202 Km a pedalar...É mesmo muita fruta...
Como já expliquei em posts anteriores a força e a determinação dos meus companheiros Carneiro e Joaquim Miguel inicialmente, e depois a restante corja de mariolas, fez com que o projecto fosse levado a cabo embora ligeiramente remendado como mais à frente explicarei.
A partida estava combinada para Sábado dia 27 de Setembro de 2008 (deixo aqui a data, para que se nunca me esqueça), junto à Estação do Oriente às 7.45 horas..e não é que a malta lá estava!!
O Carneiro apareceu com dois amigos do grupo Kotas & Kedas que nos acompanharam até Vila Franca de Xira – ou como diria o meu amigo Lázaro -Ville Franche Sur Tage – onde iam participar numa prova de solidariedade para com um ciclista que ficou sem uma vista. Gostei do gesto, por isso aqui fica assinalado.
À partida em Lisboa frente à Estação do Oriente - António Piteira, Joaquim Piteira, Pulanito, Ricardo, Carneiro, 2 Kotas e kedas e Merks.
De Divor (não escrevo Freguesia de Nossa Senhora da Graça do Divor, senão fica muito comprido) lá vieram: Joaquim Piteira o GN’Roses, Ricardo Compõete Casaca, Arlindo Pereira, o Ken, Carrajeta o Carrajola (nosso motorista) António Piteira e o Merks, estes ainda sem haverem passado pela pia baptismal…parece que a mim, em surdina, me chamam “o articulado”. Pois não desgosto, não senhor..
Abalámos (gosto sempre de dizer abalar em vez de partir…é mais épico, é mais..vou-me embora vou partir mas tenho esperança, de correr o mundo inteiro quero ir..) pelas 8.00 da manhã, pedalando em direcção a norte, já que tínhamos duas metas a atingir, chegar a Entradas e efectuar 200 Km a pedalar, para tal tínhamos que galgar uns quantos quilómetros a mais que a distância natural que liga a Capital do país à minha particular Capital..de seu nome Entradas, ou Santiago de Entradas, como lhe queiram chamar.
Os fazedores de contas do pelotão, depois de consultarem o percurso, aventavam que a coisa não se fazia por aquele traçado por menos de 240/250 Km e isso era tremendamente puxado (e então para mim, não sei se vos diga se vos conte!) .
O dia estava prazenteiro e lá fomos pedalando, galgando quilómetro e atravessando terras umas at´ras das outras, especialmente na ligação Lisboa- Vila Franca.
Aqui chegados despedimo-nos dos amigos que nos acompanharam e lá experimentámos o primeiro pavé do dia pelas ruas da terra do meu amigo José António Lázaro, mais conhecido pelo 53 – que é o número de determinada porta na Av. Do Brasil em Lisboa…só para entendidos.
À passagem da ponte de Vila Franca, recordo-me que esta era uma ponte com portagem (7$50 na última vez que lá passei) e foi Maria de Lurdes Pintassilgo, enquanto Primeira Ministra (não sei se se diz assim mas cá vai) que acabou com este pagamento portageiro. Isto só para introduzir aqui alguns factos históricos que me vão ocorrendo, e porque fica bem ilustrar este relato com alguns dados que lhe confiram alguma reputação..tenho dito!
Lá pedalámos a recta do Porto Alto e depois Samora Correia onde fizemos uma primeira e rápida paragem para abastecimento. Prosseguimos em alegre cavaqueira, mandando bocas a uns e a outros e especialmente aos senhores de meteorologia que se haviam enganado nas previsões temporais (pensávamos nós!) até que a meio caminho encontrámos o Maurício cangalheiro e o Joaquim Miguel que haviam combinado encontrar-se connosco por estas bandas. De seguidinha até Vendas Novas a coisa não correu nada mal. Uma média baixa para não rebentarmos a meio caminho e a promessa de comermos em 15 minutos na bifanolândia, mais conhecida por Vendas Novas.
Vendas Novas - Joaquim Piteira fazendo striptease em plena via pública despindo os collants da mulher...olha só o ar feliz do nosso GN'Roses.
Na verdade nunca tinha reparado que Vendas Novas tinha tantas, tascas, cafés, restaurantes, mercearias, retrosarias e lojas de ferragens que vendessem bifanas, julgo mesmo que uma cerzideira e apanhadora de malhas com loja montada numa sub-cave com janelete para a rua ao nível dos pés, também ela vendia bifanas, já que o seu mister natural há muito que caiu em desgraça.
Exagerei aqui um bocadinho, não foi? É de propósito, para dar a ideia que Vendas Novas afinal é um enorme bifanómedro.
Depois desta nota de humor (será que é?) seguimos viagem. Foi então que os deuses se fartaram de nós e fizeram descarregar toda a sua ira em forma de trovoada por cima destes pobres amantes da natureza.
Carneiro vestindo o impermeável- mal ele sabia que não lhe haveria de valer de nada...ela já caía dos céus em forma de picaretas.
Na verdade estávamos tão encharcados que agora (os deuses) até podiam começar um novo dilúvio que molharmo-nos mais seria impossível.
Depois da tempestade lá veio a bonança, e com ela mais uma sova de calor que é para não respingarmos demasiado.
Entre ensopadelas, pedaladas e gargalhadas lá chegámos a Montemor-o-Novo onde alguns ciclistas sugeriram alteração do percurso, mas o mal já estava feito e vai daí mais cinco, menos dez a nossa sina seria sofrer até final.
Antes de Alcáçovas começo a sentir as primeiras cãibras, e a partir daí tive que encontrar uma posição para pedalar, já que levantar o rabiosque do selim ( o que ás vezes é bom, nem que seja para arejar) era tarefa que me estava completamente proibida, sob forma de a o músculo costureiro se me prender ter de por ali me ficar.
Aquela rampa para as Alcáçovas foi um osso duro de roer. Chegados ao cimo, junto ao largo da igreja tive de dar uso ao spray milagroso de modo a aliviar os músculos.
Uma paragem de 5 minutos deu para reabilitar a coisa e poder continuar. Os nosso companheiros mais afoitos estariam á nossa espera um pouco mais á frente, mas percorremos a terra dos chocalheiros e deles nem novas nem achadas. Nesta busca, dou comigo a passar em frente à taberna Maravilha, a tasca da dona Guilhermina, onde passei em Agosto de 2007. Fui de repente invadido por aquele cheiro a lixívia daquela manhã de Verão onde passei um excelente pedaço na companhia desta simpática estalajadeira e de curioso cliente Alcaçovenses.
Fizemo-nos à estrada via Torrão já na companhia dos nossos companheiros entretanto descobertos e também da água que voltou a ensopar-nos.
Olho o relógio são 5.30 da tarde, faltam 90 Km para Entradas, nunca chegaremos lá de dia e já temos no papo 150 Quilómetros percorridos.
Tomámos a decisão de pedalar o melhor que pudermos e soubermos e logo se avalia lá mais á frente a coisa.
Chegados ao Torrão, viramos agulha para Ferreira do Alentejo, onde uma surpresa (por mim conhecida de outras viagens) nos aguardava: o péssimo estado da estrada que do tapete de alcatrão inicial não tinha nada à vista, só tinha, remendos, altos e buracos e para compor o ramalhete uns quantos quilómetros (talvez 4) de pavé do mais irregular possível, o que fez com que os nossos bracinhos e perninhas tenham passado por uma sessão de fisioterapia das antigas, e o que fez com que a média baixasse dramaticamente.
Chegados a Ferreira do Alentejo, conferencio com o Joaquim Miguel e decidimo-nos pelo plano B, ou seja: fazer 200 Km de seguida e metermo-nos no carro depois disso. Eu por uma questão de orgulho queria chegar a Aljustrel ou ao Carregueiro e fazer esses últimos quilómetros a pedalar, o que o Joaquim Miguel apoiou e prometeu acompanhar, já que Carneiro, J. Piteira e Ricardo estavam num outro local à nossa espera.
Assim fizemos. Olhei para o conta-quilómetros e faltavam-me 9 quilómetros para completar os 200 o que dava a conta a pedalar do Carregueiro até Entradas.
202 Km é obra..digam lá o que disserem..
No caminho o Joaquim Miguel tem uma hipotensão e começa a sentir-se mal e avisa-me que terei de fazer esses quilómetros sozinho.
No problem! Quando voltámos para Entradas após o Carregueiro, parámos para que eu começasse a pedalar. Na ânsia de sacar a bicicleta da bagageira, subo com os sapatos de ciclista para o carro, a perna desliza-me e sinto o músculo que vinha há mais de 40 Km em esforço a rasgar-se….fiquei por ali, morri na praia, a 9 km do meu objectivo.
De qualquer modo chegámos todos bem, e os meus companheiros terminaram esta proeza ciclista já de noite com 202Km percorridos…
Celebrando o acontecimento na cavalariça antes da açordinha de fraca...pró ano há mais...ou será que é ainda este ano?
Celebrámos na cavalariça, ao sabor de açorda de fraca, lombinhos de porco preto, tintol cá da terra, a vitória do Benfica por 2-0 sobre o Sporting, e a promessa de voltarmos a fazer novas maluqueiras, se possível um bocadito melhor preparados…especialmente eu!!
Escrito de rajada..sem qualquer tipo de correcção, até porque já recebi não sei quantas mensagens a exigir crónica…então cá vai obra..
7 Comments:
Amigo, o Pavé do antes de Odivelas tem exactamente 1,98 Km. Eu medi, Não admira que te tivesse parecido que eram 4 Km.
Para quem não treina muito, fizeste um figuraço. Mas olha que aquilo não é para fazer mal á sáúde.
Para a próxima, vamos treinadinhos, asímos mais cedo, programamos melhor as comidas para não perder tempo nas tascas e faremos os 230 completos nas calmas.
Grande aventura, hein Napoleão? Para o que nos havia de dar depois dos 50 ....
Samora Correia?já não bebes mais:está bem,Nap?
Isso de hidratar com muita água dá isso:Weheheheh.
Amigo Nap. mesmo sem treino és um bravo do pelotão, podes continuar a andar sempre em cima dela (da bicicleta), o teu problema são os treinos a mais em "assaltos de 3 minutos em karaté alentejano" (termo xiclistico).
Haja força no pedal
e muitos passeios deste tipo.
Um abraço
J.P.
Oh Nap ! Tu és de uma sensibilidade... Só um gajo como tu cortava intencionalmente a foto do Piteira só para que a careca do gajo não aparecesse na net. è de amigo !...
Então de maluqueira outra vez.
Ele há vidas piores, mas essas não são consideradas vidas.
Bruno S.
Primo,eu passei ao vosso lado mas confortavelmente instalada num veiculo d 4 rodas a caminho de um belo almoço e gritei: é o meu primo! é o meu primo!!! mas nao quiseram parar porque pensaram que estava a ter um acesso de loucura...fica um abraço virtual aos herois! da prima natercia santiago
Primo,eu passei ao vosso lado mas confortavelmente instalada num veiculo d 4 rodas a caminho de um belo almoço e gritei: é o meu primo! é o meu primo!!! mas nao quiseram parar porque pensaram que estava a ter um acesso de loucura...fica um abraço virtual aos herois! da prima natercia santiago
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