Portugália
Estreia hoje (04/12) o filme Amália. Uma biografia cinematográfica da grande diva do fado que não irei perder por nada deste mundo.
Com estreia marcada para 66 salas de cinema portuguesas e com vendas asseguradas para 22 países, denota a universalidade desta portuguesa que após nove anos sobre a sua morte continua a apaixonar, não só os seus conterrâneos, como os públicos de outros países onde foi venerada e acarinhada.
Amália a seguir a Piaf, era a artista mais aplaudida e requisitada por terras gaulesas e isto pouco tinha a ver com a comunidade portuguesa residente. Os franceses gostavam genuinamente de Amália Rodrigues e gostavam tanto que o governo francês a condecorou publicamente, enquanto que o governo português por arrasto também o fez mas em sombria cerimónia em Bruxelas na Bélgica já não me lembro a que propósito. Lembro-me sim, de Amália não ter gostado nada de tal hipócrita cerimónia.
Filipe La Féria fez-lhe uma homenagem em forma de espectáculo e apesar do espectáculo estar inactivo depois de ter actuado para seis milhões de espectadores, continuam a chover pedidos (nomeadamente da Broadway) para que La Féria reponha o seu maior êxito de bilheteira.
Amália vende como nunca. Os seus discos continuam a ser reeditados, a sua casa museu é visitada por admiradores, turistas nacionais e estrangeiros, o espectáculo Amália continua a ser pedido, o filme vai rebentar com todos os recordes de assistência de qualquer filme português, no campo pequeno terá lugar a reposição do último espectáculo da diva no Olympia de Paris, essa mítica sala onde Amália cantou e encantou até ás lágrimas gerações de franceses e portugueses radicados.
A curiosidade deste espectáculo de reposição prende-se com o facto da Estrela ( secretária, técnica de som, amiga, confidente e sei lá que mais) ainda possuir o alinhamento original desse espectáculo que será revivido nas vozes de hoje de quem Amália foi mais do que madrinha, matriz ou inspiração…foi razão!
Razão para que muitos destes artistas lhe prestarem essa homenagem em forma espectáculo com o alinhamento por ela escolhido nessa derradeira apresentação em 1988. Assim passarão pelo palco do Campo Pequeno nos dias 11 e 12 de Dezembro Mariza, Ana Moura, Carminho, Camané, Ricardo Ribeiro e a sua irmã Celeste Rodrigues que apesar dos seus oitenta anos continua exorcizar em forma de timbre amaliano o fantasma dessa a quem me habituei a chamar Portugália.
De referir que os músicos que acompanham, estes artistas, serão os mesmos que estiveram com Amália nesse espectáculo, o que faz com que a reposição seja o mais fidedigna possível.
Pessoalmente descobri Amália, já eu teria os meus 27 anos. Um dia num país estrangeiro no rádio do táxi que me transportava de repente surge Amália a cantar a Trova do Vento que Passa de Manuel Alegre. Fui invadido por um turbilhão de emoções daqueles que temos necessidade de nos beliscarmos para saber que o que nos está a acontecer é mesmo verdade.
Dou comigo a chorar compulsivamente sem conseguir suster o mar de lágrimas que se me derramava cara abaixo.
O motorista foi-me mirando pelo retrovisor e no fim da viagem perguntou-me se estava bem, se precisava de alguma coisa. Respondi-lhe: Nunca estive tão bem…descobri quem sou e de onde venho, só não sei para onde vou.
Era o milagre do Fado a acontecer. Esse fatalismo português que nos persegue (a uns mais que outros) e que de repente houvera descoberto a muitos milhares de quilómetros de distância e que não voltei a abandonar, especialmente a minha Portugália.
Amália-ei para sempre!
3 Comments:
Está bom! Este "bom" tem o significado daquele "bom" que o Jacinto, da Cidade e as Serras, exclamou depois de provar o frango de cabidela nas sua quinta de Tormes e que a deduzir-mos do comentário do amigo Zé Fernandes queria dizer óptimo.
Senador Guerreiro Mestre,
faz tempo que não aparecias por cá..fico contente de te ver e de te escutar.
Gosto da maneira como comentas, e ainda por cima acho que escreves bem. Se quiseres fazer um guest post aqui para o Pulanito sobre Entradas estás á vontade. Pois acredito que com a bagagem que sei possuires poderias ser um excelente mesmo que ocasional colaborador do Pulanito...
Que nunca te doam as pontinhas dos dedos...
abraço
Obrigado blogger Pulanito. Ainda sobre a grande Amália vou contar-te este episódio que mostra o carácter da grande diva portuguesa” : “Amália actuava não sei em que sala de espectáculos e "para variar" teve um êxito estrondoso. Eis senão quando um espectador, por simplicidade ou estupidez, grita para o palco:” Amália! Quem te havia de dizer! Quando andavas a vender limões?! “ Então a grande diva encarou-o e com a simplicidade, com a humildade que é apanágio dos grandes respondeu, mais ou menos, isto: “Não eram limões! Eram laranjas!”
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