Silêncio. Hoje Morreu Um Artista.
Mestre Dias Pinto e Napoleão Mira
Não sou muito de elogios fúnebres. Prefiro mesmo, dedicar a quem parte, parte dos meus pensamentos revisitativos.
Gosto de rebobinar a vida e contemplar daqui, do alto da memória, os encontros que esta nos proporcionou. Não sei bem como explicar este estranho sentimento de perda. O homem que ontem nos deixou, foi meu mestre de cinzelagem durante um período importante da minha vida, mais propriamente na adolescência, altura em que necessitamos de alguém que nos trace um rumo, nos aponte um caminho, nos sirva de exemplo. Esse timoneiro chamava-se Fernando Eugénio Dias Pinto.
Bem sei que a implacável máquina do tempo tem por objectivo triturar existências. Que na hora da partida há todo um sentido de injustiça, que julgo terá a ver, com a desmedida sensação de vazio que a morte nos provoca.
Escrevo estas breves linhas em forma de homenagem a um homem que tem uma substancial dose de culpa no ser em que me tornei. Hoje, parto para a vida mais só. Mais pobre.
Acalento a esperança de que a partir de agora, lá, da posição privilegiada onde se encontra, me possa continuar a guiar.
Adeus Mestre.
Foi uma honra caminhar ao seu lado.