Hoje (12/05/17) chega a Portugal um homem que
admiro profundamente. Falo de Jorge Bergoglio, o revolucionário Papa Francisco.
Ora isto vindo da boca de um
agnóstico tresanda a incongruência.
Sim! Assumo-me agnóstico e
incongruente!
Assumidas fraquezas e franquezas,
não posso deixar de dizer que Francisco foi a melhor coisa que aconteceu à
igreja católica nos últimos tempos.
Infelizmente, não fui contemplado
com o dom da fé religiosa!
Tenho profunda admiração por
aqueles que se deslocam a pé dos vários pontos do país até ao santuário de
Fátima, para aí, serem atendidos nas suas preces, especialmente em ano do
centenário das aparições e, ainda por cima, com a presença do representante de
Deus na terra.
A malfadada da minha noção de
lógica não me permite acreditar no que creem esses milhares de peregrinos que,
vencendo dores, bolhas, quilómetros e
cansaços aportam a Fátima com um sorriso de júbilo digno da minha saudável
inveja.
Bem sei que me responderão que isto
nada tem a ver com lógica.Que é
simples. Que, ou se crê, ou não se crê. Pois bem: Eu, por mais que tente... não
consigo acreditar!
Isto remete-me para um episódio de
banda desenhada que li há muitos anos num dos célebres álbuns da coleção
Asterix e Obelix , no caso presente: Asterix e os Normandos.
Contava a história que esses
bárbaros Normandos, desconhecedores do medo, teriam descido até à Gália para
desvendarem o segredo de voar.Acreditavam
que para ver o mundo como os pássaros o vêem era preciso recear e quanto mais
pavor, melhor se podia voar.
Ao depararem-se com um imprudente
aldeão, este quase se borrava de medo ao confrontar-se com tais grosseiras
figuras.
O pavor estava-lhe marcado no rosto.
O corpo não lhe obedecia às ordens para fugir. Não conseguia articular palavra.
O suor corria-lhe em bica pela fronte. Enfim, na ótica dos invasores, estavam
na presença do:Campeão do Medo!
Com este invulgar espécime entre
mãos cedo cantaram vitória. Estavam convencidos que se lhe conseguissem extrair
a fórmula do medo, conseguiriam ganhar asas.
Como os gauleses só tinham medo de
uma coisa: que o céu lhes caísse em cima da cabeça, foram os brutamontes, como
era de prever, mal sucedidos.
Ao aproximarem-se, Asterix e Obelix infligiram-lhes
tal bordoada que os bárbaros do norte experimentaram pela primeira vez o mesmo
sentimento de pavor que tinham imposto ao pobre aldeão.
Derrotados, mas convencidos que já
sabiam voar, não lhes restou alternativa senão experimentarem fazê-lo do alto
do precipício onde decorria a contenda com o resultado previsível que se pode imaginar.
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Não sei porquê, ou se calhar sei,
encontrei nesta estória um certo paralelismo com aquela com que comecei esta
crónica.
Napoleão Mira - AS Portas Que Abril Abriu - (Ary dos Santos)
E porque Maio se celebra porque Abril lhe abriu as portas, aqui ficam elas: As Portas Que Abril Abriu.
Para que a memória não seja coisa vã e para que outras gerações saibam que esta foi uma revolução de que todos nos devemos orgulhar.