Sam The Kid - Ultimas Noticias
Enquanto não consigo o novo video do Samuel, chamado "Negociantes" e que poderão muito em breve ver aqui no Pulanito.
Encontrei este fabuloso texto do André Lamelas, que penso ser de rara sensibilidade e que gostaria de compartilhar com os clientes deste botequim.
Só duas ou três pequenas curiosidades para aqueles que não o saibam. O Samuel vai para os Estados Unidos participar num grandioso festival -Trinity International Hip Hop Festival.
É em Março o artista do mês na MTV.
A Reedição do Pratica(mente) com mais três faixas e com versões de músicas suas feitas por outros artistas.
Para além disso está a produzir um novo Clip deste mesmo disco, sobre uma ideia original do escritor alentejano José Luis Peixoto.
E pronto, aqui fica o texto do André Lamelas.
Sam the Kid faz hip-hop, rap, whatever you want to call it. Contudo isso não é forçosamente mau. No seu último album, escondida entre a revolta contra os que cantam em inglês, podemos encontrar um belíssimo diamante (de sangue, não como o filme mas daqueles que se fazem com o sangue de toda uma vida) chamado "Slides (Retratos da Cidade Branca)" (um bem haja à Cachucha pela sugestão). Valeria certamente debruçarmo-nos sobre ela. Ouvi-la muitas vezes, beber-lhe cada palavra, cada sílaba como uma lição preciosa sobre o passado que não volta, sobre as vulgaridades que preenchem a vida e que, no fundo, são aquilo que mais recordamos aquando do seu ocaso.Mas Sam the Kid já conseguira ser mais melancólico e ainda mais imenso. Em 2002, com "Beats Volume 1 - Amor", Sam conquista o seu lugar na minha atenção. Para alguém que, como eu sempre odiou o hip-hop e tudo o que vinha daquelas zonas, foi um rude golpe ter de dar a mão à palmatória e admitir a paixão imensa por tão belo album.O Amor segundo Sam the Kid, em batidas, 17 faixas dedicadas aos seus progenitores (clip alma gémea)a representar a sua visão sobre mais importante história de amor da vida de qualquer um de nós: a dos nossos pais. Mas Beats soa a mais do que isso. Imaginemos a concepção mais esterotipada do hip-hop. Bairros suburbanos, caixotes ao alto a que alguns chamam de "casa", cinzento, paredes pintadas de grafittis, gente simples, com sonhos, com necessidades como qualquer um de nós. E é para o meio de todo esse mundo que este album nos transporta. Não soa ao amor heróico do cavaleiro que derrota monstros mitológicos com a sua espada para salvar a princesa, não soa ao amor daqueles que um dia chocaram um contra o outro na rua e nunca mais se largaram. Soa ao amor do rapazinho que interrompe o futebol dos intervalos do recreio para ir dar um beijo à miuda que surge nas bancadas, soa ao mesmo casalinho que vai para o parque namorar quando ainda mal sabem quem são, soa aos bilhetinhos nas aulas, à inocência de tudo isso, à descoberta da adolescência. No fundo, soa ao amor mais vulgar do mundo, ao amor mais comum e mais incaracterístico de todos, ao amor que podia ser o de qualquer um de nós. Talvez por isso este album valha tanto a pena. Porque no fim de contas, de que nos serve o amor do herói e da sua espada e do seu cavalo quando tudo o que somos é um miudo na fila do fundo, a mirar a rapariga da primeira fila e a enviar-lhe um bilhete com dois quadradinhos: um para o sim, outro para o não. O que muda é apenas o bilhete.
8 Comments:
Boas Napoleão, de facto, o texto do André Lamelas está fenomenal, de uma sensibilidade única, é o espelho do álbum do Samuel. Até eu, ainda com 24 primaveras, passei pela fase do "bilhete com dois quadradinhos: um para o sim, outro para o não", e é com enorme saudade que recordo esses tempos de inocência e liberdade, agora numa fase em que estou num ponto de viragem, sentimentos como incerteza e insegurança relativamente ao futuro me invadem sem "convite" da minha parte.Sou optimista por natureza e vejo nisso o lado positivo,mesmo sendo pequeno, é sinal que passei de "pito para galo". Há uma peripécia que é relembrada vezes sem conta em casa que não posso deixar de a partilhar consigo, visto que foi o Napoleão o autor da mesma!Estávamos todos de férias no Algarve (nem sonhava um dia "apoderar-me" deste como minha segunda terra) e a minha mãe estava
em pulgas porque as minhas aulas (primário ou preparatório) já tinham iniciado e eu ainda estava a deliciar-me por terras algarvias e eis que o Napoleão com uma das suas "tiradas" disse, "Não se preocupe que não é por uma semana que o rapaz deixa de ser doutor!", felizmente esse objectivo está na meta final, mas não o encararei como ponto de chegada, mas sim como ponto de partida para novas aventuras, novos objectivos.
Novamente lhe felicito pelo blog, que rapidamente começou a fazer parte do meu quotidiano.
Para finalizar quero desejar a maior sorte ao Samuel no Trinity International Hip Hop Festival, gradualmente está a construir uma carreira ímpar e brilhante.
Um grande abraço nortenho,(mas ainda pelo Algarve)
André Correia
Grande André,
Fico feliz por tudo te correr bem por terras algarvias e que a tua aprendizagem tb está a chegar ao fim.
Fico ainda mais feliz por te interessares cá pelo Pulanito, que por uma razão ou por outra, tem coisas da vida, que se entrelaçam com outras que certamente te serão proximas.
Ainda bem que gostas do trabalho do Samuel..É um percurso integro, com subida a pulso, mas é como a cortiça, por muito que a tentemos empurrar para baixo ela vem sempre ao de cima...o mesmo acontece com o talento ( que tb era uma moeda egipcia...nota de humor)
Dá um abraço aos teus pais...de quem me lembro a casa passo...
Pulanito
O rosto do Samuel ao lado do rosto de Entradas é uma boa e feliz ideia. Mas estou convencido que é mais o que o rosto do Samuel pode Fazer por Entradas do que o rosto de Entradas pode fazer pelo Samuel.
Afinal Entradas existe e tem genes que fazem génios.
Esta terra nos caminhos de Santiagos... ainda um dia há-de ser luz.
Amigo Manel,´
Como sei que és um acérrimo leitor do Pulanito, deixo-te aqui a curiosidade de veres o clip alma gémea, e descobrir caras que todos conhecemos bem como paisagens da nossa terra...
A coisa passou despercebida, mas o disco de onde este clip foi retirado e que o André lamelas também explica...foi só...o melhor disco do ano de 2002.
Coisas sem significado!!
Faço minhas as palavras do Manuel António sem mudar absolutamente nada. Quanto a mim conquanto não seja um grande apreciador da música hip pop ( vá lá a confissão politicamente incorrecta)fico muito satisfeito quando alguém de ascedência entradense se torne notável em qualquer área: na cultura, no desporto, na música, nas ciências, etc., etc., etc.
Um abraço do
José Mestre
oi sam
curto bue ouvir as tuas musicas.
es mt fixe a fazer rape.
es um bacano
bjsx Andreia Dias
Vila Nova de Famalicao zona Norte mais propriamente Minho.lol
Já venho com dois anos de atraso mas só hoje, ao fazer umas pequenas revisões nos poucos comments do meu blog reparei no comentário que me deixou.
Sou o André Lamelas, autor do citado texto. Fico bastante contente e orgulhoso que ele lhe tenha agradado. Confesso que o escrevi nunca pensando que algum dos referidos o fosse ler. Mas fico mesmo contente por saber que lhe agradou.
Não conhecia o seu blog mas pelo que já vi assim por alto, vale a pena a visita.
Dois anos depois continuo a manter tudo o que disse, e cada vez mais acho a "Slides" uma cantiga do caraças. Parabéns pelo belíssimo poema. :)
Caro André Lamelas,
Reli agora (por via do seu comentário) o texto então publicado por si e, também eu, o acho surpreendentemente lúcido e actual.
Fico contente que passados estes anos ainda goste dos "slides" que curiosamente é um poema com mais de 30 anos, o que para mim é um facto que me deixa algo perplexo como deve imaginar.
Já que passou por cá, não deixe de o fazer ocasionalmente, até porque, é destas ocasionais visitas que se vai construindo este pequeno mundo; o mundo do Pulanito.
Enviar um comentário
<< Home