Com os Olhos Postos na Estrada
Não sei porquê, mas esta coisa das bicicletas faz-me sonhar.
Desde o meu abalroamento as minhas saídas têm sido esporádicas, e para falar francamente, ainda não ultrapassei o trauma de ter sido abalroado, mas também sei que só passa se o esquecermos em cima do selim da bicicleta.
Ontem de manhã passei por Lagoa e só então me lembrei que a 2º etapa da Volta ao Algarve começava nesta cidade.
Reorganizei a minha vida e fui ver a partida dos ciclistas. Não sei porquê, mas fui assolado por uma vontade inabalável de me montar na bicicleta e partir de novo estrada fora.
Andei ali pelo meio das figuras do pelotão, onde o ruído metálico das correntes a passarem nos carretos soavam a música para os meus ouvidos.
De repente lembrei-me das minhas tiradas ciclistas de Verão. Lembrei-me do sofrimento das intermináveis subidas conquistadas a músculo e suor. Lembrei-me da infindável solidão das estreitas estradas secundárias onde não se vê vivalma. Lembrei-me do reencontro comigo e do gozo de terminar uma etapa depois de seis ou oito horas a pedalar galgando vagarosamente os quilómetros que nunca mais passam.
Lembrei-me das pessoas que ao longo destes percursos fui conhecendo e que me incentivaram a continuar. Lembrei-me do Carneiro, aquela figura que um dia vi aparecer com um veículo estranho numa rua empedrada de Mourão e que me fez sentir que afinal “ não sou um caso isolado, não sou o único a olhar o céu”. Lembrei-me do orgulho que senti de ter chegado ao fim, com as virilhas em carne viva, mas feliz.
E por me lembrar de todas estas sensações, mentalmente também parti com este pelotão, porque mesmo salvaguardando as devidas distâncias, creio que do pão que o diabo amassa, e que estes comem a diário, também eu já tive o meu quinhão.
Ficou-me a vontade de recomeçar e de afincadamente treinar, para que no dia 9 de Junho possa partir de (Santiago de) Entradas e terminar em Santiago de Compostela.
A missão passa por fazer o encontro entre estes três Santiagos: Eu, minha terra e Compostela.
E para incentivar a coisa, aqui fica o campeão Cândido Barbosa que se dignou ser fotografado com este vossos amigo.
5 Comments:
Já tive a honra de pedalar ao lado de "o" Candido, essa figura incontornável do nosso ciclismo (na última época em que ele esteve na LA-Alumínios- Liberty Seguros, num passeio cicloturistico entre Alcantarilha e Castro Verde).
A categoria dele como ciclista está na exacta proporção da simpatia para com adeptos e admiradores do ciclismo. Sempre disponível para o autógrafo e para a foto. Um Senhor.
Quanto a ti, efectivamente, não és o único a olhar o ceu do alto dum selim de bicicleta...
Abraço
E se chegasses a Santiago de Compostela ou a (Santiago de) Entradas dia 25 de Julho (dia de S Tiago)na viagem de regresso?
Que o Candido Barbosa te tenha servido de inspiração para outras voltas e outros blogues.
Bruno
Caro amigo Pulanito
Foi com grande alegria que tive conhecimento hoje do teu Blog, e como não podia deixar de ser aqui estou eu para deixar o meu testemunho.
De bicicletas do tamanho "normal" pouco ou nada sei apesar de quando era novo (!!!!)muitos klm fiz pelas ruas da minha terra ( Vila Real de Santo António) e seguramente uns milhares de voltas na Praça Marques de Pombal. mas agora, já com mais de 40 a minha paixão vão para bicicletas em miniatura. Como sabes tenho aquilo que se pode dizer uma "bela" colecção e apesar de não poder estar com "elas" todos os dias sinto falta, por isso dou muito valor a toda a tua escrita sobre os teus passeios e aventuras. A todos aqueles que tiverem alguma ( em miniatura) e quiserem contribuir para a minha felicidade são bem vindos a envia-las ou dar ao nosso amigo que ele sabe onde me encontrar.
Um abraço para ti e muito sucesso
João Sanches
Amigo João Sanches,
Sei que te devo uma visita à Madeira.
Fico lisongeado com as tuas palavras e lembro-me muito bem da tua colecção de bicicletas que agora já deve ser quase um museu.
Vai passando por cá e não te inibas de deixar o teu comentário
Abraço
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