
Haja saúde!
jm
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