quarta-feira, julho 18, 2012

Apresentação em Entradas do romance FADO.

Quando a obsessão de escrever um romance me invadiu, logo comigo pactuei que o teria de ter terminado em 2012, ano em que Entradas celebrava os seus 500 anos de atribuição da Carta de Foral, concedida a este velho concelho no ido ano de 1512 por D. Manuel I.


Fecho os olhos e procuro viajar no tempo. Procuro acima de tudo saber como seriam os meus antepassados. De que género humano estaríamos a falar. Quais seriam as suas principais preocupações. Como seriam as regras de então.
 Pelo que li, Entradas era um importante entreposto territorial visto encontrar-se às Entradas de Campos de Ourique (daí o nome) e de por ela passar importante via romana entre Aljustrel e Mértola.

Mas isto já eu disse em anterior postagem. O que não disse, foi que pessoalmente quis deixar a minha marca em tão importante data através daquilo em que me ajeito melhor; a escrita.
Este romance acontece por várias razões e, uma delas, é o assinalar por um entradense tão importante data com um livro escrito neste preciso ano.


No próximo dia 28 de Julho, Sábado, pelas 18.00 horas estarei na Biblioteca Manuel da Fonseca em Entradas para a apresentação mais desejada do périplo que tenho vindo a fazer desde que o lancei a 21 de Abril em Castro Verde.

 Será para mim um momento importante. Isto de poder partilhar com os meus conterrâneos as incidências deste romance quase integralmente escrito na nossa terra, quase que sinto a companhia das personagens que inventei e que tantas vezes rua abaixo, rua acima, me acompanharam nos últimos tempos.


A titulo de curiosidade, devo dizer que, dois dias antes desta apresentação, outro Entradense de seu nome António José Brito, fará o lançamento do seu segundo livro. Desta feita dissecando a biografia do grande industrial bejense, Leonel Cameirinha. Coloco o meu amigo António José Brito neste post, para dizer o quanto orgulhoso estou de saber que na minha terra há mais gente que se interessa por esta coisa dos livros.
Nesta coisa da competição aldeã que tanto me atrai, dou comigo a pensar que não há muitas terras que se possam orgulhar de ter um rácio de escribas por habitante, como Entradas possui.
E isso é de assinalar nos 500 anos de foral que agora celebramos.


Sábado, 28 de Julho, 18.00 horas. Largo da Biblioteca Manuel da Fonseca em Entradas.
Estão todos convidados.

Escrito por pulanito @ julho 18, 2012   1 comentários

segunda-feira, julho 16, 2012

A Solidão é Uma Coisa Tramada.


Os blogues são um pouco como os velhos. Já ninguém lhes liga.
Lembro-me perfeitamente de quando este espaço de liberdade de escrita era jovem. Vinham visitas de todo o lado. Ele era gente do norte, do centro e do sul. Ele era gente do estrangeiro e de terras tão estranhas que até pensava não existirem. Choviam comentários e interagia-se com os leitores. Uns aclamavam, outros criticavam e, destas ondas de participação, redescobria-se e reinventava-se o escriba de serviço que tinha de responder à crítica mais frequente que passava por exigir material novo e com mais constância.

Vivia-se um tempo de descoberta!

 Muitos leitores começaram a ter contacto com este extraordinário mundo novo da Internet, precisamente via blogues. De repente, havia um fórum onde a sua opinião era gravada a caracteres imperecíveis; onde se podiam exibir, quase sempre atrás da cortina do anonimato, e aí, era o local ideal para destilarem ódios e antipatias.

Durante anos, esgrimiram-se assuntos de toda a ordem e feitio. Desde o calor da famigerada política à proclamada paixão clubística mais das vezes dividida pelas três cores predominantes. Vermelho, azul e verde.

Depois esvaziou-se o assunto, esvaiu-se o entusiasmo e, vítimas de um modismo que demora em passar, a malta do diz que disse, passou-se em massa para o Face Book, e por lá conspurcam agora aquele espaço.


 Aos poucos, a maralha blogueira foi deixando de postar e, um atrás do outro, foram fechando esses espaços outrora visitados por centenas de pessoas, hoje espaços confinados às traseiras das traseiras das nossas preferências. É a lei da vida!

Aqui o Pulanito, não se deixa iludir por modismos ocasionais. Não contabiliza visitas, views ou likes. Aqui, passados seis anos ainda se escreve o que a alma dita, apesar de saber que cada vez são menos a querer saber o que nela vai. Gosto do espírito do “últimos dos moicanos”, desta espécie de resistência passiva, desta coisa de escrever textos longos e de um só jorro. Dizem-me que já ninguém se interessa por isso. Pois é quando os faço ainda maiores!

Um destes dias a malta dos “likes” muda-se para outro “sítio” da moda, outras docas virtuais e, de pouso em pouso, lá vão deixando as ruas do bairro da Net pejadas de lixo (vómito electrónico a bem dizer), para se mudarem de armas, teclados, câmaras e bagagens para um qualquer outro paraíso onde possam continuar a derramar tretas e balelas, trocas e baldrocas, altas engenhocas que eles sabem inventar , como diria o Carlos Paião através da voz da suicidária Cândida Branca Flor.

 Enquanto isso, aqui, numa rua das traseiras das traseiras, pelo sítio onde já quase ninguém passa, os dias agora demoram-se.
O escriba continua a cumprir o seu horário, mas grande parte do dia passa-o à porta do estabelecimento sentado numa cadeira voltada com as costas para a frente onde possa apoiar os braços, onde se notam os manguitos da alpaca roçados pelo tempo. E de lápis atrás da orelha, continua a procurar assuntos para postar nas folhas embaladas pelo vento que sopra lá da outra ponta da rua.

A solidão é uma coisa tramada!

Escrito por pulanito @ julho 16, 2012   2 comentários

sexta-feira, julho 06, 2012

Retrato do Artista Enquanto Andarilho da Palavra.

Prefácio do livro O Fio de Ariadne que fiz para o meu amigo Vitor Encarnação. Resolvi aqui partilhá-lo, porque quero que conheçam este escultor de palavras, este filigranista das ideias que trata o verbo por tu e nos faz sonhar nas asas da sua poesia. Recomendo vivamente.


 Vítor Encarnação

Não sei se é de bilros, de agulha ou mesmo de arraiolos, o rendilhado das palavras de Vitor Encarnação. Sei, isso sim, que é na complexa filigrana da sua escrita que experimento raras sensações que me obrigam a ler e a reler as crónicas a que há muito me habituou.

Ainda agora, para a elaboração deste pequeno prefácio, voltei a estremecer com as certeiras palavras deste escriba que tem num certo Alentejo o seu território de afeição, e que, como poucos, retrata duma forma única e ao mesmo tempo visceral.

Descobri este artesão da palavra já lá vão uns anos. Na altura partilhávamos a mesma página no extinto jornal O Campo, onde eu habitava o rés-do-chão e o Vitor o primeiro andar da dita página, assim numa espécie de vizinhança de raminho de salsa em forma de letra. Nas crónicas feitas “prosemas” que assina, descobre o leitor, personagens, lugares e costumes que fazem parte do espólio emocional transtagano que este imortaliza no papel dando-lhe vida e dignidade. Uma certa e vertical dignidade que só se encontra na alma do povo a que ambos pertencemos.

Numa das últimas vezes que partilhámos vinho, pão e paleio, o Vitor confidenciou-me que é durante o Inverno, no remanso do lar, no aconchego do lume, no crepitar da esteva ou na dança hipnótica do fogo que se sente mais propenso para esta coisa de contar vidas, juntando-as em forma de letra numa alquimia, cujo segredo se nos revela quando ousamos na sua leitura mergulhar.

É nos rostos sulcados pelo tempo, nas mãos trémulas feitas relatos de vida, na solidão das almas que habitam pessoas e lugares ou na dor calada dos que mais sofrem, que este escriba materializa em palavras aquilo que o seu génio lhe dita. Neste O Fio de Ariadne, dá-nos a provar em doses suaves o mel dessa flor chamada melancolia, esse estado da alma alentejana que o autor tão bem sabe
 e que partilha connosco em cada uma das crónicas agora apresentadas.

Capa do livro - O Fio de Ariadne

Imagino o Vitor Encarnação a subir ao ponto mais alto de Ourique, local onde se abarca toda a lonjura que o seu olhar pode alcançar, talvez até ás cercanias de Beja, mas quando se volta para sul, consegue almejar terras algarvias onde o mar quase bate no sopé da serra que divide uma da outra região. De quando em vez, deixa fugir a caneta (que teima em afirmar ser uma mulher com sangue de tinta!) para as terras mais a sul, e de lá vem crónica com sabor a mar, marés e mareantes.

 Mas é daqui, do alto da sua imaginação, que pudemos vislumbrar o mundo “Vitoriano” que o autor nos convida a desbravar. Dos muitos dos seus trabalhos que me passaram em frente aos olhos, noto-lhe o especial carinho pelos mais velhos, daqueles com vidas lavradas nas rugas do rosto, gente anónima, mais das vezes vestida de preto e para sempre, gente que espreita a vida pela fresta do postigo, gente que calcorreia só e em silêncio a míngua de sombra onde já mal cabe o seu corpo em dia de latejo solar.

Destas e doutras vidas que no peito carrega, faz o poeta o seu percurso, imortalizando em palavras aquilo que o fotógrafo congela em momento de inspiração. No seu cardápio de escritos cabem ainda e sobretudo os homens e as mulheres desta terra; os amores e desamores daqueles que mergulharam na volúpia da vertigem; cabem campos e lonjuras; o verde esmeralda do ondulante das searas; a alva cal das casas rasas das aldeias perdidas no tempo e no silêncio; cabem ribeiras a transbordar em noites de vendaval; cabe o vinho e mais o pão, mas cabe acima de tudo, todo um Alentejo de emoções que parecem haver sido esculpidas a maceta e a cinzel. Mas não: saíram da caneta deste artífice do verbo que teima em dizer-nos que esta, é uma mulher com sangue de tinta.

Napoleão Mira 
31 de Março de 2011

Escrito por pulanito @ julho 06, 2012   1 comentários

quarta-feira, julho 04, 2012

Apresentação do FADO em Arraiolos


Edifício da Biblioteca de Arraiolos

A convite da Câmara Municipal de Arraiolos, vou estar no próximo sábado dia 7 de julho pelas 18.00 horas na Biblioteca Municipal de Arraiolos para uma das últimas apresentações deste fado em restos de primeira edição. Depois da apresentação em Entradas no dia 28 de Julho entrarei em modo casulo e regressarei à escrita.

Sempre que vou assistir a uma apresentação desta natureza faço-o com uma intenção essencial; conhecer o autor, ouvir-lhe a voz e, escutá-la viva, acerca da obra que me proponho devorar.

Se ler é entrar na intimidade de quem escreve, imagine-se agora, saber pela boca de quem o criou, como surgiram as personagens; como se foi construindo a narrativa; qual o processo de escrita e tantas outras intimidades que só estando presente podemos com o autor partilhar.

 
Dr. Joaquim Miguel Bilro

É para essa partilha intimista que vos convido. Ainda por cima, terei como apresentador da obra e do autor uma personagem viva deste romance o Dr. Joaquim Miguel Bilro, que também vos poderá satisfazer a curiosidade de como saltou de confidente para dentro da narrativa. São mistérios que iremos divulgar no próximo sábado pela tardinha na bibioteca municipal de Arraiolos. Estão todos convidados!

Escrito por pulanito @ julho 04, 2012   0 comentários

segunda-feira, julho 02, 2012

Entradas - 500 Anos de Foral

 Logótipo das celebrações dos 500 anos do foral de Entradas

Passei o fim de semana em Entradas, com uma ida a Lisboa de permeio, mas com regresso poucas horas depois. Fiquei propositadamente para assistir às celebrações dos 500 anos da atribuição da carta de foral concedida por D. Manuel I à minha terra.

Eu não sei se os meus conterrâneos sentem a mesma coisa que eu, mas pela parte que me toca, fico empolgado com acontecimentos como estes. Imagino como seria Entradas há 500 anos! Uma terra certamente pequena, com umas centenas de anónimas almas que aqui nasciam, viviam e morriam.

Como esses desconhecidos entradenses eram gente da minha gente, procuro exercitar a memória conjeturando sobre a vida dum povo, cujo sangue me corre orgulhosamente nas veias.
Nos discursos que ouvi atentamente, fiquei a saber que Entradas era importante entreposto devido à sua localização geográfica. Por aqui passava uma das principais vias de comunicação que ligava a vila mineira de Aljustrel (Vipasca) ao porto fluvial de Mértola (Myrtilis Lulia). Fiquei a saber que o Castelo do Montel, sito nesta freguesia, é considerado monumento de interesse nacional, que as minas da Caxia e da Branca (se a memória não me falha!) foram também importantes polos de riqueza regional. Soube ainda que o nome Entradas advém do facto de serem aqui as entradas dos campos de Ourique, e que, os enormes rebanhos em transumância vindos de norte escapando à fome e à severa invernia, por aqui passavam grande parte das estações dos frios e, para tal, eram-lhes cobradas as tais entradas ou portagens, já que os cobradores deste tributo eram chamados de portageiros. Soube ainda que Entradas tem uma das mais antigas Misericórdias do país e que em mil duzentos e tal (não tomei apontamentos!) foi consagrada à Ordem de Santiago. Por aqui ainda passa o caminho peninsular de Santiago e o seu antigo hospital era também um apoio fundamental aos peregrinos.

Foi sede de concelho pelo menos durante seiscentos anos e a carta de foral então atribuída, apenas veio regular, regimentar, tributar aquilo que há muito se fazia em Entradas. Nesta terra existiram juízes e tabeliões, regedores, quadrilhas e outros figurões, o que atesta a importância geoestratégica da vila que me viu nascer.

 No próximo domingo (8 de Julho) far-se-á a evocação histórica desse momento em que Entradas recebeu de D. Manuel I, a famosa carta que agora se celebra. Estão inscritos mais de 150 figurantes que vestidos ao preceito da época, homenagearão os nossos antepassados que 500 anos antes mereceram por parte do monarca reinante esta carte de foral.

Será um momento ímpar na nossa história que, em tempos recentes teve um sopro de fulgor, mas que agora, parece retroceder no tempo. Apesar de todos os pesares, ainda penso assistir à chegada de uma geração que marque a diferença; uma geração que honre os pergaminhos desta secular povoação, território da minha afeição e quantas vezes da minha perdição.

Viva Entradas!

Escrito por pulanito @ julho 02, 2012   0 comentários

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