sexta-feira, novembro 30, 2007

A Medicina na Voz do Povo - Um Must!


Assim em jeito de fim-de-semana e de modo a descomprimir um pouco, trago-vos aqui um apanhado que Carlos Barreira da Costa, médico Otorrinolaringologista, decidiu compilar no seu livro "A Medicina na Voz do Povo", com o inestimável contributo de muitos colegas de profissão, trinta anos de histórias, crenças e dizeres ouvidos durante o exercício desta peculiar forma de apostolado que é a prática da medicina. E dele não resisti a extrair verdadeiras jóias deste tão pouco conhecido léxico que decidi compartilhar convosco.

Bom fim-de-semana e boas gargalhadas. Afinal entendemo-nos melhor a rir que de outra maneira qualquer

O diálogo com um paciente com patologia da boca, olhos, ouvidos, nariz e garganta é sempre um desafio para o clínico:

"A minha expectoração é limpa, assim branquinha, parece com sua licença , espermatozóides".
"Quando me assoo dou um traque pelo ouvido, e enquanto não puxar pelo corpo, suar, ou o caralho, o nariz não se destapa".
"Não sei se isto que tenho no ouvido é cera ou caruncho".
"Isto deu-me de ter metido a cabeça no frigorífico. Um mês depois fui ao Hospital e disseram-me que tinha bolhas de ar no ouvido".
"Ouço mal, vejo mal, tenho a mente descaída".
"Fui ao Ftalmologista, meteu-me uns parafusinhos nos olhos a ver se as lágrimas saíam".
"Tenho a língua cheia de Áfricas".
"Gostava que as papilas gustativas se manifestassem a meu favor".
"O dente arrecolhia pus e na altura em que arrecolhia às imidulas infeccionava-as".
"A garganta traqueia-me, dá-me aqueles estalinhos e depois fica melhor".

As perturbações da fala impacientam o doente:

"Na voz sinto aquilo tudo embuzinado".
"Não tenho dores, a voz é que está muito fosforenta".
"Tenho humidade gordurosa nas cordas vocais".
"O meu pai morreu de tísica na laringe".

Os "problemas da cabeça" são muito frequentes:

"Há dias fiz um exame ao capacete no Hospital de S. João".
"Andei num Neurologista que disse que parti o penedo, o rochedo ou lá o que é...".
"Fui a um desses médicos que não consultam a gente, só falam pra nós".
"Vem-me muitos palpites ruins, assim de baixo para cima...".
"A minha cabecinha começa assim a ferver e fico com ela húmida, assim aos tombos, a trabalhar".
"Ou caiu da burra ou foi um ataque cardeal".

Os aparelhos genital e urinário são objecto de queixas sui generis:

"Venho aqui mostrar a parreca".
"A minha pardalona está a mudar de cor".
"Às vezes prega-se-me umas comichões nas barbatanas".
"Tenho esta comichão na perseguida porque o meu marido tem uma infecção na ponta da natureza".
"Fazem aqui o Papa Micau (Papanicolau)?"
"Quantos filhos teve?" - pergunta o médico. "Para a retrete foram quatro, senhor doutor, e à pia baptismal levei três".
"Apareceu-me uma ferida, não sei se de infecção se de uma foda mal dada".
"Tenho de ser operado ao stick. Já fui operado aos estículos".
"Quando estou de pau feito... a puta verga".
"O Médico mandou-me lavar a montadeira logo de manhã".

As dores da coluna e do aparelho muscular e esquelético são difíceis de suportar:

"Metade das minhas doenças é desfalsificação dos ossos e intendência para a tensão alta".
"O pouco cálcio que tenho acumula-se na fractura"."Já tenho os ossos desclassificados".
"Alem das itroses tenho classificação ossal"."O meu reumatismo é climático".
"É uma dor insepulcrável".
"Tenho artroses remodeladas e de densidade forte".
"Estou desconfiado que tenho uma hérnia de escala".

O português bebe e fuma muito e desculpa-se com frequência:

"Tomo um vinho que não me assobe à cabeça".
"Eu abuso um pouco da água do Luso".
"Não era ébrio nato mas abusava um pouco do álcool"
"Fujo dos antibióticos por causa do estômago. Prefiro remédios caseiros, a aguardente queimada faz-me muito bem".
"Eu sou um fumador invertebrado".

O aparelho digestivo origina sempre muitas queixas:

"Fui operado ao panquecas".
"Tive três úlceras: uma macho, uma fêmea e uma de gastrina".
"Ando com o fígado elevado. Já o tive a 40, mas agora está mais baixo".
"Eu era muito encharcado a essa coisa da azia".
"Senhor Doutor a minha mulher tem umas almorródias que com a sua licença nem dá um peido".
"Tenho pedra na basílica".
"O meu marido está internado porque sangra pela via da frente e pinga pela via de trás". "Fizeram-me um exame que era uma televisão a trabalhar e eu a comer papa".
"Fiz uma mamografia ao intestino".
"O meu filho foi operado ao pence (apêndice) mas não lhe puseram os trenos (drenos), encheu o pipo e teve que pôr o soma (sonda)".

Os medicamentos e os seus efeitos prestam-se às maiores confusões:

"Ando a tomar o Esperma Canulado"- Espasmo Canulase
"Tenho cataratas na vista e ando a tomar o Simião" - Sermion
"Andei a tomar umas injecções de Esferovite" - Parenterovit
"Era um antibiótico perlim pim pim mas não me fez nada" - Piprilim
"Agora estou melhor, tomo o Bate Certo" - Betaserc
"Tomo o Sigerom e o Chico Bem" - Stugeron e Gincoben
"Ando a tomar o Castro Leão" - Castilium
"Tomei Sexovir" - Isovir"
Tomo uma cábulas à noite".
"Tomei uns comprimidos "jaunes", assim amarelados".
"Tomo uns comprimidos a modos de umas aboborinhas".
"Receitou-me uns comprimidos que me põem um pouco tonha".
"Estava a ficar com os abéticos no sangue".
"Diz lá no papel que o medicamento podia dar muitas complicações e alienações".
"Quando acordo mais descaída tomo comprimidos de alta potência e fico logo melhor".
"Ó Sra. Enfermeira, ele tem o cu como um véu. O líquido entra e nem actua".
"Na minha opinião sinto-me com melhores sintomas".

O que os doentes pensam do médico:

"Também desculpe, aquela médica não tinha modinhos nenhuns".
"Especialista, médico, mas entendido!".
"Não sou muito afluente de vir aos médicos".
"Quando eu estou mal, os senhores são Deus, mas se me vejo de saúde acho-vos uns estapores". "Gosto do Senhor Doutor! Diz logo o que tem a dizer, não anda a engasular ninguém".
"Não há melhor doente que eu! Faço tudo o que me mandam, com aquela coisa de não morrer".

Em relação ao doente o humor deve sempre prevalecer sobre a sisudez e o distanciamento.
Senão atentem neste "clássico:
"Ó Senhor Doutor, e eu posso tomar estes comprimidos com a menstruação"?
Ao que o médico responde: "Claro que pode. Mas se os tomar com água é capaz de não ser pior ideia. Pelo menos sabe melhor."

Escrito por pulanito @ novembro 30, 2007   4 comentários

quinta-feira, novembro 29, 2007

Duelos de espadachim com sombrinhas de chocolate

O Custódio, do dinheiroOportunidade.com, um blog sobre como ganhar dinheiro na internet, lançou um concurso com um prémio de 1000 Euros. Estou a participar com este post, escrito aqui no blog originalmente há coisa de um ano e que volta a ter agora actualidade. É um dos meus posts favoritos.

Nesta altura do ano, impõe-se escrever uma crónica sobre o Natal, tanto mais que o espírito da quadra já por cá está instalado desde meados de Novembro e prolongar-se-á até meados de Janeiro, o que bem feitas as contas, perfaz quase dois meses de natal.
De qualquer modo, esta é uma época sempre esperada, em que o reencontro é uma realidade na maioria das famílias, especialmente gente nossa que viaja cá para o interior à procura dos seus, das suas raízes, dos seus sabores e das suas tradições.
Pela parte que me toca, tenho especial apreço por esta época. Gosto do fumegar da lareira e da azáfama do mulherio na cozinha em alegre algazarra preparando os pitéus especiais que havemos de comer na consoada e nas refeições que se lhe seguirão, até porque nesta quadra a mesa quer-se farta e sempre posta.
É aqui, no aconchego do madeiro no lume, que revivemos memórias de menino, do que se celebra e do que se lembra, de outros natais, que não são mais, que sinais intemporais, de um tempo que já não volta.
Gosto desta coisa de chegar, sorrir e abraçar. Gosto deste gosto pátrio ao alvorecer e pelo dia avante; e ao anoitecer, naufragar em memórias nossas, com histórias de bruxas e encruzilhadas com rezas e mezinhas a condimentar.
Gosto de pensar, que um dia hei-de deter todos os Continentes, Feiras Novas, Jumbos, Modelos e Carrefoures, essas catedrais de consumo desenfreado onde a populaça se acotovela para conquistar a última Barbie.
Gosto de pensar que um dia poderei acabar com todos os pais e mães natal, mais os trenós, duendes, renas, bolas, fitas e enfeites das árvores dos natais cada vez mais fúteis e banais.
Nunca acreditei na figura impingida do pai natal, esse velhote exageradamente gordo, vestido de fanático do Benfica e com barbas assustadoramente grandes que nunca me convenceu dos seus poderes de multiplicação e muito menos da sua capacidade de descer por uma chaminé por muito larga que esta fosse.
Na criança que em mim resiste, prefiro a companhia de um outro menino que desce pela chaminé dos meus sonhos. É um garoto igual a tantos, com o sorriso da eterna inocência enrodilhada no dourado dos seus caracóis.
Visita-me sempre por esta altura para me emprestar os olhos por onde o mundo se filtra, depois jogamos ao arraiol noite adentro e rimos desalmadamente como só as crianças o sabem fazer. Quando a manhã se aproxima e o sonho começa a desvanecer ainda sobra tempo para a nossa brincadeira favorita: fazer duelos de espadachim com sombrinhas de chocolate.

Escrito por pulanito @ novembro 29, 2007   3 comentários

sábado, novembro 24, 2007

Al Rodrigo - Uma Homenagem Merecida

Al Rodrigo

Na verdade nunca troquei pessoalmente uma única palavra com o protagonista deste post, mas de algum modo Al Rodrigo fazia parte da galeria de figuras que alimenta o cardápio da minha colecção de míticas personagens.
Como digo, nunca o conheci pessoalmente, apesar de com ele me haver cruzado meia dúzia de vezes em toda a vida, no entanto falei com ele algumas vezes por telefone, por via do programa de rádio que ele produziu, realizou e apresentou durante mais de uma década na Radia Lagoa. Todas as tardes, de segunda a sexta, das três ás seis da tarde tinha lugar nas ondas desta rádio local o programa MAGAZINE.
Há perto de vinte anos, eu e o meu filho Samuel entretínhamo-nos a ligar para esta emissora, de modo a habilitarmo-nos a responder ao seu Quiz diário que tinha lugar entre as quatro e as cinco da tarde. Na verdade eram perguntas de algibeira que Al organizava diariamente de modo a interagir com os seus ouvintes. Quem acertasse três respostas certas poderia ganhar uma cassete da sua lavra, um disco de promoção de um outro artista qualquer ou ainda um delicioso frango assado, patrocinado por uma churrasqueira em Portimão de que agora não me recordo o nome.
Al Rodrigo lá punha no ar alguns dos seus retumbante êxitos de um tempo que não era o nosso. Genuinamente interessava-me aquele cantor decadente que para além do programa diário que fazia, animava algumas soirés dos hotéis da região.
Certo dia, numa feira de antiguidades adquiri um lote de revistas antigas dos anos sessenta, “ Plateia e Mundo da Canção principalmente”. Qual não foi o meu espanto quando começo a explorar as ditas revistas, reparo num nome familiar em grande destaque: Al Rodrigo.
Na renhida competição para Rei da Rádio (concurso importante do Nacional Cançonetismo), lá aparecia, imediatamente abaixo dos grandes ídolos da altura, António Calvário e Artur Garcia, “o nosso” Al Rodrigo.
Vasculhei as revistas de ponta a ponta à procura de notícias deste homem de voz radiofónica e gargalhada sonante, tendo encontrado a notícia da sua partida para África. Posteriormente soube que aí havia construído a sua carreira de intérprete com assinalável êxito.
Meu filho Samuel sempre que vinha ao Algarve perguntava-me por ele. Queria saber se o programa ainda existia e se o Quiz de cultura geral (O Saber Não Faz Mal) ainda estava no ar, o que me deixava de algum modo intrigado. Definitivamente este cançonetista – radialista que a mim me havia marcado (sem que eu saiba muito bem a razão), era também um marco na vida de um dos meus que ainda por cima vive distante.
Quando soube da sua morte já o funeral havia acontecido, o que me deixou muito entristecido. Quis saber a causa de tão súbita partida, disseram-me ter-se tratado de doença fulminante.
Aquando duma das minhas visitas a Lisboa perguntei ao meu filho se sabia quem havia morrido, este respondeu-me quase de imediato o nome deste nosso companheiro de muitas das tardes das nossas vidas. Curioso e enigmático!
Às vezes em conversas de fim de almoço, junto do grupo com quem diariamente repasto, trago o assunto Al Rodrigo para a mesa da nossa “ terapia de grupo”, curiosamente quase ninguém o conhecia, ou se sim, é-lhes um bocado para o indiferente. O mesmo parece acontecer com os representantes da edilidade, da rádio onde granjeou milhares de ouvintes e da população em geral.
De repente, e no meio que frequento, parece que a morte de tão destacada figura, se perdeu na voragem de um tempo e de uma indiferença que me deixam deveras perplexo.
Para que perdure, aqui vos deixo uma pequena biografia do Álvaro Rodrigo. Porque, quer se goste ou não (e eu não gosto da sua música) devemos curvar-nos perante o percurso deste nosso concidadão



De seu nome próprio Álvaro Rodrigues, aos 18 anos era já campeão da Europa de hóquei em patins pela equipa das quinas e campeão de Portugal pelo Hóquei Clube de Sintra. No auge da sua carreira desportiva, com 22 anos apenas, trocou o desporto pelos palcos.

Frequentou o Centro de Preparação de Artistas da antiga Emissora Nacional, ao lado de Simone de Oliveira, Madalena Iglésias, Artur Garcia e de outros que se tornaram nomes populares da canção portuguesa.

Cedo rumou ao estrangeiro tendo adoptado o nome artístico de Al Rodrigo e onde a sua carreira acabou por se definir como cantor-entertainer internacional.

Actuou nos melhores Hotéis e casas de espectáculo de toda a África Austral… Angola, Moçambique, Rodésia, Zâmbia, Suazilândia e África do Sul onde se radicou e viveu cerca de duas dezenas de anos.

Fez Televisão, foi artista das editoras discográficas multinacionais EMI e CBS e como compositor, para alem do reportório que ele próprio gravou, escreveu o grande êxito de Natércia Barreto “Óculos de Sol”.

Regressado a Portugal, escolheu o Algarve para viver, onde continua a sua já longa carreira actuando nos grandes Hotéis da região e onde se tornou também produtor independente de rádio, manteve um programa de 3 horas diárias durante mais de quinze anos numa popular rádio local, a Rádio Lagoa.

Cantor, entertainer, compositor e comunicador por excelência, Al Rodrigo perdurará na sua música e na memória daqueles que com ele se cruzaram…nem que seja pelo telefone!


Escrito por pulanito @ novembro 24, 2007   14 comentários

sexta-feira, novembro 23, 2007

Um Alentejano Por Terras De Sua Majestade

A cidade Londrina banhada pelo rio Tamisa
Ouvimos muitas vezes falar da categoria dos mundos.Com mais frequência do terceiro e ás vezes do primeiro. Pela ordem natural é suposto existir um segundo, mas em toda a minha vida nunca de tal mundo ouvi falar; isto para vos dizer que aqui neste cantinho á beira-mar plantado, não vivemos em qualquer um deles, vivemos sim no paraíso, o que está muito para além do ranking classificativo dos vários propalados mundos.
Definitivamente não gosto de grandes cidades. Não gosto do estilo de vida apressado. Não gosto da comida. Não gosto das regras da urbanidade, enfim, não posso lutar por uma coisa que me é contra-natura.
Digo isto porque acabei de regressar de Inglaterra (1º mundo) e jamais trocaria a minha aldeia onde quase nada acontece, exceptuando naturalmente os melhores nasceres e pôr de sóis, a segurança de vivermos de portas escancaradas, a felicidade de saborearmos as melhores iguarias, provarmos vinhos de inequívoca qualidade etc.., por um cosmopolitismo Londrino onde tudo acontece, mas nada me parece preencher ( minha opinião claro).

O melhor de dois mundos!!

Meu amigo Carlos Zabala chamava-me à atenção para a dificuldade de encontrar um inglês na pátria deles, onde deviam existir aos magotes, mas francamente era preciso em média ver passar dois negros, quatro paquistaneses, três latinos e dois chineses e não sei quantos árabes para encontrar um nativo das ilhas britânicas.
O sol não o cheguei a ver e parece que frio e chuva é o que eles têm com mais fartura.
A psicose em relação á segurança, faz com que este cinzento país, tome determinadas medidas paranóicas, outras necessárias, que complicam e de que maneira a vida dos cidadãos.
O custo de vida é absurdo, o que faz com que as pessoas mesmo usufruindo de bons salários lhes seja vedada uma coisa que para nós é corriqueira como comer fora.


Meu amigo de mais de duas décadas - o Cubano Carlos Zabala

Bem sei que têm a fleuma britânica, o porte imperialista, a madame Tussaud, os inúmeros teatros, o palácio de Bukingham, o museu de história natural, o Harrords, Oxfort street, a Catedral de S. Paulo, os inúmeros teatros, o Chelsea e mais um sem número de atracções que faz um magote de gente acorrer à cidade banhada pelo Tamisa, mas para mim é, "peditório para onde muito já dei".

Nuno Arez e Mirco Balisevic em Oxford Street - Provavelmente apreciando a garinagem!!

Os meus amigos e companheiros de viagem, Nuno Arez e Mirco Balisevic faziam as inevitáveis comparações com o que acontece aqui no “jardim à beira-mar plantado” – Se fosse em Portugal já estavam a pedir o livro de reclamações, aqui não dizem nada – referindo-se a situações que do ponto de vista profissional já tinham sentido na pele.
Já só muito de longe a longe vou a uma grande cidade. A minha vida é:
Mais campestre, mais espaço e no fundo mais mundo.
Mais aves, mais flores, mais primavera.
Mais silêncio, mais sol-posto, mais riachos.
Mais regresso, mais lareira, mais sorrisos.
Mais Natal, mais reencontro e mais abraços.

Prefiro mil vezes uma açorda de pataca (que vou hoje comer) numa tasca do Alentejo ou doutra região, que um faustoso repasto no mais conceituado dos restaurantes duma grande cidade.
Elejo mais depressa uma volta de bicicleta como a do post abaixo, do que umas férias nas Caraíbas.
Perco mais tempo a desbravar a cabeça dum ancião da minha aldeia, do que a visitar mais um museu de história de não sei quê.
Penso que será uma questão de opção, mas enquanto o puder fazer, a minha está feita, e não a desejo mudar.

Escrito por pulanito @ novembro 23, 2007   2 comentários

quarta-feira, novembro 21, 2007

(Santiago de)Entradas - Santiago de Compostela em bicicleta




Nas minhas deambulações ciclisticas tenho vindo a desenhar mentalmente percursos que um dia penso fazer.
No topo destas opções está o percurso (Santiago de)Entradas – Santiago de Compostela que tenho pensado fazer logo que o tempo e a vida me derem uma folga de jeito.
Acontece que no dia a seguir ao meu abalroamento em Agosto, encontrei em Castro Verde o José Leonez de Lima, o paraplégico que percorreu o país em cadeira de rodas adaptada a triciclo, chamando a atenção da população e principalmente das autoridades para as assimetrias de que estes portugueses são vitimas.
Com ele vinha um companheiro de viagem de seu nome Joaquim Miguel, ciclista amador que logo comigo entabulou conversa e me convidou para um percurso Évora - Santiago de Compostela que terá lugar no próximo ano.
Pronto, se não acontecer nada de imprevisível, este vosso amigo no dia 9 de Junho de 2008, vai-se fazer à estrada partindo mais uma vez da minha lindíssima terra ((Santiago de Entradas - Castro Verde) em direcção a Évora onde pernoitarei e no dia seguinte partiremos então em pelotão por esses Caminhos de Santiago.
Serão etapas de mais ou menos 100 Km, sendo apenas uma delas de elevada quilometragem – Évora – Torres Novas 140Km.
É claro que trarei aqui fotos e relatos diários das peripécias de mais uma viagem que espero fazer ansiosamente.


Já agora, se alguém pretender juntar-se ao pelotão deverá deixar aqui uma mensagem de forma a podermos trocar impressões acerca da logistica que tal implica, até porque partir de Entradas acompanhado é uma ideia que me atrai de sobremaneira.


O amigo Carneiro (http://www.xiclista.blogspot.com/) está com muita vontade de ir, se arranjássemos mais uns quantos era capaz de ser giro...é só começar a treinar.


Bora lá!!!


PS: Entradas chamou-se em tempos idos Santiago de Entradas - Este percurso tem como objectivo reavivar o antigo nome de Entradas e unir estas duas localidades que têm em Santiago Maior o seu melhor elo de ligação.

Escrito por pulanito @ novembro 21, 2007   5 comentários

domingo, novembro 11, 2007

Insónia

Domingo, 11 de Novembro - dia de S. Martinho, que como diz o adágio é dia de se ir à adega e provar o vinho. È também tempo de Verão em forma de saldo com o nome do beato, que este ano teve um ataque de generosidade, em vez dos três ou quatro dias de sol, temos tido Verão desde que o Outono começou, isto só para me e vos localizar em forma de informação meteorológica quando daqui a uns anos voltarmos a ler este post.

Foi-me difícil ultrapassar esta noite de insónia. Tendo dormido com mil intermitências, despertei em definitivo para o dia que agora começa a clarear, ainda o breu do manto da noite cobria os céus que agora despontam num azul misturado com laranja fogo de que me sinto espectador privilegiado.

Escrevo para entreter a neura que de mim se apodera sempre que não durmo o suficiente. A cafeína inunda-me os sentidos e a minha sensibilidade está ao nível de uma erupção vulcânica. Temo que qualquer ruído me perturbe e não me consigo abstrair desse facto o que me deixa ainda mais tenso, só o metralhar das teclas me parece de algum modo compensar.

Cá em casa estamos cada um para seu lado: Catarina em Lisboa para ver o concerto dos Da Weasle, minha mulher deve ter por esta hora começado a sua aventura de feirante, na feira de velharias de Ferragudo onde foi despachar roupas e artefactos que não voltaríamos a usar. Daqui a bocado passo por lá, saco uma foto, e ponho-a aqui para eternizar o dia em que a Natália foi promovida a feirante.

Natália convencendo um cliente a comprar um dos seus produtos

Eu, vou para Londres à tarde em trabalho, e como diria o saudoso Henrique Mendes, é destes encontros e desencontros que marcamos o ritmo da vida.

Alguns amigos meus questionam-me acerca deste espaço onde convosco compartilho grande parte do que penso e sinto. Questionam-me e avisam-me, dizendo-me que me exponho demasiado dando a conhecer muito daquilo que penso e faço. Que as outras pessoas não têm que conhecer esta ou aquela faceta do autor destas palavras. Que muitas das coisas que aqui escrevo são do foro pessoal e intimo e com isso posso-me prejudicar pessoal e até profissionalmente. Que se o quisesse fazer, que o fizesse de forma anónima e até distante.
Pois é: não tenho jeito para conspirador clandestino, nem para assumir vidas paralelas. Aquela que tenho e levo, já me é difícil conservar numa linha que pretendo que tenha o rumo que conscientemente lhe tracei com os defeitos e virtudesdaí inerentes, quanto mais, vestir outra pele, outra personalidade, outro código genético que depois não saberia manter ou disfarçar. Ná….fico-me por aqui, como sou e como penso.

Este é um post da insónia, de quem não consegue dormir, mas tem a consciência de que se se alongar muito mais, ninguém terá paciência para o ler. E falando francamente! Escrevinhei estas baboseiras para me compensar, mas também com a leve esperança de que alguém as leia.

Se tiver tempo voltarei a partir de Londres.

Escrito por pulanito @ novembro 11, 2007   8 comentários

segunda-feira, novembro 05, 2007

Um salto ao Monte do Salto

Monte do Salto - visto dos céus

Dos céus não vêm novidades. Os campos despojados de pastagens não pressagiam um futuro imediato muito risonho. O pessoal começa a levantar a boina e a coçar cada vez com mais insistência a cabeça, especialmente na zona de onde se presume que as ideias surjam.
Já não ia para o campo há algum tempo. Como tinha o meu amigo João Domingues de fim-de-semana resolvi com ele dar por lá uma volta.
Lá nos aventuramos pela terra poeirenta em direcção à Ribeira de Cobres na zona do Malagão. Abalámos de Entradas em direcção aos olivais do Barrinho e ao subir um cabeço tivemos a primeira surpresa do dia. À nossa frente um bando de abetardas a uma distância de não mais de 10 metros. Nunca as tinha visto tão perto!
Fiquei extasiado a ver as rainhas da planura levantarem o seu pesaroso voo em direcção ao outro lado da colina onde não sejam incomodadas por tão inoportunas visitas.
Este acontecimento foi tema de conversa até à ribeira, que como era de prever, era apenas o leito seco e adormecido dum gigante que volta não volta galga as margens para nos dizer que quem manda por aquelas paragens é ele.
Faz hoje precisamente um ano que este rio nos surpreendeu com a sua fúria, provocando o pânico em muitas famílias que convivem paredes-meias com este gigante adormecido. (5 de Novembro de 2007)

À conversa com Ti Chico

Passada a ribeira lá nos dirigimos ao Salto, pequena povoação que conta com umas dezenas de habitantes, de entre os quais o Senhor Chico da Taberna, cujo estabelecimento está imortalizado com o seu nome.
Este minúsculo estabelecimento conta apenas com uns escassos 10 m2 de área pública onde cabem apenas duas mesas – que chegam muito bem -, segundo a experiência de Mestre Chico.
Aqui o viajante faz uma paragem estratégica para dar dois dedos de conversa a este amável taberneiro, podendo mesmo agarrar na sua mini e vir bebê-la para a rua onde ranchos de mulheres sentadas ao sol de Outono,modelam filigranas de Arraiolos em forma de tapetes.

Aspecto da Entrada da taberna

Este simpático Monte Alentejano fica no sopé do monte da Senhora de Ara-Célis, um lindíssimo santuário de onde se desfrutam as mais amplas vistas da terra plana.

Senhora de Ara-Célis - Altar dos Céus alentejanos.

Por lá nos demorámos um pedaço enquanto o meu amigo João com a mão sobre a testa em forma de pala à moda dos Índios, olhava pasmado a imensidão de terra plana que se estendia até onde os seus olhos alcançavam e ao mesmo tempo exclamava – Que grande que o Alentejo é!

Escrito por pulanito @ novembro 05, 2007   4 comentários

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