Ainda há lugares assim!
Cartão de visita da fabulosa casa de Assunção Palhinha em Santana da Serra
Foto possivel dos convivas do jantar de fim de época do cavaleiro tauromáquico Tito Semedo
Temos que procurar com muita paciência e determinação, mas depois de muito procurar ainda encontramos lugares que são um verdadeiro regalo para a vista e para o palato.
O jantar há muito que estava combinado, mas por uma ou outra razão a coisa foi-se atrasando até que finalmente foi marcado para o dia 12-12-08 o que corresponde à passada sexta-feira.
Como tenho a Mitsubishi com uma arreliadora avaria, o amigo António José Brito fez o favor de me vir buscar ao Algarve.
Soube aquando da sua chegada que o jantar teria lugar em Santana da Serra numa tasca daquelas que “já não existem”.
Agora os dias são curtos e frios e as noites longas e mais frias e ventosas, o que faz com que nestas alturas o que apetece é fogo, conversa e vinho bom.
Lá fomos dar a Santana da Serra sem saber onde seria o encontro prometido. Parámos num café local para matar o tempo que nos sobrava, visto termos chegado antes da hora.
Quando chegou a hora pedimos via telefone as coordenadas para irmos ter ao local que desconhecíamos.
As indicações vieram de modo a que saíssemos de Santana da Serra e rumássemos a Almodôvar via estrada antiga que estaria assinalada daí a 1,5 Km.
Quando saímos do IC1 e entrámos nessa velha estrada, não havia qualquer indicação de que para aquelas bandas houvesse um estabelecimento de comes e bebes, o que se veio a revelar enganador.
Passados cerca de 2 Km vimos uma casa à beira da estrada que tinha algum movimento no exterior. Como era de noite e pela falta de sinalização foi difícil descortinar que estaríamos a chegar ao local previamente combinado.
Quando aí chegados, o frio fazia-se sentir de forma intensa o que também é normal para a época.
Lá fomos entrando e os convivas foram chegando. Quando aí chegados, pensámos que seriam uma coisa para meia dúzia de pessoas, mas depois verificámos que os convidados para este repasto tauromáquico-natalicio eram mais de 30 pessoas.
Fui-me apercebendo da singularidade deste estabelecimento, primeiro pela adiantada surdez do proprietário da casa, o senhor João, depois pelo kitsh da decoração, mas sobretudo porque este local tinha todos os condimentos para ser um local “a la Pulanito” e com entrada directa no top tem das minhas preferências.
Antes do repasto por assim dizer, coisa essa, entregue à magia culinária da senhora Assunção, na mesa fomos encontrando pequenas bombas de calorias impenegradas de colesterol até ao tutano, como é normal em tudo o que é bom.
As belas azeitonas de curtimenta acertada, o presunto da serrania que divide as duas regiões mais a sul, metade gordo, metade magro, a linguiça da banha, franguinho do campo frito à passarinho e o abençoado panito alentejano regados com pinga não sei de onde, mas escorregadia e traiçoeira como manda a lei da boa pinga.
Eu ia acompanhando este ritual de costas voltadas para um fogo feito em chupão prantado na parede a meio da casa e que aquecia as partes do corpo onde o vinho não fazia o seu trabalho com jeito.
Os meus olhos seguiam avidamente o Senhor João, homem de face sulcada pelo tempo e pelo muito trabalho que lhe passou pelo costado, que notoriamente se via não haver nascido para o mister do talher e guardanapo.
Quando dona Assunção apareceu com o primeiro pitéu da noite fez-se um silêncio sepulcral, que segundo rezam os cânones desta arte, é o melhor dos elogios que se pode prestar ao mestre cozinheiro, neste caso a Assunção Maria Palhinha, uma alentejana que para além de simpática, se notava ter dedo e feitio para a poda.
O primeiro prato era javali estufado que a senhora Assunção havia preparado durante a tarde e que estava absolutamente divinal. Para quem não gostava de javali ou tinha ainda espaço para mais, veio um bacalhau no forno que (segundo me disseram) nada ficou a dever ao javali.
Depois vieram os cafés e os medronhos, esse maldito solta línguas, que se bebido em exagero faz parvejar o mais prevenido dos homens.
O jantar há muito que estava combinado, mas por uma ou outra razão a coisa foi-se atrasando até que finalmente foi marcado para o dia 12-12-08 o que corresponde à passada sexta-feira.
Como tenho a Mitsubishi com uma arreliadora avaria, o amigo António José Brito fez o favor de me vir buscar ao Algarve.
Soube aquando da sua chegada que o jantar teria lugar em Santana da Serra numa tasca daquelas que “já não existem”.
Agora os dias são curtos e frios e as noites longas e mais frias e ventosas, o que faz com que nestas alturas o que apetece é fogo, conversa e vinho bom.
Lá fomos dar a Santana da Serra sem saber onde seria o encontro prometido. Parámos num café local para matar o tempo que nos sobrava, visto termos chegado antes da hora.
Quando chegou a hora pedimos via telefone as coordenadas para irmos ter ao local que desconhecíamos.
As indicações vieram de modo a que saíssemos de Santana da Serra e rumássemos a Almodôvar via estrada antiga que estaria assinalada daí a 1,5 Km.
Quando saímos do IC1 e entrámos nessa velha estrada, não havia qualquer indicação de que para aquelas bandas houvesse um estabelecimento de comes e bebes, o que se veio a revelar enganador.
Passados cerca de 2 Km vimos uma casa à beira da estrada que tinha algum movimento no exterior. Como era de noite e pela falta de sinalização foi difícil descortinar que estaríamos a chegar ao local previamente combinado.
Quando aí chegados, o frio fazia-se sentir de forma intensa o que também é normal para a época.
Lá fomos entrando e os convivas foram chegando. Quando aí chegados, pensámos que seriam uma coisa para meia dúzia de pessoas, mas depois verificámos que os convidados para este repasto tauromáquico-natalicio eram mais de 30 pessoas.
Fui-me apercebendo da singularidade deste estabelecimento, primeiro pela adiantada surdez do proprietário da casa, o senhor João, depois pelo kitsh da decoração, mas sobretudo porque este local tinha todos os condimentos para ser um local “a la Pulanito” e com entrada directa no top tem das minhas preferências.
Antes do repasto por assim dizer, coisa essa, entregue à magia culinária da senhora Assunção, na mesa fomos encontrando pequenas bombas de calorias impenegradas de colesterol até ao tutano, como é normal em tudo o que é bom.
As belas azeitonas de curtimenta acertada, o presunto da serrania que divide as duas regiões mais a sul, metade gordo, metade magro, a linguiça da banha, franguinho do campo frito à passarinho e o abençoado panito alentejano regados com pinga não sei de onde, mas escorregadia e traiçoeira como manda a lei da boa pinga.
Eu ia acompanhando este ritual de costas voltadas para um fogo feito em chupão prantado na parede a meio da casa e que aquecia as partes do corpo onde o vinho não fazia o seu trabalho com jeito.
Os meus olhos seguiam avidamente o Senhor João, homem de face sulcada pelo tempo e pelo muito trabalho que lhe passou pelo costado, que notoriamente se via não haver nascido para o mister do talher e guardanapo.
Quando dona Assunção apareceu com o primeiro pitéu da noite fez-se um silêncio sepulcral, que segundo rezam os cânones desta arte, é o melhor dos elogios que se pode prestar ao mestre cozinheiro, neste caso a Assunção Maria Palhinha, uma alentejana que para além de simpática, se notava ter dedo e feitio para a poda.
O primeiro prato era javali estufado que a senhora Assunção havia preparado durante a tarde e que estava absolutamente divinal. Para quem não gostava de javali ou tinha ainda espaço para mais, veio um bacalhau no forno que (segundo me disseram) nada ficou a dever ao javali.
Depois vieram os cafés e os medronhos, esse maldito solta línguas, que se bebido em exagero faz parvejar o mais prevenido dos homens.
Foto possivel dos convivas do jantar de fim de época do cavaleiro tauromáquico Tito Semedo
O Tito Semedo rejubilava com a presença dos amigos que me escuso a mencionar, até porque poderia correr o risco de não saber, ou de não mencionar algum deles, o que é sempre desagradável.
Tito Semedo e José Luis Zambujeira (seu apoderado)
Depois vieram os discursos sentidos ao homenageado da noite, coisa sempre fechada com uma enorme salva de palmas e mais uma rodada de medronho. Como os discursos foram mais que muitos, reservo-me ao direito de não ofender a vossa inteligência.
É claro que lá meti conversa com a Senhora Assunção que se revelou ser pessoa de bem com a vida e que trata tachos, fogão e panelas sem cerimónia. Lá pelas tantas confidenciou-me que dentro de poucas horas (ás 7.00 horas) já teria a casa aberta e que muitas das vezes (e apesar dos seus 65 anos) ainda fazia umas directas sempre que há baile no salão de festas que também administra.
Senhora Assunção Palhinha - a anfitriã
É claro que me inteirei de imediato como é que devia proceder se quisesse aí voltar um dia voltar a provar a comida feita com o dedo divinal de Assunção Palhinha.
Bem sei que o post já vai longo e que ultimamente escrevo pouco, mas quando escrevo até parece que redijo testamentos, mas agora estou nesta, e quem me quiser aturar, atura, quem não quiser pode mudar de canal, mas agora também já não vale a pena até porque estou mesmo a chegar ao fim.
Reparei que na hora da balbúrdia os mais familiarizados com a casa iam atrás do balcão, serviam-se e ninguém apontava nada. Perguntei à senhora Assunção como é que ela controlava a coisa: respondeu-me sorrindo, que não controlava, fazia assim uma conta por alto e até agora ninguém se tinha queixado.
Registo este convénio de entendimento e confiança entre as pessoas, provavelmente seja esta uma das razões que faz com que este seja um local especial onde as pessoas ainda são aquilo que são, sem se armarem ao pingarelho, e isso eu averbei em local especial da minha memória.
Etiquetas: alentejo, Santana da Serra, tabernas alentejanas, Tito Semedo
4 Comments:
Cada vez estás a escrever melhor.E o que contas, faz-nos recuar aos tempos da senhora Aurora... Que Deus lhe tenha a alma em descanso!
Boas e rápidas melhoras à Mits...
Amigo Manel António,
Bem-vindo a este humilde estaminé.
Já há tempos que não passavas por cá. Bem sei que não trato de politica (nem me interessa de todo,abomino até!), mas vou aqui ocasionalmente trazendo (para não aborrecer os leitores) uns textozitos referentes ás minhas paixões com Entradas e o Alentejo no epicentro das minhas crenças.
Vai passando, porque em quem passa sempre se repara...e por favor não me questiones o que é que eu quis dizer com isto..saiu assim e pronto!!
Abraço amigo e certamente terei oportunidade de te desejar um bom natal pessoalmente.
Amigo Manel António,
Bem-vindo a este humilde estaminé.
Já há tempos que não passavas por cá. Bem sei que não trato de politica (nem me interessa de todo,abomino até!), mas vou aqui ocasionalmente trazendo (para não aborrecer os leitores) uns textozitos referentes ás minhas paixões com Entradas e o Alentejo no epicentro das minhas crenças.
Vai passando, porque em quem passa sempre se repara...e por favor não me questiones o que é que eu quis dizer com isto..saiu assim e pronto!!
Abraço amigo e certamente terei oportunidade de te desejar um bom natal pessoalmente.
Estou enganado ou estou perante um crítico gastronómico que diz aquilo que pensa sem fazer "favores" nem "fretes" a ninguém criticando sempre com imparcialidade?!As tuas críticas não ficam a dever nada às que se lêem em alguns jornais e revistas-
Um abraço do
José Mestre
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